5 meses depois...

—Tem certeza de que pegou tudo? -perguntou Elizabeth, preocupada.

—Tenho sim, mãe! -respondeu Hermione, terminando de fechar sua última mala. 

Era o dia da mudança para a faculdade. Hermione e Harry iriam estudar juntos em Rosemont College, haviam recebido as cartas há dois meses, um dia depois de se formarem no ensino médio. Obviamente ficaram muito felizes! E oportunidades para comemorarem não faltaram!  

—Não se esqueça de ligar pelo menos uma vez por dia para dar notícias, pode ser? Eu e seu pai estamos muito felizes de ver nossa única filha indo para a faculdade, mas ainda não nos acostumamos com a ideia de ficar longe! 

Hermione abafou uma risadinha, ela gostava do carinho e do cuidado que seus pais tinham consigo. 

—Pode deixar, mãe, e vamos vir para cá nas férias e alguns finais de semana também! Não se preocupe! 

Abraçou a mãe, que retribuiu o abraço. 

—Filha! Olha o que eu achei ontem no sótão!

A voz de Philip anunciou a sua chegada no quarto de Hermione, fazendo mãe e filha saírem do abraço e dar atenção ao homem. 

Ele segurava um porta retrato que continha uma fotografia de Hermione e Harry juntos, enlambuzados de sorvete. Na ocasião, era aniversário de 14 anos da garota, e ela havia feito uma festinha no jardim de sua casa e chamado apenas as pessoas mais próximas.

Hermione sorriu, ela se lembrava desse dia como se fosse ontem!

—Nossa pai... que relíquia! -disse, pegando o objeto das mãos do mais velho. 

—Eu achei que você e o Harry iriam gostar de ficar com ele, para decorar a casa de vocês. 

Hermione deu uma risadinha

—Pai! Nós não vamos morar juntos, cada um terá seu dormitório! 

—Pode até ser... mas algum dia vocês irão se casar e esse porta retrato estará na sala de estar! 

—Ah pai, ainda está muito cedo para pensarmos em casamento... mas obrigada mesmo assim! 

O abraçou, deixando algumas lágrimas caírem em seu rosto, e o limpou logo em seguida, quando saiu dos braços do pai. 

Desceram as escadas após ouvirem a campainha tocar. Hermione abriu a porta e sorriu ao ver quem se encontrava em sua frente. 

Harry a cumprimentou com um selinho rápido. 

—Desculpe pela demora. Eu resolvi passar no mercado, estava afim de comprar algumas coisas para a gente comer no caminho! 

—Está tudo bem. Você chegou na hora certa! Me ajuda com as malas? 

—Ajudo sim! 

Sorriram e então Harry entrou na casa. Cumprimentou os sogros e pegou duas malas, enquanto Hermione pegava mais duas e seus pais mais duas. Sendo seis no total! 

Levaram para o porta malas do carro e Hermione se surpreendeu ao ver que tudo coube perfeitamente. Após terem cumprido essa tarefa, cada um foi até seus pais. 

—Bom, chegou a hora mãe... -disse Harry. 

—Sim meu filho, chegou a hora! 

Lily beijou a testa do mais novo, enquanto deixava algumas lágrimas caírem. 

—Seja muito feliz meu querido, e venha sempre nos visitar, ok? 

Harry assentiu. Ele não sabia exatamente o que dizer, então abraçou a mãe, enquanto mil memórias surgiram em sua mente. 

Após a despedida, os adolescentes entraram no carro e então Harry deu partida. 

Ligaram o rádio e uma música estava tocando, uma música que por algum motivo se encaixava na história dos jovens como casal. 

—Mione... tudo bem se a gente passar em um lugar antes? -perguntou Harry, quando o carro parou no sinal.- É que eu realmente preciso fazer uma coisa antes de irmos! 

Hermione refletiu por alguns instantes que lugar seria esse.

—Claro! Mas qual é esse lugar? 

—Você já vai saber!

E deu partida novamente, quando o sinal abriu.

                         •• ★★••

O jovem senhor Potter estacionou o carro embaixo de uma árvore. 

—Tem certeza de que não quer que eu vá com você? -perguntou Hermione, ao ver aonde haviam parado. 

—Tenho sim. Isso é algo que só eu posso fazer! -respondeu Harry. 

—Ok, então eu vou ficar aqui te esperando! 

Harry assentiu e deu um beijo na testa da namorada, saindo do carro logo depois. 

