Legado De Poder escrita por Merophe


Capítulo 8
VIII


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos leitores de "Legado De Poder"! Estou muito animada para compartilhar que estamos chegando ao fim da primeira parte da história, intitulada "HERDEIRO"! ✨

Peço desculpas pelo pequeno atraso na atualização do capítulo. Estou totalmente focada nos meus estudos para um concurso importante, mas prometo que estou trabalhando duro para trazer o melhor para vocês!

Para compensar o atraso, gostaria de compartilhar algumas dicas e teasers sobre o que podem esperar na próxima parte. Haverá reviravoltas emocionantes, novos personagens fascinantes e desafios para os nossos protagonistas!

Mas agora eu quero ouvir de vocês! O que vocês esperam ver acontecer no próximo capítulo? Quais são suas teorias sobre o desfecho da primeira parte da história? Estou ansiosa para ler todas as suas ideias e compartilhar um pouco desse emocionante universo que criamos juntos!

✨Muito obrigada por todo o apoio e paciência. Mal posso esperar para compartilhar o próximo capítulo com vocês em breve! Até lá, continuem acompanhando e mergulhando nessa jornada comigo!



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Estava próximo de ocorrer o baile oculto, uma tradicional e antiga celebração dos Rosa Azul. Geralmente, realizava-se em ocasiões especiais, reunindo a Sociedade na Fortaleza de Prata. Os membros eram reconhecidos pelos trajes de máscaras de bailes e pelo broche azul metálico, representando uma rosa com dois galhos de oliva, um de cada lado. Alternando entre valsas e atividades externas, o baile contava com a presença de uma banda clássica e uma área designada para improvisar um cassino. Era uma maneira de reunir muitos dos Rosa Azul. Lorenzo começou a preparar os convites para o reencontro, com a intenção de apresentar a herdeira com honras especiais.

A última vez que organizaram um baile oculto com decência foi na nomeação de Caius. Ele estava impecável, com a máscara de metal coberta por strass de esmeraldas. Mantendo uma postura elegante durante todo o baile, trajava um terno com o broche da rosa no lado do coração e segurava uma taça de Prosecco Valdo. As reuniões no castelo perderam a graça para os Rosa Azul com o tempo, evitando grandes eventos e bailes por questões de segurança após o incidente com Vincenzo.

A forma como Vincenzo faleceu era um assunto restrito, e isso ficou claro para Ettore quando ele ingressou nos primeiros anos na máfia. Cuidar de uma família que praticamente não existia mais em Monte dos Reis parecia estranho para ele. Havia alguns Marqueses fora do país, parentes distantes de Vincenzo, mas na maioria eram primos distantes. Vincenzo tinha um irmão mais novo, muitas vezes chamado de Leo, abreviação de Leonardo. Apesar da diferença de quatro anos de idade, Leonardo gostava muito de ouvir o irmão mais velho. Ele era mais extrovertido do que Vincenzo, que preferia se aproximar sorrindo para as pessoas, na intenção de conhecê-las primeiro antes de formar amizades.

Vincenzo era totalmente consciente de que o irmão não desejava fazer parte da máfia. Leonardo falava muito em cursar alguma área da saúde. Tinha um jeito mais pacifista, era possível perceber o dom cuidador em sua alma e até um talento para a botânica, cuidando das rosas azuis cultivadas pelo pai e preenchendo inclusive a estufa de vidro com árvores frutíferas menores. Era um bom rapaz, com os encantadores olhos verde oliva herdados do bisavô e cabelos negros, mais curtos que os de Vincenzo. Tão jovem, com apenas vinte e dois anos, veio a falecer com a mesma idade.

Em consequência de uma briga em um bar, ele acabou levando uma facada nas costas. O pai não acreditou muito e insistiu em buscar vingança, convencido de que a morte do filho tinha sido culpa dos inimigos. Monte dos Reis vivia constantemente sob disputa de controle. Além da polícia da cidade normal, os Arma Branca eram a máfia adversária de Monte dos Reis. Escolheram o nome devido à lealdade mantida entre os membros, à paz apenas com os conhecidos e à guerra com os inimigos.

