Entre desafios e conquistas escrita por Pinkie Bye


Capítulo 1
Prólogo; Estúpida prova de matemática


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi amores, tudo bem? ♥

Hoje venho com esse spin-off de "Entre aromas e cafés", focado no irmão da Rachel, Darren, que estava engavetada há mais de 1 ano.
Aproveitei que estava acontecendo o "Desafio de Solstício de Verão de 2023", também conhecido como "Desafio 10k" do grupo do Nyah! Fanfiction no facebook, para fazer esse projeto acontecer. O desafio acontece do dia 01/12 até 22/12 e a história tem que conter exatas 10 mil palavras. Estou escrevendo desde o primeiro dia, mas estava esperando ter 50% da história escrita para poder postar.

E é isso, espero que gostem do nosso Darren e da sua jornada de autodescobrimento. Ainda essa semana darei as caras novamente. Até! ♥



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SE HÁ EXATO TRÊS MESES alguém contasse para Darren que a matemática poderia se tornar tão complicada na sexta série, ele não teria acreditado. Agora, lá estava ele, precisando fazer recuperação exatamente naquela matéria que ele dominou tanto no passado.

Ao pegar a prova em suas mãos e ler as questões, teve o pressentimento de que seria um desastre total. Ele não sabia como chegar aos resultados e nunca foi bom em chutar respostas. Isso só poderia ser coisa dos alienígenas!

O resultado? Um enorme quatro vermelho no boletim.

Sabia que sua mãe iria ficar furiosa.

Ele reconhecia que deveria ter se esforçado mais, estudado até mais tarde em vez de assistir gameplays no YouTube ou ficar jogando Subnautica até de madrugada. No entanto, ele não podia negar que a professora Velma também tinha sua parcela de culpa, mesmo que indiretamente. Por mais que ele se esforçasse para se concentrar, não conseguia aprender com a metodologia que ela aplicava.

Era só texto, texto e mais texto. Além disso, a voz rouca dela e as explicações superficiais faziam com que ele cochilasse levemente durante a aula. Rascunhar desenhos na última página do caderno parecia muito mais convidativo.

— E, sem reclamações, esses foram os resultados de vocês. — A professora anunciou, retornando à sua mesa com um suspiro cansado.

A Sra. Velma era uma mulher de meia-idade, com origem latina, pele morena e cabelos curtos castanhos. Na ponta do nariz, ela usava óculos de grau com uma armação quadrada.

— Quero que os boletins sejam devolvidos na segunda-feira, assinados! — Ela enfatizou. Os alunos resmungaram baixinho.

Pelo visto, não sou o único em apuros aqui. — Darren sussurrou para si mesmo.

— Bem, vocês estão liberados, turma. Tenham um bom final de semana. — declarou, e a sala começou a esvaziar.

Desanimado, Darren guardou suas coisas e saiu sem pressa da sala. No caminho até o portão, viu aquela que costumava ser sua melhor amiga, Enid Reynolds, envolvida em uma conversa animada com um grupo de estudantes mais velhos e populares. Tinha certeza de que ela fora substituída por alienígenas.

As provas? Ela mudou radicalmente num piscar de olhos! Cortou os longos cabelos loiros e os tingiu de rosa, depois mudou as roupas pretas por vestidos e maquiagem e parou de conversar com ele para conversar com aqueles populares superficiais, sem aviso prévio. Eles também apresentavam uma alta tendência de serem alienígenas.

Por um instante breve, seus olhares se encontraram, mas ambos desviaram rapidamente, acreditando não terem sido percebidos um pelo outro. Darren apertou a alça de sua bolsa e atravessou os portões.

Os vividos olhos verdes pareciam os mesmos, mas ao mesmo tempo parecia tão distantes...

O trajeto para casa estava banhado pelo sol radiante, iluminando belos jardins repletos de flores desabrochadas. Borboletas coloridas dançavam graciosamente no ar, adicionando uma dose de encanto à atmosfera primaveril que permeava a agitada Gotham City. O aroma suave das flores impregnava o ar, transformando o ambiente urbano em um refúgio de beleza natural. A estação cumpria o seu papel com maestria.

Entretanto, sabia que à medida que o sol se punha, a paisagem sofreria uma transformação. A noite descia sobre a cidade com sua aura gótica e nebulosa. O calor do dia daria lugar a uma brisa fresca, trazendo consigo a sensação de uma noite gelada. As ruas, agora iluminadas pelas luzes da cidade, ganhariam uma atmosfera misteriosa e cativante.

Era quando os alienígenas atuavam!

Isso criava um contraste fascinante aos seus olhos azuis.

Ao adentrar sua residência, uma sensação de melancolia envolveu Darren, como se a noite tivesse chegado mais cedo ali. Sua mãe — que presumiu ter acabado de chegar do trabalho, devido aos sapatos sujos na soleira da porta — estava debruçada sobre a mesa, cercada por três garrafas vazias.

