Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 13
vida 2 capítulo 4




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Déjà vu. O barzinho era exatamente como Diana lembrava. Tenso, escuro, agitado e esfumaçado. O tipo de lugar onde Dean costumava se sentir à vontade. Um longo balcão de bar, diversas mesas espalhadas, alvos para jogo de dardos, duas mesas de sinuca, uma jukebox próxima à entrada, um pequeno palco no fundo e uma movimentada escada para um suspeito segundo andar.

As pessoas no bar eram as mesmas, mas não reagiram da mesma forma à entrada dos irmãos. Natural, a maioria dos freqüentadores era homem e a chegada de uma mulher gostosa sempre causava reboliço.

Dean sabia como era, podia se colocar no lugar de qualquer um daqueles marmanjos.

Pensando bem, talvez a sacanagem do Trickster fosse exatamente ter feito Diana tão gostosa. Um ímã para os garanhões e para os sem-noção. Mas, pensando ou não como homem, Dean gostou do burburinho que a entrada de Diana causou no local. Interpretava o burburinho como uma forma de elogio a ele. É claro que Dean não estava acostumado a receber elogios abertos de homens aos seus dotes.

Mas eram elogios, e nem Dean nem Diana resistiam a um elogio.

Sam se apressou em puxar Diana de encontro ao seu corpo de uma forma que não permitia Diana afastá-lo com um safanão e fechou a cara para dissuadir qualquer aproximação ou comentário mais ousado.

Diana foi pega de surpresa e, ao olhar para Sam, percebeu o quanto ele estava maior e mais forte do que se lembrava. Esse Sam tinha muito mais massa muscular e seu olhar parecia muito mais duro que a versão original. E Diana não era tão alta quanto Dean. E, por mais que seu lado Dean achasse estranha aquela proximidade excessiva do corpo de Sam, gostou da sensação de ter quem a protegesse.

Gostou sentir de forma tão explícita o amor do irmão.


Sam se sentiria muito mais à vontade naquele lugar se Diana não estivesse presente. Gostaria muito de ter uma companhia para aquela noite. Era o que seu corpo pedia. Mas ele não podia simplesmente seguir seus hormônios e deixar a irmã sozinha num lugar como aquele. Talvez pudesse voltar mais tarde, depois deixar Diana a salvo no motel. De repente, era por aí.

Sam nunca conhecera Jessica, e, portanto, não sofrera o trauma de perdê-la. Mas, também nunca se apaixonara de verdade. Isso, e anos de convívio quase exclusivo com o pai e outros caçadores, moldaram a personalidade de Sam de forma bem diferente da de sua versão original. Esse Sam tinha um comportamento muito parecido com o do Dean original.

Tanto que, mesmo abraçado à Diana, não deixou de fazer um rápido reconhecimento do lugar, buscando candidatas ao grande prêmio da noite: ele mesmo. Encontrou três.

A primeira era claramente uma profissional. Madura, mas ainda atraente. Garantia de companhia sem complicações. Mas, pagar por companhia nunca fora a dele.

A segunda parecia fazer a linha maria-chuteira. Estava acompanhada do namorado, que parecia ser do time de football da faculdade local. Com ele estavam mais dois, que, pelas jaquetas, eram seus companheiros de time. Sinal vermelho. Não ia, de forma alguma, arriscar envolver a irmã numa briga. Ainda mais havendo opções. E também dificilmente o grupo ainda estaria no local quando voltasse mais tarde, sozinho.

A terceira estava sozinha e parecia carente. Bonita. Uma mulher de classe. Num bar cheio de homens, podia ser sinal que era depressiva, possessiva, chata ou tudo isso junto. Ou, simplesmente, que ela não tinha encontrado ali ninguém que estivesse ao seu nível. E nem precisava ser um nível de exigência tão alto assim. De qualquer forma, ele só saberia se tentasse.

E, decididamente, ele queria tentar.

Diana, por outro lado, estava concentrada na tarefa de identificar e desmascarar o Trickster. Tinha certeza que ele estava naquele bar. Ele não ia perder o espetáculo. Precisava descobrir com que aparência estaria. Precisava...

Precisava O QUÊ mesmo? Sabia que era algo importante, mas ... simplesmente não conseguia mais lembrar.


A jukebox começou a tocar Who is that girl da Madonna e isso pareceu um sinal para Diana se por em movimento.

Diana aproveita que Sam está com a atenção voltada para a garota de branco, se desvencilha dele e segue na direção do grupo que estava jogando dardos.

Já fazia algum tempo que Diana usava sua pontaria para descolar algum no jogo de dardos. O diploma de Stanford e os contatos que fizera antes mesmo de se formar alavancaram seu início de carreira. Conquistara uma boa situação financeira na curta carreira de advogada. Mas tudo ficara para trás. A realidade financeira de Diana, agora, era o que a sorte determinasse nos jogos de dardos.


