Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 89
Vida 6 capítulo 8




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Dean corre para abrir a porta. Nem que fosse apenas para esmurrar a cara do desgraçado que esquecera o dedo em cima da campainha. E aí, foi tudo muito rápido. Somente seus reflexos de caçador o salvaram de ter o peito rasgado pela faca que desceu em sua direção. O impulso para o golpe expôs a nuca do agressor à forte cotovelada com que Dean o derrubou, numa reação quase instintiva, deixando-o inconsciente.

Dean usa o pé para revirar seu quase assassino. Parecia bem jovem, cultivava um aspecto rebelde e cabelos arrepiados louros. Pegou a arma caída no chão e a guardou nas costas, enfiada no cinto. Ainda podia precisar dela. Não sabia se o sujeito estava sozinho. Aquilo podia ser um assalto ou uma tentativa de seqüestro. A casa não tinha qualquer sistema de segurança. Pelo menos, não fora informado que tinha. Alguém podia ter imaginado que, por serem atores, tinham dinheiro. Que, por serem atores, seriam presas fáceis.

Não. O cara viera decidido a matar. A motivação teria que ser pessoal. Isso, ou era um psicopata que saía pela noite distribuindo facadas aleatoriamente, o que duvidava muito.

Fez um reconhecimento rápido. Tudo aparentemente tranqüilo fora da casa. O sujeito, ao que tudo indicava, viera sozinho. Restava descobrir o que estava acontecendo. Lembrava de ter visto uma corda na garagem. As cadeiras eram fortes, de madeira maciça. Ele era especialista em nós. E tinha todo tempo do mundo para arrancar as respostas do seu quase assassino.

– Desembucha. Quem é você e o que pretendia vindo aqui?

– Não finja que não me conhece, Jansen. Você sabe muito bem quem eu sou e porque eu ia matá-lo. Eu avisei que se você fizesse o Jay sofrer, eu vinha atrás de você e ia fazer você pagar por tudo.

– Fazer o Jay sofrer? EU estou fazendo o Jay sofrer?

– Não está? O que saiu em todas as revistas de fofocas foi por acaso uma armação para abafar os mexericos sobre vocês dois? Se foi, porque não combinou antes com o Jay? O jantar romântico de Jan Ackles e Dani Harris foi uma grande farsa? O beijo flagrado pelos paparazzi? A agarração no carro? Você passou ou não a semana inteira com ela, no mesmo quarto de hotel, como saiu em tudo que é lugar? O que existe, na verdade, entre você e a Dannielle?

– Eu não devo satisfação alguma a você. Aliás, não faço a mínima idéia de quem você seja. Mas, também não tenho nenhum problema em dizer que rolou. Nada mais natural que acontecesse. Foi muito bom e, se depender de mim, vai rolar muitas outras vezes. O Jay vai ter que se conformar.

– Cafajeste. Cínico. Você merecia estar caído ali na porta, sangrando até a morte. O que eu acho é que você também está usando a Dani. Você usa as pessoas, não gosta de ninguém. Só está preocupado com a sua carreira.

– A Dani é linda, é divertida, tem um papo ótimo. É .. quente. Homem algum ficaria indiferente perto dela. A gente está começando a se acertar. Se você a conhecesse, ia entender.

– Esqueceu que conheço a Dani? Que trabalhamos juntos? Como acha que fiquei sabendo? A semana passada, ela estava numa felicidade só. Ela não escondeu de ninguém que tinha sido por conta de um convite seu. Mas, ela e os outros, por mais que tenham ouvido mexericos, não sabem ao certo o grau de envolvimento entre você e o Jay. Eu sei por que sou amigo dele. O melhor amigo. Eu fiquei revoltado. Pensei em ligar na hora pro Jay. Mas resolvi esperar. As coisas podiam não ser bem assim. Mas aí começaram as pequenas notas nos blogs de fofocas. Depois, as manchetes de capa nas revistas de celebridades. Só então resolvi ligar pro Jay.

– E foi quando ele falou que estava sofrendo por minha causa?