Igualmente aos Rosa Azul, existiam famílias importantes, mas as únicas bem-sucedidas e acima do gerenciamento da máfia estavam os Mazzas, os De Santis e os Ferraras. Eles ergueram o império dos Arma Branca na parte norte da cidade, enquanto os Rosa Azul se ocupavam da parte sul. Ambos enfrentavam conflitos de todas as partes.

Ettore preferiu fazer um percurso ao redor da mansão. A Vila dos Segredos era conhecida pela exuberância das fontes e pelo paisagismo, com as dálias em tom blush. Além disso, era a mansão residida por Caius. Teve a opção de morar com a mulher na mansão dos Castellis, mas a timidez da esposa e o grande número de parentes que se hospedavam na mansão para as férias fizeram com que Caius buscasse um lugar antes do casamento.

A família era numerosa e trabalhava em perfeita harmonia. Sempre que havia bailes, algum membro retornava dos resorts para representar a família. Fiorella se relacionava bem com os parentes do marido, exceto pela prima de terceiro grau, Catarina, de pele rosada e cabelos em tom de vermelho cereja. A moça não era casada e se relacionava até bem com Caius. Qualquer conversa de Caius com Catarina, Fiorella já percebia, mesmo distante, as covinhas do marido se aprofundando. Eliane entendia que era ciúme da irmã e fazia constantemente comparações entre os decotes e as costas expostas de Catarina, enquanto Fiorella mantinha sempre cobertas as coxas e o busto.

Fiorella não seria a escolha ideal de mulher para Caius para sempre, afirmava Eliane. Fiorella se deixava levar facilmente, apesar das roupas boas e finas, ainda assim parecia mal cuidada. Mantinha um estilo antiquado, com a personalidade e a educação de uma dama de séculos passados. Com os tempos mudando, a maquiagem e as roupas tornavam-se mais ousadas. Caius também poderia mudar seus gostos com essa transição. Lorenzo argumentava que Caius tinha motivos para trair a esposa, mas isso não justificava suas ações.

Caius, talvez arrependido de sua traição, ainda demonstrava cuidado com a esposa, mesmo estando longe de Monte dos Reis. Apesar do relacionamento deles não estar em seu melhor momento, ele fazia de tudo por Fiorella. Ettore sabia disso, pois recebeu ordens de Caius para permanecer na Vila dos Segredos até que ele retornasse. Embora Caius não tenha revelado sua verdadeira intenção, o rapaz compreendeu que era para cuidar bem da esposa de seu patrão.

Encontrou a mulher sentada em um conjunto de bistrô no átrio de trás da mansão. Estava concentrada na leitura de um livro, e Ettore aproveitou para se aproximar por trás, notando a presilha brilhante que prendia seu cabelo loiro.

— Preciso resolver um problema fora da cidade.

Ettore observou a rapidez com que ela fechou o livro, marcando a página com um fitilho dourado. Em seguida, ajustou o suéter de cor bege pastel, arejado, e cruzou as pernas, deslizando a saia plissada midi em malha texturizada.

— É sobre a herdeira?

O rapaz acenou com a cabeça, sentindo desconfiança ao notar as mãos unidas de Fiorella sobre a mesa. A aliança de prata, adornada com pequenas pedras brilhantes, destacava-se em suas mãos delicadas. Mesmo enfrentando dificuldades com o marido, a fidelidade ainda permanecia.

Ettore saiu da mansão e seguiu o percurso para fora da cidade. Tinha muito o que questionar com Enrico sobre o favor pedido ao rapaz. Ele era um homem prestativo, mas às vezes parecia abusar um pouco dessa qualidade. Enquanto circulava pela mansão, foi então que recebeu a ligação de Enrico, que estava procurando uma mulher em Portofino. A cidade estava distante de Pormadre e não possuía nada de rústico. Uma das poucas atrações era o único porto, que deu nome à cidade. Parecia ter poucos habitantes, embora os parques fossem iluminados durante a noite, uma forma de atrair visitantes.

A rua de calçadão, o centro das compras, era o local mais movimentado. Ettore precisou descer do carro um pouco antes. Os plátanos pelo caminho forneciam sombra. Além dos alecrins aromatizados nos canteiros, os vasos de oliveiras encostados nas lojas aumentavam a elegância. Toldos de ferro cobriam as cafeterias, enquanto luzes de cordas se estendiam pelas duas calçadas. Também era possível avistar uma grande quantidade de restaurantes e lojas de roupas.

