Café com Aroma de Mulher escrita por Alina Black


Capítulo 15
Renesmee- Edward Cullen




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Cheguei à fazenda de Jacob Black com o coração acelerado e a cabeça cheia de expectativas. Esses primeiros 30 dias como Elizabeth, foram um turbilhão de emoções e descobertas. Cada dia trouxe um novo desafio, uma nova oportunidade de aprender e, aos poucos, buscar redenção para aquilo que eu estava fazendo, o peso da culpa de enganar a todos naquela casa pesava em minha mente, portanto, tentar corrigir os erros de Elizabeth Cullen era a única forma de “diminuir” a minha culpa.

Nos primeiros dias, minha comunicação com Jacob era limitada a instruções e respostas curtas. Eu perguntava sobre café, ele respondia com precisão, mas sem muito entusiasmo. Eu sabia que ele estava tentando entender quem era essa nova figura em sua fazenda, e talvez até em sua vida. Havia um muro invisível entre nós, construído de cautela e incerteza.

Nos últimos dias, comecei a encontrar pequenas brechas nesse muro. Uma manhã, o observei alimentar os animais com os demais peões, apesar de ser um homem rico Jacob era simples, ele não era somente um magnata do café, ele cuidava de cada detalhe daquela fazenda. Enquanto estavam alimentando os animais, comentei sobre a beleza do nascer do sol. Jacob, surpreso, parou por um momento e sorriu. "É, é realmente bonito", ele disse, e esse foi um dos primeiros momentos em que senti uma conexão genuína. Foi uma pequena vitória, mas muito significativa para mim.

Apesar das pequenas vitórias, meu coração estava dividido entre a preocupação constante com minha mãe e os desafios que enfrentados na vida de Jacob. Havia recebido notícias recentes de Renée sobre o estado de saúde dela, e elas não eram boas. Seu quadro piorou, e a angústia de estar longe dela me consumia diariamente.

Além disso, os problemas com os filhos de Jacob só aumentavam meu fardo. Leah, sempre atenta e prestativa, havia me avisado sobre alguns problemas que Evelyn encontrava na escola. Pediram que seu responsável fosse buscá-la imediatamente. Meu coração disparou ao ouvir isso. Elizabeth, a verdadeira Elizabeth, nunca se importava com os problemas da filha, e eu sabia que isso causava dor em Evelyn.

Sarah estava pronta para ir à escola buscar a neta. Eu a observei enquanto ela pegava suas chaves, com a determinação de uma mãe leoa protegendo sua cria. Sarah sempre foi uma figura forte e resiliente, mas desta vez, decidi que eu precisava intervir. Esse era um momento crucial para mostrar meu comprometimento e, acima de tudo, meu carinho por Evelyn.

— Sarah, pode deixar que eu resolvo isso- Disse, tentando esconder o nervosismo em minha voz.

Ela se virou para me encarar, surpresa evidente em seus olhos. - Elizabeth, você... você nunca se importou com esses assuntos antes.

Respirei fundo, tentando transmitir a firmeza que sentia em meu coração. - Eu sei, mas as coisas mudaram. Eu me importo com Evelyn, e quero estar lá por ela. Por favor, deixe-me fazer isso.

Sarah me olhou por um momento, como se estivesse tentando decifrar minha alma. Finalmente, ela assentiu lentamente. - Muito bem. Você é a mãe dela.

Saí apressada, com a mente fervilhando de pensamentos. Sabia que tinha que lidar com a situação na escola de Evelyn com cuidado, mostrando que me importava genuinamente, mesmo que isso surpreendesse todos ao redor.

Ao chegar à escola de Evelyn, meu coração estava acelerado. Passei pela recepção e fui guiada até a sala do diretor. Ao entrar, encontrei Evelyn sentada em uma cadeira, os olhos vermelhos de tanto chorar. Ao lado dela, uma mulher de semblante severo e uma garota que parecia ser alguns anos mais velha e consideravelmente maior. O diretor, um homem de meia-idade com uma expressão grave, levantou-se para me cumprimentar.

