Os Pecados de uma Família escrita por Pedroofthrones


Capítulo 6
Ruínas


Notas iniciais do capítulo

Este cap seria maior, mas resolvi encurtá-lo.

A próxima parte será postada em breve :)

E desculpem-me pela demora, estes caps são longos e tento pensar o máximo possível nos detalhes para a trama!



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Isolde acordou em seu belo quarto na mansão dos Gyonel, com seu marido a puxando para perto de si, beijando-lhe o pescoço e as bochechas. Helena era uma mulher de sorte, seu marido tinha uma imensa mansão, com vários quartos, um jardim gigante e com um vasto hectare de terras cercando tudo além de onde era possível ver.

Agravaine a beijou na boca e ela abriu os lábios para sentir a língua dele, como sempre fazia. Seu marido logo ficou por cima dela e ela o abraçou, enquanto ele se empurrava para dentro dela.

Quando ele terminou, rolou para fora dela, Seu peito liso estava todo suado pela transa e sua respiração acelerada. Apoiou a cabeça com o braço direito, para olhar nos olhos púrpuras de sua esposa. Olhos da Deusa.

— Bom dia, amor — Ele disse, quase sem fôlego.

Apesar do prazer que estava sentindo, Isolde ainda estava se sentindo cansada e queria dormir mais.

— Já temos mesmo que acordar? — Ela reclamou. — Estou cansada da viagem.

Seu marido riu e colocou dois dedos em um dos mamilos de seus seios, brincando com ele, como sempre fazia.

— Já vai dar dez da manhã, amor — Ele explicou. — Sempre acordamos nessa hora, lembra? Vou fazer o seu tônico.

Ela fez um grunhido, irritada. Se virou e cobriu parte da cabeça com o travesseiro. Isso fez Agravaine soltar mais uma gargalhada. Ele passou um braço e uma perna por cima dela. Após lhe dar um beijo e um chupão no pescoço, ele disse:

— Vou me arrumar, logo uma empregada chega para lhe vestir — Ele disse, levantando-se. Isolde recebia apenas empregadas para lhe atender, pois se sentia mais segura do que com homens.

Ainda sem roupa, Agravaine pegou dois copos de cristal vermelho e os colocou no aparador ao lado da enorme cama, em cima de um braseiro elétrico ligado na tomada. Encheu os recipientes com água da vida — uma forte bebida alcoólica das terras do Norte da Bretanha, que abria a mente e ajudava na saúde — e colocou uma folha de beladona nos dois copos. Para finalizar, colocou uma folhas moídas de erva do inferno, canela e a erva afrodisíaca no líquido. Ao entrar em contato com a bebida quente, a erva roxa fez “sshh…” e se dissolveu, deixando todo o líquido dos recipientes em um tom de roxo profundo, quase negro.

Ele desligou o braseiro e pegou os dois copos e entregou um para a esposa. Ambos brindaram e viraram os copos nos lábios, jogando a cabeça para trás e vertendo o líquido para dentro da boca. A bebida tinha um gosto forte, fazendo com que todos que bebessem-na fizessem uma careta. O líquido queimou a garganta do marido e da mulher, que logo sentiram a cabeça ficar leve e um arrepio percorreu o corpo de ambos. Agravaine meneou a cabeça por um instante, agitando-a por um instante, por causa da sensação. Logo, sentiu-se flutuar, como de costume e sorriu, alegre com a sensação. Por sorte, era mais resistente a bebidas de gosto muito fortes e estava acostumado a segurar o vômito, tendo sido ensinado isso no Santuário. Isolde esticou o copo em sua direção e ele pegou, deixando os dois recipientes em cima do braseiro.

Isolde sentiu sua barriga arder, podendo sentir o caminho do líquido queimando tudo em seu caminho. Sentiu um forte enjoo, mas segurou. Estava acostumada a tal sensação, e desde muito cedo aprendera a fazer jejuns e aguentar refluxos estomacais.

Entretanto, desta vez, estava realmente tonta. Tudo pareceu girar e ela achou que não ia segurar o vômito. Deu um enjoativo e sentiu o corpo pesar. Deu uma tossida, sentindo a garganta coçar.

Sangue. Ela via sangue. Sangue encharcando seda rosa. De repente, podia sentir doze dedos fortes apertando a sua traqueia, mas não conseguia se desvencilhar deles.

O marido virou-se e a encarou com os olhos incompatíveis, preocupado. Ele rapidamente pegou uma jarra d' água que tinha ao lado do braseiro e verteu o conteúdo que havia dentro num copo de vidro. Ele falou para a esposa deitar e ofereceu o líquido.

“Ninguém vai saber” ela ouviu seu marido dizer, mas não para ela. Estava distante. “Dê um fim nele”.

— Isolde? — Agravaine indagou ao ver que ela não abria os olhos e nem bebia a água oferecida. — Amor, beba, rápido!

“Uma pena jovens perderem a vida tão cedo” a voz dele dizia em sua mente, distante. “Tão nova, e tão bela… Drogas estragam tudo. Ah, esses jovens…”. Sentiu uma dor no braço, como se alguém os agarrasse, com força. Sentia algo entrando em suas veias, queimando-a por dentro.

Isolde pegou o copo de vidro nas mãos, com o marido ainda o segurando, enquanto ainda estava tossindo, e ergueu um pouco a cabeça do travesseiro, franzindo os lábios para beber, com dificuldade.

“Eu só estou aqui para ajudar o meu cunhado no que ele precisar…”

Quando ela sugou a água, sentiu o líquido passar pela sua boca e correr pela sua garganta, como um rio, livre. Bebeu avidamente, sentindo as lágrimas. Ouviu alguém batendo numa porta, desesperada, querendo sair, mas não era nenhuma porta dos aposentos onde estava, era uma porta distante, de um lugar escuro e quente. Estava tão abafado…

Isolde largou o copo, ainda tonta, e voltou a descansar a cabeça na mesa. Estava suando e sufocando, como se o quarto onde eles estavam não estivesse arejado.

Agravaine pousou o copo na mesinha e depois virou-se para encarar a esposa. Envolveu a mão dela com entre as suas e a ergueu um pouco.

— Pronto, pronto… — ele disse, dando leves tapinhas na mão dela, tentando acalmar ela e se acalmar. — Foi só um engasgo.

Ao abrir os olhos púrpuras, Isolde percebeu que não estava suando, e nem sufocava. O ar estava limpo, e a luz do sol lá fora enchia o enorme cômodo.

Suspirando, ela se ergueu, tentando sentar-se na cama. Seu marido colocou uma mão no ombro dela, tentando fazê-la deitar-se novamente.

— Vai com calma — ele pediu —, você está ton…

— Estou bem — ela o cortou, sentindo a garganta estar livre novamente. — Por favor, me deixe respirar um pouco.

Agravaine assentiu e se levantou, dando espaço para ela respirar e erguer-se. Quando sentou-se na cama, Isolde olhou para os pulsos, onde antes sentia dedos apertarem sua pele com força.

Nada. Nenhum hematoma ou arranhão. Sua pele escura tinha apenas os pelos corporais para fazer companhia, sem nada fora do comum. Ainda coisa que ainda sentia era o formigamento das costas.

— Está tudo bem, amore mio? — indagou Agravaine, ainda a observando. — Quer mais água?

Isolde meneou a cabeça, numa resposta negativa.

— Estou bem — garantiu. Afastou os lençois, mostrando o corpo nu. — Vou acender uns incensos…

Entretanto, antes que ela o fizesse, seu marido falou para ela descansar.

— Eu acendo — disse. — Espere a empregada trazer-lhe algo para comer.

Ela aquiesceu.

— Certo — olhou para o membro caído que pendia entre as pernas dele. — Só se cubra antes dela entrar.

O marido de Isolde colocou uma camisa de seda preta, com renda prateada. Um corte mostrava todo o seu peitoral pálido, sem botões para prender. Quando a empregada veio, ele estava colocando uma calça jeans desbotada.

A empregada era jovem, com um cabelo ruivo da cor de uma cenoura e cheia de sardas na pele branca. Em seus braços estava uma tábua com café da manhã de Isolde. Ela pareceu ficar um pouco sem graça ao ver Agravaine ainda de cueca, colocando a calça sem se importar com ela.

— Bom dia, senhor e senhora Grynn — Ela os saudou, mantendo a compostura. —Espero que tenham dormido e acordado bem.

Agravaine deu uma gargalhada.

— Existe modo melhor de amanhecer do que ao lado de uma boa beldade dessas — acenou com a cabeça para a esposa — e fazer sexo de manhã? Como não se sentir um homem complemento?

A jovem empregada assentiu com a cabeça e deu-lhe um meio-sorriso desconfortável. Suas bochechas pálidas estavam ficando vermelhas. Agravaine riu da reação dela.

— Está deixando a jovem desconfortável, querido — Isolde disse, sentando-se no colchão e recostando-se na cabeceira da cama. Fixou o olhar na moça. — Não dê atenção ao luxurioso do meu marido, minha cara. — Deixou a empregada colocar a tábua em seu colo. Tinha torradas, um pote de manteiga e outro de chocolate, uma xícara de café preto, e um açucareiro de prata polida cheio de cubos açúcar mascavo. Geralmente preferia frutos do mar, mas estava tudo com aspecto tão apetitoso que não poderia negar. Além do mais, seu estômago estava mais calmo e vazio.

Isolde pegou a faca e passou um pouco de manteiga numa das torradas. Deu uma mordida, saboreando o gosto crocante do pão. Após isso, pegou um talher pequeno e o usou para agarrar e derrubar três cubos de açúcar no café, depois pegou uma pequena colher de prata para diluir.

