Power Rangers: Esquadrão Z escrita por L R Rodrigues


Capítulo 2
É Hora da Geração Z! (Parte 2)




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Jessie, Zoe, Tim e Damian acreditavam estar vislumbrando o fim da linha tão cedo, impotentes física e emocionalmente. Aquelas teias artificiais apertavam os músculos dos braços e das pernas dolorosamente, impossibilitando qualquer esforço para rompe-las. Aracna e Mudok regozijavam com o sofrimento dos heróis neutralizados.

 

 

— Eu pego as células e te concedo a honra de dar o golpe de misericórdia. — disse Aracna ao parceiro.

 

 

— Pra você ter a glória de entrega-las diretamente nas mãos do mestre? Nada disso, essa tarefa compete a mim, eu projetei as aranhas e me encarreguei do trabalho pesado! — contrariou Mudok — Você só ficou dando ordens, pressionando e esperando eu terminar!

 

 

— Quero prestar um favor pra elevar sua auto-estima fraca e é essa a melhor resposta que tem a dizer?! Eu tô cheia dessa disputa! Faça o que quiser, você assume daqui.

 

 

— Se abandonar o plano, sofrerá as consequências! Vamos, Aracna, façamos do meu jeito, admita que tive maior serventia pra que isso se realizasse. — argumentou Mudok — O que torna mais lógico eu entregar as células ao mestre.

 

 

Os Rangers assistiam a discussão confusos.

 

 

— Espera aí, eles estão... brigando? — indagou Jessie.

 

 

— Parecem um casal de novela. — disse Tim.

 

 

— E prestes a se separar. — acrescentou Zoe.

 

 

— Podemos usar isso como vantagem. O Austin pode estar a caminho. — disse Damian.

 

 

— Queria ter essa esperança. — disse Jessie — Mas tô sentindo que... não vai rolar. A gente perdeu.

 

 

— E logo no primeiro dia! — lamentou Tim.

 

 

— O Sr. Dickerson não teve todo o trabalho de pegar as células e nos reunir pra ver nossa missão acabar assim! Temos que reagir! — disse Zoe, irrequieta.

 

 

— Mas como? Essas teias... parecem feitas de aço! — disse Jessie.

 

 

— Então é isso? Já era? — perguntou Tim. 

 

 

Aracna e Mudok tentaram uma trégua. 

 

 

— Estamos perdendo tempo discutindo. — disse o ciborgue — Que tal os levarmos pra nave junto aos demais reféns? Pra que o mestre seja a última coisa que eles vejam.

 

 

— Enfim uma solução geniosa saindo desse seu cérebro de lata. — retrucou Aracna.

 

 

— Mas ainda resta o Ranger Vermelho... Dickerson pode entregar à ele a célula e manda-lo vir resgatar seus amigos.

 

 

— Não se preocupe. Barooma já deve estar cuidando de elimina-lo nesse exato momento. — disse Aracna, contando com o sucesso do aliado.

 

 

— E se o Austin já estiver com a célula? — especulou Zoe.

 

 

— É provável. — apoiou Damian.

 

 

— Aranhas, levem-os para se juntarem aos outros prisioneiros! — ordenou Mudok — Até Barooma nos dar um status, eles ficarão sob nossa tutela.

 

 

Os aracnídeos robóticos arrastavam os Rangers presos às teias feito presas a serem devoradas mais tarde.

 

 

***

 

 

A caminhada ciclista de Austin chegava a uma robusta ponte sobre um rio cristalino. Mas parou ao ver uma cena desagradável envolvendo os valentões da escola, Brock e Stuart. A dupla intimidava um garoto indefeso do qual exigiam dinheiro, Brock segurando-o pelas pernas de ponta à cabeça ameaçando deixa-lo cair no rio e Stuart fazendo chacota.

 

 

— Minhas mãos estão suando, opa... — disse Brock passando a segura-lo pelos cadarços dos tênis — Você só tem mais chance. Dou-lhe uma...

 

 

— E-eu juro pra vocês! Não tenho grana nenhuma comigo! — dizia o garoto, aflito — Por favor, me soltem!

 

 

— Dou-lhe duas! 

 

 

— Joga ele logo, Brock, esse otário tá duro! — disse Stuart atiçando o parceiro.

 

 

— Ei, vocês aí! — bradou Austin — Não tem vergonha do que estão fazendo? Tem mesmo coragem de deixar ele cair na água?

 

 

— Ah, você não faz ideia. Quer pagar pra ver? Olha só...

 

 

— Não seria mais fácil olhar nos bolsos dele se só queriam dinheiro? Ameaçar alguém assim já é passar dos limites, até pra dois idiotas marrentos que nem vocês.

 

 

— Sei lá, acho que ele tem razão, Brock. — disse Stuart começando a se arrepender — Você meio que tá exagerando. E se ele morre afogado? Sou jovem demais pra ir pra prisão.

 

 

— Ora, cala essa boca! — resmungou Brock — Me dá sua grana que a gente solta ele! — disse a Austin.

 

 

De repente, robôs soldados de Lokknon surgiam cercando Austin. No alto de um morro ali próximo, um subalterno do imperador chamado Barooma, um alienígena gordo de corpo metalico prateado e usando uma máscara prateada com um rosto rechonchudo e sorriso sinistro observava o conflito empolgado.

 

 

— Um Ranger assim andando solitário é um convite irrecusável! Ainda mais sem poderes! A sua jornada acabará antes mesmo de começar!

 

 

Brock e Stuart reagiram acovardados com as aparições súbitas e puxaram de volta o menino, o deixando ir. 

 

 

— Quer saber? Esquece a grana! — disse Brock.

 

 

— Nossas vidas são mais importantes, né? — disse Stuart — Vambora!