– Ele estava arrasado. Era de cortar o coração. Ele chorou no telefone. Disse que não sabia o que tinha mudado, o porquê de você estar fazendo aquilo. Que vocês não se falavam mais. Que você fugia dele no estúdio. Que precisava de mim, da minha amizade. Disse que o que mais doía era imaginar você e a Dani na cama. Você fez mesmo isso com o Jay? Fez com que ele soubesse de sua traição pelos jornais? Ele e mais o resto do mundo

– Escuta aqui, cara. Já saquei que você é apaixonado pelo Jay. Mas, nada justifica que você venha aqui tentar me matar. Viesse numa boa e eu até podia dar uma força para aproximar vocês. Ou reaproximar, sei lá. Mas, agora, sou eu quem não vai permitir que o Jay, ou a Dani, se aproximem de um psicopata como você. Você vai sair daqui direto pra cadeia por tentativa de assassinato.

– Está dizendo que, se eu viesse numa boa e pedisse, você entregava o Jay de bandeja para mim. Pra mim ou pro primeiro que aparecesse. Você não faz nenhuma questão de mantê-lo ao seu lado, não é mesmo? Está louco para empurrá-lo para fora da sua vida.

– Não, não é bem isso que eu quis dizer. Eu quis dizer que quero que o Jay encontre alguém que o faça feliz.

– Primeiro, você seduziu o Jay. Depois, usou-o como bem entendeu. Agora que ele não é mais novidade, está armando situações humilhantes para ele, antes de jogá-lo fora como lixo. Canalha. O Jay é a melhor pessoa do mundo. Não merecia ter se envolvido com um canalha feito você.

– Espera aí, está querendo dizer que fui eu, quero dizer que foi o Jan, quem seduziu o Jay?

– Eu sou o melhor amigo do Jay. Ele é como um irmão para mim. Ele sempre me contou tudo da vida dele. Sentimentos. Dúvidas. Planos. Sonhos. Nós até moramos juntos por um tempo, na Austrália, durante uma filmagem. Foi um dos melhores períodos da minha vida. A gente saía, azarava, pegava umas gatinhas. A gente só ficava sem companhia quando queria. E isso era muito raro. Ele tinha muita lábia, sempre teve. Sempre fez um sucesso enorme com as mulheres. E sempre soube terminar com as namoradas numa boa, sem deixar ressentimentos. O Jay é muito especial.

– E ficaram só nesta de irmãozinhos? Você e o Jay?

– Cara, o Jay nunca se interessou por homem algum antes de conhecer você. Não sei que canto de sereia você usou para fazer o Jay mudar tanto. Para que ele acabasse o noivado com a Sandy e viesse morar com você.

– Sandy? Jay e Sandy?

– Ele estava gostando de verdade da Sandy. Todo mundo estava torcendo por eles. Já diziam que eles eram almas gêmeas, tamanha sintonia entre eles. Ele estava saindo daquela fase de querer apenas curtição sem compromisso. Estava pensando em algo mais sério. Em casamento. Estava animado. Cheio de planos. Eu até zoava dizendo para ele pensar bem. Que ainda não era hora dele se amarrar para sempre. Mas ele estava decidido. Dizia que tinha encontrado a mulher certa e não tinha sentido ficar adiando.

Dean escutava aquilo atônito. Não compartilhava das memórias de Jansen. Não sabia o quanto daquilo era verdade. Fora mesmo Jansen quem desencaminhara Jay? Bobagem, ninguém desencaminha ninguém. Ninguém muda a orientação sexual de ninguém. A dele, Dean, ninguém seria capaz de mudar. Bem, o Trickster talvez.

– Eu estava lá, em Paris, quando ele pediu a Sandra McCoy em noivado. Vocês já estavam indo pro terceiro ano da série e, mesmo assim, ele não convidou você. Ele convidou a mim. Eu sou e sempre serei o melhor amigo dele. Eu conversei com a Sandy. Eles viajaram pela Europa em clima de lua de mel. Eles voltam, e, logo depois, sem nenhum motivo, ele rompe com a Sandy. Uma semana depois, vocês passam a morar juntos. Cara, ele largou tudo por você. Ele se afastou até de mim. Mas, tudo que importa agora, para você, é que se cansou dele e que ele passou a ser um estorvo para você e um risco para a sua preciosa carreira.

