Leah e Jacob: um amor mortífero escrita por Batatinha


Capítulo 3
Capítulo 3




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É triste pensar, mas tudo

que sonhei contigo, ficou

nas mãos de Morfeu  (Mukowski)

 

Ela sabia. Sempre soube. Ela sentiu desde do primeiro dia, quando todos os seus pelos arrepiaram-se e sua intuição gritou: afaste-se dele! afaste-se dele! afaste-se dele ou seu coração ficará estilhaçado. Mas a jovem não deu ouvidos; deu muita importância aos pequenos momentos, aos sorrisos bobos e frouxos, às longas conversas, aos pequenos toques e quando percebeu estava amando alguém que não a pertencia. Ela sabia, ela sempre soube, que o coração daquele homem nunca bateria por ela, mas, minha nossa, como ela queria ser o motivo de fazer os batimentos cardíacos dele acelerarem e suas pupilas dilatarem, como ela queria, como ela queria, como ela queria… sussurrava ao vento, ao universo, a Deus, ao destino, as estrelas, a lua, algo que fizesse com que ele amasse-a, entretanto dedos cruzados e sussurros ao nada nunca seria o suficiente, pois ele nunca a quis.

 

— Lee? Está me ouvindo? — o sorriso contagioso iluminava tudo ao redor. A garota balançou a cabeça concordando. — Ela está iludindo-me de forma tão cativante que já me rendi. Ela pode fazer o que quiser comigo.

 

— Ainda estou assimilando tudo. Não acredito que vivi para ver este momento: Jacob sendo feito de otário, e detalhe, por uma mulher que mora há mais de oitocentos quilômetros de distância. — Como era difícil fingir naturalidade. Ela queria dizer que ele estava estragando a vida dele, fazendo uma péssima escolha. Queria gritar com ele, gritar muito, até aquele teimoso entender que a pessoa certa para ele estava bem ali na sua frente! Tentando fingir que o seu coração não possuía agora, diversos rachões, e ele era o culpado. — Dessa vez, tenho que admitir: você se esforçou para se foder de uma forma bastante gourmet.

 

Então o moreno ao seu lado gargalhou alto, e tudo dentro dela pareceu balançar-se. E pensar que aquelas risadas com o passar do tempo seria dada para outra pessoa, esse pensamento fez Leah encolher-se um pouco.

 

— Para de ser ridícula, Clearwater! — disse dando um leve empurrão na amiga e com um sorriso divertido no rosto. — Tudo em mim grita que dessa vez serei feliz, aquela garota… ela é especial, entende? 

 

— Se você diz, então quem sou eu para discordar. - deu de ombros.

 

Leah não conhecia a sortuda ainda, e queria nunca conhecer. Todavia, tinha plena consciência que aquela garota tinha ganhado na loteria do amor e conquistado o que ela tentava há anos: o coração de seu aminimigo de longa data. Queria ser uma mulher parceira e utilizar o feminismo como manda a cartilha, entretanto não conseguia parar de pensar nas possibilidades de afetar uma menina que ela nem conhecia. Como ela ousava chegar assim do nada e ganhar o coração do seu homem! Quem ela pensa que é, porra! Leah não possuía sorte mesmo, e ainda estava fazendo papel de ridícula, por uma pessoa que, bem no fundo, ela sempre soube, nunca seria dela, contudo o amor tem dessas: deixar a pessoa que ama ser ridícula, é uma característica do amor: quem ama sempre faz papel de tolo. Tentou afastar esses pensamentos e aproveitar aquele mísero tempo com Jacob enquanto ele ainda era dela.

 

— Lee — aquele maldito chamdo que sempre a desmachava. — Fique feliz por mim, não vou brincar com os sentimentos de ninguém. Eu quero tentar de verdade, Lee. Sem jogos, sem gracinhas. Quero aquela mulher na minha vida mais do que posso imaginar, mais do que ela possa imaginar. Quando estou com ela é tudo mágico, sinto que posso qualquer coisa, sinto que mundo poderia acabar, mas com ela nos meus braços, eu morreria feliz, porque… Porque está com ela me faz querer ser melhor e sair gritando: estou apaixonado! — Leah viu a pupila de Jacob dilatando e escutou seu coração se quebrando.

 

O fatídico dia chegou. O que foi seu pesadelo por anos se encontrava à sua frente, e meu Deus, ela não tinha forças para enfrentar aquilo. Seu coração se reduzia a pequenos cacos, ela sentia a dor rasgando tudo por dentro, o ar ficou preso em seus pulmões, sua cabeça girava. E Leah queria acordar logo daquele pesadelo! Aquilo não poderia ser verdade, não poderia. Se recusava a acreditar. Deveria ser uma regra fixa: todo amor deveria ser recíproco! Ninguém deveria amar sozinha. É algo tão cruel se apegar aos “e se” que a vida proporciona, e implorar a todas as entidades para que esse amor seja concretizado. É tão cruel. E pior ele não podia se desculpar, pois nem sequer sabia que tudo o que ele disse sentir pela a garota de sorte, era o que ela sentia por ele. 

 

Leah criou um plano: Como recuperar um coração partido?

 

Primeiro: Como sempre, ela fingiria que nada daquilo a afetou, o trataria como sempre o tratou. Nada mudaria, ela não deixaria ele perceber a mudança. Colocaria o melhor sorriso no rosto e durante um mês ela seria a versão da melhor Leah que o Jacob já conhecerá.