—Gostaria que eu já pegasse uma roupa para a senhora? — A serva indagou.

Isolde fez que sim com a cabeça. Era estranho para Isolde ser chamada de "senhora" com apenas vinte e poucos anos, mesmo que sempre fosse tratada assim quando visitava a mansão de Gareth, mas ela sabia que logo iria se acostumar com isso.

— Qual seu nome, querida? — perguntou Isolde para a empregada, que se dirigia até o seu guarda-roupa.

— Cwen, senhora — A moça ruiva respondeu, pegando um vestido vermelho envolto em uma película de plástico. Ela prendeu o cabide em um gancho no armário.

— Amor, nem sei porque perde tempo falando com ela — ralhou Agravaine, amarrando a bota de couro preto e cano alto. — Temos vários, nem vai se lembrar dela. — Ele foi até a esposa e deu-lhe um beijo nos lábios, lambendo a manteiga de seus lábios.

— Quer que eu prepare o teu banho? — indagou ele.

Isolde fez que não com a cabeça. Ele beijou-a na testa, na lua que havia alfinetada em sua pele marrom-escura.

— Acho que vou pegar um sol — disse. — Para garantir que estou bem.

O marido assentiu e se afastou dela. Olhou para a empregada.

— Vai, sai — ordenou. — Eu visto a minha esposa. Os peitos não são para você.

Enrubescida, a serva assentiu e saiu a passos largos.

Isolde franziu o cenho e olhou de soslaio para o marido.

— Que foi? — indagou, sorrindo com esgar da expressão dela. — Eu não menti! — Começou a rir.

 

X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

 

Brân, ainda de cueca, após terminar de gorgolejar e engolir seu tônico matinal, pegou a torrada que os empregados haviam deixado numa tigela de madeira com pernas para ele e foi até a janela de cristal, abrindo-a e saindo do quarto, entrando no parapeito. Parou de frente a balaustrada de pedra escura e de brilho opalino. Seus olhos oblíquos de prata varreram a imensidão, as colinas, montanhas, árvores, e as torres eólicas brancas, que agora brilhantes pareciam douradas ao refletirem o brilho do sol, e o girar lúgubre e interminável de suas hélices. Desde pequeno, percebeu que ele, assim como alguns de seus irmãos e sua mãe, podia ver bem de longe, e que seus olhos eram rápidos para se ajustar no escuro. Lera um pouco de biologia, e descobriu que isto era comum em alguns povos de Atlan, assim como de alguns outros povos pelo mundo — provavelmente advindo de uma evolução necessária para caças que eram feitas há séculos atrás, quando a visão era extremamente necessária, embora, obviamente, a visão aprimorada não fosse a mesma destes períodos longínquos (um dos historiadores favoritos de seu pai, inclusive, acreditava que tal visão era oriunda de tribos advindas de terras frias e distantes, onde era escuro durante grande parte do tempo.). 

As terras do marido de sua sobrinha eram lindas, isso era inegável. Os dois recém-casados poderiam viver ali para sempre, pensou. Deu uma mordida na massa crocante da torrada. Estava bem ansioso para passar um tempo por ali, talvez até morar naquelas terras, em alguma casa bem confortável.

A riqueza de meu pai em nada se equipara a esta, pensou, engolindo o pedaço de pão fermentado. Na verdade, sua família materna era mais rica que a de seu pai, mas duvidava que eles pudessem se gabar de ter hectares como aqueles que os Gyonnelles tinham.

Não conhecia muito o marido da sobrinha, só que ele era bem quieto e sempre estava grudado nela. Torcia para o casamento deles dar certo.

Queria eu ter tanta segurança em relacionamento assim, pensou. Seu namorado, Cormac, era um doce de pessoa, dando presentes, fazendo massagens, dando-lhe prazer, e até querendo dividir um apartamento com Brân. Todavia, este não sabia se já queria passar para um próximo passo assim, pois ainda sentia que não queria gastar tanto tempo e emoção por alguém. Não obstante, sabia que seu pai não gostava de Cormac, e que isso era só mais uma dor de cabeça com a qual teria que lidar — como seu pai reagiria ao saber que seu filho iria morar longe com alguém que ele desaprovava?

Terminou de comer a torrada, enquanto sentia a brisa fresca tocar sua pele seminua e o sol da manhã aquecer e pintar o seu corpo de dourado. O sol sempre fazia ele lembrar-se de Cormac; do dourado de seus olhos e tatuagens brilhantes, do calor de seu corpo liso e macio, o calor aconchegante de estar em seus braços, de seus beijos febris de amor e cheios de ternura, dos lábios que por vezes soltavam gracejos em seus ouvidos, de seu membro viril o penetrando com força e o enchendo de carinho por dentro... Uma pena não ter a mesma líbido que seu companheiro, ou poderia apreciar mais desta última parte, sabia que Cormac se segurava para não transar muito com ele, por mais que Brân pudesse ver o desejo em seus olhos; podia ver como ele o apreciava, como amava acariciá-lo e dar-lhe prazer…

Infelizmente, Brân não tinha sempre a mesma disposição, mas tentava não se incomodar com isso; a Deusa o fez assim e assim ele se aceitava — seus pais podiam até não gostar que ele cultuava a Deusa Lyu’bov, mas fora ela quem o ajudara a aceitar mais a si mesmo; a mãe e o pai cultuavam a religião da Espada Salvadora, mas esta era uma religião que dificilmente iria fazer bem para Brân.

Sentiu a brisa bater contra seu corpo seminu novamente, e pareceu que iria derrubá-lo, como se fosse uma boneca de pano. Estava leve, parecendo num sonho. Letárgico. Era a aguardente que tomou, levando-o às alturas. Fechou os olhos e deixou a mente voar, sentindo a natureza o tocar, e pensou em estar nos braços do namorado novamente…

O tempo logo pareceu mudar de forma abrupta, e ele sentiu uma rajada fria e violenta de vento morder seu corpo, deixando-o arrepiado. Ouviu um retumbar de sinos, badalando lenta e pesadamente. Abriu os olhos, surpreso, e os voltou para a direção do som fúnebre. O som advinha do cemitério, do outro lado das torres de pedra-metal, retumbando, lúgubre, até a mansão negra. Parecia ter uma nuvem por cima do local, jogando uma sombra no cemitério. Havia uma neblina também. Uma bruma cinzenta e densa, que agia como uma barreira para os que estavam cobertos por ela, tornando-os figuras encovadas e cinzas. Entretanto, havia luz no local, vindo uma fileira de pessoas usando preto e branco, erguendo velas, cujo lume fulgente perpassava a densa neblina, como focos de luz minúsculos, parecidos com vagalumes dourados e desbotados em uma noite nebulosa.

Ao ver aquilo, um calafrio percorreu sua espinha e eriçou os pelos de sua nuca. Um antigo provérbio formou-se em sua mente, não da Grande Deusa, esta não tinha um texto sagrado, mas do Texto Sacramental da Espada Sagrada:

“Cuidado aquele que esqueces da fugacidade que tens a vida; a morte está sempre atrás, pelas costas. Apenas quando a hora chegar Alghozi mostrará ao moribundo sua face pálida e sua foice escura.” 

Brân franziu o cenho. Aquele era o cemitério da família Gyonnel, não deveria haver um enterro no local, a menos…

Ouviu uma batida na porta e virou-se para trás, assustado, com os sentidos em alerta, como um cachorro quando o dono chama. Havia saído da realidade por um instante, mas agora, retornou, sentindo os pés no chão e agarrando o parapeito iridescente, como que para sentir que era real. Voltou a olhar para o cemitério e percebeu que a turba havia sumido por completo. Nunca esteve lá, a nuvem cinza havia sumido, assim como a neblina.

É o tônico, deduziu, abriu minha mente e meu apetite. O tônico era uma forma de abrir os olhos da mente, e era tomado de estômago vazio ao acordar; ter visões e desejos eram esperados. Estava apenas embriagado pela aguardente.

Ouviu a batida novamente.

— Brân? — sua prima, Eigyr, o chamou, entrando pela porta que ele havia deixado aberto.

— Oi, já vai — ele disse, dando as costas para a paisagem e deixando de lado o que havia visto.

Passou pelo umbral e empurrou as cortinas brancas para o lado. Viu sua prima sentada aos pés de sua cama. O cabelo roxo dela estava solto, caindo até os ombros e quase tocando os seios fartos. Ela usava um biquíni azul-claro.

— Oi, primo — ela disse. Sua voz era bem suave. — Vamos tomar um sol?

Brân tirou os olhos do decote dela e olhou em seus olhos vermelhos e escuros. Olhos de luxúria. De sangue.

Ou o tonico me deixou mais inebriado e voluptuoso do que eu imaginava…

Brân deu de ombros e assentiu.

— Deixa eu só me trocar — Andou até o closet. Seus pés estavam leves, a cabeça bamba e achou que estava aos tropeços.

Quando ele entrou no closet, Eigyr disse:

— Fico feliz de ter vindo, primo — Deitou-se na cama. — Senti a sua falta.

Brân sorriu ao ouvir aquilo, enquanto tirava a cueca.

— Também senti a sua falta, prima — confidenciou. Brân sabia que muitos na família achavam a filha de seu tio Ban um tanto problemática, mas gostava dela. Lembrava-se que eles haviam curtido uma festa de virada de ano uma vez; foi uma loucura, bem divertida, e seu namorado havia gostado dela.

Brân inicialmente iria pegar um shorts preto, mas optou por colocar uma calcinha da mesma cor, amarrando-a na cintura — seu namorado parecia gostar da marca em seu corpo, com linhas curvilíneas e finas em sua cintura, então, achou que ele iria gostar de reencontrá-lo com um bronzeado em dia. Colocou um sutiã preto, cobrindo os seios. Suas mãos estavam letárgicas, provavelmente por causa da bebida matinal. Sabia que o tônico matinal era potente, mas nunca esteve assim.