Ettore teve facilidade em encontrar a loja de roupas masculinas. Um rapaz estava no balcão pagando suas compras. Quando ele se afastou, Ettore se aproximou da mulher que estava no caixa. A mulher que Ettore foi mandado para encontrar trabalhava na loja e aos sábados seu horário era até o meio expediente no estoque.

Não deveria demorar muito até o final do expediente. O rapaz esperou na praça, verificando algumas vezes o relógio no pulso. Viu algumas pessoas saindo da loja, todos clientes, até que, por fim, reparou em uma mulher se movimentando dentro da loja com uma bolsa nos ombros. Ela não tinha sacolas de compras e saiu da loja. Ettore olhou para o relógio, procurou a mulher no caixa e depois voltou para a entrada, sem perder de vista a mulher que caminhava pelo calçadão.

Ettore apressou os passos com cuidado antes de abordar a mulher, ainda sob o susto da voz áspera no ouvido.

— Você se chama Helena? Me mandaram procurar por você.

A mulher continuou caminhando, ignorando a insistência do rapaz.

— Enrico está precisando da sua ajuda. É sobre a sua filha. É sobre a garota que você criou como filha.

— Ela não precisa mais de mim, tem um pai que pode cuidar dela.

— Parece que você está imaginando bem errado.

A mulher se virou, e Ettore notou seus olhos cansados, mas as pálpebras eram caídas de uma forma delicada, combinando bem com seu rosto fino e a sutileza do rabo de cavalo baixo de cabelos castanhos caramelo.

— Podemos conversar agora?

— Eu nem sei quem você é. — Ela deu meia volta, mais apressada, tentando fugir ainda do alcance do rapaz.

— Eu ligo pra ele, e ele te diz.

— Você é filho dele?

— Às vezes, eu tenho vontade de mentir para dizer que sim.

Ela cruzou o calçadão indo para outra rua. Ettore piscou os olhos após sair de baixo da sombra dos plátanos.

— Me sentiria melhor se você parasse de me seguir.

— É só você me ouvir. Está parecendo que você se esqueceu que ela também é a sua filha.

— Foi ele que fez ela se esquecer de mim.

— Ele não fez de propósito.

O rapaz coçou a cabeça, tentando encontrar uma resposta convincente quando a mulher se virou. Não era incomum Enrico vacilar com as pessoas; abrir o coração ou até mesmo trocar conversas simples nunca foi muito fácil para ele. Ettore não sabia o que dizer exatamente, mas percebeu que talvez fosse por isso que Enrico nunca deu notícias da menina. Não havia outra alternativa senão ser direto e honesto. Ele apoiou as mãos nos quadris, preparando-se para falar.

— A situação entre eles está se complicando. Ele está chegando ao limite.

 

 

Enrico soube que Helena estava morando em Portofino. A última ligação retornada do suposto número de Helena deu esperanças a Enrico, porém, na verdade, não era mais um número usado por ela; ela o havia passado para a prima. Não conseguiu entrar em contato com o número fornecido pela mulher; Helena não atendia chamadas de números desconhecidos. Assim, foi necessário descobrir o local de trabalho dela para instruir o rapaz a procurá-la na cidade.

Era a última esperança dele para se reconciliar com a filha. Desde a infância, a convivência da menina foi inteiramente com Helena. Enrico apenas se intrometia quando necessário, para verificar do que a garota precisava e nada mais. Por conta das preocupações e da mudança de vida, ele preferia não ter muitas conversas. O máximo que tinha com a menina eram alguns contatos rápidos, nos quais já percebia desconforto e desagrado por parte dela.

Piorou após a partida de Helena; a adolescência complicou ainda mais a relação, com mudanças de pensamento e a formação de ideias sobre Enrico na garota. Antes, a indiferença dela era menos perceptível; demonstrava seu desagrado às escondidas, falava apenas quando Enrico se dirigia a ela, sentava-se à mesa por obediência e suportava Enrico sem reclamar. Fingia ainda ser uma boa filha, pois a figura do pai era algo sagrado, embora aquele que ocupava esse papel não merecesse muita bondade. Só vivia mentindo para a garota, nunca dizia nada com sinceridade, nem mesmo quando pedia desculpas.

