O casal sobre as estrelas aproveitava a companhia silenciosa e a calmaria do lugar. Ele havia puxado as cobertas por cima do corpo alvo dela assim que percebeu seus pelos dos braços se eriçarem com a brisa fria. Não demorou mais do que três minutos para que ela se sentisse totalmente aquecida, e não entendia como era possível Jacob ter a pele tão quente mas estava estranhamente satisfeita em estar nos braços dele naquele momento.

     O silêncio não foi o único indício de que ela dormia, sua respiração tão calma e o fato dela não mover um músculo a entregou. Ele selou os lábios no topo da cabeça dela, seria até fácil pra ele se inclinar um pouco e também dormir ali se sua mente não estivesse totalmente desperta para os acontecimentos a sua volta.

      Verificou a hora no relógio novamente, uma da manhã. Ao longe ele podia ouvir o som de corujas, também podia ouvir cada mínimo som produzido por toda a fauna noturna. Hoje ele não faria parte desse fauna, mas conseguia encarar os três pares de olhos que os protegia essa noite. Um deles se aproximou aos poucos após ter certeza que a companhia humana de seu líder havia adormecido. O grande lobo de pelos negros deu a volta na picape, ficando bem a frente do casal. Ele ainda não a tinha visto pessoalmente e ali ele pode ter certeza do que todos diziam e do que via na mente dos irmãos, a conexão entre eles era quase palpável.

        - Não, saia daqui! – Jacob ordenou, maxilar travado e dentes trincados. A mulher em seus braços podia acordar a qualquer momento, como então ele justificaria a ela a criatura mutante a sua frente? Renesmee nunca acreditaria que aquilo era apenas um lobo comum.

       Ele pode ouvir o animal produzir alguns sons, bem semelhantes à uma risada. Sim, Sam estava rindo da maneira como o irmão agia com a mulher em seus braços como se ela fosse verdadeiramente uma “boneca de porcelana” como as demais mulheres da reserva a comparavam. Não era apenas Sam que ria, os outros dois ainda entre as árvores podiam ver através da mente do lobo negro e também se divertiam vendo o Black aterrorizado com a possibilidade do segredo ser revelado dessa maneira.

       - Sam, não brinque comigo! – ele alertou, seus olhos deixavam claro que haveria consequências caso não tivesse sua ordem respeitada.

      Renesmee se mexeu após ouvir claramente o som da voz de Jacob, em um tom autoritário que até então ela não o ouvirá falar.

       - Jake, com quem está falando? – ela quis saber, abrindo os olhos lentamente, se dando conta que havia sido mais do que um cochilo ali.

     Ele não soube o que responder a ela, porém Sam já estava preparado para algo assim. Entre todos, ele era sempre o mais preparado.

      - Bom noite Renesmee – saudou Sam, já usando seu uniforme de guarda florestal. Ela sentiu suas bochechas queimando, imaginando que eles não teriam permissão de estar naquele lugar. – Eu vi luzes dos faróis acessos resolvi verificar quem estava no penhasco.

       - Não se preocupe oficial - ela procurou pelo nome do guarda na própria roupa, não se lembrava se o conhecia ou não mas com certeza não recordava o nome dele. – Uley, já estamos de saída.

      - Isso, já estávamos indo mesmo.- respondeu Jacob contrariado, o olhar que ele lançou pra Sam deixou claro que haveria algum tipo de revide por Sam atrapalhar aquele momento.

       Hoje ele não voltaria para a reserva, iria dormir novamente no apartamento da cidade que ficava justamente em frente ao apartamento alugado por ela. Em frente a própria porta, procurando em sua bolsa a sua cópia da chave pois não queria acordar a irmã e o cunhado que haviam ficado pra dormir ali, Jacob a assistia vasculhar cada centímetro da bolsa preta.

    - Espero que tenha gostado da noite – ele disse por fim, ao ver ela com as chaves na mão

    - Tão boa como a própria companhia. – nem ela esperava que essas palavras saíssem com tanta naturalidade de seu lábios. E ele amou o que ouviu, poucas coisas podiam fazer ele mais feliz do que aquela frase dita pelos lábios rosados. Ele deu um passo a frente, a encurralado entre a parede do próprio apartamento e ele mesmo.

      Sua mão esquerda espalmou na parede bem ao lado do rosto dela, enquanto a esquerda ia até sua nuca e a trazia mais para perto. Ele teria dito facilmente que a amava naquele mesmo instante, porém o medo de um efeito contrário foi maior que o seu desejo de se declarar.

Até então, não havia provado felicidade maior.

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         “ Bom dia Forks” a voz tão conhecida no rádio preenchia novamente a recepção do consultório de Claire. Naquele horário não havia pacientes, ela voltava de sua verificação de seus pacientes de quatro patas que haviam sido operados nos últimos dias e estavam sobre observação, alguns receberiam alta hoje mesmo. Sua irmã mais velha parecia ter encontrado de fato a felicidade com Paul, se permitiu pensar se seria assim com ela também quando aceitasse ir adiante com o casamento. Se fosse pelo desejo do noivo, eles já estariam casados.

