Um amor improvável escrita por Tianinha


Capítulo 6
Sumiço de Amora




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No dia seguinte ao noivado de Amora, Fabinho foi à Class Mídia. Assim que chegou, cumprimentou toda a equipe:

— Tudo bem? Tudo bom?

Dirigiu-se à secretária do chefe, Carol:

— Tudo bem? — disse o rapaz.

— Tudo bem? Posso ajudar? — perguntou Carol.

— Pode sim, querida. Meu nome é Fábio Queiroz. Eu vim aqui conversar com o Maurício. — disse Fabinho. — Ou melhor, o Natan está me aguardando para me entrevistar.

Fabinho e Carol ouviram a gritaria de Natan, que estava na sala dele:

— Como sumiu? Tem que achar ela agora!

— Olha, eu acho que você chegou num péssimo momento. — disse Carol.

Fabinho permaneceu na agência por algum tempo. Ficou esperando. Natan saiu de sua sala e chamou Sílvia, a diretora de mídia:

— Sílvia! Liga pro Gambini agora e inventa uma história. Vai enrolando ele até a gente descobrir o que é que aconteceu com Amora.

— Da próxima vez, chame uma profissional. — disse Sílvia. — Não uma diletante que não precisa trabalhar pra pagar as contas. — dirigiu-se à Carol. — Carol, me liga no Gambini, por favor.

Natan saiu andando. Fabinho aproximou-se e perguntou:

— Desculpa-me a intromissão. O que que aconteceu com a Amora?

— Sumiu. E deixou o fotógrafo plantado no estúdio esperando. — disse Natan.

— Oh Fabinho, acho melhor você voltar outra hora, pode ser? — disse Maurício.

— Claro. Mas avisa quando tiver notícia. Fiquei preocupado. — disse Fabinho.

— Tá bom. — disse Maurício.

— Tá. Valeu, valeu. — disse Fabinho.

Pegou sua mochila. Onde será que Amora tinha ido? O que havia acontecido para ela desaparecer e deixar o fotógrafo esperando? Foi atrás do Bento, será?

— Será que aquela louca teve coragem? Teve. — concluiu.

Lembrou-se da cara que Amora fez quando Bento foi embora da festa. Ela passou a noite toda pensando no namoradinho de infância. Ela só poderia estar na Casa Verde. Só poderia ter ido atrás do Bento. Resolveu ir atrás dela. Natan e Maurício ficariam muito agradecidos se ele encontrasse Amora.

Não que Fabinho gostasse de visitar a zona mais pobre da Casa Verde. Por ele, jamais voltaria lá. Ele tinha horror àquele lugar. Além de ser um bairro pobre, ele jamais visitaria o lugar que o fazia se lembrar o tempo todo que foi abandonado. Mas já que era lá que Amora estava, era para lá que ele ia.

Ao chegar na Casa Verde, logo avistou Giane e resolveu parar para perguntar a ela se tinha visto Amora. A garota se assustou, pois ele vinha em alta velocidade. Ela disse:

— Ei, cara! Tá maluco? É assim que você passa na rua? Pirou?

Ela só o reconheceu quando ele tirou o capacete.

— Cadê Amora? — perguntou o rapaz.

— Fabinho?! — surpreendeu-se a garota.

— Vamos, moleque, fala, cadê Amora? — perguntou Fabinho, impaciente.

— Eu sei lá onde está Amora. — Giane deu de ombros. Pelo visto, ela não facilitaria as coisas para ele. — Quem disse que ela tá aqui?

— O carro dela ali. — disse ele, apontando para o carro do outro lado da rua.

Giane deu uma olhada atrás de si, e disse:

— Uia! Já sabe até o carro dela. Tá fazendo bem o serviço, hein?

— “Fazendo bem o serviço”. Cadê a Amora? — explodiu Fabinho.

— O nome Gilson Rabello te diz alguma coisa? Ou você já esqueceu?

Fabinho foi direto para a casa de tio Gilson.

— Licença! — disse Fabinho, ao abrir a porta.

Viu que todos estavam comendo pasteizinhos feitos por tia Salma.

— Pastel da tia Salma, né? — disse, apontando para o pastel que tio Gilson estava comendo. — Eu não acredito que eu cheguei nessa hora. Isso é sorte, hein, gente.

Notou que todos estavam olhando para ele com cara de espanto.

— Viu fantasma, tio Gilson? O que é isso? — disse Fabinho.

— Mas Fabinho, é você mesmo meu filho? — disse tia Salma, contente. Fabinho abraçou-a.

— Também não mudei tanto assim. — disse Fabinho.

Em seguida, abraçou tio Gilson.

— E aí, tio Gilson, está bonitão, tá inteirão, tá jovem. — disse Fabinho, sorrindo.

Giane tinha entrado e ficou ao lado do Bento. Na sala estavam Amora, tio Gilson, tia Salma, seu Nestor e dona Odila.