— Estou pronto — falou, saindo do closet. — A Isolde vem com a gente? — indagou. Foi até a penteadeira, para pegar um frasco de óleo de mamona, importado de outro país.

Eigyr deu de ombros.

— Se quiser, pode chamar ela — disse, levantando-se da cama e jogando o cabelo roxo para trás. — Eu só espero que, caso o marido a acompanhe, o Ambrosius não fique por perto.

— Eu percebi que vocês não têm se falado desde que eu cheguei — comentou Brân, pegando o frasco de óleo. — Ele fez algo?

Eigyr franziu o cenho roxo e fino. Tinha os olhos oblíquos, como seu pai. Como Brân.

— Ele é um merdinha, um idiota — decretou ela. — Simplesmente ameaçou-me com aqueles punhos deformados.

Brân arqueou as sobrancelhas finas.

— Ele fez isso? — indagou, surpreso com a revelação.— E você contou pro Aenor?

A prima fez que não com a cabeça.

— Seu irmão é outro idiota — ralhou. — Ele age como se o rapaz fosse filho dele!

— Aenor sempre foi apegado ao primo — defendeu Brân. — É como um filho dele.

— Bem, ele já tem uns 18 ou 19 anos — lembrou ela, referindo-se a Ambrosius —, mas o seu amado irmão lhe dá até um pouco de comida na boca. — fez um som irritado.

Brân assentiu. Sabia que Aenor era um pai que mimava muito o primo, mas, se o que a prima dizia era verdade, o rapaz merecia uns bons tapas naquelas bochechas gordas e rosadas.

— Olha, o Ambrose é um rapaz jovem — tentou apaziguar a situação —, apenas ignore ele e tudo dará certo. — Sorriu e pegou na mão dela. — Vem, vamos passar um pouco de óleo e lustrar esse seu cabelo.

Eigyr sorriu com a proposta e acenou com a cabeça. Mas não esqueceu a irritação e soberba de seu primo para com ela. Ambrosius era um filhinho da mamãe; precisava aprender uma lição.

X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

Elaine retirou a máscara de dormir do rosto. Estava dormindo muito ultimamente, sentindo-se cada vez mais sonolenta. Suspirou pesadamente, como se a ideia de acordar e se levantar fosse um grande esforço para seu corpo.

Não sentia vontade de se levantar. Estava cansada. E triste. Seu filho não lhe deu mais notícias, e ela sentia-se compelida a ligar para ele, mas sentia que ele apenas queria um tempo um longe da mãe e do trabalho de lorde — e do sogro, é claro. Não o julgava, sabia que jovens logo deixavam as mãe por uma mulher mais jovem. Talvez fosse isso, talvez só estivesse sendo jogada de lado...

Oh, estou sendo tola, pensou. Meu filho logo voltará, e é apenas a companhia de Aenor que em aborrece tanto.

— Bom dia, Dame — disse um empregado, afastando as cortinas. — Espero que tenha dormido bem.

Elaine sentou-se na cama, recostando-se na cabeceira da cama. Seu cabelo estava preso por uma coifa simples. Seus olhos pareciam pesados, como se estivessem com areia.

— Temo ter tido péssimas noites ultimamente — ela respondeu, sentindo a garganta seca. Virou-se para encarar o servo. Era um rapaz, o que era incomum, pois preferia ser cuidada pelas suas servas, com cabelo naturalmente verde. — Trouxe meu café?

O rapaz de cabelos verdes assentiu. Virou-se para uma bandeja de prata, que havia na pequena mesa ao lado da cama, pegou um pequeno bule pela asa de prata e verteu o líquido quente em uma pequena xícara de porcelana. Uma leve fumaça subia e dissipava-se rapidamente, conforme o copo era enchido pelo líquido quente. Quando terminou de enchê-la, deixou o bule de lado e pegou o píres e a asa da xícara, levando-os, com desleixo — fora do típico cuidado que todos os empregados dos Gyonel tinham —, para a Senhora Elaine.

— Obrigada — disse ela, pegando o pires e a xícara, ignorando a falta de modos do rapaz. Ele era jovem, então seria injusto ralhar seus modos. — Qual o seu nome? — indagou ela, pousando a xícara no pires.

— É Doyoon, Dame — respondeu o rapaz. — Doyoon Wu. Entrei há pouco tempo, quando a senhora e seu filho não estavam.

Elaine assentiu.

— E onde estão os outros servos? — indagou ela.

O rapaz de cabelos verdes e uniforme cor de vinho deu um sorriso leviano. Ela percebeu que a roupa estava desarrumada e sentiu dificuldade em segurar a expressão de desaprovação em seu rosto.

— Eu me ofereci para levar o café de m’lady sozinho — explicou ele, com as mãos voltadas para as costas. Elaine ignorou a maneira esdrúxula com a qual ele pronunciava “milady”. — Falei para as jovens que m’lady estava cansada, e ter muitas pessoas em volta poderia irritá-la.

Elaine sorveu um pouco do café. Degustou um pouco, percebendo que estava levemente adocicado — por mais que ela bebesse puro de manhã —, e depois olhou para o rapaz, de soslaio.

— Foi muito gentil — ela disse, em tom seco. — Mas que isto não se repita. — Avisou-lhe. — Bailey é o Mordomo-mestre e fala por mim, isto quando eu não dou as ordens eu mesma. Não serei severa com você, pelo menos por agora, pois sei que é novo por aqui, mas siga as ordens à risca.

O canto do lábio sorridente de Doyoon pareceu tremer um pouco, mas ele manteve os lábios alegres e assentiu.

— Certo, Dame — respondeu ele. — Lamento pelo inconveniente. Devo chamar as servas?

Elaine fez que não com a cabeça.

— Não, ainda estou cansada — respondeu. — Apenas diga para Bailey vir me ver em meia hora. — Pegou a xícara pela asa e a levou até os lábios, bebendo mais do café. Enquanto o rapaz se curvava para ela, pronto para se retirar, olhou novamente para o seu traje de tecido vinho, e, sem se segurar, disse: — Rapaz, por favor, arrume-se — ordenou. — Não tolero roupas desarrumadas em serviço. Espero não ter de repetir novamente.

Boyoon, já ereto, assentiu com a cabeça.

— Claro, Dame — respondeu. — Lamento pelos meus modos. Prometo que não se repetirá.

A senhora apenas assentiu, sem olhar para ele, e voltou a bebericar seu café preto matinal. O servo entendeu o gesto e deixou-a sozinha.

Quando ele saiu, ela pousou a xícara no pires. Passou os dedos pela garganta e tossiu, tentando limpá-la. Ainda sentia que estava seca. Suspirou, ainda sentindo-se sonolenta, e bebeu mais um pouco do café.

Quando Doyoon estava longe do quarto daquela velha decadente, descendo os degraus de uma escada, murmurou:

— Velha caduca — xingou. Ela e aquele idiota do mordomo-chefe eram dois porcos caducos.

Vamos ter de nos livrar do esclerosado do Bailey também, pensou Woo, aquele decrépito só vai piorar.

 

X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X 

— Seu pai o deixou paranoico — ralhou Uther, levantando-se e ficando em pé no colchão. Seu peito cabeludo estava lustroso de suor. — Deve ser de tanto escrever mistérios sórdidos. — O falo estava bem ereto e brilhante, pingando semên branco.

O cheiro rançoso do suor dos dois amantes se misturava com o cheiro doce do óleo corporal que Uther besuntara em seu o seu corpo e com o cheiro de sexo, impesteando o cômodo com um cheiro forte.

Edmund virou o corpo para encará-lo, ficando de lado e apoiando a cabeça loira no braço. Sentia o semên grosso de Uther deslizando pelas suas nádegas flácidas, doloridas e vermelhas pela necessidade do amante, que sempre ficava sedento após beber seu tônico do amor. Em suas costas, entre as costelas, havia uma enorme mancha rosada e ardente. Suas bochechas estavam bem vermelhas e ele ainda tentava recuperar o fôlego.

— Meu pai não é paranoico — disse ele, sentindo o coração desacelerar um pouco. Passou a língua pelos lábios rosados. — E por que acha que eu sou?

Uther pulou do colchão. Sua pele oliva era linda, e Edmund apreciou seu corpo — muito mais musculoso que o seu, que era bem rechonchudo e rosado, praticamente sem pêlos — conforme seu namorado se exercitava, erguendo os braço o máximo que podia, juntando as mãos, como se fosse saltar e nadar em uma piscina, e deixando as costas duras e retas. Afastou bem as pernas peludas e largas.

— Desde que ele ligou você tem olhado estranho para o seu irmão mais velho — respondeu, a voz estava dura, por causa da força que fazia para se manter naquela posição.

Edmund observou as nádegas peludas e cheias de estrias do amante.

— Ah, eu estou, é? — indagou, levemente distraído pela visão dos quartos traseiros de Uther. Depois, voltou a erguer os olhos verdes. — Bem, meu pai não tem nada a ver com isso.

Uther arqueou um braço e dobrou o corpo para um lado. Fez um som de desconforto, sentindo uma leve dor pela posição. Ergueu-se e refez a mesma posição, curvando-se para o lado oposto. Depois, voltou a ficar ereto.

— Você passou a ficar assim após ele ligar para falar contigo na nossa primeira noite por aqui. — Virou o torso para o lado, mantendo as pernas paradas, e logo um estalo foi ouvido. — O que ele lhe disse, afinal? — Virou o torço para o outro lado, fazendo o corpo estalar novamente.

