Peeta Mellark

Eles me prendem em um armário, fico chutando até não ter mais forças. Estou novamente algemado, só me restam as pernas. Me sinto em órbita como se eu não estivesse em meu corpo, como se fosse apenas um pesadelo.  

Não desistem de mim. Quando me dou conta estou vendo as imagens na tv. É claro que as câmeras da Capital filmaram tudo. Cada detalhe. 

Eu tentando matar Katniss, eu sendo contido. Eu matando outro ser humano. Novamente. Eu enlouquecido. É quando me dou conta do real perigo. Sou uma arma. Sou perigoso. E só existe um final possível. 

Escuto Gale perguntando qual é o próximo passo após afirmarem a morte todos. 

Tecnicamente estamos todos mortos, não haveria problema tornar isso uma realidade. Não tenho mais família. Na verdade, não tenho mais nada. 

— Isso não é uma coisa óbvia? – respondo a ele, com certa esperança. – Nosso próximo passo... é me matar.

Entramos em uma discussão do quão culpado sou. Eles dizem que não é culpa minha, que não poderia saber do casulo, que estava fora de mim. 

Só que essa é a minha realidade. Não sou quem eu era, não tenho controle sobre meus atos. Sou culpado. Mais uma morte para carregar comigo. Mais um pesadelo para assombrar as noites mal dormidas. Não quero cair novamente nas mãos de Snow. 

O tempo que fiquei já me causou isso, já me tirou tanto. O que aconteceria caso eu tivesse novamente o azar de encontra-lo pela vida. Não querem me matar, mas também não vão me deixar para trás novamente. 

— Quero uma daquelas pílulas de veneno como as que vocês todos têm.  

Ninguém parece disposto a arriscar. Sabem que posso tomá-la antes da hora. Katniss desconversa sobre a questão e começam a procurar comida. 

Tudo isso me faz despertar. É como se fosse a certeza que me faltava. Esse é o meu destino, morrer. Não quero ser torturado, não quero torturar. Só quero sair da arena. Perder o jogo, agora, parece a escolha mais sensata. 

Melhor perder o jogo do que continuar sendo uma peça manipulada.