 

 

A dupla saiu correndo enquanto Austin era pressionado pelos robôs que se aproximavam prontos para a luta. O líder do Esquadrão Z hesitava em fazer um movimento brusco, sentindo-se inútil para salvar a ele próprio. Num ímpeto, Austin pegara sua bicicleta, mas não para fugir amedrontado e sim usa-la como arma batendo nos robôs ao mesmo tempo que os chutava com golpes de artes marciais ensinados pelo seu pai ao longo de treinos realizados nas horas vagas. Os Psycho-Bots eram derrubados da ponte um a um, caindo em cheio no rio. Austin tomaba alguns golpes no peito ou nos braços, mas revidava habilmente. Num instante, chegou a saltar um duplo chute derrubando dois robôs numa única vez, um em cada lado. 

 

 

— Inadmissível! Como esse fedelho pode ter toda essa habilidade de luta sendo apenas um mero terráqueo que mal saiu das fraldas? — se questionou Barooma, sua revolta o fazendo solar fumaça pelos ouvidos ao testemunhar o talento de Austin que fez uma saudação Baoquan Li como demonstração sarcástica de respeito ao derrotar o grupo. 

 

 

— Vocês até que são rápidos pra atacar, mas falta prática de defesa. Esse tal de Lokknon não tem um dojo pra treinar seus homens? 

 

 

— Alegre-se enquanto ainda pode! — berrou Barooma com sua voz robótica e irritante chamando a atenção de Austin que virou-se imediatamente. 

 

 

— Quem é você? — indagou ele em tom rude.

 

 

— Barooma, operador-chefe do exército do Imperador Lokknon! Isso que experimentou agora foi apenas um aquecimento! Se depender do meu mestre, você não chegará a se tornar um Ranger!

 

 

— Pois fala pra ele que não tô nem um pouco afim de virar um super-herói! — disse Austin, irredutível.

 

 

— Oh, é realmente uma pena... pros seus amiguinhos indefesos, claro! — rebateu Barooma soltando uma gargalhada.

 

 

— Do que você tá falando? O que tem meus amigos? 

 

 

— Que tal você ir até onde eles estão pra descobrir? A não ser que sofra um acidente pelo caminho! Isso não termina aqui! Até breve! 

 

 

Barooma desapareceu em teleporte com raios púrpuras. A dúvida que atormentava Austin passou a semear uma possível consideração de mudança. O herdeiro do manto vermelho seguiu em seu trajeto pedalando mais rápido que antes. Em paralelo, na praça central, os Psycho-Bots carregavam os reféns presos nas teias puxando-os em direção à uma nave transportadora, inclusive os Rangers.

 

 

— Vão nos colocar dentro daquela nave! — disse Tim — Essas aranhas me fizeram achar as  normais tão fofas!

 

 

— De que material essas teias são feitas, afinal? — indagou Zoe.

 

 

— À primeira vista parece nylon, mas tem uma resistência e durabilidade comparável ao aço e ao titânio, senão maior. — aferiu Damian. 

 

 

— Galera, eles vieram do espaço, então é lógico que essas teias não foram produzidas com nenhuma matéria-prima da Terra! — disse Jessie.

 

 

— Exato, é quase certo que usaram uma combinação sistemática de diversas matérias alienígenas. — concordou Damian.

 

 

— Agora não é hora pra papo de cientista! Temos que bolar um plano antes que nos joguem naquela compactadora de lixo gigante! — disse Tim, desesperado ao ver que se aproximavam da rampa da nave.

 

 

Uma repórter loira como o cabelo em coque passava pelas imediações fazendo uma cobertura do ataque. 

 

 

— A praça foi tomada de assalto por seres extraterrestres desconhecidos! Até o momento não se identificaram publicamente, mas se espera que alguma força de elite especializada em invasões planetárias entre em ação já que a polícia ou as forças armadas não tem poderio de conter algo dessa magnitude. Por enquanto, tudo que temos a disposição são os novos Power Rangers que surgiram nesta tarde. No entanto, eles estão de mãos atadas. Curiosamente aparentam ser crianças pelas suas estaturas, logo não seria estranho que fossem capturados com tanta facilidade. 

 

 

Com a TV ligada, um homem consertava um carro na sua garagem ouvindo atentamente à reportagem. Mas ao escutar sobre serem aparentemente crianças trajando as vestes de Power Rangers e ainda em apuros, ele saiu de baixo do veículo usando sua esteira com rodinhas para mecânicos vendo as imagens dos heróis sendo arrastados pelos inimigos.

 

 

— Não pode ser... — disse ele, erguendo o corpo e ficando sentado numa expressão preocupada.

 

 

Este homem era John Graham, pai de Austin.

 

 

***

 

 

Austin seguia por uma estrada pedalando a toda velocidade, o que passou a fazer doer seus joelhos. Não podia desacelerar um segundo sequer na volta para casa a fim de saber pela TV se os Power Rangers estavam agindo contra uma investida de Lokknon. 

 

 

— Será que tá acontecendo alguma coisa? Eles já estão agindo sem mim?

 

 

Foi surpreendido por tiros de laser que quase o atingiram de raspão e explodiram em faíscas. Chegou ao risco de perder o controle do guidão da bicicleta, mas logo firmou novamente as mãos. Olhou para trás vendo três Psycho-Bots pilotando motos pretas e robustas que atiravam lasers pelos faróis. 

 

 

— Ah não, esses caras não desistem! — disse Austin empreendendo mais rapidez nas pernas. Porém, isso lhe custou a estabilidade do ritmo ao receber mais tiros de laser. A bicicleta se desequilibrou, levando-o a cair numa parte íngreme ao lado e rolar até o final.

 

 

— Isso! Já é meio caminho andado pra eliminarmos um Ranger! Vamos, não percam a chance de destruí-lo, ele é a peça-chave da equipe, não o deixem escapar! — dizia Lokknon em sua nave assistindo numa tela e comunicando-se com os soldados.

 

 

Em seguida, mais Psycho-Bots surgiram teletransportando-se, cercando Austin que reparou na sua bicicleta em frangalhos.