Edmund levantou o tronco do corpo e esticou as pernas até a ponta da cama. Sentou-se na beirada dela, nu, enquanto olhava o namorado erguendo a perna esquerda e descansando o pé na coluna da cama. O membro viril dele não estava mais empinado, mas o corpo ainda estava brilhando de suor.

— Ele apenas queria saber como eu estava e avisar que Brân tinha pego o voo — Mentiu e deu um dar de ombros. — Só isso.

— Sei… — Uther baixou uma perna e ergueu a outra. — Vocês, os Grynn, devem ser todos meios paranoicos.

Edd sorriu:

— Não estou olhando estranho para Aenor e meus sobrinhos porque eu quero saber algo — mentiu. — Eu apenas os acho estranho. — esticou um pouco a cabeça para mais perto do namorado. — Eu também observo você. Bastante.

Ouvindo aquilo, Uther voltou os olhos para o namorado e sorriu. Um sorriso largo e lascivo. Abaixou a perna.

— Bem, imagino que goste do que vê — troçou Uther, flexionando os peitos peludos, fazendo os mamilos subirem e descerem. — Tenho que manter o meu charme!

Edd riu e se levantou. Deu menos de um passo e o namorado o envolveu em seus braços, percorrendo as mãos pelas costas e levando-as até as rechonchudas nádegas, apertando-as. Deram um beijo longo, com Uther lambendo toda a parte interior de Edmund, que sentia o gosto forte que o tônico havia deixado na língua de seu companheiro. Ardia. Pelo estado duro em que o irmão de Isolde estava, Edd temeu que ele quisesse fazer amor com ele novamente, pois ainda estava dolorido pelas estocadas anteriores e ainda sentia o semên morno escorrer pelas suas pernas.

Por sorte, Uther deu apenas um tapa em uma de suas nádegas, e, depois, soltou seu corpo flácido e se dirigiu até o closet.

— Vamos, o dia está lindo — comentou o rapaz. — Pegue uma boa roupa e vamos tentar pegar o sol e dar uma caminhada.

Edmund suspirou.

— Ah, temos mesmo? — voltou a sentar-se na beirada da cama. — Estou exausto! — Deixou-se cair de costas no colchão.

— Vocês bretões são todos assim? — indagou Uther, dentro do Closet. — O dia está lindo! Vamos pegar um sol, escalar, pegar um bom ar e depois nadar!

Edmund se deixou cair novamente no colchão, suspirando e fechando os olhos. Uther sempre fora mais do tipo esportivo que ele.

 

X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

O sol estava bem intenso. Seu lume, resplandecente e dourado, banhava tudo abaixo dele com intenso calor, assim como com um intenso brilho amarelo. O céu estava limpo, com poucas nuvens visíveis, e num tom intenso e lindo de azul, contrastando com a imensa bola fulgente.

Eigyr e Brân estavam deitados na relva refresca do jardim da mansão, sentindo o sol quente queimar a pele alva deles. Brân colocou um par de óculos escuros, para proteger os olhos, enquanto sentia o resto do corpo, besuntado com óleo de mamona, arder; os seios estavam descobertos, com os bicos rosados apontando para cima, e o cabelo, lustrado e cheiroso, estava solto na grama verde e tremeluzente, que brilhava como ouro ao ser tocada pelos raios do sol. Sua prima estava de costas, também com o peito nu, com os braços cruzados debaixo deles, para não sujá-los. As nádegas estavam para cima, querendo que o sol as deixasse bem bronzeadas.

O lago ao lado deles estava refletindo, de forma disforme, a luz do sol, enquanto libélulas e mosquitos voavam por cima das águas, e tentavam escapar enquanto trutas prateadas e carpas enormes saltavam das águas, tentando abocanhar os insetos que voavam por cima de seu território.

Queria que Cormac estivesse aqui, pensou Brân, sentindo falta dele. O cheiro de grama fresca e mamona subia até suas narinas. O calor bronzeava sua pele pálida, queimando-a. Gostava de passar partes de seus dias relaxando ao sol, pois gostava do carinho do toque efervescente que o Deus Pai lhe dava ao tocá-lo. 

Isolde aproximou-se dos dois, usando um belo biquíni branco.  Seu marido jogou um simples tapete vermelho por cima da grama. Bateu o objeto no ar algumas vestes, para tirar qualquer dobras. Depois, pegou a mão de sua rechonchuda esposa e a ajudou a se deitar sobre o tecido. Desamarrou a parte superior do biquíni e exibiu os seios escuros. 

— Bom dia — saudou Isolde aos dois jovens, que assentiram de volta. Ela deitou-se no tapete e Agravaine pegou um frasco de óleo de argan e colocou um pouco na mão. Passou os dedos besuntados pela pele marrom-escura e macia de sua esposa, deixando-a mais brilhante. O óleo não emitia cheiro e logo era absorvido pela pele oliva da bela moça. Agravaine pegou a perna esquerda de Isolde pelo calcanhar e a ergueu, de forma delicada, e passou óleo pela coxa dela, de forma lenta apreciando o momento. Alisou o pé largo dela, fitando-o com os olhos desiguais, deixando os dedos mais demorados. Passou os dedos besuntados pelos espaços entres os dedos do pé dela.

Juntando as sobrancelhas pálidas, Brân ergueu a cabeça e olhou para o sobrinho mais velho, ergueu um pouco do torso também, apoiando-se nos antebraços. Percebeu o modo meticuloso como Agravaine besuntava os pés da esposa: os olhos desiguais estavam fixos, concentrados, e havia uma febre naquele olhar. Uma febre eufórica; a mesma que Cormac tinha ao vê-lo desnudado, e o mesmo que seus pais tinham um para o outro quando estavam lívidos de excitação.

Não era surpresa que um Agravaine olhasse para a esposa assim… Mas era menos nojento quando tais olhares volupios eram direcionados aos seios ou lábios da esposa, não aos pés dela. Brân fez uma careta e voltou a deitar-se, enquanto o sobrinho pegava o outro pé da esposa.

Edmund e Uther vieram logo depois, junto de Gwenhwyfach e Ambrosius. Uther usava uma imensa e branca, semelhante a uma calça, feita de um tecido branco e sem costura. Para ter aquela aparência, o tecido era dobrado várias vezes na parte superior da cintura. Uma corrente dourada de corpo passava pelo seu ombro, indo até a cintura e voltando a subir pelas costas.

Ao ver a jovem enteada de Pellinore, Brân cobriu os seios, achando que a garota poderia ficar desconfortável com a exposição. Isolde fez o mesmo, mas Eigyr parecia ter adormecido e não fez qualquer movimento para se cobrir, nem pareceu ter visto o grupo.

— Vamos dar uma volta pelas ruínas do castelo antigo — anunciou Uther. — Vocês querem ir conosco? — indagou.

— Eu topo! — Brân falou, levantando-se. — Apenas me deixe pegar uma roupa e a minha câmera.

Uther assentiu, sorrindo. Virou-se para Edmund.

— Vejo que a falta de energia não é de família — zombou.

Edmund revirou os olhos verdes. Olhou para Isolde, cujo marido ainda besuntava as pernas de forma demorada.

— Vocês vêm? — perguntou.

Agravaine abanou a cabeça, nem dando atenção ao tio, enquanto Isolde respondeu:

— Acho que não — disse. — Mas, quando vocês chegarem, vou mexer um pouco nas plantas de jardim. Podem me ajudar se quiserem.

— Eu topo — respondeu Brân, terminando de amarrar o biquíni, e indo até a mansão, a passos rápidos.

Isolde olhou para o colega e passou a focar o olhar em Gwenhwyfach. A jovem estava meio quietinha entre os rapazes, estando de braços cruzados, com cabeça e olhos voltados para baixo. Sabia que devia ser chato ficar cercada por um bando de homens.

— Você gostaria de me ajudar, Gwen? — indagou a moça. Agravaine terminou de passar os olhos em sua perna, e passou a besuntar a sua barriga rechonchuda.

A jovem ergueu o olhar escuro e encontrou os olhos negros de Isolde.

— Eu posso ajudar? — perguntou. — Às vezes a minha mãe me deixa ajudar no jardim, mas não sei muito…

A esposa de Agravaine sorriu, enquanto sentia os dedos lustrosos do marido rodearem seu umbigo.

— Seria um prazer ter você para me ajudar. — A voz de Isolde era rouca. Profunda e suave. — e acho que você vai gostar!

A jovem moça sorriu e assentiu com a cabeça. Isolde fez o mesmo gesto e fechou os olhos, virou-se, deitando de barriga. Agravaine começou a passar o óleo em suas belas costas escuras, com as mãos nacaradas percorrendo as costelas.

Edmund franziu o cenho e virou-se para Ambrosius.

— Aenor não vai querer vir? — inagou. — Ou sua mãe?

— Minha mãe não gosta de natureza, tio — o sobrinho respondeu. 

— E seu tio? — Quis saber.

Ambrosius deu de ombros, talvez querendo mostrar que não sabia, que não dava importância, mas Eddie percebeu que ele desviou o olhar. Ele também havia percebido que Agravaine voltou o olhar para eles, enquanto ainda acariciava a esposa.

Edmund acenou, e puxou assunto com Uther, enquanto o irmão não voltava, mas percebeu que havia algo acontecendo.

Sem os outros por perto, pensou Eddie, talvez Ambrosius fale algo.

— Tio Cai não vai com vocês? — questionou Agravaine, notando a falta do tio.

Ele só perguntou para desviar as atenções, deduziu. Seu sobrinho nem sequer olhou para eles até Edmund mencionar o pai e a tia dele.