— Opa! Hum! Tudo bem, Amora? — Giane cumprimentou, sarcástica.

— Oi, Giane! — disse Amora, mexendo em seu celular.

— Que que foi, Fabinho, você também resolveu fazer uma surpresa pra gente? — disse Bento.

Fabinho percebeu o incômodo do Bento com sua presença. Não podia ser diferente, pois ele, Fabinho, sempre dava um jeito de estragar qualquer clima que possa existir entre Bento e Amora.

— Ué Bento, não te falei que eu queria matar a saudade do passado? Ontem na casa da Amora, e hoje no bairro do meu coração.  — disse Fabinho. Dirigiu-se à Amora. — Aliás, Amora, estranho, eu senti que você ia estar aqui também. 

— É! Que beleza! De repente, todo mundo resolveu ficar com saudade dos pobres, né não? — disse Giane, rindo, irônica. Deu um tapinha em Bento. — Deve ser por isso, né, que eles vivem mandando notícia.

— Mas é muito bom ver vocês de novo reunidos nessa casa. — disse tia Salma, contente, referindo-se a Amora e Fabinho. — Não é Gilson?

— Tá decidido. — disse tio Gilson, abraçado a Fabinho, contente. — Fabinho vai almoçar com a gente também, a gente vai botar a vida em dia. Quero saber de você.

— É, tá tudo certo. Família que me adotou é ótima. Gente fina, educada. Tudo certo. — disse Fabinho.

— E oh Salma, olha como ele tá bonitão, tá elegante. — dona Odila elogiou Fabinho. — E essa jaqueta nos trinques, hein?

— Gostou? Essa jaqueta aqui é de Milão, comprei em Milão, sapato também, bonito, né? — disse Fabinho, exibindo a jaqueta e os sapatos que usava.

— Milão? — disse Salma, impressionada.

— Tinha que ir pra Milão. Milão.  — disse Fabinho. Dirigiu-se a Bento. — Você gosta de flor, Bento? Milão, o que não falta é flor.

Quando o almoço ficou pronto, quase todos se serviram, com exceção de Amora e Giane. Socorro também estava na sala, ao lado de Amora. Socorro e Amora apenas bebiam um suco.

— Hummm. Eu adoro picadinho! — gritou seu Nestor.

— Receita do caderninho da Salma.  — disse tio Gilson.

Fabinho estava sentado no sofá, ao lado de dona Odila e seu Nestor.

— Tem que vender essa receita. — disse Fabinho. — Isso aqui é uma maravilha. Vai ficar rica, tia!

 — Posso perguntar uma coisa? Quem é que vai servir a nossa cocotinha? — perguntou seu Nestor.

Seu Nestor, dona Odila e Fabinho riram. Giane pegou um pote de linguiça calabresa com cebola e ofereceu à Amora:

— Vai uma linguicinha aí, Amora?

— Oi, desculpa, eu não como embutidos. — disse Amora.

— Ah! Você não vai fazer essa desfeita, né? — insistiu Giane.

Socorro não podia deixar de defender o ídolo dela:

— Oh Giane, você não sabe que a Amora tá fazendo a dieta da luz não? Não insiste. Eu, hein! — disse Socorro, tomando o pote de linguiça da mão de Giane.

— Há!  — disse Giane, afastando-se.

Fabinho se aproximou de Amora.

— Amora, disfarce e vem comigo.

— Hã? — disse Amora, estranhando.

— Vem. Não discute, vem. — disse Fabinho.

Amora concordou em ir atrás dele. Fabinho arrastou-a para fora do portão.

— Que que você veio fazer nesse buraco, Amora? Passei na agência do teu sogro e tá todo mundo louco atrás de você. — disse Fabinho.

— E você veio atrás de mim. — disse Amora. — Como é que você sabia que eu tava aqui?

— Eu vi a sua cara ontem quando o Bento foi embora. — ele disse. — E eu me lembro que quando ele ficava triste, você ia atrás dele sempre. Vambora.

— Ah, já sei. Tá tentando fazer uma média com Natan né, seu oportunista barato? — disse Amora, cruzando os braços. — E se eu não for?

Já que ela ia dificultar as coisas, ele decidiu ameaçá-la.

— Amora, use a cabeça. Se você voltar agora eu falo que você passou mal, que foi pro hospital. Livro tua cara. Mas você imagina se o teu noivo e o teu sogro descobrem que você largou tudo pra encontrar o namoradinho de infância? Ia pegar mal pra você, não ia? Qual vai ser?

— Vou te mostrar qual vai ser. — disse Amora.

Amora pegou o celular do bolso e ligou para o noivo.

— Alô, Maurício? Calma, meu amor, calma, calma que está tudo bem comigo. Eu estou na Casa Verde. Eu vim visitar o lar onde morei, as pessoas da rua. Eu sei, eu sei que foi uma loucura meu amor, mas eu acordei com o coração apertado e fiz o que tinha que fazer, pronto. Meu amor, calma. Eu já estou indo pro estúdio. Eu te liguei pra te pedir um favor. Tem como falar com seu pai que eu passei mal e que eu fui parar no hospital? Desculpa Maurício, desculpa te pedir isso, mas eu preciso desse favor. Obrigada, Maurício. Beijo. Tchau.

