Entre desafios e conquistas escrita por Pinkie Bye


Capítulo 2
Deja vu


Notas iniciais do capítulo

Alerta de gatilho: Bullying e agressão física!



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A CHUVA havia chegado em Gotham City e junto a ela o frio. Darren estava bem agasalhado naquela manhã, era intervalo e procurou um lugar mais calmo para se refugiar, como a biblioteca. Ela estava vazia e silenciosa como de costume, sentou-se em uma mesa afastada. Colocou os livros pesados na mesa e suspirou. Garfield havia os indicados, eram calhamaços cheios de explicação de fórmulas e cálculos. Correu o olhar na mesma página por quase 10 minutos e deitou-se em cima das páginas.

— Essa linguagem alienígena é realmente irritante.

— Pelo visto, você ainda tá nessa. — Uma doce voz familiar o fez levantar a cabeça.

Era Enid, com a mão nos seus lindos cabelos coloridos e seu suéter vinho, por um momento sentiu um deja-vu. Suas bochechas esquentarem.

— Ah, é você — Fingiu voltar a leitura.

— Você já foi mais receptivo. Posso sentar do seu lado?

— Claro. — Deu de ombros.

Enid se sentou à mesa, folheando um livro azul que trouxe consigo. Observou discretamente e notou que se tratava de “A bússola de Ouro” de Philip Pullman. Deveria se tratar de fantasia, o gênero preferido dela. Lembrava-se com nitidez quando ela o forçou a assistir a série “His Dark Materials” inteira num final de semana.

Bons tempos!

Sentiu um misto de surpresa e conforto com sua presença. Era estranho vê-la puxar assunto depois de tanto tempo.

— O que está tentando desvendar aqui? — Enid quebrou o silêncio, apontando para a pilha de livros.

Darren hesitou por um momento.

— Matemática. Parece que o universo conspira contra mim quando tento entender esses números todos. — explicou, olhando para as páginas repletas de equações.

Enid assentiu, um sorriso compreensivo nos lábios.

— Eu te entendo, sabe? Não que eu tenha grandes habilidades com números, mas essas coisas sempre parecem ter suas próprias regras. Às vezes é complicado mesmo. E convenhamos, entender o que a professora Velma diz é um verdadeiro mistério. — Enid disse e os dois riram.

— Verdade.

Ficaram num silêncio quase desconfortável. Enid focou na leitura. Por um momento, Darren se viu paralisado e sorrindo bobo analisando-a concentrada na leitura. Mesmo estando hipnotizada por alienígenas, ela parecia sua velha amiga naquele momento.

— Então, como vai a vida? — Perguntou, sem tirar a atenção do livro.

— Normal.

— Seu irmão se recuperou da cirurgia. Ele fez o que mesmo?

— Postectomia.

— Ah!

Ela riu com vontade.

— Brincadeira! Era do pé, ele torceu saltando a distância, na aula de Educação Física, lembra? Agora é esperar a recuperação e fazer fisioterapia. O Xavier vai superar essa.

— Que bom!

— Bom... eu vou dar uma festa sábado agora, chamei uma galera da escola e queria que você fosse, se estiver interessado, é claro.

— Eu vou! — Se sobressaltou. — Que horas vai ser?

— Começa às 19hrs.

— Enid? — Um rapaz alto, branco, com os músculos do braço quase definitos, de topete grande e castanho, a chamou. Era o babaca do Vance Nickerson. Darren se segurou para não revirar os olhos. — Estamos atrasados!

— Ele é a minha dupla de química. — Enid explicou, embaraçada. Se levantou e colocou a bolsa de volta no ombro, no qual Vance fez questão de utilizar para puxá-la para mais perto. Darren se irritou: Ele não percebia que poderia machucá-la daquele jeito?

— Você não deve nenhuma explicação para ele.

— Para, deixa de ser chato! — Ela ralhou. Vance a olhou com irritação.

— Combinado? — Voltou-se para Darren, sorrindo.

— Combinado.

— Te vejo lá. — Me mandou um beijinho e deu as costas. Vance foi atrás dela.

— Ver aonde? — Ele saiu perguntando, batendo os pés no chão.

— Espero que não tenha trago problemas para ela. — Darren pensou, mas não conseguiu mais focar na leitura.

[...]

Por que a cafeteria tinha que ser tão distante?