Uther meneou a cabeça.

— Cai não quis — respondeu. — Nem falou muito conosco, na verdade. Fica só no quarto.

— Ah — Agravaine deitou-se ao lado da esposa, deitando de costas na relva. — Tendi.






X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

 

Igraine estava de quatro no chão do banheiro, sentindo o seu amado sobrinho fodê-la com força, empurrando o pau para dentro dela. Aenor agarrava os cabelos loiros dela, e empurrava a cabeça contra uma almofada que eles colocaram, assim sua bela tia podia abafar os gritos — e estava de fato gritando, não gemendo, pois seu sobrinho a penetrava com força, fazendo-a ficar delirante de prazer e arquear as costas, enquanto sentia as estocadas fervorosas de seu sobrinho profanando o seu corpo.

Aenor estava farto de não ficar com a sua tia. Queria ficar com ela, dar-lhe prazer, lembrar ela que ele era seu sobrinho carinhoso e que estava amuado, querendo sua atenção. Não suportava ficar longe dela, de seu belo corpo.

Igraine inicialmente preferia dar prazer ao seu sobrinho com a boca, e ele depois poderia masturbar ela, mas ele recusou. Aenor não queria só ter prazer com a tia, queria estar dentro dela, dando-a prazer, fazendo-a gozar — por isso se recusou penetrar as nádegas de Igraine, pois assim, só ele teria prazer.

Ouviu a tia soltar um guincho contra a almofada, e o guincho virou um grito prolongado, e ele sentiu ela gozar em volta de seu falo duro. Por sorte, além das portas de ambos os quartos e do banheiro estarem trancadas, eles ligaram o chuveiro, deixando a água escorrer, fazendo barulho. Um irritante “Sssshhh…” sibilava da banheira.

Quando Aenor sentiu que estava chegando no ápice, começando até a gemer, ele se forçou a sair de dentro dela, agarrando o próprio falo e o puxando, enquanto empurrava a tia para frente com a mão livre.

Entendo o gesto, Igraine se virou e ajoelhou-se na frente do sobrinho, vendo ele se masturbar. Aenor agarrou o cabelo da tia novamente, fazendo-a se inclinar para frente e curva-se. Ele fechou os olhos, sentindo o coração acelerar. Acelerou mais ainda ao sentir os lábios da tia roçando o seu falo duro e enfiá-lo dentro de sua boca. Ele gemeu ainda mais de prazer, sentindo os lábios de Igraine subirem e descerem, enquanto a língua lambia o membro viril. O sobrinho afagava a cabeça da tia, sentindo a maciez de seu cabelo, fazendo-a subir e descer.

Aenor logo esguichou semên dentro da boca de Igraine, gemendo longamente. Ao sentir o jato de líquido morno, esta ergueu a cabeça por reflexo, como se estivesse tentando soltar o membro do sobrinho da boca. Ao fazer isso, porém, Aenor a forçou a continuar, empurrando a cabeça dela para baixo. Ele continuou gemendo de prazer.

Aenor queria ejacular dentro vagina da tia, mas ela não permitia. Ele queria ter outros bebê com ela, voltar a ter uma nova criança com ela, agora que sua Helena foi tirada dele; entretanto, Igraine lhe disse que seria perigoso que ela engravidasse novamente, ainda sem um marido por perto, visto que já foi um risco muito grande ter Ambrosius e o ex-namorado dela ter descoberto que não era o pai da criança. Teria de sempre gozar fora — ele sabia que não era uma forma eficaz, entretanto, e sua tia ainda poderia acabar ficando grávida, mas estava torcendo para que isso acontecesse.

Quando seu sobrinho terminou de jorrar esperma para dentro dela, fazendo-a engolir tudo, Igraine ergueu a cabeça. Fixou o olhar nos olhos de Aenor e sorriu. Ele observou um fio leitoso escorrer pelos lábios finos da tia, e pingar no chão. O cabelo dela estava bagunçado, e os seios estavam com os mamilos vermelhos, pois ele os havia apertado com força, e a maquiagem da tia estava toda borrada. Seus olhos fúcsia estavam escuros de desejo. 

Ele achou a visão dela tão bonita que sentiu vontade botar o seu falo para dentro dela novamente, enchê-la com seu semên, como ela já havia feito com ele antes — sempre que ela tinha leite nos seios para amamentar seus filhos, ela permitia que ele tomasse o sumo também, como se também fosse seu filho. O sabor tão doce e o gesto tão carinhoso que ele até chorou em alguns momentos, pois mostrava que ela o amava muito.

Aenor a beijou nos lábios, passando a língua em todos os recantos que podia, sentindo o gosto de seu próprio sêmen, junto da saliva de sua tia, fechou os olhos, pensando que estava sentindo o gosto do leite materno dela. Depois, a abraçou, sentindo os seios dela comprimidos contra o seu. Ambos estavam suados, fedendo a acre e sexo. Ele afundou a cabeça no cabelo bagunçado dela e o cheirou pesadamente, embriagando-se com o cheiro dela.

Igraine saboreou o momento, pensando em como tinha sido boa em cuidar do sobrinho. Duvidava que até sua doce, doce — e intrometida — irmã tivesse um companheiro tão bom quanto ela. (Na verdade, Igraine sempre duvidara que Alienor fosse capaz de realmente manter um marido sempre por perto dela, como tanto queria fazer parecer.)

Alienor sempre teve tudo, pensou com amargura. Sua irmã era mais paparicada pelo pai e pela mãe, era ela quem conheceu o amor primeiro, e teve um belo filho primeiro. Igraine queria aquelas coisas também, queria ser amada… 

E queria tirar o amor da irmã. No fim, o homem perfeito para ela era seu sobrinho; sempre perto dela, querendo ajudar, querendo ser amado por ela e fazê-la feliz. Ah, o que ela não desejaria para fazer sua irmã saber que não era amada como ela, que seu primogênito era mais apaixonado que sua tia do que pela irmã.

Sim, Igraine tinha ganhado no final. Ela era a filha vitoriosa e amada, pois foi ela quem fez o marido fazer coisas ruins para ver ela feliz. Alienor podia ficar com o seu escritorzinho romântico dela, pois era Igraine quem tinha o filho dela. E isso era algo que Alienor nunca poderia obter de volta.

Enquanto minha irmã cuida de ser a dona de casa perfeita, sou eu quem trepo com o filho dela; sou eu quem Aenor prefere aos seus cuidados maternos. Ele vem a mim primeiro: prefere os meus carinhos, o meu charme, os meus peitos cheios, a minha feminilidade…

No fim, Alienor nunca tinha entregado a melhor coisa para a Igraine, ela só não sabia disso.



X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

 

Quando Brân se arrumou e todos se partiram para as ruínas, Isolde disse ao marido, ao ficarem a sós:

— Não acha que é perigoso? — ela indagou num sussurro. Apenas Eigyr estava com eles, mas ela dormia.

Agravaine deu de ombros, com os olhos fechados, cobertos por óculos escuros.

— Eu e você já fomos lá várias vezes — ele a lembrou.

— Eu sei, mas… Não sei. Sinto algo estranho aqui desde que chegamos.

Agravaine abriu as pálpebras, afastou os óculos com uma das mãos e virou a cabeça para a esposa. Esta estava deitada de barriga, com a cabeça oval de lado, com a bochecha por cima dos braços cruzados.

— Você quer ir embora, amore mio? — ele indagou. Em parte, seria bom manter a esposa longe de qualquer confusão, mas, ao mesmo tempo, não sabia se, caso ela fosse, ele arrumasse alguma desculpa para se manter longe dela por muito tempo. Não podia deixar os imbecis da sua família estragarem.

Isolde deu um dar de ombros. Parecia cansada.

— Não sei…

— Visita teus pais — ele aconselhou. Virou a cabeça em direção ao céu azul e fulgente, onde nuvens açucaradas passavam de forma lenta. Cobriu os olhos com o óculos novamente. — Talvez Uther possa ir, junto de Edmund, que tal? — Quanto menos gente por aqui, melhor.

Isolde anuiu. Talvez o marido estivesse certo.

— Você viria?

— Hã… Eu não sei — respondeu. — Seu pai não gosta de mim, você bem sabe, esposa. — Continou: — Podemos passar esse tempo com nossas famílias, sei lá…

Sua esposa franziu o cenho. Como ele temia, ela não engoliu aquela desculpa esfarrapada.

— E desde quando você se importa tanto em passar um tempo a sós com a família? — ela o questionou. — Pensei que queria uma casa para nós.

Ela me conhece bem, pensou Agravaine, um tanto irritado e um tanto feliz com o olhar aguçado da esposa. Ele sabia que ela devia estar de olhos bem alertas desde que eles chegaram ali.

— Bem, você diz que sente algo estranho por aqui — Agravaine respondeu. — Eu bem poderia ir, mas, mesmo que não seja próximo de meu pai e de minha tia, ainda os amo e me preocupo com eles; não gosto de deixá-los assim, quando algo pode acontecer com eles.

Isolde o olhou de soslaio, com seus olhos escuros. Ela sabia que ele nunca foi do tipo que acredita facilmente em visões, por que agora seria diferente?

Por favor, Grande Mãe, rezou Agravaine, vendo a expressão no rosto de Isolde, convença-a a partir. Deixe-me cuidar de tudo; farei deste lugar um palácio para nós!

— Então é melhor ficarmos — ela disse, ainda um tanto duvidosa. — Ainda mais que a Lady Elaine parece andar sozinha sem o filho. — Começou a divagar: — A tenho tanta pena dela! Gareth nem ligou para ela! Acho isso tão absurdo, entende?