A verdade é que Enrico nunca foi feito para ser pai. Desde os tempos da máfia, essa verdade era conhecida. Ele tentou desempenhar esse papel com a menina, mas falhou miseravelmente quando optou por deixá-la aos cuidados de Helena. A menina via Helena como sua mãe, mesmo sabendo que a verdadeira mãe era outra. Antes, quando a menina ainda era inocente e não tinha ressentimentos com Enrico, desejava vê-lo casado com Helena. Acreditava que assim a família estaria completa, e talvez isso pudesse fazer Enrico se dedicar mais a ela. Helena nunca atendia aos pedidos da menina, e nutrir sentimentos pelo patrão estava fora de cogitação, especialmente considerando o tipo de mundo em que Enrico estava envolvido, algo que Dora havia mencionado a ela. Enrico, por sua vez, nunca mais pensou em se envolver com alguém, em encontrar o amor verdadeiro, desde que se converteu à fé. Ele se afastava de tudo que lembrasse sua vida em Monte dos Reis, consciente de que viveria sozinho pelo resto da vida.

Após sair do escritório no primeiro andar, Enrico percebeu o som da buzina do carro. Ele se adiantou até a janela do foyer, que estava completamente decorado com textura de papel arabesco. Apoiou-se no aparador empalhado de baixo da janela para observar o desembarque.

Tinha muito o que falar com Helena, começaria logo pelas desculpas por não ter dado notícias da menina, ‘da nossa filha’. Não seria agradável forçar tanta intimidade. Enrico mal sabia o que dizer; pensou em esconder as mãos dentro dos bolsos do cardigã marrom de tricô canelado, embora tenha tentado quando o rapaz entrou na sala de estar, inicialmente sozinho. Helena apareceu mais devagar logo atrás. Enrico, com um leve tremor nas mãos, tentou interagir rapidamente e com gentileza, mas a resposta áspera de Helena não foi agradável. Ela mal olhava nos olhos de Enrico, procurando um motivo sincero para ter aceitado revê-lo depois de tantos anos.

A pausa se estendeu pela sala, e Ettore percebeu Enrico desviando o olhar para o piso laminado. Resolveu iniciar uma conversa com Enrico imediatamente. Ele precisava voltar para a mansão de Caius. Enrico fez o convite pelo menos para o almoço, mas ele não aceitou.

Durante a refeição, um silêncio pesado dominou a sala de jantar. Enrico serviu-se de suco da jarra de cristal, mas Helena notou-o inclinar-se novamente sobre o prato, tentando ocultar sua inquietação mantendo a cabeça abaixada. Ele continuava o mesmo, evitando qualquer conversa, como sempre.

— Não mandou chamarem ela?

Enrico apoiou-se no cotovelo ao largar a faca.

— Ela preferi comer no quarto.

— O que você está fazendo com ela?

— É ela que faz comigo.

Helena largou os talheres e cruzou os braços enquanto se inclinava para trás na cadeira.

— Tudo o que ela está fazendo com você tem motivo. Ela se cansou de esperar pela sua atenção. Seria pior se ela soubesse que o pai não é o de verdade.

— É bem capaz de ela já desconfiar.

Enrico não conseguiu olhar direito nos olhos de Helena, largou o garfo de uma vez no prato de louça. Começou a falar a verdade com os ombros prostrados. Helena sabia que a garota não era filha de Enrico; no entanto, não sabia que ela era a filha verdadeira de Vincenzo. Antes de sair de Monte dos Reis, Enrico havia dito que a menina havia sido deixada por outra pessoa para ele cuidar. Ele ficou em dúvida entre dizer que a menina não tinha família ou que os parentes não tinham condições de cuidar dela. No entanto, nenhuma dessas desculpas seria adequada, já que Enrico teria que encontrar um lar para a menina.

— Algumas coisas estavam acontecendo em Monte dos Reis, e Vincenzo não queria que envolvesse a menina. Agora estou sendo forçado a dizer a verdade para ela. Falei a verdade da mãe dela, e agora ela não fala mais comigo.

