Os Pecados de uma Família escrita por Pedroofthrones


Capítulo 5
País dos Sonhos




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Atlas era um local tão charmoso que Helena não queria sair dali nunca. A comida era deliciosa, principalmente a ambrosia, que era extraída de uma árvore única que havia na ilha; o local era lindo, muito mais belo que Gália, cheio de vida; e, acima de tudo, sua família não estava por perto.

Claro, Helena amava sua família, mas estava feliz por não os ter consigo. Seu pai era sempre muito protetor, zeloso, e nunca a deixava fazer nada e nem conversar com ninguém; seu primo, Ambrosius, só ia saber ficar emburrado, importuná-la e tentar afastar ela de seu belo Gareth, e teria o apoio de Aenor para tal; e, acima de tudo, era melhor ficar longe de Igraine, pois a tia só saberia dizer como ela devia comer menos, como estava dormindo demais, que era leviana…

Enquanto Aenor via a filha como uma boneca a ser protegida, Igraine — o mais próximo que Helena teve como figura materna, pois sua mãe verdadeira havia morrido pouco depois dela nascer —, via-a como uma boneca imperfeita, sempre falando como o nariz era muito empinado, que o cabelo não estava bem cuidado, que os olhos eram muito afastados, que os modos de Helena estavam sendo mal feitos…

Agravaine era um pouco cruel com Gareth, mas ainda era mais calmo com Helena. Entretanto, se a jovem tivesse que escolher, ela gostaria de ter apenas o tio-avô Ban ou a cunhada ali com ela. Ban era seu tio favorito — apesar de não suportar a filha dele —, e sempre dizia que era adorável, que deveria ser modelo, e como ficava espantado por ela ser tão inteligente (e, o mais importante, não era como os irmãos do avô ou o de sua soga, que viviam a apalpando quando a abraçavam e a elogiavam de forma nojenta). Também era o com melhor humor, sempre divertido e divertindo.

A cunhada Isolde também era mais interessante, pois sempre tinha assuntos interessantes para falar; sobre teologia, plantas, histórias da terra da Natal, belas canções e sobre conselhos amorosos. Lembrava-se que uma vez disse que a senhora Igraine só falava criticamente de Helena por pura inveja, embora Helena achasse difícil uma mulher tão bela como a tia ter inveja de alguém tão simples como a sobrinha.

Naquele dia, ela e o marido estavam comendo do lado de fora do buffet do restaurante do resort, ao livre. Do lado da mesa que eles ocupavam, havia apenas a balaustrada baixa. Lá de cima, tinham uma vista panorâmica do andar de baixo, onde haviam piscinas e cadeiras largas para as pessoas descansarem.

Longe da tia e do pai, Helena pode finalmente comer como bem quisesse; e assim o fez: pegou um pedaço grande de maçã dourada, com morangos azuis e cobertura de Ambrosia; caviar e bafas púrpuras; e uma enorme torta de dodô.

— Espero aguentar comer tudo isto — ela disse ao marido, enquanto saboreava o belo bolo dourado, sentindo as papilas a saltitar a cada mordida que dava.

Gareth riu.

— Também espero — brincou, comendo ovos verdes de cisne sangrento cozidos, junto de truta prateada coberta de açafrão, enquanto tomava café vermelho. — A comida aqui é bem cara.

Aquilo a fez sentir-se mal. Onde estava com a cabeça? Nunca aguentaria comer tudo aquilo! O marido estava gastando uma fortuna naquilo e para nada.

— Desculpe — ela disse, abaixando a cabeça e juntando as mãos, como uma criança. — Não deveria ter pedido tanto.

Enquanto levava um garfo com um pedaço de peixe para a boca, Gareth parou-o no ar e olhou para a esposa cabisbaixa.

— Estou brincando, esposa — disse. — Pelo Todo-Poderoso, coma!

— Eu vou engordar… — ela explicou, sentindo as bochechas arderem. — Dizem que a comida de Atlas engorda muito, principalmente quem não está acostumado.

O marido deu de ombros.

— Um mero bolo não engorda — rebateu ele. — Além do mais, não é como se conseguir alguns quilos fosse te matar.

 Helena olhou em volta, com os olhos rosa analisando as pessoas que ali comiam. As pessoas de Atlas eram todas tão lindas! Mais lindas do que a tia Alienor e seus filhos, ou Helena e seu irmão. Tão coloridos e belos, com os cabelos, olhos, e etnias variando entre tons claros e escuros. Muitos eram gordinhos, e ainda permaneciam belos como estátuas humanas.

Helena assentiu e voltou a comer o bolo, pegando um pedaço com um garfo e voltando a sentir a boca dançar ao saborear o pedaço.

— Hmmm… — ela saboreou, mastigando sem parar o pedaço, que variava em sua boca. Num momento era leite materno com açúcar, no outro, o semên morno do marido com sal, depois, pareceu que comia o bolo de casamento dela, só que ainda mais saboroso.

Gareth engoliu o pedaço de peixe e olhou para a esposa. A ambrosia deixava suas bochechas enrubescidas e seus olhos brilhavam mais. Até a pedra de luz do anel de noivado brilhava mais. Ele sorriu, apreciando ver ela tão feliz. Achava que sentiria saudades da mãe e de casa, mas quase nem pensava neles. O País do Verão parecia mais o País do Sonho, pois ele parecia estar lá há minutos, não dias, e tudo fora da ilha e sua névoa densa era pífio e irreal.

Ao ver seu marido a observando, Helena engoliu o pedaço e voltou a cabeça para baixo, dando um sorriso tímido. Afastou uma mecha loira com o dedo indicador. 

— Você é tão linda — ele disse, não conseguindo deixar de apreciá-la.

— Você sempre diz isso! — Ela dá um risinho.

— Porque é a verdade — Gareth se justifica, ainda vendo como a esposa era linda. — E, posso ser sincero? 

