Alvo Potter e a Máscara Branca escrita por Verissimo


Capítulo 1
— CAPÍTULO UM — King's Cross




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— CAPÍTULO UM —

King's Cross

O primeiro de setembro trouxe consigo o frescor do outono, pintando a manhã com tons dourados e revigorantes. Uma pequena família atravessava animadamente e saltitante a rua, em direção à grande estação encardida, a estação King's Cross, os pais empurrando carrinhos cheios enquanto as corujas dentro das gaiolas piavam indignadas. A menina ruiva caminhava chorosa, agarrada à mão do pai. A estação fervilhava de atividade, com passageiros indo e vindo em todas as direções. Tiago e Alvo Potter, acompanhados pela mãe, Gina, carregavam seus grandes malões enquanto Harry segurava a pequena Lílian em seus ombros, a fumaça que os carros expeliam e a respiração dos pedestres cintilavam como teias de aranha no ar frio. Eles estavam sendo empurrados por dois meninos, Tiago e Alvo Potter, sua mãe, Gina, os seguia logo atrás. Um homem de trinta e sete anos, Harry, tinha sua filha, Lílian, em seus ombros.

— Não vai demorar muito, e você também irá — disse— lhe Harry para a pequena Lílian.

— Dois anos — fungou Lílian. — Quero ir agora!

Os passageiros olharam curiosos para as corujas quando a família se encaminhou em ziguezague para a barreira entre as plataformas nove e dez. A voz de Alvo chegou aos ouvidos de Harry apesar do barulho reinante; seus dois filhos tinham retomado a discussão começada no carro.

— Não quero ir! Não quero ir para Sonserina!

— Tiago, dá um tempo! — pediu Gina.

— Eu só disse que ele talvez fosse — defendeu-se Tiago, rindo do irmão mais novo. — Não vejo problema nisso. Ele talvez vá para Sonse...

Tiago, porém, viu o olhar da mãe e se calou. Os cinco Potter se aproximaram da barreira. Lançando ao irmão um olhar ligeiramente arrogante por cima do ombro, Tiago apanhou o carrinho que a mãe levava e saiu correndo. Um instante depois tinha desaparecido.

— Vocês vão escrever para mim, não vão? — perguntou Alvo aos pais, capitalizando

Imediatamente a ausência momentânea do irmão — Mãe! — Olhando para sua mãe — Você vai me escrever, não vai?

— Todos os dias, se quiser — respondeu Gina.

— Todo dia não — replicou Alvo, depressa. — O Tiago diz que a maioria dos alunos recebe carta de casa mais ou menos uma vez por mês.

— Escrevemos para Tiago três vezes por semana no ano passado — contestou Gina.

— O quê? Tiago! — Alvo olha acusadoramente para Tiago.

— E você não acredite em tudo que ele lhe disser sobre Hogwarts — acrescentou Harry. — Ele gosta de brincar, o seu irmão.

—  Podemos ir agora, por favor? —  Respondeu Tiago com um sorrisinho.

Alvo olha para seu pai, e depois para sua mãe.

— Tudo o que precisa fazer é andar direto para a barreira entre as plataformas nove e dez. — Ensinou Gina para Alvo que ainda estava inseguro.

—  Estou tão animada! —  Falou Lílian.

—  Não pare, e não tenha medo de que irá bater nela, isso é muito importante. É melhor correr se estiver nervoso. —  Falou Harry calmamente

— Estou pronto. —  Falou Alvo Determinado

Harry e Lílian põem suas mãos no carrinho de Alvo, Gina no de Tiago. Juntos, correram rápido para dentro da barreira. Lado a lado, eles empurraram o segundo carrinho e ganharam velocidade. Ao alcançarem a barreira, Alvo fez uma careta, mas a colisão não ocorreu. Em vez disso, a família emergiu na plataforma nove e meia, que estava encoberta pela densa fumaça clara que saía do Expresso de Hogwarts. Vultos indistintos pululavam na névoa, em que Tiago já desaparecera.

— Onde eles estão? — perguntou Alvo, ansioso, espiando os vultos brumosos pelos quais passavam ao avançar pela plataforma.

— Nós os acharemos — tranquilizou-o Gina.

Mas o vapor era denso, e estava difícil distinguir os rostos das pessoas. Separadas dos donos, as vozes ecoavam anormalmente altas. Harry pensou ter ouvido Percy discursar sonoramente sobre o regulamento para uso de vassouras, e ficou feliz de ter um pretexto para não parar e cumprimentar...

