Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 144
sete vidas epílogo vida 5 capítulo 13




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INFERNO

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– Vou perguntar só mais uma vez. ONDE ESTÁ ELE? ONDE? Se Samuel Winchester está morto, como você me GARANTIU que estava, porque a alma dele não chegou aqui?

– Também não entendo, Crowley. Ele morreu. Se não está aqui .. sei lá.Talvez ele não tenha sido julgado suficientemente mau para ser condenado ao Inferno.

– Ridículo. Samuel Winchester é cria de Azazel. Sua alma jamais poderia entrar no Paraíso. E, se não está no Paraíso e não está aqui, isso só pode significar uma coisa. O desgraçado ainda está vivo. De alguma maneira, o infeliz conseguiu escapar.

– Ele teve o corpo físico atravessado de um lado a outro por um mastro de aço de 1” de diâmetro. Não pode ter sobrevivido. Humano algum sobreviveria.

– E se aquela ventania toda foi o resultado da intervenção de um anjo? Eles têm o poder de curar o corpo físico de qualquer ser criado por Deus. Podem ter descoberto que Samuel Winchester vinha sendo obcediado por Lúcifer. Descoberto que Lúcifer planeja usar o corpo de Samuel para caminhar na Terra. Anjos são mesmo um pé no saco.

– Se Lúcifer quer o corpo, porque então ordenou que matássemos Samuel Winchester? Lúcifer não pode se enfurecer e voltar-se contra nós?

– O corpo de Samuel Winchester está estragado. Como está, não tem nenhuma utilidade para Lúcifer. Mas se Samuel morrer, Lúcifer pode recriar o corpo. Haveria novamente um corpo íntegro e funcional à sua disposição. Estamos apenas facilitando as coisas para ele. Ele vai ficar agradecido.

Crowley se permite um sorriso, que denuncia que suas intenções são muito diferentes das que acabou de manifestar.

‘- Se existe algo que não pretendo permitir é que libertem Lúcifer de sua jaula. Uma vez aqui, no Inferno, Samuel Winchester nunca mais sairá.’

– Ah! Mais uma coisa. Apresente-se ao Treinamento e diga que fracassou MI-SE-RA-VEL-MEN-TE em sua missão. Eles já têm as instruções minhas para casos como o seu.

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SIOUX FALLS

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Bobby Singer até tentou se fazer de morto, mas parecia que quem quer que estivesse na porta não ia desistir e aquela campainha tocando insistentemente já estava lhe dando nos nervos. Abriu a porta decidido a pôr para correr quem quer que tenha tido a infeliz idéia de importuná-lo.

– SAM??

– Imagino que essa cara seja pelo que saiu no noticiário de TV.

– E não é para menos? Há duas semanas que não consigo falar com você. De repente, essa coisa toda em Beverly Hills. Sam, que diabos você estava fazendo num domingos em Beverly Hills? Por onde você andou desde que .. você sabe .. o Adam ..

– Pode falar. Quer saber por onde andei desde que o Adam foi levado para o Inferno. Foi um período estranho.

– Estranho como? E o tal Jasão?

– Não faço idéia de onde se meteu. Ele até cuidou de mim na primeira semana e tentou dar uma força. Mas, acho que ele se cansou de me ver caindo de bêbado e desistiu. Desapareceu.

– Não esperava mesmo nada deste sujeito. Ele não ficou conhecido por ser alguém confiável, muito pelo contrário. Um bom FDP mitológico. E depois?

– Muita coisa. Vou contar como as coisas foram acontecendo. Uma dose de whiskey ia ajudar bastante.

– Você é de casa. Pode se servir à vontade. Pegue para mim também. Duplo.

Quando Sam vai entregar-lhe o copo, Bobby o puxa para um abraço. Somente ali, confortado por seu segundo pai, Sam se permite finalmente chorar a morte de Adam. Bobby também chora, agradecido a Deus por Sam ter sido poupado.

As perguntas e as explicações podiam esperar.

Leva bom um tempo para que, já recompostos daquele momento de forte emoção, as palavras voltem a se formar.

– Pode imaginar a barra que foi encarar a morte do Adam. Tinha pesadelos todas as noites. Umas idéias horríveis martelando minha cabeça. Era muito mais do que eu podia suportar. Eu precisava calar aquelas vozes, afogá-las em álcool. Eu bebi até acabar com todo o estoque que tinha comprado. Um estoque grande. Acordei uma semana depois com uma ressaca terrível. Parecia que eu ia morrer. Dor de cabeça. Estômago revirado. Achei que precisava de um café. Comer alguma coisa. É por isso que eu estava naquela lanchonete em Los Angeles, ainda fragilizado pela morte do Adam. Lá tinha um sujeito que não tirava os olhos de mim. Aquilo foi me tirando do sério.

– Um demônio?

– Não.

– Um .. gay?