Agravaine anuiu. Tinha uma boa esposa. Ela era uma boa pessoa.

Uma pena que ele estava precisando de uma esposa mais fria e cruel. 

Agravaine sorriu e disse: 

— Como quiser, cara mia — respondeu. — Vamos ficar. — Sorriu. — Agora, relaxe um pouco, sim?

Tem alguma coisa acontecendo, pensou Eigyr. Ela apenas fingiu dormir, sem vontade de ir bater o pé e ver ruínas sem graça. Entretanto, ao ouvir aquele casal conversando, percebeu que alguma coisa estava mesmo para acontecer.

Art vai mesmo gostar daqui.

 

X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

 

As ruínas do castelo eram perto de um penhasco imenso. Era um mistura de pedras que variavam entre marrom-claro e cinza-escuro. Antigas muralhas e torres, desgastadas pelo tempo. Uma memória de tempos antigos do ramo cadete da família Gyonnel. A antiga fortaleza acabara por ser largada, em prol da luxuosa mansão escura e iridescente, muito mais aconchegante e avançada, ao passo que o castelo era pequeno e fraco. A floresta tomou conta do local, fazendo o verde crescer e se apropriar de tudo. Hera subia em algumas paredes, enquanto musgo crescia em outras. Algumas árvores pareciam competir em altura com certas torres desmoronadas e lírios, rosas, girassóis e gramíneas davam mais cor ao ambiente, pululando em diversos lugares. O som de diversas aves, como codornas, tordos e cucos, enchiam o ambiente com suas músicas; a maioria das aves pareciam preferir cantar e não aparecer, deixando o ar mais livre para as belas libélulas e borboletas.

— Adoro visitar lugares assim — comentou Brân, tirando uma foto de uma alta torre cinza, coberta de líquen. A porta há muito havia sido destruída, e a entrada em forma de língua revelava um corredor vazio e pueril, onde uma viga velha de madeira, cheia de líquen, estava caída. Flocos de poeira que flutuavam, opulentos, nos raios de sol que adentravam no local, parecendo pó de ouro. A silhueta quebrada de uma escada caracol era visível, embora os degraus estivessem rachados e um tanto afundados.

Brân analisou o topo da torre, vendo os merlões e as ameias do topo, fazendo parecer uma coroa cinzenta e achatada. Deu uns passos para trás e se ajoelhou, fechou um olho e levou a câmera até o outro olho aberto. A posição estava boa. Ajustou o visor, dando um pouco mais de foco no topo da torre abandonada. Esperou as lentes duplas ajustarem a imagem e apertou o botão, fazendo um flash de luz branca surgir e sumir no mesmo instante.

Após tirar a foto, Brân levantou-se e pegou uma folha de menta no bolso, levando-a até a boca e começando a mascar. Sentiu o frescor forte tomar conta de sua boca.

Gwen percorreu o local com os olhos, e passou a mão por um pedaço de muro demolido, sentindo a poeira dele. Um salgueiro crescia logo ao lado, verdejante. As folhas e galhos faziam movimentos lânguidos quando a brisa batia contra os galhos, como se o salgueiro estivesse mexendo seus braços de forma preguiçosa.

— Aqui é bem bonito, apesar de estar tudo bem quebrado — comentou Gwen, indo até Brân.

Ao virar os olhos de prata para a moça, o rapaz percebeu que os cabelos castanhos da moça estavam brilhantes pelo sol, e sua pele escura era lindamente brilhante ao toque fulgente do Sol.

— Ei, Gwen — disse o rapaz, analisando bem o rosto redondo moça —, que tal ir até ali? — Apontou para a torre caída onde a moça havia passado. Quando ela chegou perto, ele disse: — Isso, aí mesmo! Agora, solte esse cabelo lindo que você tem e dê um sorriso, sim? — Mirou com a câmera e começou a tirar algumas fotos. — Ah, perfeito, agora vá para mais perto da luz, sim? — Pediu, gesticulando com a mão para indicar a direção. — Ah, muito bem! Está linda!

Gwen sorria, tentando parecer bem bonita. Não era acostumada a tirar fotos; preferia evitar, pois nunca se sentia bem em suas poses. Seu cabelo castanho caía em cascatas em seus ombros após ela tirar o chapéu de abas largas e fitas azuis, desfazer o coque de seu cabelo e chacoalhar a cabeça. Suas mechas crespas eram quase como uma bela juba dourada ao ser pintada pelos raios advindos do sol.

— Ah, agora jogue os cachos um pouco para o lado! Isso mesmo!

Enquanto a garota mexia no cabelo, para deixar o rosto mais exposto de um lado, uma libélula voou perto dela, pousando, delicadamente, nas costas da mão da jovem, que segurava com delicadeza uma das fitas do vestido.

— Ah, agora fique bem parada! — pediu Brân, dando um pouco mais de zoom na lente e tirando uma foto da moça com a bela libélula. — Perfeito! Gwen, você bem poderia ser uma modelo!

A jovem moça riu, mas tentou não mover a mão, deixando a libélula parada.

— Obrigada, mas não sei se sou tão bonita para esse tipo de coisa — retrucou. A libélula deu um bater de asas translúcidas e voou para longe. — E, na verdade, acho que eles não gostam de mocinhas gordinhas.

Brân fez um gesto com a mão, indicando que ela não deveria dar atenção àquilo.

— Pois acho você linda! — Levantou-se da relva. — Depois te mando as fotos. Se quiser, posso até mostrar para o meu tio Ban, a esposa dele sempre cuidou de procurar algumas modelos. Não daria para você, é claro, afinal, o ramo dela é lingerie, mas sei que ela pode conseguir algo para você.

A moça deu uma leve corada ao ouvir aquilo. Ser modelo, imagine só! Dificilmente tinha corpo e rosto para aquilo.

Ambrosius a observava na parte oposta a do muro onde a estava, sentindo-se sem jeito pelo fato dela ter evitado falar com ele antes. Era culpa dele, sabia bem. Devia ser mais educado, mas, certamente, não sabia bem como fazer isso. Nas escolas que ele tinha, sempre riram dele — pelo menos até ele crescer e se mostrar bruto, devolvendo as piadas com socos —, e seu tio, Aenor, sempre falou que ele nunca agiu errado ao bater naquelas pessoas. Sua mãe também nunca lhe disse para agir diferente.

Quando Brân terminou de tirar as fotos e se levantou do chão, ele soltou a câmera, deixando-a pender em seu peito, presa por uma fita azul que a prendia em seu pescoço. Ele olhou em direção ao sobrinho, vendo-o na sombra de uma enorme árvore de carvalho.

— Não quer tirar uma foto também, Ambrosius?

O rapaz fez que não com a cabeça.

— Não gosto de fotos — respondeu, ao que o seu tio deu um dar de ombros.

Ambrosius estranhava pouco o tio que tinha: era quase da mesma idade que ele, e parecia mais uma mulher do que um homem. Era até bonito, com cabelo negrume e mexa de ouro batido, e tinha lábios graciosos, mas ainda não entendia bem o corpo dele: partes de mulher, parte de homem… Ambrosius nunca vira ninguém assim, e seus pais nunca falaram nada sobre. (Na verdade, lembrava-se da mãe ter feito comentários depreciativos uma vez em relação ao sobrinho, falando que o desejo de uma filha que irmã dela tinha, acabou fazendo o “pobre rapaz” nascer errado e confuso… Ele não sabia se era certo dizer aquilo, mas seu tio Aenor nunca a censurou.)

Gwenhwyfach pareceu ficar sem graça ao ver o filho de Igraine nas sombras, e pareceu ficar um pouco tensa. Quando Ambrosius saiu das sombras, indo até ela, Gwen desviou o olhar.

— Vocês querem ver algo interessante? — indagou Brân aos dois que lhe faziam companhia, indo um pouco mais para o centro do terreno.

— Claro — disse Gwen, segurando a aba do chapéu branco. Fora um presente de Isolde, para a jovem não ter de comprar coisas para si.

Brân juntou as duas mãos, entrelaçando os dedos, deixando um pequeno espaço entre elas, por onde soprou, fazendo um pequeno assobio, que pareceu quase um pássaro.

Os pássaros começaram a cantar ainda mais, fazendo diversos sons estridentes, que ecoaram pelas ruínas, vindo de todos os lugares. Aí as libélulas começaram a voar ainda mais, e os pássaros saíram de seus esconderijos entre os galhos e folhas das copas das árvores, e começaram a dançar num frenesi de cores, que iam e vinham, abocanhando alguns dos insetos que por ali passavam. As aves pareciam tão nervosas, que Gwen até se assustou e até desviou de um cuco, jogando a cabeça para o lado, num reflexo rápido, que quase bateu nela ao voar baixo demais.

Rindo, Brân levou uma mão ao cinto, pegou um saco de grãos que havia trazido, enfiou a mão dentro, pegando um pouco do conteúdo, e jogou-o no ar. Vendo aquilo, as aves voaram perto dele, e, para aqueles que não conhecessem bem aqueles belos animais emplumados, os achariam desordenados, entretanto, o rapaz bem sabia que eles sabiam como as direções que deveriam seguir para que não batessem em outras aves, e ainda conseguissem algum grão para comer. 

Aproveitando o momento — como Brân bem imaginava que aconteceria —, um falcão desceu de uma enorme amurada de pedra, cortando o ar num rasante, e, parecendo mais uma sombra aos olhos despreparados de Gwen e Ambrosius, invadiu o espaço entre as outras aves, abrindo as garras e pegando um gordo cuco com suas garras afiadas, brilhantes como diamantes negros, e cravando-as em seu frágil corpo.