Atravessou a rua e entrou no cemitério. Era a primeira vez que visitava o túmulo do pai desde sua morte. E por incrível que pareça, não estava nervoso, muito menos receoso, até porque, ele sentia que não podia sair da cidade sem se despedir de seu pai. 

Era agora ou nunca! 

Se posicionou em frente ao memorial e leu o que nele estava escrito: 

      Em memória de James Potter

                     1965 - 2003 

"Aqueles que nos amam nunca nos deixam de verdade, e sempre podemos encontrá-los em nossos corações."

Deixou uma lágrima cair, se lembrava perfeitamente que a frase do túmulo havia sido escrita por Sirius, um grande amigo de seu pai. Olhou fixamente para ele, imaginando James em pé diante de si. 

—Oi pai... como o senhor está? Eu estou bem, estou me mudando para a faculdade hoje! -sorriu- Pois é, esse dia finalmente chegou! Me lembro muito bem de quando o senhor ficava fazendo planos para esse dia, dizia que iríamos juntos cantando Bee Gees e Coldplay no caminho. -fez uma pausa- Mas isso nunca pôde acontecer! -olhou rapidamente para o céu, achava muito estranho e assustador o fato de no final, um ser humano se tornar apenas um pedaço de mármore no chão- E eu... eu cresci! Já não sou mais aquele menino de 12 anos. Hoje eu já tenho 18 e me formei no ensino médio, encontrei o amor e agora estou indo para a faculdade junto com a minha namorada. O senhor deve se lembrar dela, é a Hermione. -sorriu- Demorei muito para perceber que nos amávamos, mas quando finalmente abri os olhos, eu entendi muita coisa! Começamos a namorar há cinco meses, mas eu já tenho a plena convicção de que é com ela que quero passar o resto da minha vida! E por isso eu estou feliz pai, porque eu finalmente entendi o que o senhor e a mamãe diziam sobre o amor, eu finalmente entendo como é amar alguém como vocês se amaram! -fez outra pausa- E eu queria muito que o senhor estivesse aqui para ver tudo isso! Eu sinto tanto sua falta! E estou aqui hoje dizendo essas coisas por dois motivos: o primeiro é que eu queria que soubesse de todas as coisas que têm acontecido na minha vida recentemente. E o segundo é que eu simplesmente não poderia sair da cidade sem me despedir. Sabe, é a primeira vez que venho aqui desde que tudo aconteceu... a mamãe vem três vezes por mês, e sempre me chamou para vir junto, mas eu nunca quis. Eu pensei que evitando essa visita eu conseguiria lidar melhor com a saudade, mas eu estava enganado, porque todos os dias eu penso sobre você e choro em quase todos eles. -checou o relógio no pulso- Eu preciso ir agora, falta quase duas horas para escurecer e eu não gosto de dirigir a noite. Muito obrigado por tudo, eu te amo pai! E prometo ser um advogado tão bom quanto você foi e a mamãe é! 

Suspirou, limpou algumas lágrimas que haviam sido derramadas sob suas bochechas, e seguiu rumo a saída daquele lugar tão triste. Tirou um frasco de álcool em gel do bolso da calça, passou um pouco nas mãos, atravessou a rua e entrou no carro. 

—E então, como foi? -perguntou Hermione. 

—Normal... me senti triste sim, mas ao mesmo tempo livre, entende? 

—É claro que entendo! 

Harry sorriu e colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha

—Eu falei de você pra ele! 

—É sério? -perguntou Hermione, sorrindo. 

—Sim! Eu disse que eu finalmente havia encontrado o amor e que tudo o que eu mais quero é passar o resto da minha vida ao seu lado! 

—É tudo o que eu mais quero também! -beijou rapidamente a ponta do nariz dele- E antes que eu me esqueça, -abriu a bolsa que estava em seu colo- olha o que o meu pai encontrou no sótão;

Mostrou a ele o porta retrato, o que o deixou surpreso. 

—Puxa! Eu havia me esquecido da existência dessa foto! -deu uma risadinha.

—Eu também! -Hermione o acompanhou na risada. Ele disse que quando a gente se casar, é pra colocar essa foto na sala de estar da nossa casa. Não sei porquê ele disse isso, mas é uma foto fofa, não é?

—É sim! Foi no seu aniversário de 14, não é? 

Hermione assentiu e guardou o objeto em sua bolsa novamente

—Mas agora vamos? -sugeriu a garota- Temos muita coisa para organizar por lá! 

—Só se for agora! 

Harry deu partida no carro, Hermione ligou novamente o rádio, e seguiram viagem rumo ao futuro que os aguardava.