 

 

— Vocês vão me pagar, agora me deixaram bem irritado! Querem lutar? Pois então venham! — desafiou, posicionando-se — Aquela bicicleta foi presente de aniversário. Além de lutarem mal pra caramba, têm uma péssima pontaria! 

 

 

Antes que os robôs partissem ao ataque, uma presença súbita tratou de subtrair alguns robôs com tiros de laser disparos de uma pistola portada por esse destemido salvador. Austin encarou abismado com o quão hábil ele se mostrava lutando e em simultâneo dilacerando cada robô com os lasers azuis. Dois Psycho-Bots restantes tentaram agarra-lo, mas ele se desprendeu os chutando e por fim dando os últimos tiros que os danificaram severamente. 

 

 

O herói de Austin não era ninguém menos que Dickerson que assoprou a fumaça da pistola.

 

 

— Agora é você quem vai me perseguir? Olha, até agradeço a ajuda, mas eu poderia ter muito bem acabado com eles sozinho, não é a primeira vez. — disse Austin, incomodado.

 

 

— Pode se considerar um bom lutador, mas não subestime as tropas de Lokknon. — disse Dickerson, guardando a pistola no coldre — A propósito, eles estavam em um número maior do que quando abordaram você na ponte. 

 

 

— O quê? Você tava me espionando?! Isso não se faz, tá legal? Eu já tomei minha decisão. 

 

 

— O subordinado de Lokknon que falou com você...

 

 

— Sim, eu sei, um tal de Barooma que parece uma chaleira mutante. Ele falou dos meus amigos como se... estivessem em perigo.

 

 

— E estão nesse exato momento. — revelou Dickerson aproximando-se dele já retirando o morfador — Austin, detesto ficar insistindo, ainda mais nesse caso em que o herdeiro de um Ranger se recusa a abraçar seu destino. Mas seus amigos precisam de você lá para salva-los. Não é uma escolha que deve fazer, é um dever a cumprir se quiser revê-los.

 

 

Austin notou o morfador na mão direita de Dickerson e expressou incerteza. O explorador ofereceu o aparelho de bom grado.

 

 

— Acredita tanto assim que eu... sou capaz? Aposta todas as fichas em mim? 

 

 

— Tenho a mais absoluta certeza que seu pai acreditaria mais do que qualquer um. Mas essa confiança deve partir inicialmente de você. Não vai descobrir do que é capaz se nem ao menos tentar. Admita que não pode mais rejeitar sua missão, não mais à essa altura.

 

 

Um tipo de epifania clareou a mente de Austin naquele instante, apagando qualquer vestígio de insegurança ou incerteza. Era a autoconfiança brotando do íntimo de seu ser para que fosse 

 

externada em prol do bem maior. Austin pegara o morfador com firmeza, logo fitando Dickerson com um semblante determinado.

 

 

— Não vou deixa-los na mão por medo de falhar como meu pai. Tô dentro.

 

 

Dickerson sorriu abertamente para ele em grande contentamento por sua tentativa ser bem-sucedida

 

 

— Ótimo! Eu sabia que conseguiria! — alegrou-se Karen na Central de Comando, batendo palmas. 

 

 

Já Lokknon ao acompanhar de sua nave...

 

 

— Não! Maldito Dickerson, tinha que interferir justo agora! — berrou o imperador, levantando-se do trono — Barooma, seu incompetente! 

 

 

— Me-mestre, mil perdões! O exército de Psycho-Bots que mandei foi insuficiente, eu confesso! Aracna estava certa, subestimamos os terráqueos, especialmente esses pirralhos Rangers! — disse Barooma quase ajoelhando-se — O que faremos agora?

 

 

— Não, nada ainda está arruinado. Um único Ranger não será pareo para um exército maior. Avise à Aracna e Mudok!

 

 

— Sim, senhor. É pra já.

 

 

Na praça central, a princesa aracnídea recebia a informação via comunicador implantado no ouvido. A reação dela não foi nada tranquila.

 

 

— Mas que droga, Barooma! Como pôde deixar isso acontecer? Não que eu esperasse algum sucesso incrível de você, mas isso também foi lastimável. Você só decepciona o mestre. 

 

 

— O que houve? — perguntou Mudok.

 

 

— O Ranger Vermelho está vindo pra cá. — disse ela, a raiva contida.

 

 

— Eu ouvi direito? — indagou Tim.

 

 

— Ela disse que... o Ranger Vermelho está vindo. —  disse Jessie — Gente, o Austin finalmente aceitou a proposta! Ele vem nos salvar!

 

 

— O Sr. Dickerson, ele o convenceu! — disse Zoe.

 

 

— O Austin pode ser meio cabeça dura, mas sabe ser sensato quando deve. — declarou Damian.

 

 

— Não comemorem tão cedo, pirralhos! — disse Aracna com mais das esferas negras que comportavam os Psycho-Bots. As jogou para o alto — Saíam para a batalha! 

 

 

Os robôs caíram de pé com suas armas explosivas semelhantes à rifles.

 

 

— Quero formação em barreira! Não deixem que o Ranger Vermelho ultrapasse esse limite! — ordenou Mudok — O resto de vocês, agilizem! Ponham os Rangers dentro da nave! 

 

 

Austin vinha correndo bravamente a caminho de resgatar seus amigos e as demais pessoas aprisionadas nas teias e que eram deixadas na nave transportadora. O mais novo membro da equipe sacara seu morfador e a célula de morfagem, a encaixando no aparelho com os braços estendidos para frente.

 

 

— É hora de morfar!

 

 

Uma intensa luz vermelha de pura energia o envolveu completamente. Austin foi revestido pelo traje escarlate com botas e luvas brancas, correndo mais depressa ao socorro dos amigos.

 

 

— Preparem-se! — orientou Mudok — Ao meu sinal. Esperem ele tomar mais proximidade.