Amora desligou o celular.

— Pronto. Agora o Maurício sabe a verdade. E se você falar a verdade pro Natan, você se queima com o Maurício. E aí, qual vai ser você? — disse ela.

Amora era realmente muito esperta. Fabinho gostou de ver. Tentara ameaçá-la, mas tomou um revés. Ele achou que tinha muito a aprender com ela.

— Sabe que é por isso que eu gosto de você? Sabe jogar, né? Mas eu não quero jogar com você, Amora, eu quero compor com você.

— Compor comigo? — disse Amora.

— Compor. — disse Fabinho.

— Como compor se você estava me ameaçando até agora? — ela disse, furiosa.

— Não tava te ameaçando. Eu não falei pra você que ia entregar você pro Natan. Eu falei que ia ser ruim pra você se ele soubesse. É diferente. — disse Fabinho.

Amora balançou a cabeça, irônica.

— Amora, eu sou teu aliado. Eu vim aqui pra te ajudar a encobrir a burrada que você fez. Só isso. Vambora. Fala que vai embora, você não quer comer essa comida mesmo. Vambora. — insistiu Fabinho.

— Eu não sei qual é a sua. — disse Amora. — Mas não tenho a menor confiança em você.

Pouco tempo depois, Amora já estava indo embora. Tio Gilson, tia Salma, dona Odila, seu Nestor, seu Silvério, Socorro, Giane, Bento, Fabinho, todos a acompanharam até o carro.

— Ah, jura que você tem que ir, filha? — lamentava-se tia Salma. — Agora o almoço já está servido.

— Ai, eu adoraria, tia, mas eu estou muito atrasada para um trabalho e tem várias pessoas me esperando, mas eu adorei rever vocês. — disse Amora. — Eu vou ser eternamente grata por tudo que vocês fizeram por mim.

— Não precisa agradecer nada, basta você dar notícia de vez em quando que está de bom tamanho. — disse tio Gilson.

— Eu dou, tio. Pode deixar. — disse Amora, abraçando tio Gilson e tia Salma. — Tchau! Tchau!

— Volta, hein! — disse tia Salma.

— Tchau seu Nestor, seu Silvério, dona Otília. — disse Amora.

— Odila! — disse dona Odila.

— Liga não, liga não, tia, liga não. É que ela deve ter muita coisa na cabeça, entendeu?  — disse Giane, sarcástica, e seu Silvério cutucou em seu ombro.

— Espero que um dia possamos ser amigas, Giane. — disse Amora, irônica.

— Mal posso esperar. — disse Giane, irônica, e grunhiu.

— Ai, Amora, eu nunca vou esquecer esse dia. — disse Socorro, emocionada, dando um abraço em Amora.

— Obrigada pelo carinho, Socorro! — disse Amora.

— Tchau, cocotinha! Juízo. A gente se vê. — Fabinho despediu-se.

Amora olhou feio para ele. Despediu-se de Bento e foi embora. Fabinho voltou para a agência. Assim que chegou à Class Mídia, encontrou Bárbara.

— Oi! Tudo bem? — cumprimentou.

— Fabinho! — Bárbara sorriu.

— Amora deu notícia? — perguntou o moço.

— Ai, graças a Deus! Graças a Deus. — disse Bárbara, unindo as mãos e oração, e indo embora.

— Amora não passou bem. Ela foi pro hospital. Mas tá tudo tranquilo agora, tá Fabinho? — disse Maurício.

Fabinho não perdeu a chance de bancar o herói.

— Maurício, eu estou sabendo de tudo. Eu estava com Amora na Casa Verde quando ela te ligou.

— Como assim, Fabinho? — perguntou Maurício.

— Maurício, ontem a gente conversou e aí a gente lembrou do passado, bateu saudade e quando você me disse que ela tinha desaparecido, eu deduzi que ela tinha ido visitar as pessoas que criaram a gente. Eu cheguei lá e falei Amora, vai fazer essas fotos. Está todo mundo louco atrás de você, inventa que... Não sei, que estava no hospital. Limpa tua barra. — disse Fabinho.

— Sério isso, Fabinho? — disse Maurício.

— Sério. — disse Fabinho.

— Então tu é o salvador da pátria. — disse Maurício, dando-lhe uns tapinhas no ombro.

— Imagina!

— Olha só, o seu estágio começa amanhã, tá?

— Mas eu não falei com seu pai ainda. — disse Fabinho.

— Tá contratado e ponto final. Beleza? — disse Maurício, apertando-lhe a mão.

— Obrigado, cara. Obrigada mesmo. — disse Fabinho, abraçando-o.

— Às nove aqui?

— Às nove. Valeu!

— Valeu. — disse Maurício.


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