 

Segundo: Ela precisava de um projeto detox para expulsar o Jacob do seu organismo. Faria uma lista com tudo que existe no mundo para esquecer aquele homem, nem que ela precisasse mudar de personalidade, de nome, de curso, de coração. Ela esqueceria até seu coração não desse mais uma fisgada toda vez que ouvisse o nome dele.

 

Terceiro: Precisava de um circulo novo de amizade, apesar de odiar ser social ou conhecer pessoas, mas necessitava. Ela agora seria ativa socialmente, sairia com os amigos, participaria de festas, aceitaria convites para jantares. Leah precisava se manter ocupada, e para que ocupação melhor que conhecer gente nova?

 

Quarto: Leah focaria nela. Abriria um plano na academia, cuidaria melhor de sua alimentação, bateria sua meta de dois litros de água por dia. Poderia ser triste para sempre, mas seria triste e trincada. Seu ego queria que Jacob enxergasse o que perdeu, apesar dela saber que isso não aconteceria, pois sempre foi e sempre seria o brother dele. Mas mesmo assim, seria uma brother muito gostosa.

 

Quinto: Encerrando o plano, e a parte mais complicada, não seria a musculação e a alimentação. Leah estava preparada para o próximo passo. Céus! Aquilo seria tão difícil, ela já sofria com antecedência. O último passo seria: se afastar completamente de Jacob Black. E isso era improvável.

 

Ela nunca soube o momento exato em que Jacob entrou na vida dela. Se alguém chegasse a Leah do passado e contasse que ela e o Jacob se tornaram amigos, ela riria muito, riria horrores e acharia que a pessoa fugiu de um hospício. Pois, ela nunca seria amiga de um garoto daquele. Mas agora ela não consegue imaginar uma vida sem ele, nunca precisou. Por um tempo, chegou a achar que ele faria parte de sua vida para sempre e, ali estava ela se preparando para ir embora. Não aguentaria ser telespectadora da felicidade do amigo, não quando ela queria ser a felicidade dele. Ficar na vida dele seria como um suicídio poético. Leah precisava partir e sabia disso. Ela sempre soube.

 

Clearwater estava cansada de viver na esperança de ter seu amor correspondido.

 

— Sendo assim, eu Leah Clearwater declara-se extremamente em êxtase pelos mais novos sentimentos amorosos de seu confidente, Jacob Black. Manifesta-se ainda que ele seja imensamente feliz, pois o dito cujo merece de forma grandiosa amar e ser amado. — ela reuniu todas forças e fez um espetáculo bem meia-a-boca, mas aos olhos de Jacob foi excelente, pois o mesmo não tirou o sorriso do rosto por um segundo. E mesmo depois de dez anos, pensou Leah, continuo sendo a garota que o faz sorrir, mas nunca a que o faz ficar. 

 

— Juro que tento te odiar, na maioria das vezes. Mas você é tão…  — ridícula, pensou ela com um aperto no coração. — Você é tão você, que eu não consigo.

 

— Ah para, para que já está feio. Não gosto dessa versão bobo apaixonado sua. Ame, mas ame com dignidade. Mas então, você a pedirá em namoro quando?

 

— Conversamos sobre, mas nada confirmado. Ainda não contei tudo que sinto, precisava te contar primeiro e saber se estou fazendo a escolha certa. — ele parou e virou-se para ela. — Estou fazendo papel de idiota?

 

SIM!!! queria gritar. Aquele era o momento. Ela precisava ser corajosa e falar. Falar que quando está com ele tudo parece se encaixar, que está com ele é como deitar numa cama quentinha depois de um dia corrido. Contar que sua risada e seus olhos amêndoas alegravam os dias dela, e só tinha um bom dia quando escutava aquela voz. Queria contar das viagens que planejou para os dois, das danças na varanda, nas férias na praia, nos sonhos, nos cachorros, nos filhos, no primeiro encontro. Leah olhou-o. Aquela boca, aqueles olhos, a curva do nariz, as veias que saltava nos braços, aquele cabelo, a vontade de passar as mãos por entre aqueles cabelos pretos era patológica. Leah desejava-o desesperadamente. Ela conseguia se verem velhinhos com filhos e netos. Gostava de lembrar que o tinha, mas também conseguia visualizar os dois perdidos em memórias.

 

— Não, Jacob! Se você sente verdadeiramente o que acabou de contar-me, vá atrás da garota. Ela merece saber. Quando amamos alguém temos que falar e alto, pois se deixar o tempo passar, o momento certo também passará e seus sentimentos ficará para sempre presos em um mundo dos amores não concretizados. 

 

— O que seria da minha vida sem você, Lee? — passou os braços ao redor dos ombros de Leah, mas não percebeu a pele arrepiada da amiga. — Estás com fome? Vem! Vou te levar para comer o nosso cachorro-quente, hoje merecemos, a boa e podre culinária de rua.

 

Ela não entendia agora. Mas sabia que tinha tomado a decisão certa. Aqueles momentos iriam embora num instante, e se tinha uma coisa que Leah Clearwater sempre soube foi que Jacob Black nunca pertenceu a ela. Ela estava o libertando e se libertando também, algumas coisas não são para acontecer. Por sorte, um dia, ele se tornasse uma doce memória e sua falta não doesse tanto.


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