Siren escrita por llRize San


Capítulo 15
A maldade humana




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Desesperada, Jisoo gritava o nome de Rosé, seus olhos varrendo freneticamente o ambiente ao redor. Ela fixou o olhar no horizonte e na praia, espremendo os olhos na esperança de avistar Rosé ao longe, mas não havia sinal algum de que ela tivesse retornado ao mar; a areia ao redor permanecia intocada, exceto pelo local onde Rosé estivera antes de desaparecer.

Com o coração pulsando de medo, lembranças dos gritos agudos de Rosé ecoavam em sua mente, impulsionando-a a se acalmar e pensar com mais clareza sobre o que poderia ter acontecido. Jisoo se agachou, examinando atentamente o solo e a areia remexida, tentando reconstruir mentalmente os eventos. Ao observar mais de perto, notou um conjunto de pegadas que pareciam pertencer a um homem. Decidida, ela começou a seguir essas pegadas, esperando que a levassem até Rosé.

A descoberta dos respingos de sangue ao longo do caminho intensificou a preocupação de Jisoo. Ela parou para cheirar algumas gotas de sangue que escorriam de uma folha, e sua expressão endureceu ao confirmar que o sangue pertencia a Rosé. Seguindo as pegadas, Jisoo notou que o homem parecia ter arrastado Rosé inicialmente, mas depois de um trecho, apenas as pegadas do homem continuavam, sugerindo que ele poderia estar carregando Rosé no colo.

Engolindo o choro, Jisoo fortaleceu sua determinação. Lamentava profundamente ter se afastado de Rosé, mesmo que por um breve momento, e a culpa pesava em seu coração. Ela havia prometido protegê-la, e agora Rosé estava em perigo, possivelmente nas mãos de um homem cruel. Com as mãos cerradas em fúria e a dor transformando-se em raiva, Jisoo prometeu que faria o sequestrador pagar caro. Em seu estado de ira, sentia que poderia desferir um golpe fatal com suas próprias unhas afiadas, sem necessidade de qualquer arma. Determinada, ela continuou a seguir as pegadas, movida por um único pensamento: resgatar Rosé a qualquer custo.

Jisoo tentou concentrar-se, buscando farejar o ar em busca do aroma de Rosé, mas a mistura de odores florais intensos e a brisa variável dificultavam sua tarefa. Ao contrário de Rosé, que possuía uma habilidade sobrenatural para sentir a energia de seres vivos mesmo à distância — uma capacidade especialmente aguçada no ambiente aquático — Jisoo não tinha tanta facilidade com esse tipo de poder. Ela sabia que, se pudesse dominar essa habilidade, a busca por Rosé seria muito mais fácil.

Determinada a manter a calma e racionalizar seus próximos passos, Jisoo forçou-se a pensar com clareza, apesar do caos emocional que a ameaçava. Enquanto seguia os rastros deixados pelo sequestrador, sua presença na floresta se tornava notória; os animais, sentindo a aura densa e perturbada que ela inadvertidamente emitia, fugiam ao seu encontro. Jisoo mal percebia que sua energia, carregada de raiva e desespero, se manifestava ao seu redor, intensificando-se à medida que sua preocupação por Rosé crescia. Ela sabia que precisava controlar esse tumulto interior para salvar sua amada, mantendo-se focada na trilha diante de si.

Ao alcançar um pequeno vilarejo, Jisoo sentiu um suspiro triste escapar de seus lábios. A lembrança dos humanos que haviam tentado queimá-las ainda estava fresca em sua mente, e a ideia de ter que interagir com mais deles não era nada atraente. No entanto, todos os sinais indicavam que Rosé e seu captor haviam passado por ali, e ela não tinha escolha a não ser continuar a busca.

Observando sua aparência, Jisoo notou o quão desgastada estava: seu vestido verde estava rasgado e sujo, e seus pés descalços mostravam a jornada árdua que havia enfrentado. Em seu pescoço, o colar de conchinhas que Rosé lhe dera brilhava como um pequeno farol de esperança. Segurou-o firmemente, sentindo uma conexão imediata com Rosé, parecia que um pouco da essência dela estava impregnada naquele colar, dando-lhe não apenas força, mas também esperança.

Com um momento de introspecção, Jisoo orou silenciosamente aos deuses dos mares, pedindo-lhes que protegessem Rosé onde quer que ela estivesse. Renovada por um breve instante de fé e determinação, ajustou o que restava de seu vestido e preparou-se para enfrentar o vilarejo, pronta para fazer o que fosse necessário para encontrar Rosé.

À medida que Jisoo percorria as ruas do vilarejo, os olhares desconfiados e curiosos a acompanhavam. Sua aparência desgastada contrastava visivelmente com sua beleza enigmática e cativante, que mesmo sob camadas de sujeira e desgaste, deixava os transeuntes fascinados e hesitantes em desviar o olhar.

