Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 116
sete vidas prólogo capítulo 4




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– Aqui está!

– Um gigantesco relógio de água? É impressionante.

– O nome é clepsidra. Mas esta é especial. Pertence a Tara, deusa hindu do tempo, cujo nome em sânscrito significa travessia. De posse dela, é possível cruzar as barreiras que separam os mundos e chegar a qualquer lugar, em qualquer época. Planetas distantes. Até mesmo, outras realidades.

– E essa é a única forma de se chegar a esses outros mundos de que me falou?

– Não, claro que não. Existem muitas formas de se atravessar as barreiras entre as realidades. Tem quem o faça o tempo todo. Ir não é o problema. O problema é voltar. As realidades não são estáticas. O tempo corre diferente em cada uma delas. É muito fácil perder a referência. Na verdade, é inevitável.

– E a clepsidra, como se faz para usá-la?

– A clepsidra é composta basicamente por dois vasos. Água cai do vaso que se encontra acima para o que está abaixo. O tempo até a água terminar de escoar é bem definido. O mesmo princípio de uma ampulheta, usando água ao invés de areia. A clepsidra de Tara marca exatamente 1 dia, não importa aonde cada vaso esteja. Ou seja, ela compensa as variações astronômicas, as diferenças decorrentes da latitude, diferenças de qualquer natureza, fazendo que o tempo esteja sempre sincronizado para os dois vasos.

– Mesmo que os vasos estejam em realidades diferentes?

– Isso. A clepsidra de Tara mantêm as duas realidades conectadas e o tempo em ambas sincronizado. É possível definir um tempo da estadia, que pode ser diferente de 1 dia. Pode ser um milênio, por exemplo. Uma vez decorrido o tempo desejado, o viajante é trazido automaticamente de volta. Mas o viajante precisa estar em contato físico direto com o filete de água que verte do primeiro para segundo vaso quando o tempo esgotar ou fica preso na outra realidade.

– O viajante precisa levar o segundo vaso com ele? Mas, ele é imenso. Duas vezes a altura de um homem. Cheio d’água pesa toneladas.

– Tolo. É um objeto mágico. Pode assumir qualquer forma. Geralmente, a forma de um marcador de tempo. Pode se tornar pequeno o bastante para caber na palma de uma mão.

– E a água que flui entre os vasos? Ela também cruza a barreira entre as realidades?

– Existe um fluxo, mas o fluxo não pode ser detectado. Por nenhum meio. Nem pela ciência dos homens, nem pelas artes dos magos, nem pelos sentidos dos deuses.

– Então ela deixa de ser percebida como sendo água?

– A água da clepsidra de Tara também pode assumir qualquer forma. Como o viajante deve manter a água sempre em contato com o próprio corpo, é conveniente que assuma a forma de um objeto. A forma escolhida é geralmente a de uma jóia.

– Uma jóia. Ele não usaria uma pedra, mas poderia ser .. um amuleto. Um amuleto de prata. O segundo vaso poderia ser .. vejamos .. um despertador digital, destes que se encontra em qualquer motel de beira de estrada. Ele não vai estranhar.

– Parece que você já tem os planos de viagem feitos, Loki.

– Grandes planos, minha querida Kälï. Mas, será que Tara me deixaria usar a clepsidra?

– Se isso a desagradasse, você jamais teria pousado os olhos na clepsidra. Confesso que ela ter permitido que você a usasse, me surpreendeu. Afinal, ela é a deusa da compaixão e você é o senhor das mentiras. Um canalha manipulador. Como conseguiu enredá-la?

– Talvez ela apenas tenha visto no meu coração que minhas intenções são misericordiosas.

– Você é capaz de enganar até quem sabe muito bem quem você é e de tudo que é capaz.

– Queria que confiasse em mim. Eu amo você, Kälï. Eu até morreria por você. Um dia, mais do que acreditar, você vai descobrir que é a mais pura verdade.

– Vou fingir que acredito.


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Notas finais do capítulo

19.08.2011
Um capítulo que não acontece nada, mas eu queria dar uma explicação sobre como funciona o amuleto, já que criei um certo suspense sobre isso ao longo da fic. Espero que gostem da explicação.
Gabriel se sacrifica por Kälï, no episódio 5x19, The Hammer of The Gods