— O quê? — indagou, curiosa.

O marido pegou na mão dela, sentindo o calor e energia do anel de noivado deles, inclinou-se pela mesa, e disse:

— Não penso em mais nada — confidenciou. — Não ligo para mais nada, querida, exceto você e eu, nesta maravilhosa ilha, para sempre. Não estou nem aí para a nossa família.

A esposa deu um risinho de novo.

— Oh, eu também! — admitiu. — Já não penso em meu pai, meu irmão… Oh! — arregalou os olhos.

O sorriso de Gareth morreu e ele franziu as sobrancelhas pretas.

— Que foi? — indagou ele.

— Nem ao menos ligamos para a nossa família desde que chegamos! — lembrou ela. — Na verdade, nem sei quanto tempo estamos aqui!

O rapaz se recostou na cadeira.

— Nossa, é verdade… — ele concordou, pertubado com aquilo. Nunca havia deixado de falar com a sua mãe quando estava longe, sempre ligando ou mandando mensagem. Olhou para a esposa. — Quando terminarmos aqui, ligamos para eles, podemos fazer uma videochamada.

Helena aquiesceu.

— Tem razão — ela disse. — Meu pai deve estar preocupado.

Gareth meneou a cabeça, concordando.

— E minha mãe deve estar louca! Pobrezinha!

Quando terminaram de comer, levantaram da mesa e Gar colocou uma gorjeta na mesa. Ele segurou um arroto, botando um punho na frente da boca.

— A comida daqui é muito boa — ele comenta, abaixando os óculos escuros que estavam no topo e colocando-os nos olhos, pois o sol da ilha estava intenso. Pegou na mão da esposa.

Helena alisou a saia do vestido rosa com a mão, tirando qualquer dobre. O vestido era de seda fina, à moda de Atlas, onde a seda era comumente usada, por causa do ambiente quente. Era decotado, como os vestidos da Cornucópia, com um corte profundo que desnudava os ombros e revelava um pouco dos seios — embora estivessem bem expostos, graças ao tecido transparente, que revelava bastante o corpo da esposa de Gareth.

O marido também usava uma camisa fina e transparente, feita de linho.

Ao ter uma visão do corpo da esposa, Gareth sorriu e soltou a mão dela, puxando-a pela cintura, como Agravaine fazia com Isolde. Helena riu e eles deram um beijo.

— Meu pai me mataria por usar algo assim — ela comentou, pegando na mão do marido e a fazendo subir até seu ombro.

— Ah, ele me mataria por sequer te olhar — Gareth brincou, enquanto os dois começavam a andar. — Na verdade, eu deveria matar quem te olhasse.

Helena riu enquanto eles desciam por uma escada de pedra, que dava até o andar com piscina, onde adultos conversavam entre si ou nadavam, e os servos levavam comida e bebidas em bandejas, usando roupas transparentes e provocativas — crianças não ficavam por ali, ficando na área leste, onde era para pessoas com filhos, onde os servos eram mais “cobertos”.

— E desde de quando você é do tipo ciumento? — ela indagou, divertida.

Helena tinha razão, Gareth não era ciumento. Sabia que ela estava comprometida com ele, e que era uma mulher fiel. Homens e mulheres podiam tentar, mas ele sabia que Helena amava apenas ele.

— Ora, acha que eu não faria? — Gar brincou, apesar de ambos saberem que não era sério.

Helena deu uma olhada na piscina enorme e azul, onde algumas pessoas nadavam e teve vontade de nadar naquela água refrescante, fugindo do sol que queimava a sua tez pálida.

— Vamos nadar um pouco? — ela pediu.

Gareth assentiu.

— Claro. Aqui?

Ela fez que não com a cabeça.

— Vamos tomar um banho no mar da praia — ela disse. — Vai ser mais refrescante.

Gareth concordou com um meneio da cabeça.

— Está bem, vamos trocar de roupa.

X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

Helena colocou um biquíni rosa e o marido uma sunga preta e foram para a praia em frente ao resort. A areia era rosa, por causa de um crustáceo que ali vivia, e a água era azul e brilhante, com ondas pequenas que faziam um som relaxante. A brisa era fresca e salgada.

Helena e o marido nadaram lado a lado, sentindo o frescor do mar frio banhar seus corpos. Peixes com furtacor nadavam perto deles, em um mini-cardume, beijando a pele deles, limpando-a. Um golfinho nadou ao lado de Gar, que o tocou e os três nadaram juntos por um tempo, como se fossem da mesma espécie, enquanto o animal fazia sons fofos que ecoavam pelas águas.

Gar retirou a mão da pele cinza do animal quando ele e a esposa ergueram a cabeça para fora, para respirar. Helena afastou o pesado cabelo molhado com as mãos, o tirando do rosto e podendo ver o que havia à sua frente.

Quando o rosto dela foi revelado, Gar foi para perto dela, e a abraçou, sentindo a pele morna e molhada dela, em contraponto à água fria da maré. Seu cabelo dourado e rosa estava lustroso pela água salgada, suas bochechas avermelhadas, e boa parte de seu belo corpo estava exposto. Ela era como uma sereia das canções que ele ouvia, cuja beleza arrebatava os corações dos marinheiros que navegavam pelo mar, fazendo-os pularem na água e se afogarem.

Gar beijou o rosto da companheira, sentindo o sal da pele lisa.

— Isso é como um sonho… — sussurrou Helena, enquanto o marido descia e beijava o seu queixo e o seu pescoço. Passou a mão pelos cabelos castanhos-avermelhados dele. Ele a abraçou mais forte e beijou-lhe o ombro. — Hmm…

Gar estava tão duro quanto as rochas da costa da praia. Beijou um dos seios dela, sentindo a água salgada do mar que por eles passavam.

Rindo, ela colocou a mão por baixo do queixo dele, o fazendo erguer o rosto. Os olhos cinzas dele estavam escuros de desejo.