Sem se deixar abalar pelos olhares, Jisoo entrou numa pequena taverna, cuja entrada era marcada por uma rústica porta de madeira. O burburinho do lugar cessou abruptamente conforme ela atravessava o espaço; os homens, antes absortos em suas conversas e risadas, agora a encaravam em silêncio, surpresos e talvez um tanto intimidados pela presença de uma mulher num ambiente que consideravam exclusivamente masculino.

Ignorando a atmosfera de tensão, Jisoo dirigiu-se diretamente ao balcão. O homem ao seu lado, que estava bebendo, olhou-a de cima a baixo e rapidamente se afastou com uma expressão de horror. Desconcertada, mas sem tempo para ponderar sobre essa reação, Jisoo manteve o foco em sua missão. Ela sabia que precisava de informações e não deixaria que a atitude desdenhosa dos presentes a dissuadisse. Com determinação, perguntou ao bartender sobre qualquer sinal ou notícia de Rosé, pronta para seguir qualquer pista que a colocasse novamente no caminho de sua namorada desaparecida.

— Olá, boa tarde — Disse Jisoo para o balconista que limpava o balcão.

— Olá — Respondeu o rapaz secamente sem olhar para ela.

— Preciso de uma informação… minha amiga, você a viu por aqui? Ela é alta, tem os cabelos compridos e loiros e os olhos azuis, é muito bela e de aparência jovem, usava um vestido rosa com flores. 

— Não passou ninguém aqui com essa descrição. Por favor, retire-se daqui!

Jisoo olhou confusa para o rapaz, sem entender a atitude ríspida dele.

— Eu só quero saber da minha amiga, não quero causar pro…

O rapaz a olhou com ódio.

— Já falei pra se retirar — Ele pegou uma faca — Não quero criaturas nojentas como vocês aqui, e espero que sua amiga esteja morta agora, pois é isso que merecem, suas bruxas, aberrações dos mares. Suma daqui!

Jisoo sentiu uma onda de tristeza ao perceber as atitudes de desprezo dos homens na taverna. Sabia que, se quisesse, poderia acabar com eles em questão de segundos, mas rejeitou a ideia de se rebaixar ao nível deles. Com dignidade intacta, ela se virou e deixou o estabelecimento, os ecos das risadas e comentários maldosos dos homens a acompanhando. Eles faziam piadas cruéis, sugerindo que lhe dessem "minhocas de isca para comer" e depois "enfiar um anzol" em sua boca.

“Humanos são podres, e os humanos machos são os piores” — Pensou Jisoo, saindo sem olhar para trás. 

Continuando sua caminhada pelo vilarejo, Jisoo observou a vida diária dos moradores. Alguns estavam empenhados em cultivar suas hortas, outros reparavam suas casas, e havia aqueles que simplesmente aproveitavam o dia para conversar ao ar livre. O cenário era uma mistura de atividades cotidianas, que pintava um quadro de comunidade e simplicidade.

Aproximando-se de um grupo de pessoas que pareciam amigáveis, Jisoo decidiu tentar uma abordagem mais direta e cordial. Com um sorriso cauteloso, ela os cumprimentou, esperando que este contato fosse mais positivo do que sua experiência anterior na taverna. Suas esperanças eram de que, entre essas pessoas comuns, encontrasse alguém disposto a oferecer informações úteis.

— Olá, boa tarde, gostaria de pedir uma infor…

Antes que Jisoo pudesse terminar sua frase, as pessoas começaram a se dispersar rapidamente, deixando-a sozinha no meio da rua. Confusa e ferida, ela observou enquanto os moradores a encaravam com expressões de repulsa. Mães apressadamente recolhiam seus filhos, correndo para dentro de suas casas e fechando as portas com trancas audíveis. Em poucos minutos, o ambiente acolhedor do vilarejo se transformou em um lugar de exclusão e medo.

Com o coração pesado pela rejeição, mas ainda desesperada por encontrar Rosé, Jisoo correu até uma das casas mais próximas. Bateu na porta com urgência, esperando que alguém tivesse a compaixão de atender e lhe oferecer alguma informação ou ajuda. Sua voz ecoava na quietude que se seguia, cada batida ressoando com a esperança de que nem todos no vilarejo a repudiariam.

— Por favor, alguém me ajude, minha amiga… — Ela começou a chorar enquanto batia na porta — Por favor, eu não vou fazer mal a ninguém, só quero saber da minha amiga.

Envolta em um manto de silêncio e indiferença, Jisoo enfrentou a rejeição dos moradores, que deliberadamente a ignoravam. Mesmo batendo nas portas e implorando por ajuda, não houve resposta alguma; as janelas permaneciam fechadas e as cortinas cuidadosamente puxadas para cobrir qualquer vislumbre de compaixão. A comunidade, apesar de ter visto Rosé, escolheu o caminho do medo e da omissão, temendo envolver-se em assuntos que acreditavam ser mais perigosos do que uma simples sereia em busca de sua amiga.


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Notas finais do capítulo

Os moradores temendo algo pior do que a Jisoo? O que será?

Aliás, a pergunta mais importante: Cadê a Rosé? :(



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