— Acho que são eles, Al — disse Gina, de repente.

Um grupo de quatro pessoas que estava parado ao lado do último vagão emergiu da névoa. Seus rostos só entraram em foco quando Harry, Gina, Lílian e Alvo estavam quase em cima deles. Alvo pensou que aquele lugar era um caos e então pegou em sua bolsa uma espécie de celular mágico.

— Esconde isso! —  Advertiu Gina ao perceber que ele já ia sumir em seu mundo.

— Oi — disse Alvo, parecendo imensamente aliviado.

Rosa, que já estava usando as vestes de Hogwarts recém compradas, deu-lhe um grande sorriso.

— Afinal, conseguiu estacionar direito? — perguntou Rony a Harry. — Eu consegui. Hermione não acreditou que eu pudesse passar no exame de motorista dos trouxas, não é mesmo? Achou que eu ia precisar confundir o examinador.

— Não pensei, não — replicou Hermione —, fiz a maior fé em você.

— Pois eu o confundi, mesmo — sussurrou Rony para Harry, quando, juntos, embarcaram o malão e a coruja de Alvo no trem. — Só me esqueci de olhar pelo retrovisor externo, e, cá entre nós, posso usar um Feitiço Supersensorial para isso.

De volta à plataforma, eles encontraram Lílian e Hugo, o irmão mais novo de Rosa, entretidos em uma animada discussão sobre a Casa para a qual seriam selecionados, quando finalmente fossem para Hogwarts.

— Se você não for para a Grifinória, nós o deserdaremos — ameaçou Rony —, mas não estou pressionando ninguém.

— Rony!

Lílian e Hugo riram, mas Alvo e Rosa ficaram muito preocupados.

— Ele não está falando sério — disseram Hermione e Gina, mas Rony já não estava prestando atenção. Atraindo o olhar de Harry, ele acenou discretamente com a cabeça para um ponto a uns cinquenta metros. O vapor tinha rareado por um momento, e três pessoas estavam paradas destacando-se contra a névoa em movimento.

— Veja só quem está ali.

Draco Malfoy estava parado com a mulher Astoria e o filho, um sobretudo escuro abotoado até o pescoço. Seus cabelos já revelavam entradas que salientavam o seu queixo fino. O novo aluno parecia com Draco tanto quanto Alvo parecia com Harry. Draco viu Harry, Rony, Hermione e Gina olhando para ele, deu um breve aceno com a cabeça e se afastou.

— Então aquele é o pequeno Scorpius — comentou Rony em voz baixa. — Não deixe de superá-lo em todos os exames, Rosinha. Graças a Deus você herdou a inteligência da sua mãe.

— Rony, pelo amor de Deus. — O tom de Hermione mesclava seriedade e vontade de rir. — Não tente indispor os dois antes mesmo de entrarem para a escola!

— Você tem razão, desculpe. — Mas, incapaz de se conter, ele acrescentou: — Mas não fique muito amiga dele, Rosinha. Vovô Weasley nunca perdoaria se você casasse com um sangue puro.

— Ei! — Tiago reaparece e tinha se livrado do malão, da coruja e do carrinho e, evidentemente, estava fervilhando de novidades.

— Teddy está lá atrás — disse ele, sem fôlego, apontando por cima do ombro para as gordas nuvens de vapor. — Acabei de ver! E adivinhe o que ele está fazendo? Se agarrando com a Victoire!

Ele ergueu os olhos para os adultos, visivelmente desapontado com a falta de reação.

— O nosso Teddy! Teddy Lupin! Agarrando a nossa Victoire! Nossa prima! E perguntei a Teddy que é que ele estava fazendo...

— Você interrompeu os dois? — indagou Gina. — Você é igualzinho ao Rony...

— ... E ele disse que tinha vindo se despedir dela! E depois me disse para dar o fora. Ele está agarrando-a! — acrescentou Tiago, preocupado que não tivesse sido suficientemente claro.

— Ah, seria ótimo se os dois se casassem! — sussurrou Lílian enlevada. — Então o Teddy ia realmente fazer parte da nossa família!

— Ele já aparece para jantar quatro vezes por semana — disse Harry. — Por que não o convidamos para morar de uma vez conosco?

— É! — concordou Tiago, entusiasmado. — Eu não me importo de dividir o quarto com o Alvo... Teddy poderia ficar com o meu!