— Pare — ela pediu, rindo —, aqui não.

Ele deu um grunhido, irritado e envergonhado.

— Está bem… — ele disse, tentando ignorar o falo duro. — Depois?

Helena aquiesceu.

— Você me deixa louco, minha fada! — ele ralhou, rindo, ainda a abraçando, com o corpo roçando contra o dela, ambos nadando nas águas azuis e fresca da ilha. — Louco de amor!  Embriagado! — Beijou-a novamente, várias vezes no pescoço, fazendo rir com as cócegas, enquanto sentia os pequenos seios dela roçarem contra seu tórax.



X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

De volta ao cômodo que eles compartilhavam juntos, Gareth fodeu a esposa, depois de tanto esperar. O corpo de ambos estava salgado e molhado, pois ele não aguentou de excitação. Ele se empurrava contra o corpo magro de Helena, sentindo o calor de sua intimidade. A esposa gemia alto, enquanto o marido lhe dava prazer a ela, e fazia o colchão de água chacolar. Gar já não tinha que tapar a boca dela com a mão ou fazer ela ficar com a cara contra um travesseiro, para abafar os gemidos, para que ninguém ouvisse.

Quando começou a sentir-se chegado ao ápice, Helena arfou, e cravou as unhas nas nádegas rechonchudas, peludas e cheias de estrias do marido. Gar gritou com os arranhões, mas empurrou-se com mais força, gostando da sensação do toque de sua esposa. Helena começou a arfar mais alto, e mais alto ainda, até que, quando gozou no falo duro do marido, ela deu quase um grito, cravando com ainda mais força o marido. Suas pernas tremeram e ela sentiu um esguichar vindo da fenda de seu corpo, molhando o membro viril do marido e sentindo o líquido umedecer suas pernas e o colchão no chão.

Quando sentiu sua esposa gozar, Gareth sentiu uma onda de prazer ainda maior e se empurrou com ainda mais força contra ela, fazendo Helena voltar a gemer. Ela parecia estar até chorando pelo som que fazia.

Gar sentiu ela gozar de novo. Sentia ela se contorcendo embaixo dele, e arranhando suas costas, conforme ele lhe dava mais prazer.

Quando jorrou dentro dela, Gar se empurrou com mais força e deu um longo gemido, abafado. Sua esposa fez o mesmo embaixo de seu corpo, enquanto ela sentia ele enfiar mais o pau nela e gozar dentro.

Gareth deu um beijo na testa dela e rolou para fora do corpo dela, ficando ao seu lado. Ambos estavam brilhantes de suor, ofegantes, de costas para o colchão e olhando para o teto com claraboia de cristal no teto. O falo de Gar ainda estava empinado, brilhante pelo semên dele e da esposa. Suas pernas estavam lustradas pelo suor de seu corpo e o esguicho de sua esposa.

Ele olhou para a companheira, que afastava uma grossa mecha de cabelo do rosto. Ela ainda gemia um pouco, como se ainda estivessem fazendo amor. Todo o corpo estava suado, e os bicos dos seios estavam duros. Olhou para as pernas dela, vendo elas lustrosas pelo esguicho. O líquido havia feito uma mancha escura no colchão, como se ela tivesse urinado.

Gar virou-se e a tomou nos braços. Ambos estavam respirando de forma errática e suando de calor. Os pelos pretos e grossos de Gareth estavam todos grudados pelo suor e ele parecia um urso, suas costas ardiam onde Helena o havia arranhado, principalmente as nádegas, mas ele nem se importava.

Gar beijou as bochechas da esposa, que fez outro som lamurioso. Ele a embalou nos braços e passou uma grossa e peluda perna pela cintura fina dela. Podia sentir os pequenos peitos da esposa contra o peito largo dele, sentia também o bater do coração arrítmico. O quarto cheirava a sexo e acre, por causa do suor.

Gareth lembrava-se de ver e invejar o cunhado Agravaine, vendo-o sempre ser carinhoso com a esposa e dar tudo para ela, e sabendo que ele sempre lhe dava todo o prazer que ela queria. Ele o invejara, pois sentia que não era capaz de dar todo o júbilo a Helena, sentindo-se desinteressante, sem grande fortuna, e nada que aprouvesse a amada como ela merecia, nem sequer tinha um rosto bonito. Ele sempre iria se indagar o motivo pelo qual alguém tão bela e alegre como a esposa tivesse olhado duas vezes para alguém tão sem graça como Gareth, que tinha apenas a mãe como amiga.

Agora, entretanto, estava feliz, pois sentia que podia dar todo o júbilo que a amada precisava; tudo que ela quisesse, ele daria para ela.

Ficar ali, abraçado e excitado com a esposa, lembrou o recém-casado da primeira vez que ele e a esposa fizeram amor. Era na virada do Ano, e ambos haviam tirado a máscara, em meio às fogueiras coloridas da comemoração, já bêbados de álcool e luxúria — Havia pessoas ainda transando com máscara, entretanto. Lembrava-se de ter visto um homem loiro que acreditou ser o sogro Aenor, por causa da máscara parecida com a que ele usava, fudendo uma mulher mascarada de quatro na relva; os amantes soltavam gemidos de prazer, que soavam abafados, e as máscaras cobriam o rosto e as emoções deles.

Tanto Gar quanto Helena tinham o corpo pintado de dourado, como era de costume na celebração da virada de Ano. Eles foram para as árvores da floresta, próximas da celebração, para transar em paz. Lembrava-se de ter sido rápido e agitado, e, apesar de lembrar-se do momento com carinho, ainda ficava triste por ter sido tão precoce e afobado com a amante, pois não a fez desfrutar todo o prazer que ela merecia. Ainda lembrava dos gemidos de Helena enquanto ele a lubrificava com a língua — ele fazia muito aquilo antes deles começado a ter relações sexuais “íntimas” —, lembrava-se de como sua futura esposa passava dedos excitados pelo couro cabeludo dele, e empurrava a sua cabeça contra a fenda rosa de seu corpo.