— Boa tarde senhora Black. Obrigado por vir tão rapidamente, confesso que estou surpreso ao vê-la, geralmente sua sogra é quem eu recebo- Ele disse, indicando uma cadeira para eu me sentar.

— Para tudo existe uma primeira vez- Respondi – Mas, o que aconteceu? Perguntei, tentando manter a calma.

Antes que o diretor pudesse responder, a mulher ao lado levantou-se abruptamente. - Essa menina agrediu minha filha! Eu quero uma explicação e uma punição imediata!

Olhei para Evelyn, que se encolheu ainda mais na cadeira, os olhos cheios de medo e tristeza. A garota maior, ao lado de sua mãe, tinha uma expressão de falsa inocência. Meu instinto me disse que havia mais nessa história do que aparentava.

— Calma, por favor- Disse, tentando manter o controle da situação. - Evelyn, o que aconteceu?

Evelyn olhou para mim, hesitante, mas finalmente começou a falar, a voz trêmula. - Ela... ela estava me provocando. Disse coisas horríveis sobre mim e... e tentou pegar minhas coisas. Eu só... eu só me defendi.

A mãe da outra garota bufou com desdém. - Mentira! Minha filha nunca faria isso!

Olhei diretamente para a garota maior. - O que você tem a dizer sobre isso?

Ela olhou para o chão, evitando meu olhar, e isso só confirmou minhas suspeitas. - Eu... eu só queria pegar uma coisa emprestada.

Virei-me para o diretor. -Diretor, pelo que vejo aqui, Evelyn estava se defendendo. Essa situação parece ser mais um caso de bullying do que de agressão.

O diretor suspirou, claramente desconfortável com o confronto. -Nós temos uma política de tolerância zero para a violência, senhora Black. Mas se Evelyn estava realmente se defendendo, precisamos considerar isso.

A mãe da outra garota começou a protestar novamente, mas eu a interrompi. - É claro que ninguém quer violência na escola. Mas também não podemos permitir que uma criança seja intimidada sem consequências. Evelyn é menor e claramente estava em desvantagem física.

O diretor assentiu lentamente. - Vamos investigar isso com mais detalhes. Por agora, ambas as alunas precisam de um tempo para refletir. Vou providenciar para que Evelyn receba apoio e orientação.

A mãe da outra garota saiu resmungando, levando a filha consigo. Eu me aproximei de Evelyn, ajoelhando-me ao lado dela. - Você está bem?

Ela assentiu, ainda com lágrimas nos olhos. -Obrigada por me defender.

Passei o braço ao redor dela, oferecendo conforto. - Vamos para casa.

Dirigindo de volta para a fazenda com Evelyn ao meu lado, eu não conseguia parar de pensar na cena que acabara de acontecer na escola. Olhei para ela, sentada ao meu lado, ainda com os olhos inchados de chorar. O silêncio entre nós era pesado, cheio de sentimentos não ditos.

— Evelyn- Comecei suavemente- Eu sei que tudo isso é difícil para você. Sinto muito pelo que aconteceu hoje.

Ela olhou para mim, os olhos cheios de incerteza. - Mãe... você nunca se importou antes. Sempre nos ignorou. Por que está fazendo isso agora?"

A sinceridade em sua voz me cortou como uma faca. Sabia que a verdadeira Elizabeth havia causado muita dor e abandono na vida dela. Precisava encontrar as palavras certas para responder, sem trair minha verdadeira identidade.

— Evelyn, eu... eu sei que errei muito no passado- Disse, escolhendo cuidadosamente as palavras. - Mas estou tentando mudar. Quero estar aqui para você e seus irmãos. Vocês merecem alguém que se importe, que cuide de vocês.

Ela permaneceu em silêncio por um momento, olhando pela janela do carro. - Estou com medo- Ela confessou finalmente. -Medo de que você vá embora de novo e nos abandone."

Meu coração se apertou ao ouvir isso. Parei o carro no acostamento, virando-me para olhar diretamente para ela. Eu sabia que não podia prometer aquilo que eu estava prestes a dizer, mas ver aquela garota naquele estado apenas aumentava a minha culpa - Evelyn, eu não vou a lugar nenhum. Eu prometo. Vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para ser a pessoa que vocês precisam. Sei que é difícil acreditar agora, mas estou aqui para ficar. E mesmo que as circunstâncias me obriguem a ir eu sempre serei sua amiga, você poderá contar comigo. Sempre.