Tão rápido quanto veio, o animal se foi, batendo as asas escuras, e indo até o topo da torre quebrada, ainda carregando o corpo de sua vítima. Chegando às ameias, perfurou o corpo emplumado de sua presa com seu bico em forma de gancho, e arrancou um bom pedaço de carne macia e rosada, que demorou-se para desprender do restante do cuco. Pelo menos até a ave de rapina erguer mais a cabeça e o movimento fazer as vértebras de carne se desprender do corpo, fazendo sangue e penas se espalharem. Aprumada, numa posição imperial, a ave de rapina engoliu o naco de carne que havia arrancado. Após engolir, abaixou a cabeça sobre o morto cuco, para repetir as últimas ações.

Naquela altura, as outras aves já haviam voltado a sumir, apavoradas com a aparição do predador. 

Brân sabia que o falcão faria aquilo, pois o havia visto há um certo tempo. Assim como já havia reparado nas outras aves, escondidas pelos galhos.

Aquele ambiente lhe lembrava o santuário, nos dias em que estava com Cormac. A grama verdejante, a observação da natureza, o cantar dos passáros. Lembrava-se de como Cormac o ajudou a imitar o grito de um puma, de como Eadweard o ensinou a ficar imovél e ganhar a confiança de alguns animais, podendo ficar perto deles e até alimentá-los, e depois o ensinou a imitar o som de grilos e o uivo de um lobo. Isolde e Cormac também lhe ensinaram muito sobre ervas e primeiros socorros. Brân sempre teve isso: fome de aprender. Claro, nem sempre era muito simples: havia momentos em que sua mente parecia presa em um assunto, prestando atenção e aprendendo cada detalhe, enquanto em outros, divaga, e acabava-o levando para longe.

De qualquer forma, ainda sentia o prazer de conhecer, de aprender sempre algo novo. Parecia algo natural para ele, uma necessidade.

Por sorte, ter conteúdo para aprender nunca lhe faltou: desde jovem, seus pais o deixavam ler vários livros da biblioteca da casa, e, quando estes acabaram, ele comprou novos para Brân, que iam desde contos de fadas e romance, até biologia e história. Sua mãe Alienor também sempre foi uma apreciadora da música e dança, e foi ela quem mais o ajudou a conhecer clássicos da Ânglia e Hibéria, assim como tocar alguns instrumentos, como piano.

Ao ver o pobre animal abatido pelo falcão, Gwen fez uma careta e virou o rosto. Ambrosius não parecia chocado.

— Agravaine tem um falcão maior — falou, ainda olhando para o topo. Teve de botar uma mão sobre a testa, para fazer sombra, e apertou os olhos. Não tinha uma visão muito boa. — É capaz dele um dia mandar caçar aquele ali.

Gwen virou-se para encará-lo, surpresa.

— Seu primo tem um falcão? — indagou, chocada.

Ambrosius meneou a cabeça.

— Ele o deixa aqui, no viveiro dos Gyonnel, e caça com ele às vezes.

— E você também tem um?

— Tinha, mas o de Agravaine o matou uma vez, sem querer. — Deu de ombros. — Foi um acidente, e Agravaine não fez por mal, mas titio Aenor quase abateu o bicho.

Brân pegou outra folha para mascar aos seis lábios. Duvidava um pouco que Agravaine deixaria um erro daqueles acontecer, mas também não sabia por qual motivo faria uma crueldade daquelas com o primo.

— Você não tem passáros, Gwen? — indagou Ambrosius. — Nem mesmo um mergulhão? 

— Não — respondeu ela. — Pelo menos não falcões ou coisas do tipo. Temos só uma casinha de pássaros, onde eu vejo alguns fazerem ninhos.

— Ah — foi tudo o que o filho de Igraine conseguiu responder.

— Meu sobrinho ainda não sabe muito até onde vão seus privilégios — brincou Brân, ao que Ambrosius fez uma carranca em resposta.

Gwen encarou os olhos de prata de Brân. Eram lindos, oblíquos, como o da mãe. Na verdade, ele era um dos rapazes mais lindos que ela já viu, mesmo que nunca tivesse visto uma pessoa de aparência mais andrógina. Talvez por isso sentia-se um pouco mais segura perto dele, ao invés de ficar com os outros rapazes, ainda mais com Ambrosius por perto, mesmo que soubesse que Brân não era realmente uma garota, apenas lembrava um pouco uma.

(A bem da verdade, a garota sentia-se um tanto amuada por não estar com outras garotas por perto, e não tinha muita diversão ficar apenas com rapazes; o problema era que Elaine era distante, tal qual Igraine, a tal de Eigyr se provara uma chata e ainda não tinha falado muito com Isolde. Mas Edmund e Brân, talvez por lembrarem um pouco Lot, seu amigo que vinha da Bretanha Menor, pareciam mais amistosos e divertidos, assim como o belo irmão de Isolde.)

Queria que aquele nortenho estivesse aqui, pensou, perguntando-se o que sua mãe acharia dela ter aqueles pensamentos, visto que nunca havia pensado muito em rapazes. Ah, mas ele tinha sido mais carinhoso do que a maioria dos rapazes eram. E ele tinha um sorriso de tirar o fôlego! E os cabelos eram lindos, brilhantes, como fogo…

— Tudo bem, Gwen? — indagou Ambrosius, notando o olhar anuviado da colega.

Gwenhwyfach piscou, tirando a cabeça dos pensamentos libertinos.

— Er… Sim, sim. — Virou-se para Brân. — Onde aprendeu a fazer aquele som? Parecia um pássaro de verdade!

— Era o som de um chapim do Sul — Explicou-lhe. — Um pequeno pássaro azul que existe nas regiões da Bretanha Maior e quase todo o continente de Gália. — Continuou: — Eles são pequenos, geralmente andam voam em bandos, e avisam de predadores. — Apontou para o falcão no topo da torre inclinada. — Aquela belezura de rapina ali estava bem escondida, e só esperando uma lenta ave passar para abater. O meu som alertou todas e elas voaram em desespero. — Brân afastou a trança dourado-pálida da vista.

— Eu queria saber fazer coisas assim! — disse Gwen, impressionada.

— Você pode, querida — garantiu Brân, sorrindo diante da expressão de surpresa da moça. Se perguntou se era assim que seus colegas se sentiam quando se divertiam ao ensinar-lhe algo. — Nós, humanos, temos uma laringe muito bem desenvolvida para imitar tais sons. Basta apenas tentar.

A jovem acenou com a cabeça. Sentia-se uma besta, pois nem sabia o que lhe responder.

— Bem — continuou o rapaz a explicar —, aprendi isto com um colega meu, Erik, que me ensinou sobre diversos animais, especialmente aves.

— Ele é seu colega de trabalho? — indagou, curiosa.

Brân respondeu que não chacoalhando a cabeça.

— Não, eu e ele estudamos sobre cinema na mesma faculdade, mas ele já é botânico há tempos, está apenas por interesse no curso. Ele ensinou-me mais de plantas do que animais, a bem da verdade.

— Entendo — respondeu Gwen. — Meu amigo, Lot, também ama saber sobre tudo. Até pulou um ano na escola.

Brân assentiu.

— Na verdade, também aprendi mais sobre a natureza nos santuários da Deusa — revelou Brân, percorrendo os olhos de prata pelo campo. — Meu amigo nortenho, Eadweard ajudou-me a saber sobre como imitar alguns animais, muito mais do que Erik.

— O primo de Gareth?

Brân assentiu.

— Ah, você conhece o Ned? — Sorriu. — hmm.. aposto que ele não perdeu a oportunidade de ser um galanteador! Não com um belo rosto como o seu!

Brân achava que o comentário faria a jovem sorrir e corar, mas ela apenas o encarou, com um olhar um tanto amuado.

— Então ele realmente faz isso com todas?

Brân ficou com o rosto enevoado. Piscou, sem reação.

— Ah, bem, sim… Ele é assim… — Deu um sorriso forçado, fazendo parecer que estava com dor. — Ora, ele mesmo é um galanteador de primeira, mas Ned não é nenhum patife.

Um tanto decepcionada — embora não tão surpresa —, Gwen assentiu.

— Entendo…

Brân sentiu-se um pouco culpado pelo que havia lhe dito.

— Ora, não fique assim! — Olhou em volta, tentando pensar em algo que pudesse ajudá-lo. Ao olhar para um pequeno aglomerado de arbustos ali perto, sorriu e andou até a direção oposta, até um carvalho onde seu sobrinho outrora esteve, e pegou alguns insetinhos que rastejavam por lá, assim como alguns frutinhas, cuidadosamente, com os dedos claros. Depois, voltou-se em direção aos arbustos, a passos largos, mas quietos. — Sigam-me — pediu aos dois jovens que estavam com ele.

Agachou com cuidado, e afastou, de forma cuidadosa, os galhos dos arbustos. Sim, estava bem ali, como ele havia visto: Um belo lagarto-pluma, que recebia este nome pelos seus grandes apêndices nas costas, que chegavam a quase 13 centímetros, mudavam de cor conforme o humor do réptil, além de ajudar a controlar a temperatura. O corpo do lagarto era verde-azulado, bem escuro, e a aparência lembrava a de uma iguana.

Os dois jovens se agacharam, cada um de um lado de Brân, e o observaram enquanto ele erguia a palma da mão, onde vermes rastejavam — o que fez Gwen fazer uma careta —, e a levava em direção ao rechonchudo lagarto-pluma, que abriu os olhos, revelando duas bolas negras em cada lado, e virou-se, de forma preguiçosa, para a palma do rapaz. O animal pareceu não demorar para confiar no humano, rastejando o corpo pela terra, usando as pequenas e achatadas patas para locomover-se até ele, e levando o focinho até a palma de Brân.