Gar também lembrava-se da visão de seu falo, empinado e rubra pelo sangue de Helena.



Deve ter dormido, pois acabou sentindo os olhos pesados e com a areia ao abrí-los. Seus músculos estavam relaxados, e um dos braços estava dormente, pois sua esposa estava em cima dele. O sol estava bem acima deles, os aquecendo. O semên em seu falo já estava seco, assim como o seu corpo já não estava tão grudento de suor, embora ainda fedesse. O cômodo ainda cheirava a suor e sexo.

Gar soltou a esposa, puxando com cuidado o braço por baixo dela, ainda o sentindo dormente. Ele levantou-se, entrelaçou os dedos e esticou os braços o máximo que podia, sentindo a dormência passar e ouvindo um estalo. Girou a cintura para um lado e depois para o outro. Ele esticou as pernas, acordando-as.

Deu um beijo na testa da esposa, que dormia, ainda nua na cama. Seu corpo estava pintado de dourado graças aos raios de sol. As pernas estavam bem abertas, mostrando os pelos côr-de-rosa da vagina. Gar ergueu com cuidado a cabeça dela, de forma gentil, e colocou uma almofada embaixo. Os fios de cabelo pálido e rosa da cabeça estavam esparramados pela cama. A única cobertura de seu corpo era a corrente de corpo que havia na cintura dela, uma corrente dourada adornada com miçangas de âmbar rosa. 

A simples visão de Helena era capaz de fazer seu marido voltar a sentir um ardor na barriga e seu falo já se empinava novamente.

Ignorando os desejos febris, o rapaz virou-se e foi até o banheiro, onde ligou o chuveiro e deixou a água gelada lavar o corpo. A corrente d’água retirava a sujeira de seu corpo, todo o sal, suor seco, e o semên que estavam grudados nele. O gelo da água relaxou os ferimentos rubas que sua esposa havia feito nele durante o sexo. Pegou um tablete de sabão rosa e esfregou nos cabelos castanhos avermelhados, criando uma espuma rosada e cheirosa. Um pouco da espuma caía no seu rosto longo, cobrindo até os olhos. Ergueu a cabeça, sentindo os pingos violentos e quentes atingirem seu rosto e lavar o sabão que havia nele, fazendo-o escorrer ao longo de seu corpo, até atingir o chão e entrar pelo ralo em vórtice. Ele esfregou o rosto com uma mão, tirando qualquer vestígio de sabão, abrindo os olhos e piscando as pestanas.

Ao passar a palma da mão pelo rosto, começou a alisar o queixo proeminente. Sentiu os pelos pontudos, ásperos. O queixo estava até bem peludo, o que fez Gar perceber que havia bastante tempo que não aparava os pelos do corpo. Aquilo o fez se questionar se estavam a há um mês no resort e nem sabiam…

Sentiu os finos braços de sua esposa passarem pela sua cintura peluda. Ela entrelaçou os dedos das mãos quando deu a volta e Gar colocou as mãos deles por cima das dela. Helena beijou uma das marcas dos arranhões que havia feito e Gar sentiu a ardência de seus lábios, mas ignorou. Ele virou a cabeça e beijou a testa de tez branca da esposa, que era poucos centímetros menor que ele.

Virou-se e abraçou a esposa, passando os dedos pelas costas dela, gentilmente. A água começou a escorrer pelo corpo de Helena e o marido sentiu o arrepio de sua pele morna ao sentir o contato com a água fria.

Depois de tomarem um bom — e prolongado — banho, eles voltaram ao quarto, com a pele mais relaxada e limpa, pingando e fazendo um caminho de pequenas poças de água no chão dourado. Helena sentou-se no colchão de cama, fazendo-o balançar lentamente com o seu peso, e Gareth ajoelhou-se na sua frente.

— Quer fazer o que agora? — ele indagou, olhando nos olhos dela.

A jovem esposa olhou para o estado bagunçado da cama e depois voltou a encarar o olhar do marido.

— Bem, temos que mandar alguém limpar — ela respondeu —, mas eu não quero ficar aqui enquanto limpam.

— Vamos para as piscinas naturais — sugeriu Gar e Helena aquiesceu.

X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

Atlas era um ilha tropical, cheia de fontes de água quente natural, aquecidas pelo solo vulcânico. As fontes termais eram, junto do Néctar dos deuses, a principal atração do local. O solo vulcânico deixava a terra negra, rica em carbono e extremamente fértil.

Marido e mulher foram para um conjunto de piscinas naturais que havia no resort, onde a água fumegava e soltava fumaça. Sais de banho eram jogados eram constantemente jogados nas imensas piscinas, cujas bordas eram cobertas de ardósia cinza e lisa, substituindo as pedras irregulares que poderiam machucar as pessoas que por ali passavam. 

Passaram por cima de uma ponte de cristal, que tinha várias escadas em ambos os lados, por onde as pessoas desciam ou subiam, para ir ou sair de uma piscina. Ao lado da conexão de cristal, havia uma cascata de água fumegante que produzia um calmante e constante “ssshhh…” e despejava o líquido aquecido pelo local.

— Tem poucas pessoas naquela ali — Gareth ergueu um braço e apontou em direção a uma piscina redonda e com menos nadadores. Helena assentiu e eles foram até ela, descendo por uma pequena escada na lateral da ponte.

Gar ajudou a esposa entrar na piscina e depois afundou ao seu lado. Peixes transparentes, cujos os órgãos eram visíveis, através da pele translúcida, nadaram a toda velocidade até o corpo dela, parecendo beijá-los quando as bocas curvadas numa expressão triste tocava neles. Helena riu quando sentiu os animais tocando sua pele.