Conseguiu ouvir os roncos profundos da mãe, foi para cozinha e viu que as panelas no fogão continham comida pronta.

Com cuidado para não a perturbar, Darren se serviu e seguiu para seu quarto, onde se dedicaria a resolver uma lista de exercícios de língua inglesa até que sua irmã retornasse do trabalho.

[...]

Acordou do cochilo assim que ouviu a porta da sala sendo aberta. Mal tinha conseguido responder as cinco questões antes de pegar no sono. Suspirou fundo.

“Vou ter que terminar mais tarde”, pensou consigo mesmo.

Saindo do quarto, deparou-se com sua irmã, Rachel, na cozinha preparando um lanche, conversando ao telefone.

— Acabei de chegar, amor. A Angela saiu de novo. Deve ter ido ao bar, sei lá… — disse, abrindo a porta da geladeira e pegando um pote de manteiga de amendoim.

— Garfield… — Concluiu, revirando os olhos.

Por alguma razão, simplesmente não conseguia gostar do namorado de sua irmã. Havia uma estranha desconfiança em relação a ele. Quem sabe ele não fosse um alienígena prestes a abduzir Rachel para realizar estudos bizarros, onde em seguida iria substituí-la por um clone sem personalidade, assim como haviam feito com Enid.

— Rae? — Darren chamou, Rachel se voltou para ele. — Você tá ocupada? Posso falar com você?

— Claro, meu anjo. — Ela respondeu, afastando o celular do ouvido e cobrindo o microfone com a mão. — Um minuto. — Voltou para perto do aparelho. — Amor, vou ter que desligar, meu irmão precisa de mim. Logo eu volto. Também te amo! — E desligou.

Se aproximou do irmão, deixando o sanduíche de manteiga de amendoim inacabado.

— O que você precisa conversar comigo?

— Primeiro, você precisa me prometer que não vai contar nada para mamãe.

— Depende, se não for algo muito sério, podemos manter isso só entre nós.

— Ok.

— Mas antes, você já jantou?

— Ainda não.

— Certo, vou terminar esse sanduíche rapidinho e então conversamos.

— Tudo bem, fica tranquila.

Ele se sentou à mesa, observando a irmã com atenção. Embora achasse aquele alienígena estranho, não podia negar que ele trouxera um novo brilho aos olhos de Rachel, assim como Enid parecia ter na escola. Desde que iniciara aquele relacionamento, Rachel parecia feliz, como se seus problemas tivessem miraculosamente se tornado mais leves. Qual seria o segredo dos alienígenas? Ele também gostaria de experimentar a fórmula que amenizava sua ansiedade e tristeza.

— Mamãe estava bebendo quando cheguei. — Ele revelou. — Ela não parou de beber desde que papai saiu de casa. — Puxou a manga da blusa de frio para cima, escondendo o hematoma em seu pulso. — E está ficando cada dia mais triste, como eu.

— Conviver com ela está se tornando mais difícil do que era.

— Ela não vai voltar para casa hoje, né?

— Parece que não. — Com sua fala, Rachel percebeu o irmão abaixar a cabeça. — Mas, ei, você não está sozinho, você tem a mim.

— Sim, eu tenho... Rae, você conhece... ela?

— Quem?

— Cassie, a “ex-amante agora namorada” do papai.

— Cassie? Não, eu não a conheço pessoalmente. Só ouvi falar depois do divórcio. Por que você está perguntando sobre ela?

Darren hesitou por um momento, parecendo preocupado com a resposta que daria. Então, finalmente, ele decidiu compartilhar seus pensamentos.

— É que... eu acho estranho. Papai deixou nossa mãe por ela, e agora eles estão juntos. Eu me pergunto como ele pôde fazer isso conosco, Rae. E também, como ela consegue dormir a noite sabendo que destruiu o que restava de nossa família.

Rachel olhou para o irmão com compaixão em seus olhos.

— Darren, eu entendo como você se sente. É doloroso ver nossos pais se separarem e seguirem caminhos diferentes. É normal se sentir magoado e confuso com tudo isso. Você é um bebê. Mas, se lembre, não é responsabilidade da Cassie ou de qualquer outra pessoa o fim do relacionamento deles. As decisões que Trigger tomou são dele, e não podemos controlar isso.

Darren suspirou, parecendo lutar com suas emoções.

— Eu sei. É só que... tudo isso é tão injusto. Nossa mãe está descontrolada, e parece que papai não se importa mais conosco. E Cassie, nós nem conhecemos ela!

Rachel colocou uma mão carinhosa no ombro de Darren.

— Sei que é difícil aceitar essas mudanças, Darren. Por mais dura que seja, temos que ser fortes, não pela Angela, e muito menos pelo status e sim por nós mesmos.

Darren olhou nos olhos da irmã, buscando conforto e consolo.

— Só queria que as coisas voltassem ao normal, Rae. Que nossa família fosse como era antes.

Rachel abraçou Darren com ternura, tentando transmitir seu amor e apoio.

