Era de manhã quando Ned começou a aspirar o tapete da sala. Ele havia chegado com a diretora durante a festa, havia sido eles que tinham parado a música. Eu estava sentado na escada desolado olhando para o teto.

  -Eu a perdi. – sussurrei

  -Hum... Mike. – começou meu pai – Se serve de consolo eu acho que você ajudou muito a Cameron e o Alex. Fez seu trabalho e agora... Um herói pode partir.

  -Mas eu não quero! Talvez ela não precise mais de mim, mas eu preciso dela.

  -Bem, eu não quero ser estraga prazeres, mas o caminhão da mudança deve estar chegando da casa da sua ex-futura namorada em 22 minutos.

  -Pai, eu preciso de mais tempo... Eu tenho que impedir isso. – falei me levantando

  Ele pegou a chave de sua Lamborghini Gallardo Spyder amarela e a chacoalhou. Eu sorri para ele.

  Chegamos à casa dos Vorgers em menos de 10 minutos. Desci correndo do carro e apertei impacientemente a campainha da casa, até que Katherine atendeu.

  -Oh, é você. – falou ela sem vontade

  -Desculpe, a Cameron está?

  -Está sim, mas ela não quer vê-lo, nenhum dos 2.

  Eu bufei e entrei na casa, Katherine veio atrás me dando sermão.

  -Hey menino eu fui bem clara em...

  Ela não terminou, eu havia chegado à sala onde estavam Alex, Cameron e George.

  -Mike? – perguntou Cameron confusa – O que você tá fazendo aqui?

  -Ele está de saída. – falou Katherine atrás de mim.

  -Você não suportaria a verdade! – grunhiu Ned entrando na sala também

  -O quê? – perguntamos todos

  -Desculpe, foi à primeira coisa que veio na minha cabeça. – respondeu ele

  -Ned, quer retirar seu filho da minha casa? – perguntou a Sra.Vorgers

  -Desculpe, Katherine. O garoto tem uma coisa pra dizer para a sua filha.

  -Tudo bem, vamos fingir que é verdade, mãe. – disse Alex cruzando os braços

  -Alex,se você deixar eu explicar eu...

  -Veio falar com a minha irmã ou me enrolar? 

  Eu engoli o seco e olhei para Cameron.

  -Cameron. –comecei a olhando nos olhos dela – Antes de continuar com isso, quero que se lembre do dia 7 de Setembro de 2004. Foi a primeira vez que eu te vi, e... Você estava lendo O Senhor dos Anéis, estava usando uma camiseta de flores amarelas... E eu nunca havia visto nada tão perfeito. – meus olhos se encheram de lágrimas apesar de nenhuma ter caído –Eu lembro que eu pensei que eu tinha que ter você se não eu morreria – eu dei uma risadinha – E você sussurrou que me amava durante uma dança no baile, e eu me senti tão calmo e tão seguro, por que eu sabia que nada importaria daquele dia em diante, nada na vida poderia ser ruim... Por que eu tinha você. E aí eu... Acabei me perdendo. E eu culpei você pelas minhas notas baixas, a separação dos meus pais... E eu sei que você acha que tem que fazer isso hoje, mas eu não quero que você faça... Mas eu acho, que se eu te amo, eu devo te deixar seguir em frente.

  Agora, as duas lágrimas presas caíram, e os olhos dela também estavam com lágrimas.

  -Tudo bem, precisa ir agora. – disse George me empurrando devagar

  Eu olhava para Cameron durante o percurso, quando abri a porta a ouvi dizer:

  -Mãe, preciso de um tempo aqui.

  Fechei os olhos, aquilo era bom, mas não o suficiente.

  Estava jogando basquete no jardim de casa quando meu pai apareceu ao meu lado.

  -Nunca te vi treinar tanto assim. – disse Ned

   Eu não parei com as cestas quando respondi.

  -É eu sei, mas se eu quiser mesmo impressionar os olheiros da faculdade, eu tenho que treinar... Muito.

  -Espera, espera, Você não vai... Cuidado, cara. Você não pode sair do seu caminho espiritual, não.

  Eu parei a bola irritado.

  -Não existe caminho, pai! Não existe caminho! Eu não consegui! Eu só tornei as coisas piores pra eles! A Cameron tá mais feliz, todo mundo tá mais feliz por perto! Pai... É hora de seguir em frente.

  E eu voltei a jogar distraidamente tentando tirar Cameron da cabeça.