Garfield havia marcado a primeira aula na cafeteria antes de começar seu turno. Naquele dia, as aulas foram suspensas devido à nevasca, então Darren aproveitou para estudar. A batalha contra a matemática estava longe de terminar.

Enquanto caminhava, ouvindo “Dumb” do Nirvana nos fones de ouvido, notou passos rápidos se aproximando. A princípio, pensou que fosse imaginação, depois atribuiu aos alienígenas e no fim, até desejou que fossem eles… porque quando Vance e seus amigos o atacaram covardemente, percebeu que isso era muito pior do que uma abdução.

Caiu na neve, sentindo seus braços doerem ainda mais. Rapidamente, Peter e Michael o levantaram e o colocaram de frente para Vance. Todos cheiravam a cigarro.

— Roth, Roth… — repetiu Vance, com um palito entre os dentes amarelados. — Alguém já te disse que é errado cobiçar o que é dos outros?

— Eu não fiz nada…

— Cala a boca, seu merdinha. Eu ainda não terminei! — interrompeu. — Vou ser direto: Fique longe da minha Enid ou eu te mato!

— Não sei do que você está falando.

— Não se faça de desentendido. Eu vi como vocês se olharam hoje. Você acha que a reputação de corno combina comigo? Quero que fique longe dela!

— Você está paranoico, ela nunca iria querer nada comigo.

“Quem me dera” completou mentalmente.

— Escute bem, moleque. Fique longe dela agora, ou…

— Você é tão inseguro assim, Vance? Não sabia que pessoas como você conseguiam se sentir insuficientes por trás das máscaras…

Como resposta, recebeu um soco no estômago. Dobrou-se para frente e sentiu os olhos lacrimejarem. O ar escapou de seus pulmões. Com dificuldade, inspirou com força.

Ouviu uma risada, era Morgan Voight, um garoto mais velho, que poderia ser mais assustador do que Vance. Era conhecido na cidade como O Psicopata. Segundo Evellyn Voight, sua irmã mais nova, ele matou todos os seus gatos e cachorros durante a infância e atirou no ombro dela quando tinha 8 anos, por “acidente”, enquanto ela dormia numa tarde de domingo. Estavam sozinhos e ele se incomodou com o choro dela.

— Morgan, acho que nosso amigo aqui precisa de uma lição — disse Vance, com um sorriso cruel.

Vance deu um passo para trás. Ele acenou para Peter e Michael, que seguraram Roth com mais força.

Morgan avançou, seus olhos brilhando com uma luz doentia. Desferiu uma sequência de socos em sua barriga e rosto. Darren só pôde fechar os olhos com força e torcer para que acabasse logo.

Peter e Michael o jogaram no chão. A dor pulsava em seu corpo enquanto ele lutava para respirar. Ele podia sentir o sangue escorrendo de seu nariz e o gosto metálico em sua boca. Ele estava quase sem forças, a escuridão começando a se fechar em torno dele.

De repente, duas figuras surgiram das sombras.

— Darren! — Era a voz de Garfield gritando, vindo em sua direção. — Se afastem dele!

— Ou o quê?

— Ou eu envio esse vídeo exclusivamente para o seu pai, Nickerson. — disse o dono da cafeteria. Pelo que se lembrava, seu nome era Dick Grayson. O rosto de Vance pareceu ficar dois tons mais pálido. — Ou devo enviar para o meu? Seria uma pena, seu pai é um dos nossos funcionários mais virtuosos, uma vergonha pra ele você ser um covarde. Você tem sorte de ainda ser menor de idade, senão teria que acertar as contas comigo.

Morgan deu um passo à frente, mas Vance o impediu.

— Por favor, não prejudique o meu pai, esse emprego é a única coisa que temos. — Vance disse, com a voz fria.

— Deveria ter pensado nisso antes de agredir covardemente um garoto. — disparou Dick. — Nos vemos na delegacia.

Vance, como qualquer garoto de 14 anos faria, saiu correndo. Os comparsas recuaram, lançando olhares ameaçadores para Darren, Garfield e Richard antes de também fugirem pelo beco.

— Covardes. — murmurou Dick.

— Ei, cara, você está bem? — Garfield chamou. Darren estava deitado em seus braços. — Fica comigo, amigo, acabei de chamar o resgate. Eu estou aqui.

— Obrigado — Ele conseguiu murmurar, dando um sorriso fraco.


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Notas finais do capítulo

Os dias estão difíceis para o nosso menino Darren, mas não se preocupem, dias melhores virão!
Beijos ♥ Até mais!



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