— Eu também sinto falta daquela época, Darren. Quando papai passava tempo em casa e mamãe não era alcoólatra. Mas às vezes, a vida nos coloca em situações difíceis que não podemos mudar. O importante é que estamos juntos, como irmãos, e vamos enfrentar esses desafios juntos. Você não está sozinho nisso.

Darren apertou o abraço, sentindo-se reconfortado pela presença de sua irmã.

— Obrigado, Rae. Eu sou grato por ter você ao meu lado.

— Agora uma pergunta, era só isso que você queria conversar comigo?

— Na verdade, não — Se encolheu entre os ombros. — O que eu preciso falar com você está relacionado à escola, mais especificamente com o meu boletim de Matemática...

— Tirou nota baixa?

Darren assentiu.

— E agora tá com medo que a Angela descubra e surte com você. — Rachel completou.

— Você me conhece melhor que ninguém. Ela costuma tomar atitudes drásticas quando fica frustrada. — Ele disse, olhando para o pulso.

— Olha, vamos encontrar uma solução para isso. Para tudo isso. — Rachel beijou seu pulso. — Estou economizando dinheiro e em breve vamos, nós dois, sair debaixo do mesmo teto que a Angela, está bem? Ela nunca mais vai te machucar.

Darren olhou para Rachel, seus olhos marejados. E a abraçou mais uma vez, com mais força. Sendo retribuído na mesma intensidade.

— Eu te amo, Rae.

— Eu também te amo, irmãozinho.

Ao desfazer o abraço, Darren soltou:

— Agora eu preciso terminar minha lição de casa. Sabe como é, não posso arriscar que os aliens conspirem para que eu fique com vermelho em mais uma matéria. — informou, pegando um dos sanduíches.

Rachel se segurou para não rir.

— Você e esse seu papo de alienígena.

— Eles existem, tá bom?

— Quem sou eu pra desacreditar. — disse e viu o irmão saindo da cozinha.

Darren virou o corredor e Rachel comeu seu sanduiche, recolheu os pratos, deixou tudo limpinho e voltou para o celular. Discou para Garfield, que não demorou pra atender.

— Voltei.

— Darren está bem?

— Ah, o Darren está passando por um momento um pouco difícil. Ele tem TDAH e discalculia, sabe? Recentemente, ele tirou uma nota vermelha em matemática no boletim por causa disso.

— Nossa, sinto muito em ouvir isso. Também tenho TDAH, então eu sei como pode ser desafiador lidar com essas condições.

— Imagino como deve ser difícil.

— Em que ano na escola ele está?

— Sexta série.

— Eu sou razoável em matemática. Será que eu poderia ajudar o Darren a estudar? Talvez possamos encontrar uma maneira de tornar o processo de aprendizado um pouco mais fácil para ele.

— Sério, Gar? Isso é incrível da sua parte! Tenho certeza que o Darren vai adorar.

[...]

— Não! — Ele afirmou, carrancudo.

— Irmão, mas isso vai ser muito vantajoso pra você. — Rachel se sentou no puff de dinossauro, de frente a cama de Darren. — Sem contar que ninguém te entenderia melhor do que ele.

— Não confio nele.

— Por quê? Ele sempre te tratou tão bem.

— Porque ele pode tirar você de mim! Que nem a Cassie fez com o papai e o Vance fez com a Enid. Não quero ser substituído mais uma vez.

— Darren, eu sei que é difícil confiar depois do que aconteceu, mas o Gar não é como a Cassie ou o Vance. Ele está aqui para te ajudar, ele se importa verdadeiramente com você e nunca faria nada que te machucasse. — Rachel colocou a mão sobre o ombro de Darren, tentando transmitir confiança. — Ele entende pelo que você está passando e quer te ver crescer, não quer te tirar de mim.

Darren desviou o olhar, visivelmente tenso.

— Você não vai me perder, Darren. — Rachel tentou acalmar. — O Gar só vai auxiliar nos estudos, nada mais. Ele reconhece seu potencial e vai te ajudar a desenvolvê-lo da melhor maneira possível. Dê uma chance para ele, por favor.

Darren suspirou profundamente, os pensamentos tumultuados refletidos em seu semblante.

— Tudo bem, mas só porque confio em você. — Ele finalmente concordou, ainda com um leve resquício de desconfiança.

Rachel sorriu aliviada. Abraçou-o com carinho.

— Vai dar tudo certo, você vai ver.

— Assim espero. Caso eu seja aprovado, você me deve um jogo novo. — disse apontando para o Playstation 2, rindo.

— Vou pensar nisso. — Beijou sua testa. — Agora vai dormir.

Rachel saiu, apagou a luz. Darren olhou a janela e viu pontos brilhantes no céu. Talvez Garfield fosse um alienígena bom, que se diferenciava de sua espécie. Talvez, ele poderia ajudá-lo a trazer a velha Enid de volta.

Darren adormeceu, banhado de esperança.


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