Dean estava confuso. Já não tinha tanta certeza se tinha o direito de tomar decisões que afetassem tão profundamente a vida de Jansen. Talvez estivesse mesmo devendo explicações para o Jay.

– Agora me solta. Não pode me manter aqui amarrado.

– Ah! E você pode vir aqui e tentar me esfaquear? Sabe o que mais, cansei de ficar ouvindo a sua voz.

Dean mal tinha acabado de amordaçar o rapaz, para que seus gritos não chamassem a atenção da vizinhança, quando a porta se abre e Jay entra.

– Chad? Jan, o que está acontecendo? Porque o Chad está amarrado e amordaçado?

– Seu amiguinho aqui, tentou me matar. E depois ficou dizendo um monte de bobagens para justificar seus atos. Ele fica melhor assim, calado. Eu ia chamar a polícia e entregá-lo, mas decidi falar antes com você.

– Jan, você não pode chamar a polícia. O Chad é o meu melhor amigo.

– E, por ser seu melhor amigo, ele acha pode vir aqui tentar me matar porque imagina que estou fazendo você sofrer? Eu estou fazendo você sofrer Jay? Me fala. Você sabe quem eu realmente sou e sabe que não existe nada, absolutamente nada, entre nós dois.

– Estou vendo que não existe mesmo nenhum sentimento da sua parte. Nem amizade, nem consideração. Para você pouco importa o que eu penso e sinto. Não é capaz de entender o que seja amizade. Acreditando que você seja mesmo o Dean, e tenha mesmo uma relação especial com seu irmão Sam, eu vou dizer de uma forma que até um brucutu como você entenda. Amigo é aquele que escolhemos para ser nosso irmão. Um irmão, não de sangue, mas de alma.

– Jay, eu sou seu amigo. Acredite, eu QUERO ser seu amigo.

– Você mesmo disse que nunca teve amigos. O Chad sim é meu amigo, meu irmão de alma. Você acha que pode ser um amigo tão bom quanto ele?

– Claro.

– Prove. Prove que quer ser meu amigo. Meu novo melhor amigo. Um amigo ainda melhor que o Chad. Esta faca em seu cinto. Usa-a. Corte a garganta do Chad e se torne meu melhor amigo.

Dean escuta, atônito, Jay pedindo que matasse aquele que acabara de chamar de melhor amigo, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Não entende o porquê da própria passividade, quando Jay se aproxima com olhos suplicantes, apóia ambas as mãos em seus ombros e o encara com o olhar e o sorriso mais doces do mundo.

– Faria isso por nós dois, Dean? Mataria o Chad e a Dani? Mataria quem quer que se ponha entre nós? Qualquer um que tente nos afastar um do outro. Faria isso por mim? Faria isso pelo seu melhor amigo?

Jay estava certo. Dean via agora a situação com clareza. Um amigo de verdade faz o que for preciso para que seu amigo não fique magoado. Tudo que queria naquele momento era provar que era digno de ser considerado o melhor amigo de Jay. Ele, Dean, ERA o melhor amigo de Jay. Não Chad, nem ninguém mais. Mas, nunca teria certeza se Jay o considerava realmente seu melhor amigo enquanto Chad estivesse vivo.

Dean saca a faca do cinto, se posiciona atrás do imobilizado Chad e puxa sua cabeça para trás, pelos cabelos, com violência. E se prepara para cortar a garganta de Chad Matthew Murray.

Jay Padalecki lamenta que Chad esteja amarrado, indefeso. Adoraria ver os dois homens lutando até a morte por ele. Mas não se pode ter tudo que se quer.


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Notas finais do capítulo

14.04.2011

Nesta realidade alternativa, o namoro de Jared Padalecki com Sandra McCoy terminou exatamente um ano antes que o da realidade que conhecemos, criando uma defasagem entre as cronologias das vidas profissional e pessoal dos atores.

Em nossa realidade, na ocasião da gravação de Mystery Spot, Jensen e Jared ainda não moravam juntos.

O nome do meio do verdadeiro Chad Murray é Michael