— São tão fofinhos — disse a jovem risonha, tentando tocar alguns deles com os dedos.

— São peixes-limpadores — disse uma moça perto deles (na língua córnica, não a Atlana, indicando que não era da ilha), na borda redonda da piscina. Tinha cabelos vermelhos e olhos pretos, e bochechas magras e altas. — Alimentam-se da pele morta. Eles nos limpam, enquanto se alimentam.

Gar olhou para um que parecia diferente do resto, era mais gordinho, e os órgãos estavam na maior parte escondidos por um tipo de gosma marrom-clara que se movia de forma pastosa. O peixe-limpador diferenciado tinha estava mordiscando seu mamilo, como um bebê sugando o leite de uma mãe.

Gar o pegou o peixe pela cauda translúcida e de ponta dupla, puxou-o para fora da água, erguendo o animal na água. Percebeu que o “líquido” era na verdade um bando de bichinhos minúsculos, empurrando uns aos outros. Fez uma careta de nojo quando os vermes se acumularam para baixo quando animal que eles incubaram foi erguido de cabeça para baixo, fazendo a parte perto do cabelo inchar mais.

A mulher de cabelos vermelhos também fez uma careta.

— Urgh, pobrezinho — disse ela —, está cheio de vermes. — Fez um estalo com a língua. — Por isso está tão gordo, mas tão faminto, estão sugando seus nutrientes e o deixando vazio.

— Que nojo! — exclamou Helena.

Também enojado, Gar jogou o bicho para fora da piscina, o animal bateu contra a parede de pedra e caiu no chão; a pele estourou e os parasitas que sugavam a sua vida brotaram para fora de seu corpo quase morto, como se dançassem sobre a pobre animal vítima, que abria e fechava a boca, como se quisesse respirar. Um homem que andava para fora do local passou por cima e pisou na algazarra de parasitas, que fez um som nojento ao ser esmagado e a maioria virou uma polpa amarelada e nojenta. Alguns bichinhos ainda se moviam entre os irmãos esmagados.

Helena fez uma careta e virou a cara, enquanto um arrepio surgia pelo seu corpo.

— Que nojo — ela comentou. A mulher de cabelos em brasa sorriu.

— É a lei da natureza, querida — disse a moça, de forma gentil. — Parasitas existem em toda a parte, sempre querendo o quê é nosso — Deu uma risada. — Acredite, já conheci os meus.

Helena estreitou os olhos.

— Desculpe-me perguntar — começou Helena —, mas já teria visto você em algum lugar? Não digo no Resort, mas em algum outro lugar…

— É muito provável — respondeu a moça, encostando as costas na parede da piscina e descansando os dois braços nas bordas de ardósia. — Sou modelo, deve-me ter visto em alguma revista.

— Ah, é verdade! — disse Helena, lembrando-se de onde tinha visto a moça. — Já posou nas revistas com a lingerie da empresa da esposa de meu tio Ban?

— Ban Agenor? — indagou a mulher. — O marido de Adara?

Helena aquiesceu.

— Ele mesmo!

A mulher assentiu.

— Sim, já posei para a lingerie da esposa dele. — A mulher pegou um copo de bebida gelada e verde e chupou um pouco do líquido por um canudo que se dobrava várias vezes. — A filha deles, uma linda moça, também é modelo. Você é filha da irmã dele, querida? A senhora Alienor? É uma moça deslumbrante!

Helena respondeu que não com um meneio da cabeça.

— Sou filha do filho mais velho dela, Aenor. — Acenou com a cabeça para o marido. — Este é o meu marido, Gar.

O rapaz acenou com a cabeça, enquanto peixes circulavam e comiam a pele caída dele, parecendo comer os pelos de seu corpo, como boi mascando capim.

— Gareth Tareth, madame — ele se apresentou. — Da família Gyonnel.

A mulher acenou.

— É um prazer, Sire — ela o comprimentou. — Sou Afka, mas pode me tratar por “você”, por favor.

Ele sorriu.

— Desde que me trate assim também, será um prazer.

Afka anuiu.

— É claro. — Olhou para Helena. — Ban bem havia me dito ter um casamento para ir; presumo que vocês dois estejam em lua de mel?

Ambos assentiram e Helena falou:

— Estamos aqui há… — franziu o cenho e virou-se para o marido. — Quanto tempo estamos aqui mesmo, amor?

Gar deu de ombros e meneou a cabeça.

— Nem sei, esposa, faz… Ah, não acho que estamos há muito.

Afka riu.

— Ora, é assim mesmo — disse ela. — Eu fiquei aqui quase dois anos sem perceber. — Pousou o copo na borda feita ardósia e depois voltou a encarar o casal. — Atlas é viciante, ainda mais para quem é novo aqui; quem entra, não quer mais sair.

Gar riu e puxou Helena pela cintura.

— Bem, eu não reclamaria — ele brincou, afundando a ponta do nariz de batata na orelha dela. — Poderia bem ficar aqui para sempre. — A esposa ruboresceu e deu um risinho com a piada e o chamego do marido.

Afka não achou muita graça.

— É, mas cuidado — avisou. — O País do Verão é assim, eles querem quantos hóspedes puderem, e os querem aqui o quanto puderem, não te esqueças de que tem gente esperando vocês.

Ao ouvir aquilo, o rapaz parou de sorrir e ergueu a cabeça, olhando para a modelo.

— Minha nossa — ele exclamou —, é verdade! — Olhou para a esposa. — Esquecemo-nos de ligar para a minha mãe e o teu pai!

Helena franziu o cenho, confusa, e depois, ao entender o que o marido dizia e parecer sair de um sonho, arqueou as sobrancelhas e arregalou os olhos.

— É verdade! Minha nossa, nem tinha lembrado… — Virou-se para a modelo. — Muito obrigada, se não fosse você, tínhamos esquecido por completo!