      Emily, sua assistente, surgiu um pouco atrasada naquela manhã. Pela cara que ela fazia a Black já podia imaginar do que se tratava. Sam não queria que a esposa grávida continuasse a trabalhar principalmente quando tinha que dirigir até a cidade todos os dias. Não que Claire discordansse totalmente da superproteção que os seus destinavam as suas escolhidas, mas aquilo era o suficiente para ela não aceitar se casar e muito menos pensar em engravidar agora. Diferente de Emily, se ela engravidar de Quil, nem sua mãe permitiria que ela saísse da reserva se não para consultas e Jacob seria capaz de contratar um obstetra para cuidar dela na reserva mesmo. Ela podia até não continuar carregando o sobrenome de seu pai – coisa que achava ridículo, mas seu povo mantinha as tradições patriarcais – mas mesmo casada carregaria o sangue de Ephraim Black dentro dela, e não havia nada mais sagrado do que manter essas crianças em segurança. O mesmo aconteceria com Rachel.

        Se perguntou como seria se e quando o mesmo acontecesse para Renesmee, alguém que não é uma Quileute não entenderia tais tradições. Ela certamente demoraria a entender que a linhagem Black não pode desaparecer.

       - Sam novamente? – perguntou sem esperar realmente por uma resposta

      - Eu juro Claire, se ele continuar dessa maneira eu mesma vou esganar aquele lobo. Ele é bipolar, só pode! Uma hora me trata com delicadeza, diz que me entende e me apoia em tudo. Mas, é só me vestir para trabalhar que o homem muda...acredita que ele tentou sumir com minhas chaves do carro? Até parece que ele não me conhece!

       - Como você chegou aqui?

        - Andei um pouco até a estrada com ele na minha cola, peguei carona com a sua irmã.

   Claire gargalhou, imaginando a cara que Sam deve ter feito.

         - Sei que ele foi ridículo, mas você sabe que esse bebê é o futuro do nosso povo não é? Ele só está tentando manter vocês em segurança.

        - Ele que tente essa gracinha novamente, e terá que brigar na justiça pelo direito de visitação ao filho.

    Claire não teve tempo para responder aquilo. Embora Emily estivesse habituada e soubesse cada segredo dos Quileutes, ainda assim ela não era um deles. Era uma Makah, a mulher de longos cabelos negros de lisos não havia crescido sabendo que poderia ser a escolhida de um dos lobos, e que se fosse estaria eternamente ligada aquele povo e seus costumes e tradições, tendo que cumprir seu papel.

~~☆~~

       Almoço de domingo na casa da sogra poucos dias depois do primeiro beijo a beira do penhasco. Um frio percorria todo o corpo da mulher, e não tinha nada haver com a chuva forte que caia lá fora durante toda a madrugada. Por incontáveis vezes esteve naquela casa, em todas elas estava lá como a amiga de Claire, hoje iria como cunhada e não sabia ao certo como Sarah Black estava lidando com a situação, ou se sabia que ela era a convidada da filho. Ela sabia que a senhora Black era quase tão conservadora quanto a própria mãe, qual seria a reação dela ao saber que o filho namorava uma mulher que tinha uma filha?

      Bella, Alice e Rosalie tentaram fazer com que tais dúvidas fossem esquecidas por ela. No fim, o que valia era se Jacob aceitava ou não a sua menina com o resto da família ela só precisaria lidar em datas especiais.

     - Depois do modo como vi Jacob tratar minha afilhada , sei que ele mesmo não deixara que ninguém a trate mal. – comentou Bella enquanto amarrava os cabelos da pequena em um rabo de cavalo. Elas tinham passado a noite na mansão, já que a tempestade impossibilitou que elas retornassem para a cidade.

      - Ontem ela chamou Jacob de pai. – Renesmee confessou baixinho, não se sentia bem e precisou corrigir a filha de imediato após isso- Disse a ela que ele era o tio Jay e não o pai.

     - E aí? – Alice queria saber o desenrolar da estória

     - Eu disse o que sempre digo, que o papai dela se chama Alec e que ele tá no céu olhando ela lá de cima- suspirou pesadamente. - Ela não gostou, insiste que era o papai Jay agora.

       A menina foi liberada por Bella e Judith recebeu um sinal sutil de Esme para levar a menina para outro lugar.

      - Alguma coisa a levou a dizer isso, ela sempre o tratou como tio Jay.

      Não houve resposta, Renesmee não fazia ideia de como sua menina tinha chegado a isso. Jacob cuidava e a tratava bem sim, mas seus irmãos e pai também faziam o mesmo pela pequena.

      - Foi Emmett – Rosalie inseriu – Ela deve ter ouvido quando ele disse que Jacob seria o pai de Lara em pouco tempo.

      - Rose, querida, você ficará viúva antes de se casar pois eu juro que vou matar o Emmett.