 

 

Os soldados apontavam suas armas contra Austin a espera do comando definitivo. 

 

 

— Austin, como você pode ver, há uma concentração muito grande de Psycho-Bots barrando seu caminho. Não vai conseguir passar por eles simplesmente lutando, não a tempo de impedir que os outros Rangers e os civis sejam levados. — avisou Karen.

 

 

— Alguma ideia? — perguntou ele.

 

 

— Excelente ideia. Chame pelo Beast Cycle Vermelho e verá a magia acontecer. Cortesia do Dickerson, especialmente pra você.

 

 

— Espero que ele seja um mecânico tão bom quanto meu pai. — disse Austin mais próximo do aglomerado de robôs — Muito bem! Beast Cycle Vermelho, ativar! 

 

 

O Ranger Vermelho saltou quando a motocicleta tecnológica surgiu aparentemente do nada. Subiu nela, testando os guidões e a potência.

 

 

— Opa, essa motoca aqui é rápida hein! Beleza, vai ser como aprender a andar de bicicleta! Ou quase isso.

 

 

— Abrir fogo! — autorizou Mudok. Os soldados enfim disparavam os lasers de suas armas contra Austin que desviava dos tiros explodindo em faíscas aos seu redor. Fez uma manobra veloz erguendo a parte traseira da moto e andando somente com a roda dianteira. Com a roda traseira, abateu alguns robôs. Repetiu o movimento, derrubando mais deles. 

 

 

— Ah, gostei dessa! Super radical! — disse Tim, emocionado. 

 

 

— Vai lá, Austin, acaba com eles! — torcia Jessie.

 

 

Austin manteve a moto naquela posição para disparar lasers vermelhos dos faróis. Os disparos acertaram vários dos robôs, fazendo-os voarem pelo ar com a força da grande explosão.

 

 

— Isso que é poder de fogo! Se o Sr. Dickerson tivesse me falado que eu teria uma belezura dessas, eu tinha topado bem antes!

 

 

Fizera um drift disparando lasers para acabar com o cerco dos robôs. Cada um deles era repelido soltando faíscas intensas. Depois, saltou para trás, saindo de cima da moto para deixa-la levantada atropelando três Psycho-Bots e a seguir voltar a sua pilotagem. Seguiu disparando mais lasers que geraram explosões fortes contra os soldados inconvenientes. 

 

 

— Saíam da frente, seus manés! Vocês vão direto pro ferro-velho! 

 

 

Se direcionou a uma rampa na qual subiu durante uma chuva de tiros dos soldados. Em pleno ar, os faróis da moto atiraram mais vezes em meio às explosões provocadas pelos contra-ataques adversários. Outra porção dos robôs fora combalida com os disparos, sofrendo com explosões que os tiraram do chão. As rodas da motocicleta voltaram a tocar o chão, mas Austin dera uma breve parada ao ver mais deles se agrupando para uma nova rodada.

 

 

— Então vocês querem mais, né? — disse ele movendo os guidões da moto com o som do motor ameaçando. Saiu numa arrancada brusca, arrasando com mais Psycho-Bots pelo caminho através dos lasers, fazendo desvios seguros. 

 

 

Quando tiros inimigos choveram sobre o Ranger Vermelho, o mesmo tentou outra manobra, desta vez inclinando a moto na lateral esquerda, praticamente encostando no chão, e disparando seus lasers enquanto explosões dos tiros brotavam atrás dele. Os atiradores caíram feito pinos de boliche após uma jogada arrebatadora, a explosão resultante de poeira e fumaça fazendo-os voarem.

 

 

Assistindo terrificados, Aracna e Mudok decidiram que estavam pensando exatamente a mesma coisa para dar um freio naquele motociclista abusado. 

 

 

— Eu não acredito, ele dispersou meu exército! — disse Mudok — Aracna... 

 

 

— Ótimo, se não há outra maneira já que seus bonecos de ferro não fizeram o trabalho direito...

 

 

Austin vinha velozmente alvejando a dupla.

 

 

— É a vez de vocês agora! Melhor não fugirem!

 

 

— Fugir? Não faz nosso estilo! — retrucou Aracna. Ao lado de Mudok, concentrou uma energia roxa na mão direita. Mudok fizera o mesmo, a sua em vermelho elétrico na mão esquerda. Dispararam seus raios em simultâneo contra Austin que refez a manobra com a parte traseira da moto levantada. Atirou com os lasers dos faróis enquanto os ataques inimigos causaram uma enorme explosão atrás dele. A investida do Ranger Vermelho surtiu efeito com a dupla de devotados subordinados de Lokknon sendo atingidos com a explosão e caindo.

 

 

Com isso, Austin pulara da moto em um salto girando em vertical no ar.

 

 

— Beast Cycle Vermelho, desativar! 

 

 

Aterrissou bem próximo aonde estavam seus amigos amarrados pelas teias junto aos reféns. Com uma das pistolas laser, libertou os quatro.

 

 

— Valeu Austin! Aquilo foi demais! — disse Jessie, quase que qerendo abraçá-lo. 

 

 

— É, cara, você deu o maior show! — elogiou Tim, sua empolgação com a performance do amigo não cessando.

 

 

— Eu nunca duvidei que fosse o mais forte de nós. — disse Damian, o tocando no ombro. 

 

 

— Pois é, estamos muito orgulhosos de você. Por ter vindo pela gente e não virar as costas. — disse Zoe — Somos todos gratos a você.

 

 

— Ah gente, não foi nada demais. Na verdade, usar esse uniforme me traz uma sensação de força inacreditável, é como se depois de morfar aquele medo tivesse desaparecido. A parte ruim é que vai demorar um pouco pra me acostumar enxergando por esse capacete.

 

 

Os Rangers riram em concordância. Aracna e Mudok se reerguiam meio cambaleantes.

 

 

— Era óbvio que o terráqueo que reuniu esses pentelhos tinha um truque na manga. — disse a princesa aracnídea. 