A modelo de cabelos vermelhos riu.

— Ora, sem problemas — ela disse. — É bom ver que ainda tem jovens que ligam para os pais, a maioria os descarta assim que sai de casa.

— Ah, eu nunca poderia esquecer de Milady minha mãe — Gar disse, sentindo-se culpado por não ter ligado. Abaixou os olhos. — Pobrezinha, deve estar preocupada conosco.

A esposa pegou a sua mão.

— Meu pai também deve estar sendo uma dor de cabeça para ela. Por qual motivo não nos ligaram ainda?

Gar deu de ombros, com um semblante triste.

— Não faço ideia.

— Ah, relaxem — disse Afka, fazendo um gesto com o braço, indicando que não deveriam se importar com a situação. — Fiquem aqui um pouco, depois vocês ligam. — Pegou o copo com bebida novamente e indagou: — Vocês vão à festa hoje à noite? Vai ter um espetáculo de fogo e mágica, creio que vão gostar.

— Festa do que? — indagou Gareth, curioso. Helena se recostou perto dele. — Sempre parece ter uma festa por aqui.

Afka deu de ombros com um sorriso simples. Colocou a ponta do canudo entre os lábios e bebeu um pouco do líquido. Quando terminou de tomar um gole da bebida gelada disse:

— Atlan é cheio de festas — ela respondeu. — Creio que seja de algum príncipe das tribos… Ou quem sabe rei? Bem, não é a Rainha Acima de Todos. Deve estar querendo conseguir alguns votos, talvez? — Deu de ombros. — Bem, talvez seja só uma festa para agradar os hóspedes.

A Ilha de Atlan, com exceção do principado da Bretanha, tinha vários líderes de tribo, príncipes e reis, e outros títulos de liderança variados. Alguns povos variam como escolhem seus líderes: lutas, votos, desafios, linhagem sanguínea, gênero, casamento… Entretanto, aquele que iria liderar todos os reinos era votado por cada líder tribal, príncipe regente, e rei, assim como por qualquer pessoa de cargo alto para votar. Aquele que ganhasse, fosse nobre ou não, receberia o título de Rei ou Rainha Acima de Todos. Houve uma rainha, a primeira Rainha Acima de Todas, que foi eleita pelo povo de Atlan e derrotou todo o Império Sacromano da Suprema Igreja da Espada Salvadora, salvando as religiões pagãs da Ilha de serem massacradas e seus habitantes escravizados.

Helena se virou para o marido:

— Poderíamos ir — ela sugeriu. — Vai que conhecemos alguém da realeza?

Gar assentiu. Não podia negar nada para ela.

— Nos vemos lá então — disse Afka. — Vou mostrar meu marido para vocês.

— Ah, não sabia que era casada — disse Helena.

Afka ergueu o braço na direção do casal e mostrou um largo bracelete de ouro de aço damasco, cheio de ondulações, como onda no mar, que cobria o pulso e boa parte do braço. No centro, havia uma enorme pedra de âmbar laranja.

— Sou sua segunda esposa — revelou ela. — Ele tem outras duas; uma é a principal, cujos filhos eram herdar a terra, enquanto a outra, é apenas uma moça que ele gosta muito… Essa sim é a que ele ama. Acho que tem até um filho juntos.

— Vocês também têm filhos? — indagou Gareth.

— Oh, pelo Todo Poderoso, não! — ela respondeu, parecendo horrorizada com a ideia. — Fiz um processo de esterilização e embelezamento; conhecem? — tomou mais um gole da bebida, após terminar ela pareceu segurar um soluço e depois voltou a olhar para o casal. — É um processo onde o seu corpo parece congelar no tempo, e o tempo de vida é praticamente imortal, desde que continue o tratamento; entretanto, ele causa infertilidade. — Deu de ombros. — Não que isso importe, eu já retirei meu útero.

Helena assentiu.

— Meu tio Ban me contou sobre; disse-me que muitas modelos usam. Deve renovar a cada quinze anos, não?

— Vinte — corrigiu Afka. — É a base do Néctar de Atlas, faz maravilhas para o corpo. — Alisou uma das bochechas. — Minha pele meio amorenada ficou branca como uma pérola; meu ruivo escuro agora parece em brasas; os meus olhos castanhos agora parecem ser de âmbar e até meu rosto ficou simétrico. — Olhou para a jovem Helena. — Ora, uma jovem como você nem sequer precisa de algo assim; parece um anjo! Uma estátua de diamante bem lapidado e cortada!

A jovem deu um sorrisinho e enrubesceu com o elogio da moça, e Gar concordou com as palavras da modelo.

— Quem sabe eu não faça? — indagou Gar, entrelaçando os dedos nos da esposa, sentindo o anel de noivado. — Afinal, não quer ter um marido feio, não é?

Helena fez um estalo com a boca, não achando graça alguma no comentário.

— Deixe disso — ela ralhou, franzindo o cenho. — Se me importasse com beleza, teria ficado com Ambrosius.

O sorriso no rosto de Gar morreu quando ouviu o nome daquele rapaz. Ambrosius era um rapaz insuportável, sempre tentando ficar entre Gareth e Helena.

— Ambrosius é passado — disse Gar, dando um beijo na têmpora dela.

— Bem — disse Afka, colocando o copo praticamente vazio na borda de ardósia —, vou deixá-los sozinhos para o namorico; pois está na hora de minha massagem. Vejo-os na festa de hoje?

— Por mim, seria bom — disse Gar.

— Ah, será bom! — disse Helena.

— Até lá então — disse Afka, que apoiou as mãos na borda da piscina e flexionou os braços, saindo da água. O movimento do corpo criou ondas e espantou os peixes, que nadavam assustados, sem rumo, e esbarrando entre si. O corpo da mulher pingava pesadamente por causa da água. Ela deu um aceno para o casal, sorrindo, e saiu andando.