– Foi o que eu pensei. Isso me incomodou. Eu saí da lanchonete e ele me seguiu. Quando passou por mim, ele me disse para segui-lo e caminhou na direção do mar. Depois, ele entrou no mar.

– E você?

– Eu segui o homem e também entrei no mar. Eu nadei, nadei, nadei até ficar sem forças. A água estava gelada. O mar começou a ficar agitado. Quando vi, estava me afogando. Eu afundei. Eu ia morrer.

– E como escapou?

– ELE me tirou da água. Eu acordei no apartamento do tal sujeito. O nome dele é Lars Necker.

– A foto do turista japonês. Era o sujeito boa pinta que estava com você na foto? Nessas duas semanas que não deu notícias, você estava com esse tal de Necker? Sam, não estou reconhecendo você. Vocês dois .. ?

– Não! Claro que não.

– Mas estava com ele?

– Bobby, ele não é propriamente um HOMEM.

– No sentido dele ser GAY?

– No sentido dele NÃO SER humano. Ele é um nyx. O que sabe sobre eles?

– São espíritos aquáticos e habitavam os grandes rios do norte da Europa. Aparecem em lendas de todas as regiões da Alemanha e também da Escandinávia e da Inglaterra. Lorelei é uma nyxie, uma sereia. Mas na maioria das lendas, são do sexo masculino. Podem assumir diversas formas. Geralmente a forma de homens, mas também de cavalos. Atraem as pessoas para o rio e fazem com que se afoguem.

– O Necker me atraiu para o mar assumindo a forma do Adam, mas não deixou que eu me afogasse. Ele disse que me reanimou fazendo respiração boca a boca.

– E aproveitou para tirar uma casquinha.

– Depois, usou um tipo de comando verbal hipnótico para que eu não tivesse pesadelos e para que acreditasse que o Adam morreu num acidente de carro.

– Com que intenção?

– Não consegui chegar a uma conclusão. Os latidos de um cão quebraram o encanto e eu lembrei de tudo. Eu cheguei a pegar uma faca e estava decidido a matá-lo, mas na hora H .. eu não consegui. Não sei exatamente quais eram as intenções dele, mas eu estava péssimo e ele cuidou de mim. As lembranças que ele apagou estavam me fazendo afundar cada vez mais e, sem elas, eu voltei a tomar pé e a me sentir bem. O que ele fez não foi certo, mas eu acho que, se não fosse ele, ainda estaria enchendo a cara pelos cantos e me afundando em autopiedade. Não foi certo .. mas também não foi tão errado que justificasse que eu o matasse.

– As lendas não mostram os nyxes como necessariamente malignos, embora muitos o sejam. Algumas lendas narram histórias de amor entre humanos e nyxes.

– Acha que ele pode ter se apaixonado por mim?

– Explicaria muita coisa. Depois, tem gosto para tudo.

– Bobby, qual é? Eu sei que tenho meus encantos.

– E você? Também estava gostando dele?

– Não da forma que você está insinuando. Mas ele pareceu ser legal .. para uma criatura. Mesmo assim .. ainda não entendo o porquê dele fazer o que fez.

– E o que foi que ele fez?

– Quando os demônios apareceram e possuíram o corpo das pessoas a nossa volta, ele me puxou para dentro de uma cafeteria e usou a voz para me obrigar a me esconder. Ele assumiu a minha aparência na minha frente, me olhou meio que sorrindo e voltou para a rua, chamando a atenção dos demônios para ele.

– Está dizendo que ele morreu para salvar você? Devia estar apaixonado mesmo. Se isso não for paixão, eu não sei o que é.

– Quando ele morreu, o comando hipnótico se desfez. Eu corri para fora a tempo de ver a mim mesmo no alto com o corpo transpassado por aquele mastro. Não sei o porquê dele fazer aquilo, mas o fato é que fez. Eram muitos demônios. Dezenas. Estavam atrás de mim. Vieram com fúria assassina. Eu não teria chance contra tantos. O Necker realmente me salvou. Eu ali, vendo ele dependurado morto e lembrando que, poucas horas antes, eu por pouco não o matei. Ele era um monstro e isso parecia ser razão suficiente para matá-lo. Naquele momento, eu me senti o monstro. Me senti a pior pessoa do mundo.

– Como você mesmo disse. Você QUASE o matou. Não o fez. Deu a ele o benefício da dúvida. Não tem por que se sentir assim. Está muito longe de ser a PIOR pessoa do mundo. Nem sei como consegue ser um caçador tão bom tendo um coração tão mole. Sério, Sam. E .. Sinto muito. Duas perdas seguidas. Você deve estar arrasado.

– Não, Bobby. O tempo de chorar acabou. Eu estou de volta. O mal que levou o Adam e o Necker não descansa. Quero tirar o Adam do Inferno e quero encontrar o corpo do Necker e saber quem ele realmente era.


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Notas finais do capítulo

15.03.2012