 

 

— A tecnologia da Intercorp evoluiu drasticamente. Teremos sérios problemas se não avançarmos pra superar o nível deles. — falou Mudok limpando a sujeira no corpo. 

 

 

Dentro da nave transportadora, os Rangers libertavam os reféns das teias apertadas usando as pistolas laser cautelosamente. Jessie cuidava de orienta-los.

 

 

— Por aqui, venham! Procurem abrigo e não chamem a polícia! Temos tudo sob controle! 

 

 

Os civis desciam a rampa da nave correndo para se afastarem daquela área.

 

 

— Eu não teria tanta certeza! — disse Mudok que mostrou um controle em formato esférico.

 

 

— O que pensa que vai fazer? — perguntou Aracna segurando o braço direito do parceiro.

 

 

— Acionar nosso último recurso! — disse ele que apertou o botão vermelho central — Protocolo Amálgama, operar! 

 

 

As aranhas se reagrupavam sistematicamente, logo em seguida subindo umas em cima das outras formando uma massa que parecia metal líquido imbuído de energia.

 

 

— Mas o que tá havendo? — indagou Jessie.

 

 

— Parece que estão... se unificando. — apontou Damian.

 

 

— Atenção redobrada, galera. Já vi que esse pessoal do Lokknon é barra-pesada, mesmo eu tendo derrotado aqueles robôs idiotas. — disse Austin assumindo decisivamente a liderança com Damian e Tim à sua direita e Jessie e Zoe à sua esquerda — Tudo foi fácil até aqui, só que agora... o bicho vai pegar. — socou a palma da mão direita em demonstração de coragem.

 

 

A fusão de todas as aranhas robóticas originou uma criatura grotesca com aspecto aracnídeo mas possuindo pernas e braços humanoides. 

 

 

— E quando eu achava que não podia piorar... — disse Tim. 

 

 

— Tentem sobreviver à isso, Rangers! — disse Aracna, confiante da vitória — As teias dele são 10 vezes mais difíceis de cortar. 

 

 

— Está por conta dele agora, nosso trabalho aqui acabou. — disse Mudok. A dupla se teletransportou deixando ao monstro metálico o encargo de finalizar os Rangers em definitivo.

 

 

A criatura piscou um brilho vermelho em cada um de seus oito olhos, atirando lasers rápidos contra os Rangers que pularam para os lados em esquiva, o chão sendo tomado por explosões de faíscas violentas. 

 

 

— Legal, alguém tem um plano pra derrotar esse bicho horroroso? — perguntou Tim — É melhor pensarem rápido!

 

 

Dickerson retornava a Central de Comando naquele instante e captou pelo monitor a situação agravada dos heróis. 

 

 

— Que bom que voltou. — disse Karen — Austin abateu Mudok, Aracna e o exército, também libertando os amigos e os civis, mas havia um trunfo na manga pras aranhas. Mudok ativou um sistema de fusão para criar um soldado mais eficaz.

 

 

— É, não imaginava que eles iriam usar o arsenal bruto tão cedo. — disse Dickerson, logo apertando um botão para se comunicar — Rangers, escutem: não enfrentem diretamente esse monstro numa luta corporal. As pistolas também não são páreas pra ele. Usem suas armas exclusivas, chamem por elas.

 

 

— Nossas armas... – disse Austin tocando no lado esquerdo do capacete onde se encontrava o botão comunicador — OK, Sr. Dickerson! Galera, vamos nessa! Hora de mostrarmos pra essa lata velha nojenta o que é poder de verdade! — ergueu seus braços — Punhos Selvagens! — nas suas mãos surgiram duas luvas vermelhas em forma de cabeça de leão. Austin fizera uma pose de batalha. O Ranger Vermelho avançou contra o monstro aracnídeo que soltou fluidos de teias, rebatendo-os com socos ágeis e potentes à medida que se aproximava. Depois, pulara, disparando lasers de canhões das bocas das luvas. O monstro foi derrubado com faíscas pelo corpo.

 

 

Era a vez dos demais Rangers experimentarem.

 

 

— Ótimo, temos nossas próprias armas! — disse Zoe, empolgada — Ferrão de Arraia, venha! — bradou ela, chamando pela arma que apesar do nome possuía um tamanho comparável ao nariz de um peixe-espada.

 

 

O monstro se reergueu, lançando mais teias. Zoe saltou e desfiou-as com o ferrão no braço direito, livrando de ser novamente presa. Desferiu um corte diagonal em um giro, ataque que o repeliu.

 

 

— Minha vez agora! Barbatanas Cortantes! — disse Tim, fazendo surgirem lâminas com o formato de barbatanas de tubarão. O monstro não desistia, contra-atacando com mais teias. Tim avançou rápido, cortando cada fio — Essas coisinhas aqui são demais! — girou velozmente, atacando continuamente o monstro com as lâminas, danificando sua estrutura externa. Porém, o mesmo disparou novamente seus lasers oculares em tiros à queima-roupa. Tim foi repelido com faíscas pelo corpo e gritando. 

 

 

— Ah não, Tim! — preocupou-se Jessie — Agora vai ver só! Garras Raptoras! 

 

 

Manoplas com três garras afiadas de prata apareceram nas mãos de Jessie com o chamado. A Ranger Amarela foi alvo de mais teias, mas girou como um pião estraçalhando-as, em seguida atacando o monstro e gerando mais danos severos. 

 

 

— E pra encerrar: Marreta Avalanche! — disse Damian que chamou por uma marreta de aço pesada. A bateu contra o chão que se destruiu numa poderosa onda de terra contra o monstro, lançando-o longe. Ele caiu a uma distância segura para não atacar os Rangers efetivamente. 

 

 

— É isso aí, Damian! — parabenizou Austin lhe dando tapinhas nas costas — Nessa você botou pra quebrar!

 

 

— Literalmente! — disse o Ranger Preto.