De início, o lagarto-pluma usou a língua, um pouco de longe, depois, varreu a área da palma rosada de Brân, comendo todos os vermes amarelos e as frutinhas vermelhas de uma vez só.

Brân sorriu, aproximou-se e pegou o animal no colo. Este em nenhum momento se mostrou assustado. O rapaz sempre teve sorte com animais, todos sempre lhe disseram.

— É bem bonito — disse Gwen, vendo que o animal em nada se parecia com um animal da bretanha. Os apêndices curvados logo ficaram verdes, com manchas amarelas. Brân sorriu.

— Ele está mostrando como está feliz — explicou, sentindo o peso do animal em seus braços largos, como se fosse um bebê. Virou-se para Gwen e disse: — Vamos, toque sem medo.

A jovem passou os dedos pela cabeça pontuda do animal, sentido a pele escamosa e amaciada dele. Inicialmente ficou um pouco temerosa, com medo de que o animal fosse dar uma mordida em seus dedos, mas logo sorriu e passou os dedos pelas cristas coloridas. Conforme ela passava os dedos por elas, a tonalidade da cor mudava, ficando mais escuras.

 

Enquanto os mais jovens se divertiam com a natureza lá fora, Edmund e Uther estavam mais distantes, numa ruína ainda mais antiga que a do velho castelo: parecia uma pequena casinha, mas baixa, com pouco mais de três metros de altura. Era escura, e o chão estava cheio de pedras e crânios. Rostos eram esculpidos nas paredes escuras do local, com buraco no lugar dos olhos.

— Era aqui que os antigos povos deviam colocar os mortos — disse Edmund, olhando em volta. Apesar de muito escuro, estava enxergando bem, ao contrário do namorado, que usava uma lanterna. — Já vi muitos destes na Bretanha, mas Brân saberia lhe contar mais sobre. — Sentiu-se arrepiado. — Não gosto daqui…

— Podemos ir então? — falou Uther. — Eu apenas queria poder conversar com você a sós.

Edmund virou-se e o encarou com os olhos verdes. Uther notou que eles brilhavam um pouco no escuro, quando a luz da entrada bateu um pouco neles.

Isto é uma perda de tempo, pensou, deveria estar de olho em Ambrosius, não aqui!

— O quê? — indagou Edmund.

Uther franziu o cenho.

— Ora, não se faça, Eddie — ralhou, com o sotaque carregado. — Namoramos apenas agora, mas eu o conheço há bons anos para saber quando está encucado com algo. Sei que estava estranho com Agravaine ao sairmos da mansão, e queria saber onde estavam Aenor e Agravaine. Fala logo: o que que você tem? 

Edmund deu de ombros. Olhou inquieto para a saída. Não gostava daquele lugar, era muito pequeno… fechado…

Apesar de um tanto nervoso, se manteve aprumado e manteve a voz calma.

— Não tenho nada…

Uther bufou:

— Eddie, se tem algum problema, me diga — pediu. — Aenor fez algo contigo?

— Aenor não me fez nada! — exclamou, elevando a voz, ficando irritado. A última parte ecoou: “nada, nada, nada…”. — Está sendo bobo!

— Então por qual motivo perguntou-me sobre o comportamento dele e dos filhos nestes tempos? Ou então por que os vigiou nos almoços e jantares destas últimas noites.

Vendo que tinha sido pego, Eddie deu um sorriso, tentando parecer calmo.

— Você está sendo bobo…

— Se eu suspeitei, os outros também bem podem ter suas próprias suspeitas — Uther percebeu o amante ficar nervoso ao ouvir aquilo. — Vamos, me conte, para que eu possa te ajudar.

Edmund olhou para a saída em forma de língua. A luz intensa do sol adentrava e cortava a escuridão por ela. Parecia tão pequena e distante. Se a pessoa errada do lado de fora os ouvisse e a fechasse com eles ali dentro…

— Eu te conto quando voltarmos pra mansão — disse, sentindo-se amuado. Percebeu a voz fraquejar. Suas pernas começaram a ficar bambas e ele sentiu a garganta seca.

— Não — Uther era enfático. — Me diga agora!

Sem aguentar mais o local, Edmund sentiu os olhos arderem.

— Eu quero sair! — Edmund exclamou, assustado. Sentiu um dos crânios onde ele pisava rachar e quebrar, quase o fazendo cair. — Anda, sai! Quero sair! AGORA!

O som da última palavra reverberou por todo o local, fazendo alguns ratos se agitarem, e Edmund se sentiu ainda mais amuado. Uther o olhou, surpreso, e logo sentiu-se culpado também.

— Sim, claro, desculpe, Eddie, eu não sabia que era claustro…

— Eu sou, tá bem? — ele exclamou, parecendo assustado. — Agora, vamos sair dessa merda!

Uther assentiu, abaixou a lanterna, apagando sua luz, virando-se em direção a saída luminosa.

Neste momento, um risinho foi ouvido, a porta se fechou, fazendo a escuridão tomar conta de tudo. Edmund deu um grito de pavor alto, que reverberou por todo o pequeno local, e assustou até Uther, que largou a lanterna e foi até o namorado, que agachou-se, em pânico.

— Calma! — disse Uther, agachando-se para abraçá-lo. — Só está escuro, eu te guio…

Edmund o empurrou, desvencilhando-se de seu abraço.

— Eu não tenho medo do escuro, idiota! — Vociferou. — Alguém nos trancou! Eu quero sair! QUERO SAIIIIIIIIIR!

Uther podia não ver o rosto do namorado, mas percebia seu desespero. Infelizmente, deixou a lanterna cair ao correr até ele, e não conseguia enxergar nada. Respirou fundo e ergueu-se, aprumando-se, e falou com voz de ferro:

— Chega de piada, idiota! — exclamou. — Quem estiver aí, abra a porta!

Um risinho foi ouvido novamente, e Uther pode ouvir a voz dizer:

— Os safadinhos vão ficar trancados com os mortos, até se juntarem a eles.

Era a voz de Ambrosius. Ao ouví-la, Edmund pareceu congelar, ficando imóvel. Incrédulo.

Uther bufou, andando a passos largos e irritados pelo terreno escuro e irregular, onde acabou tropeçando e caindo. Sabia que tinha que esperar até a visão se adaptar, mas seu namorado estava apavorado. Pior, ao ouvir a voz de Ambrosius, ele também estava sentindo uma pontada de medo percorrer sua espinha.

De repente, a porta se abre e a luz volta a surgir no ambiente, mostrando os flocos de poeira que flutuavam no ar, e afugentando os bichos da escuridão. Uther suspirou, aliviado. Virou-se, e viu o namorado, agachado, com os olhos verdes vermelhos, assim como toda a cara, e ranho e lágrimas em todo o canto.

Levantando-se, Uther foi até ele, ajudou-o a se erguer, levando-o para fora da gruta. A escuridão ficou para trás, e Uther até apertou os olhos diante do resplandecer do dia. Eddie caiu de joelhos, respirando profundamente. Gwen foi até ele, agachando-se ao seu lado, e oferecendo um pouco de água de uma garrafa que Brân havia trazido.

— Pronto, pronto… — tentou acalmá-lo. — Está tudo bem, relaxe…

— Droga, Ambrose! — ralhou Brân, irritado. — Que porra deu nessa tua cabeça pra fazer uma merda dessas?

Ambrosius, apesar de muito maior que o tio, fez uma cara amuada.

— Foi uma brincadeira! — defendeu-se. — Eu apenas fechei a passagem, nem tinha como impedir eles de sair, afinal, a porta é só uma tábua solta!

O rapaz estava certo, mas Uther não ligava. Andou até ele, empurrou Brân com o braço, pegando-o de surpresa, quase fazendo cair, e agarrou Ambrosius pelos ombros, jogando-o contra a parede e o teto da pequena construção pagã. O rapaz o olhou, com os olhos de íris rosa-esverdeada, surpreso e assustado, como uma simples criança.

Ele não é uma simples criança, pensou, é um demônio!

Uther fez mais pressão com uma mão, enquanto arqueou um braço para trás, pronto para esmagar a cabeça oca do rapaz.

Brân agarrou o ombro do braço que segurava o Ambrosius.

— Chega — ordenou.

A simples palavra fez Uther hesitar.

— Não se meta nisso — retrucou ele entredentes.

— Eu disse chega.

Uther encarou os olhos de oblíquos e prateados de Brân com um soslaio de seus próprios olhos oblíquos e escuros. Ele o encarou.

— Chega. — A voz era firme.

Uther, não aguentou encarar a claridade, soltou ambrosius e desfez o punho. Ele e Ambrosius se encararam, até que Uther lhe deu as costas e foi até Edmund.

Ambrosius encarou Brân, que o olhou fixamente, com um olhar profundo. O tio ergueu um dedo pálido, de unha escura, ao sobrinho e disse: 

— Você não vai falar nada disso, entendeu?

Ambrosius nunca foi pacífico. Sempre bateu de volta, berrou, xingou… Entretanto, não conseguia fazer aquilo ali. O olhar de Brân o fez encolher-se e arrepender-se da brincadeira inocente que fez ao tio e seu namorado, e o deixou sem reação à ameaça de Uther.

E agora o impedia de sequer falar outra coisa além desta:

— S-sim. Não vou contar.

Brân assentiu. Virou-se para encarar o irmão, Uther e Gwen.

Uther se agachou e aproximou-se do namorado. Entretanto, Edmund o empurrou, com ódio, antes que ele pudesse pôr as mãos nele. 

— Não chegue perto de mim! — Cuspiu,  virou-se, e, quase correndo, foi a passos largos até o caminho de volta para a mansão.


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