Quando ela se foi, Helena virou-se para o marido.

— Vai usar roupas à moda de Atlas? — ela indagou.

Gar corou; os homens de Atlas usavam roupas muito transparentes, de tecido fino ou de pedraria, alguns preferiam usar correntes e jóias, ao invés de tecido. Ele não tinha coragem de usar algo tão extravagante assim; sentiria-se como um urso usando jóias.

— Se quiser… Eu nem tenho nada. Vai se envergonhar de ter um marido feio ao seu lado.

Helena revirou os olhos côr-de-rosa.

— Vou numa loja aqui perto — ela disse, pousando a cabeça no peito peludo e molhado do marido. — Vou comprar o que você achar melhor.

— Sozinha? — indagou ele, 

Gareth acenou.

— Quer que eu me depile? — indagou.

A esposa fez que não com a cabeça.

— Deixe disso — ela disse, abraçando o corpo peludo dele, e sentindo o cardume de peixes se reagrupar e mordiscar a sua pele.

Um empregado veio e mostrou uma bandeja de sais minerais. Ao vê-lo, Gar meneou a cabeça, indicando que poderia despejar tudo na piscina. Um odor doce e inebriante tomou conta do ar do local, e a água começou a formar espuma em alguns cantos.

Gar deu um beijo no louro da esposa e fechou os olhos, deixando-se relaxar, enquanto a água esquentava seu corpo.

X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

Quando o céu começou a ficar num tom de laranja-dourado, os casal voltou para o cômodo que eles ocupavam no resort. Os empregados já haviam deixado tudo limpo, retirando todo o cheiro de suor e sexo do ambiente, deixando-o com um cheiro doce de lavanda e pinho; os lençóis estavam arrumados e cobrindo a cama; e dois robes bem lavados e perfumados. Havia ervas aromáticas espalhadas no chão.

Em cima da cama, entre os dois robes, havia um bilhete dourado, dizendo que o casal era sempre bem-vindo “por quanto tempo quisessem ficar”.

— Vou só me secar e vou procurar uma boa roupa para você — disse Helena, soltando o sutiã e deixando-o cair no chão e revelando os pequenos seios, indo até o banheiro.

— Certo — Gar se jogou de costas do colchão de água, fazendo-o balançar de forma violenta, derrubando o bilhete que algum empregado havia deixado ali.

Ainda se sentindo sonolento, Gar fechou os olhos. Seu corpo estava esparramado na cama.

Helena foi até ele e roçou os lábios rosados nos lábios do marido. Gar ergueu um pouco a cabeça e ergueu o braço, colocando a mão aberta na nuca da esposa e a empurrando levemente. Estava faminto por amor, mas também estava tão sonolento que parou o movimento, voltando a descansar a cabeça e deixando o braço cair.

— Eu te amo — ele disse, com a voz embargada, caindo no sono.

Helena sorriu e disse que também o amava, e depois saiu do quarto.

X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

Helena saiu do resort e perambulou pela rua de paralelepípedos escarlates, que descia e levava até a cidade. Os paralelepípedos eram feitos de barro endurecido, que era criado pelas raízes de uma árvore que aqueciam o solo em que estavam, deixando-o num tom dourado. Lembrava um pouco os tijolos do império, seguindo o mesmo estilo que os sacromanos construíam as antigas estradas deles, porém aqueles eram de um tom mais escuro — os sacromanos foram bem influentes em algumas estruturas da Ilha, quando o Império Caído estava firmando paz com eles; provavelmente era por isso que eles usavam tijolos escarlate para a maioria das estradas, e não dourado, que era mais usado para paredes, muros e calçadas.

Havia muitas pessoas andando para lá e pra cá; algumas gritavam enquanto mostravam seus objetos, tentando prender a atenção daqueles que passavam por ali.

— Venham todos! Venham todos! — um homem de bigodes amarrados por anéis dourados, erguendo um gato bem alto, o segurando com as duas mãos. — Quem quer um gatinho?

— Aumente o pênis de seu companheiro ou companheira! — bradou uma velha cega, segurando um elixir por entre os dedos enrugados e finos como papel.

— Manto de ratos! Compre aqui seu manto de ratos!

— Uma poção para mudar as cores dos olhos pelo preço barato de uma poção que engrossa o leite materno!

— Não percam, não percam! — Exclamava uma pessoa que Helena não sabia dizer se era homem ou mulher, e que tinha pele rosa com tatuagens azuis. — Esta noite, a luta de três tigres contra cinco auroques!

Um homem usava uma flauta longa e de três bocas, fazendo uma cobra albina e de três cabeças lutarem; um garoto cuspia fogo; e um homem anunciava que seus cristais eram especiais e enchiam aqueles que os usavam de boa sorte.

Toda aquela algazarra de vendas e demonstrações lembrava algumas feirinhas que haviam nas pequenas cidades e vilas das terras do marido de Helena. A esposa questionou-se se o companheiro iria gostar de estar por ali.

Não precisou andar muito até encontrar algumas lojas onde poderia comprar alguns acessórios para vestir. Querendo ser rápida, Helena entrou na maior loja, e, ao passar pelo umbral, após as portas de vidro se abrirem para ela, sentiu um golpe de vento frio, criado pelo ar-condicionado do local. Um cheiro doce tomava conta do ambiente, como incenso com sabonete.

— Posso ajudá-la? — indagou uma mulher de pele marrom clara e com olhos de gato cortada, com pequenos chifres na testa.

Helena demorou-se um pouco para conseguir parar de olhar os galhudos da moça e encarar seus olhos. Quando fixou sua visão nestes, percebeu que eram cortados, como os de um gato.

— Er — enrolou-se para começar a falar, forçando um sorriso —, é claro! Não é para mim — explicou —, e sim para o meu marido. Ele é bem grande, de ombros largos, mas caídos, e eu queria dar um bom presente para ele. — Continuou. — Temos uma festa bem rica para ir hoje, no Resort de Vista De Ouro.