 

 

— Tá tudo bem aí, Tim? — perguntou Jessie.

 

 

— Meus peitorais sarados estão ardendo, mas nada demais!

 

 

— Atenção, Rangers, ainda não acabou! — alertou Dickerson — Combinem suas armas antes que ele se recupere dos estragos que fizeram! Será ideal para o golpe final!

 

 

— Certo! — disseram os cinco em uníssono. Os Rangers uniram suas respectivas armas, colando uma a outra para formar um canhão cujo tiro duplo sairia pelas bocas dos punhos selvagens de Austin.

 

 

O monstro, persistente, levantou-se, mas com pedaços de seu corpo de metal caindo e soltando raios e faíscas. Os Rangers travaram a mira segurando a arma que se energizava para o laser duplo ser disparado.

 

 

— Preparar! Apontar! Fogo! — disseram eles, os dois tiros em lasers laranjas sendo deflagrados. Recebendo o golpe direto, o aracnídeo robótico foi atravessado, suas avarias piorando e faiscando bastante com os raios. Ele caiu vacilante para trás, parando totalmente de funcionar, enquanto os Rangers viravam de costas com o Abatedor Selvagem. Atrás deles, o monstro era eliminado numa forte explosão.

 

 

Em sua nave, Lokknon enlouquecia de raiva ao testemunhar o fracasso monumental. 

 

 

— Malditos sejam esses Rangers! — esbravejou o imperador que disparou um raio laser de sua mão direita contra a tela, deixando nela um enorme buraco.

 

 

— Mestre, nosso visualizador multifocal! — disse Barooma, aflito — Vai levar horas pra consertar!

 

 

— É o castigo que você merece pela sua incompetência em dar cabo do Ranger Vermelho quando podia! — disse Lokknon, exasperado — E quanto a vocês dois... — voltou-se para Aracna e Mudok, descendo os degraus abaixo do seu trono — Espero que reflitam bastante o prejuízo que esse desperdício me causou.

 

 

— Estamos profundamente envergonhados, mestre. — disse Aracna, retraída — Mudok e eu compartilhamos da culpa.

 

 

— Excelente, estão agindo como adultos finalmente, meus parabéns.

 

 

— Aceitamos um periodo de reclusão na solitária, milorde. — disse Mudok. 

 

 

— Boa sugestão, Mudok, mas acho que esse método ficou um tanto obsoleto. Que tal isso? 

 

 

O imperador lançou uma espécie de onda cerebral de seu capacete que torturava a dupla mentalmente.

 

 

— Não é mais prático assim? A dor de cabeça que me fazem passar a cada falha vocês também sentirão e em dobro! 

 

 

— Mestre, lamento não ter ainda finalizado o laser regenerador pra essa ocasião. — disse Barooma.

 

 

— Me poupe das suas lamentações, Barooma. Eu posso ser um soberano arrasador, mas também sei ser paciente... muito paciente. — disse Lokknon andando devagar pela nave — Leve o tempo que precisar. Mas não leve tempo demais ou vou expulsa-lo daqui como fiz com aquele serviçal medíocre da Intercorp. Ouviu bem?

 

 

— Sim, senhor, não irá se arrepender da grandiosa invenção que preparei. Além disso, a máquina de modelagem bio-artificial está quase pronta. Logo teremos à disposição soldados únicos e altamente capacitados para as mais diversas aplicações. Os Rangers mal estão prontos pro que está por vir. — disse Barooma aos risos. 

 

 

— Ainda bem porque esse laser não funcionaria no Aracdroid. — disse Mudok se recompondo da tortura mental. 

 

 

— Shh, cale a boca, idiota. — insultou Aracna em tom baixo, tocando na cabeça devido a dor latejante. 

 

 

***

 

 

Na Cantina do Earl, o proprietário apresentava sua mais nova iguaria, com a qual previa um enorme sucesso a longo prazo.

 

 

— Um X-Triplo do Earl saindo no capricho! — disse ele, servindo a um garoto o sanduíche de várias camadas — Aí galerinha, a promoção tá imperdível hein! Só válida pra essa semana! Aproveitem!

 

 

Um bom número de estudantes da quinta e sexta série se reuniu perto do balcão pedindo pela iguaria.

 

 

— Cadê aquela turminha que nunca perde uma oportunidade dessas? — perguntou Earl, referindo-se a Austin e seus amigos.

 

 

O quinteto chegava ao espaçoso local de paredes verde-água e colunas redondas rosa claro com mesas e cadeiras azuis. Foram calorosamente recebidos pelo simpático Earl.

 

 

— Olhem eles aí! Se tivessem demorado mais um pouco iriam perder essa edição limitada. — disse eles pondo um pano sobre o ombro — Estão servidos? Hoje é por conta da casa.

 

 

— Earl, você sabe como nos deixar mais famintos do que quando chegamos. — disse Austin olhando os X-Triplos com grande desejo.

 

 

— Caramba, tá mais lotado que na semana passada. — disse Tim olhando em volta.

 

 

— Tô vendo que essa novidade vai bombar, tá atraindo uma clientela daquelas. — disse Jessie.

 

 

— Acabei de lançar agorinha há pouco, mas vou levar isso como um desejo de boa sorte. — disse Earl, bem-humorado.

 

 

— Pode crer. — disse Damian — Aí, vamos sentar e abocanhar essas belezinhas aqui logo?

 

 

Os Rangers sentaram-se a mesa escolhida com a bandeja de X-Triples. 

 

 

— Galera, vocês não acham que ficamos expostos demais na praça? – indagou Zoe meio preocupada ao considerar aquele pormenor.

 

 

— Acho que aquilo responde a sua pergunta. — disse Jessie, apontando para a televisão sintonizada no canal de notícias. Earl aumentou o volume, atento a reportagem que abordava a atuação dos mais novos heróis recém-chegados na cidade. 