Ela olhou para mim, e pude ver a batalha interna em seus olhos. Ela queria acreditar, mas o medo de mais uma decepção ainda a segurava.

— Eu sei que você e o papai estão se divorciando, mas mesmo que vocês se separem não quero que desapareça novamente.

Coloquei minha mão sobre a dela, tentando transmitir toda a sinceridade que sentia.

Ela não respondeu, mas apertou minha mão de volta, um pequeno gesto que significava muito. Voltamos a dirigir em silêncio, mas o ambiente no carro estava um pouco mais leve. Quando chegamos à fazenda, estacionei e saímos do carro, caminhando em direção à casa. Jacob estava na varanda, esperando por nós com uma expressão séria. Ele se aproximou rapidamente de Evelyn, preocupado.

— Evelyn, o que aconteceu?-Perguntou, a voz cheia de preocupação.

Ela olhou para mim por um instante antes de responder. -Papai, foi uma confusão na escola. A garota maior estava me provocando e eu só... eu só me defendi.

Jacob franziu a testa, claramente preocupado. - Você está bem? Não se machucou?

Evelyn balançou a cabeça. - Estou bem, papai. Mamãe me ajudou.

Jacob olhou para mim, a desconfiança evidente em seus olhos. Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, percebi um movimento na sala de estar pela porta aberta. Um homem estava lá, observando a cena com atenção. Meu coração deu um salto ao reconhecê-lo por uma das fotos que Elizabeth havia me mostrado – Edward Cullen, o irmão gêmeo de Elizabeth.

Edward tinha uma expressão de surpresa e curiosidade, os olhos fixos em mim. Tentei controlar meu nervosismo, sabendo que minha reação poderia levantar suspeitas. Dei um passo em direção à casa, mantendo a compostura.

Caminhamos para dentro da casa, e a presença de Edward tornou-se ainda mais palpável. Ele estava parado perto da lareira, os olhos fixos em mim com uma intensidade que quase me fez estremecer. Evelyn subiu as escadas, lançando um último olhar para nós antes de desaparecer no corredor.

— Elizabeth- Edward disse, finalmente rompendo o silêncio, sua voz calma, mas cheia de significado.

—Edward- Respondi, tentando manter a voz firme. -Não esperava te ver aqui.

— Vim para ver como você está- Ele disse, seus olhos avaliando cada movimento meu. -Ouvi dizer que você mudou.

Jacob cruzou os braços, observando a interação entre nós. - Elizabeth, o que exatamente aconteceu na escola hoje?

Respirei fundo, tentando manter a calma. -Houve uma situação de bullying. Evelyn foi provocada por uma garota maior. Ela se defendeu e acabou sendo acusada de agressão. Eu falei com o diretor e expliquei a situação. Ele vai investigar mais a fundo, mas acredito que Evelyn estava apenas se defendendo.

Edward continuou a me observar, uma expressão de surpresa ainda visível em seus olhos. -Você realmente parece diferente, Elizabeth. Estou surpreso.

O peso do olhar de Edward era quase insuportável. Desde o momento em que entrei na sala, senti como se estivesse sob um microscópio, cada movimento meu, cada palavra, sendo analisada. Ele sabia. De alguma forma, eu tinha certeza disso. Ele sabia que eu não era Elizabeth.

Tentava manter a compostura enquanto Edward, Jacob e eu discutíamos o incidente na escola. Mas o olhar fixo de Edward me deixava inquieta, como se ele pudesse ver através de mim, direto para a verdade que eu tentava esconder. Seu silêncio era mais eloquente que palavras, uma confirmação silenciosa de suas suspeitas.

Quando nossos olhos se encontraram, senti algo estranho e indescritível. Era como se houvesse uma conexão, uma linha tênue entre nossas almas. O reconhecimento nos olhos dele era perturbador e reconfortante ao mesmo tempo. Era como se ele estivesse dizendo, sem palavras, que entendia a complexidade da minha situação. Talvez até a aceitasse.


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