— Não — disse Harry, com firmeza —, você e Al só dividirão um quarto quando eu quiser ter a casa demolida.

Ele consultou o velho relógio arranhado que, no passado, tinha pertencido a Fábio Prewett.

— São quase onze horas, é melhor embarcar.

— Não se esqueça de transmitir a Neville o nosso carinho! — recomendou Gina a Tiago ao abraçá-lo.

— Mamãe! Não posso transmitir carinho a um professor!

— Mas você conhece Neville...

Tiago girou os olhos para o alto.

— Aqui fora, sim, mas, na escola, ele é o professor Longbottom, não é? Não posso entrar na aula de Herbologia falando em carinho...

E, balançando a cabeça para a tolice da mãe, ele sapecou um pontapé em Alvo.

— A gente se vê, Al. Cuidado com os testrálios.

— Pensei que eles fossem invisíveis. Você disse que eram invisíveis!

Tiago, porém, riu apenas, permitiu que a mãe o beijasse, deu no pai um rápido abraço e saltou para o trem que se enchia rapidamente. Eles o viram acenar e sair correndo pelo corredor à procura dos amigos.

— Não precisa se preocupar com os testrálios — disse Harry a Alvo. — São criaturas meigas, não têm nada de apavorante. E, de qualquer modo, você não irá para a escola de carruagem, irá de barco.

Gina deu um beijo de despedida em Alvo.

— Vejo vocês no Natal.

— Tchau, Al — disse Harry, e o filho o abraçou. — Não esqueça que Hagrid o convidou para tomar chá na próxima sexta-feira. Não se meta com o Pirraça. Não duele com ninguém até aprender como se faz. E não deixe Tiago enrolar você.

— E se eu for para Sonserina?

O sussurro foi apenas para o pai, e Harry percebeu que só o momento da partida poderia ter forçado Alvo a revelar como o seu medo era grande e sincero.

Harry se abaixou de modo a deixar o rosto do menino ligeiramente acima do dele. Dos seus três filhos, apenas Alvo herdara os olhos de Lílian.

— Alvo Severo — disse Harry, baixinho, para ninguém mais, exceto Gina, poder ouvir, e ela teve tato suficiente para fingir que acenava para Rosa, que já estava no trem —, nós lhe demos o nome de dois diretores de Hogwarts. Um deles era da Sonserina, e provavelmente foi o homem mais corajoso que já conheci.

— Mas me diga...

— ... Então, a Sonserina terá ganhado um excelente estudante, não é mesmo? Não faz diferença para nós, Al. Mas, se fizer para você, poderá escolher a Grifinória em vez da Sonserina. O Chapéu Seletor leva em consideração a sua escolha.

— Sério?

— Levou comigo.

Ele jamais contara isso a nenhum dos filhos, e notou o assombro no rosto de Alvo ao ouvi-lo. Agora, entretanto, as portas estavam começando a se fechar ao longo do trem vermelho, e os contornos indistintos dos pais se aglomeravam ao avançar para os beijos finais, as recomendações de última hora. Alvo pulou para o vagão, e Gina fechou a porta do compartimento dele. Os estudantes estavam pendurados nas janelas mais próximas. Um grande número de rostos, tanto dentro quanto fora do trem, parecia estar virado para Harry.

— Por que eles estão todos nos encarando? — perguntou Alvo, enquanto ele e Rosa se esticavam para olhar os outros estudantes.

— Não se preocupe — disse Rony. — É comigo. Sou excepcionalmente famoso.

Alvo, Rosa, Hugo e Lílian riram. O trem começou a se deslocar, e Harry acompanhou-o, olhando o rosto magro do filho já iluminado de excitação. Continuou a sorrir e acenar, embora tivesse a ligeira sensação de ter sido roubado ao vê-lo se distanciando dele...

O último vestígio de vapor se dispersou no ar de outono. O trem fez uma curva, a mão erguida de Harry ainda acenava adeus.

— Ele ficará bem — murmurou Gina.

Ao olhá-la, Harry baixou a mão distraidamente e tocou a cicatriz em forma de raio em sua testa.

— Sei que sim.

A cicatriz não incomodara Harry nos últimos dezenove anos. Tudo estava bem.

Alvo olhando para a plataforma a avista uma mulher estranha de cabelos brancos olhando para ele e acenando o que fez temer e sentir um frio na barriga.

— Você viu aquela moça? - Perguntou Alvo para Rosa

—  Que moça? Vamos precisamos achar nossos novos amigos...

 


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