 

 

— Ih, vejam só: os Power Rangers voltaram à ativa! — disse o cozinheiro — As roupas mudaram, mas sei lá... eles parecem mais baixinhos dessa vez.

 

 

— Ei, eu tenho certeza que aumentei uns dez centímetros! — protestou Tim com a boca cheia, quase se levantando.

 

 

— Tim, calma aí, se controla. — pediu Austin — Não esquece do que o Sr. Dickerson falou das nossas identidades secretas. Temos que mante-las cem por cento secretas.

 

 

— É, esse aviso vale especialmente pra você. — disse Jessie ao Ranger Azul.

 

 

— Como minha avó diz: em boca fechada não entra mosca. — disse Damian, saboreando um dos hambúrgueres.

 

 

— Sabem, esse lance de sermos heróis tão poderosos, mas nosso mentor ser um cara normal... é meio sem graça, não acham? — perguntou Tim.

 

 

— O que você esperava? — questionou Zoe com ar de riso.

 

 

— Talvez uma cabeça gigante flutuando presa num tubo... — respondeu ele que recebeu olhares de estranheza dos demais — O que foi? Vi isso numa série.

 

 

A repórter encerrava a notícia congratulando os Rangers pelo papel desempenhado.

 

 

— A Alameda dos Anjos hoje vivenciou o primeiro do que parece ser um dos muitos dias de glória em muito tempo no combate à forças extraterrestres ameaçadoras. Os cidadãos, principalmente os que foram submetidos a condição de reféns e sobreviveram para contar, possuem uma dívida de gratidão com os heróis conhecidos como Power Rangers que há vários anos se dedicam a proteção do nosso planeta. As maiores questões: quem são esses heróis desta nova equipe? Serão crianças humanas ou alienígenas? Aqui é Valerie Smoack para o canal 5, AGNN.

 

 

— Sobre as nossas identidades secretas... — disse Zoe, um pouco temerosa — Nossos pais são a exceção, certo? Devíamos contar logo.

 

 

— Pois é, isso é o mínimo de gratidão que podemos fazer por tudo que eles nos fizeram. — disse Jessie — Vou falar com minha mãe hoje mesmo. 

 

 

— Tim, você vai visitar o seu pai? — indagou Damian. O Ranger Azul adotou um semblante sério, refletindo a ideia.

 

 

— Vou. — disse ele, fazendo que sim com a cabeça — Vou sim, não tenho medo de falar.

 

 

— Vamos todos ainda hoje contarmos a verdade pros nossos pais. É parte da nossa obrigação como Rangers. — cravou Austin.

 

 

No final da tarde, Austin foi a garagem onde seu pai seguia reparando o carro, naquela hora tratando do motor.

 

 

— Ahn... Pai, será que tem um minuto? 

 

 

— Oi, filho. Teve um dia produtivo hoje?

 

 

— Sim, eu... Fiquei na casa do Damian, ele prometeu me dar uma força nos estudos.

 

 

Jonh balançou a cabeça positivamente com os lábios comprimidos, fingindo acreditar.

 

 

— Quer me dizer alguma coisa importante? 

 

 

— Não sei por onde eu começo. — disse Austin sentando num banquinho. 

 

 

— Seja direto. Sem meias palavras. — disse John — Não tenha medo.

 

 

Austin levantou-se e respirou fundo o fitando.

 

 

— Pai, eu... Eu sei do seu segredo. Que agora é meu também. — fez uma pausa — Sou o Ranger Vermelho. O Power Ranger Vermelho... como o senhor foi e prometo que não vou falhar. 

 

 

Os olhos de John marejaram de emoção ouvindo a declaração sincera do filho. Lhe deu um abraço apertado ao qual Austin retribuiu emocionado.

 

 

Já na casa de Jessie, um pouco mais tarde, a Ranger Amarela se aproximava da sala onde estava sua mãe, loira como a filha, falando ao celular. 

 

 

— OK, amanhã mesmo, sem falta. Tchau, a gente se vê  — disse ela, logo encerrando a ligação — Filha, algum problema? Essa não é uma cara de boas notícias.

 

 

— Mãe, na verdade... É uma ótima notícia. Só que eu tô meio nervosa. Não sei como vai reagir.

 

 

— Me conte o que é, não precisa se preocupar. 

 

 

Na casa de Zoe, a Ranger Rosa vinha por trás da mãe que lavava a louça.

 

 

— Desculpa interromper, mas... A senhora e eu podíamos conversar?

 

 

— Filha, agora não vai dar. Não tá vendo essa montanha de pratos sujos? É a parte ruim e cansativa de convidar amigos pro jantar. — disse ela, uma mulher caucasiano de cabelos pretos e ondulados que caiam sobre os ombros.

 

 

— É importante demais, precisa ouvir com atenção. — insistiu Zoe. A mãe virou-se para ela com ar de exaustão.

 

 

— Pode falar. Mas seja breve. Preciso terminar logo antes do seu pai chegar.

 

 

— Eu... 

 

 

Jessie estava também pronta para revelar.

 

 

— Eu... — disse a Ranger Amarela sentada no sofá ao lado da mãe.

 

 

— Descobri um passado escondido da senhora. — falou Zoe para a mãe.

 

 

— Sei que a senhora foi uma heroína no passado. — disse Jessie a sua.

 

 

— Quero dizer que essa missão agora é minha. — declarou Zoe — Eu sou...

 

 

— Eu sou... — dizia Jessie. 

 

 

— Uma Power Ranger. — disseram elas, arrancando espanto de suas progenitoras. 

 

 

Tim fizera a visita ao seu pai na prisão conforme havia jurado a si mesmo. Escondia de todos o sofrimento interno que passava com a injusta acusação de homicídio que condenou o pai a 15 anos em regime fechado. Separados pela divisória de plástico resistente, ambos pegaram seus telefones.

 

 

— Olá, filho. — disse o pai, contendo sua alegria — Já faz um tempo, não é? Sua mãe tem sido dura demais com você? 