Diana circula entre os jogadores, analisando os estilos e as habilidades.

Ninguém excepcional. Viu que apostas eram baixas. O primeiro passo era fazer subir as apostas.

Diana chama atenção para si e desafia os presentes para um jogo a dinheiro. Pega três dardos. Mostra-se primeiro desajeitada, com um dardo no anel externo e um dardo fora do arame externo, e então acerta na mosca. Bate palmas e dá gritinhos com uma animação digna de dez moscas seguidas. E repete o desafio deixando na mesa sua única nota de U$ 50, que era também todo dinheiro que tinha.


Sam observa de longe. Não gostava de ver Diana sendo obrigada a jogar dardos para que tivessem dinheiro.

Aquele bar não era lugar para ela. Diana era uma advogada competente. Tinha um filho lindo. Não devia estar ali. O maldito demônio roubara sua carreira e sua família. Era a segunda família que roubara de Diana.


Aparecem seis desafiantes. Diana escolhe o jogo: killer. Lança o dardo com a esquerda para definir seu número. Só valiam os 6 mais altos. Cai no 15. Os demais lançam em seqüência e os números vão sendo definidos: 16, 18, 20, 17 e 19.

Como não se apresentaram formalmente, Diana os identificava pela ordem dos nomes anotados na tabela de pontos. Certamente os outros já se conheciam. Afinal, era uma cidade pequena.

A primeira parte da disputa é a corrida para se tornar um killer. Na primeira rodada, Diana não quis mostrar seu jogo e só acertou uma vez seu número. Os dois seguintes não marcaram na jogada. Quarto e Quinto acertaram uma vez cada. É quando Sexto surpreende, acertando duas vezes seguidas seu número e depois fazendo o triplo do próprio número e se tornando um killer já na primeira rodada.

Na segunda rodada, Diana acerta três vezes seguidas o próprio número, mas os adversários também começam a mostrar o jogo. Já tinha 4 pontos, mas 2 outros logo empatam em número de pontos com ela e Sexto usa seus três lançamentos para retirar do jogo os dois adversários mais fracos.

Diana resolve deixar de brincar. Não entrara no jogo para perder seus únicos US$ 50. Torna-se killer no primeiro arremesso e, como Sexto, ataca os adversários mais fracos. Sexto tira mais um do páreo. Eram agora somente três.

A rodada seguinte termina com apenas dois competidores: Diana e o homem de sorriso maldoso cujo nome estava por último na tabela de pontos. Fox. Diana não esperava encontrar um adversário à altura. Na verdade, não tinha certeza de ser capaz de vencê-lo. Era o melhor jogador que já enfrentara. Estende a mão para cumprimentá-lo pela perícia.

– Diana, prazer.

– Já nos conhecemos, Diana, embora aparentemente não se lembre de mim. Mas pode me chamar de Mr. Fox.

– Creio que eu lembraria se nos conhecêssemos.

– Vai lembrar em breve, tenho certeza. Mas, .. e então, Diana? Vamos aumentar as apostas?

E chamando a atenção de todos no bar:

– Vocês todos aí. Em quem vão apostar? Vamos lá, pessoal. Quem vai acertar o escore final?

O ambiente se agita, fica efervescente. As apostas se multiplicam e logo, literalmente, todos no bar estão com a atenção voltada para o jogo de dardos.

O prêmio para o vencedor da contenda chega a U$ 840. O dobro desta quantia seria dividido entre os apostadores. As pessoas se aglomeram num semicírculo em torno dos jogadores.

Sam, se aproxima do grupo, abrindo caminho para ficar no primeiro plano. O tal Mr. Fox lhe lembra alguém. O nome parece o tempo todo prestes a aflorar na sua mente, mas aí lhe foge. Mas a sensação de perigo iminente só aumenta.

Mr. Fox se volta para Diana e sussurra em seu ouvido.

– Tenho 14 pontos e você tem 3. Posso eliminar você em uma única rodada. Mas gosto de ser justo. Vou dar a você uma chance de me vencer. E acho que o prêmio deve ser algo bem mais valioso que esses US$ 840. Nada de dinheiro. Deve ser algo inestimável, como, digamos,


a VIDA DO SEU IRMÃO SAMUEL ou DE SEU FILHO BENJAMIM.


Antes que Diana possa reagir, o Trickster volta seu olhar para Sam e o faz desaparecer no ar.


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Notas finais do capítulo

Os leitores que jogam dardos vão perceber que as regras do killer, principalmente a forma de contagem de pontos, foram tremendamente simplificadas para se acomodar às necessidades narrativas.



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