Enrico não entendeu quando Helena alcançou a bolsa na outra cadeira. Ela partiu apressada pelo hall, mas ainda deu tempo para Enrico alcançá-la.

— E eu pensando que ela estava segura com você.

— Ela ainda está segura.

— Você diz isso porque não foi ninguém da sua família que foi morto.

— Eu não quero fazer isto com ela, mas é necessário. Eles sabiam que Vincenzo tinha um filho e o procurariam a qualquer momento que precisassem.

Os dois chegaram à sala, mas Helena continuou a avançar em direção à escada, quando Enrico a deteve segurando seu pulso para impedi-la de chegar ao quarto da garota.

— Eu vou tirar a minha filha daqui.

— Vai ser pior se eles não receberem o que eu havia prometido.

 

 

Por mais suave que tenha sido a abertura da porta do quarto, o montante coberto na cama se remexeu. Ainda não dava para perceber a cor natural do cômodo, mas foi possível notar um prato com o tampão no criado-mudo. A porta se fechou com mais ruído, o suficiente para a voz impaciente da garota surgir de baixo do cobertor, reclamando.

“Eu precisava saber como você estava tratando o seu pai.”

Ao sentir o colchão ceder sob o peso sutil, a garota despertou, seu coração disparando ao reconhecer a voz suave que parecia emergir de um sonho. Entre soluços, ela se lançou nos braços maternos e murmurou entre lágrimas: “Por que você me deixou com ele?”

Envolvida pelo abraço, Gigi sentia-se imersa em uma ilusão reconfortante, onde a presença de sua mãe parecia trazer consigo a promessa de segurança e bem-estar. Apesar das palavras reconfortantes, uma sensação de desconexão persistia, como se a realidade estivesse à espreita, aguardando para romper o véu do sonho.

— Você precisava ficar com ele. — a voz de Helena soou, diluída na névoa do sonho.

— Eu não gosto dele. — a resposta de Gigi veio entre soluços, entrecortada pela emoção.

Helena suavemente afastou o rosto da garota de seu peito, arrumando sua franja bagunçada. Seus olhos encontraram os da filha, refletindo a dor e a angústia que transbordavam em lágrimas silenciosas.

Não foi fácil acalmá-la com o choro e convencê-la de que a presença da mãe era real. Helena entregou o prato pouco mexido e pegou o chá morno com a empregada que estava na porta do quarto. Afastou as cortinas antes de se acomodar na cama. A entrada rápida de luz no quarto fez a barata no viveiro de vidro da prateleira se mover para o outro lado do vidro.

— Peguei ela no jardim.

Helena espiou a garota saindo da cama, mais revigorada. Ela pegou um potinho amarelo do lado do viveiro e despejou um pouco de comida para o inseto.

— Seu pai me falou que você tinha fugido de casa.

— Ele disse o que tinha acontecido?

— Disse tudo.

Helena mandou a garota voltar para a cama, enquanto Gigi disfarçava sua atenção na conversa brincando com os dedos. Helena tinha uma forma mais tranquila de conversar; a garota não entendia por que ainda a mãe daria razão a Enrico.

— Ele me mandou ir para outra cidade. Foi a desculpa dele para vir falar comigo. — disse ela, levantando a cabeça e enxugando as lágrimas.

— Pode até ser bom. — Helena segurou a mão da filha em cima do edredom escuro. — Eu acho que você entenderia o que acontece entre vocês se estivessem distantes.

A conversa continuou no quarto enquanto Enrico permanecia no salão de estudo, ciente de qualquer decisão da filha. Enrico já havia explicado tudo; agora, apenas esperava que Helena tivesse piedade, tanto dele quanto da própria filha. Estava tão imerso em seus pensamentos que mal percebeu a sombra que silenciosamente se aproximava do cômodo. Ao cruzar os braços na porta, a sombra aguardava por atenção.

Enrico viu Helena se aproximando e largou o livro na poltrona antes de se levantar. Os olhos de Helena não estavam bem, e Enrico percebeu.

— Isto foi ideia sua. Ela vai para Monte dos Reis.


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