 

 

— Olá pra você também, pai. A mamãe continua meio chateada por eu pedir pra te visitar quase todos os dias. — disse Tim, um tanto triste.

 

 

— Sabe que ela jamais vai me perdoar, né? Aceite esse fato, assim como também a minha permanência nesse lugar, meu destino já foi traçado aqui. Não há mais salvação pra mim.

 

 

— Há sim, pai, não perca a esperança! Olha, eu... não vim falar da mamãe ou do seu julgamento... Tem a ver com outra coisa mais particular, sabe... O senhor tá sabendo que os Power Rangers voltaram?

 

 

— O quê? Sério? Isso foi hoje? 

 

 

— Foi, eles salvaram pessoas na praça central... E eu tô muito orgulhoso de ter ajudado eles. Espero que se orgulhe de mim por isso.

 

 

— Ajudado? Como?

 

 

— O Ranger Azul e eu... Ficamos muito amigos.

 

 

O pai de Tim naquele instante tivera um lampejo de entendimento pelas entrelinhas.

 

 

— Não... Tá brincando comigo. — sorriu para o filho, perplexo — Tá dizendo que... 

 

 

Tim acenava com a cabeça confirmando. O pai desatou a rir de felicidade. 

 

 

— Hoje é o dia mais feliz da minha vida desde que vim parar nesse inferno! Parabéns, filhão! Eu sabia que esse dia chegaria. Tô muito orgulhoso, isso vai te ensinar a ser um homem. Então, você agora é um herói da justiça. Se quer um conselho de mestre... Não tente ir ao banheiro de uniforme, vá por mim, não tem como baixar aquela calça de lycra.

 

 

Tim riu junto ao pai, pondo sua mão esquerda na divisória. O pai repetiu o gesto, pondo sua mão junto a do filho, as duas se tocando emocionalmente.

 

 

Por fim, Damian veio ao seu pai que dormia sentado no sofá com um copo de bebida na mão. Hesitou em perturba-lo.

 

 

— Pai? — chamou, tirando o copo da mão dele e colocando sobre a mesinha da sala. Ele acordava piscando os olhos.

 

 

— Damian... Não devia estar no seu quarto? 

 

 

— O senhor também. A mamãe tá esperando.

 

 

— Ela não quer mais olhar pra minha cara de bêbado sem vergonha. Você sabe disso, seus irmãos também. O que você quer?

 

 

— Soube hoje que me deixou uma herança. Mais valiosa do que qualquer fortuna nesse mundo. Eu vou zelar por ela tanto quanto o senhor na sua época, é uma promessa. Uma vez Ranger... 

 

 

— ... sempre um Ranger. — completou o pai, surpreso com a revelação, não tirando os olhos do filho. O abraçou subitamente, comovido. 

 

 

***

 

 

No dia seguinte, o quinteto estava de volta à Central de Comando para receberem medalhas de honra ao mérito concedidas pela Intercorp por uma primeira missão bem-sucedida.

 

 

— A Intercorp, unanemente, reconhece o empenho de vocês, jovens guerreiros, nesta primeira batalha contra as hostes perversas de Lokknon. Considerem-se detentores de total confiança da minha parte. Dickerson, Karen... Ótimo trabalho. — disse o comandante Leozor, um leão antropormórfico, por uma chamada de vídeo diretamente da estação espacial.

 

 

— A gente agradece, comandante. — disse Dickerson — Tenha certeza de que a proteção da Terra está garantida com essa linha de frente.

 

 

— Assim espero. — disse Leozor — Rangers, conto com vocês em futuras vitórias. Não se rendam aos obstáculos.

 

 

— Ai, o senhor é tão fofinho. — disse Jessie — Com todo o respeito, é claro.

Leozor encerrou a chamada, satisfeito. Dickerson voltou-se aos Rangers. 

 

 

— O que acharam? 

 

 

— Mal iniciamos e já fomos condecorados. É dessa confiança que precisamos. — disse Damian.

 

 

— Eu não sabia que seu pai tinha um livro de memórias sobre a vida dele como Ranger. — disse Tim ao amigo. 

 

 

— Nem eu. Ele mantinha tão mal escondido que não sei como meus irmãos não descobriram antes. 

 

 

— Jessie e eu combinamos de contar pras nossas mães no mesmo horário. — disse Zoe olhando para a amiga que lhe sorriu simpática.

 

 

— Ei, rapazes, podíamos ter feito assim. — disse Tim.

 

 

— E que diferença ia fazer? — indagou Damian.

 

 

— Sabem, foi uma coisa que me deixou mais confiante. Quando dizem que a verdade é libertadora, não é mentira. — disse Austin.

 

 

— O que aconteceu com o time anterior? — perguntou Jessie.

 

 

— Ficaram inativos após derrotarem a organização criminosa espacial conhecida como A Armada, mais precisamente depois de uma reunião com todos os Rangers até então existentes que travaram uma batalha épica. — falou Dickerson.

— Nossa, irado. — disse Tim — E eles se separaram?

 

 

— Cada um seguiu suas vidas e planos. O que inevitavelmente ocorrerá com vocês também.

 

 

— Mas enquanto esse dia não chega... — disse Karen — ... estão aqui pra fazer valer a chance de se tornarem os heróis que o mundo merece.

 

 

— Bem, galera, hora de comemorar do nosso jeito. — disse Austin, estendendo sua mão direita — Vamos ficar sempre juntos

 

 

Jessie colocou sua mão sobre a de Austin. Zoe, Tim e Damian fizeram o mesmo. 

 

 

— Isso aí, nunca vamos desistir. — disse Austin — Prontos? 

 

 

— Prontos! — disseram os outros quatro.

 

 

— Power Rangers!!! — gritaram ao levantarem as mãos que foram unidas como um rito de celebração da vitória.

                                  XXXX

 

 

 

 

 

 

 


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