A mulher anuiu.

— Ele gostaria de uma túnica? Ou uma toga para mostrar a boa riqueza? Esta é mais usada no principado, você e seu marido vieram de lá? — indagou a moça, notando o sotaque de Helena, que falava Atlântico com certa dificuldade.

A moça respondeu que não com a cabeça.

 — Somos da Cornucópia, na Gália. Estamos em lua de mel.

A mulher meneou a cabeça.

— Vou mostrar o que temos — ela disse. — Quer algo para você também? — indagou.

Helena deu de ombros, não sabendo se compraria alguma coisa para si; os vestido de Atlas eram muito reveladores — mais até do que os vestidos bem decotados e finos que eram moda na Gália, que revelavam os ombros e um pouco dos seios, às vezes nem os braços eram cobertos, por causa do calor do país.

A moça com cornos mostrou uma corrente de corpo com cristais. A linha dourada passava pelo ombro e se dividia em três outras linhas, que passavam pelo ombro do manequim e passavam por baixo do sovaco, pouco acima da cintura.

— Que tal? — indagou a Atlana que trabalhava na loja.

Helena fez uma expressão contorcida de incerteza e meneou a cabeça. Seu namorado não gostava de mostrar muito de seu corpo; era padrão que os homens de Gália depilavam os pelos corporais, pois as roupas eram um tanto expositivas.

— Leve e veja o que ele acha — disse moça. — Volte hoje ou amanhã, e devolvemos o dinheiro.

Helena assentiu, embora duvidasse que as pessoas da loja fossem tão boazinhas assim.

Após comprar a corrente e uma longa túnica, Helena estava prestes a ir embora, mas a mulher mostrou-lhe alguns objetos.

Não teve coragem de comprar nenhum vestido; todavia, comprou um imenso colar de âmbar, um pequeno colar de conchas branco-prateadas cobertas de madrepérolas, e um belo par de chinelos de seda, junto de um par de sandálias longas, de sola reta, com pequenas pérolas de água-doce em forma de lágrimas. As sandálias eram ao estilo do Império caído, com as amarras de couro, que eram pintadas pela tinta de árvores de Hy-Brasil, subindo quase até o tornozelo. Por último, comprou um par de brincos de quartzo e um anel de ouro que cobria a ponta do dedo — o metal era misturado com a pedra iridescente de Atlas, que brilhava e distorcia o reflexo das coisas que refletiam em sua superfície, criando um mar de arco-íris. 



X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

Gar sonhou que estava nos campos de trigo de uma das fazendas que havia perto de sua casa. O trigo estava brilhante e dourado por ser banhado pelos raios de sol, que balançavam para lá, e depois para cá, por causa da ventania. Estava por cima de Helena, beijando-a. Ele estava sobre ela, mas ainda estavam vestidos.

Sentia saudades dos campos de sua propriedade; quando era mais novo, e seu pai ainda era um homem vivo e que verificava como andavam as terras que eram dele, Gareth passeava pelos campos das fazendas que eles visitavam.

Apesar disso, não era próximo de seu pai; ele era um homem que gostava de viajar e ficar no campo, enquanto Gar gostava de ficar em casa, lendo e passando tempo com a mãe, que raramente saia de casa. Eles liam, passeavam pelo rio, andavam a cavalo; Gar também escrevia poemas para a mãe.

Apesar disso, sempre que podia, seu progenitor ainda o levava consigo para mostrar como cuidar das terras quando fosse mais velho. Entretanto, ele sempre foi um pouco estranho para Gar. Um desconhecido que ia e vinha; quando partiu de vez, Gareth se entristeceu, mas nunca poderia dizer o que realmente sentia pelo pai.

O sonho que estava tendo passou rápido, pois logo acordou com a batida da porta do cômodo e abriu os olhos, erguendo a cabeça. A esposa havia chegado, e trazia uma caixa consigo. Gar grunhiu, levantando-se da cama, sabendo que ia ter de vestir alguma coisa muito bonita e pomposa que não tinha nada a ver com ele.

— E então? — Ele indagou, ao ver a esposa colocar uma caixa larga de papelão numa mesa de cristal que ficava perto da parede da porta e a abria.

— Diga-me se gosta — Puxou uma longa túnica preta de renda prateada e a colocou de frente ao corpo e a ergueu bem alto, para que seu marido tivesse uma boa visão dela. As mangas eram bem largas, e provavelmente iriam cobrir quase todo o seu braço, indo até os pulsos. O tecido era leve, feito de seda transparente. — Combina com os seus olhos, não acha, querido? — Alisou o tecido drapeado. — É bem leve, então acho que não vai passar calor. — Olhou para ele, querendo ver se ele havia gostado.

— É bem bonita — ele disse, e era verdade, o tecido era belamente trabalhado. Pegou a roupa pela bainha, colocando-o sobre a sua cabeça e puxando-o para baixo, auxiliado pela esposa. Passou um braço por cada manga longa da veste e terminou de passar a cabeça pelo buraco do topo. — Como estou? — indagou ele, terminando de ajeitar a túnica no corpo.

A esposa o estudou com o olhar, alisando qualquer dobra que encontra-se com as mãos.

— Está lindo. Olhe-se no espelho. — indicou o espelho de obsidiana com um aceno da cabeça.

Gareth andou até o espelho negro e viu seu reflexo nele. A boca das mangas era um tanto larga, como devia ser, sem ser uma boca de sino como algumas de alguns lugares da Hibéria. A túnica descia longamente pelo seu corpo, parando perto do tornozelo, deixando os pés quadrados e calosos dele expostos. O peito estufado era mais visível, e um corte descia quase até o meio dele; mas não era largo como os de Gália e Gar poderia amarrá-lo com um cordão que vinha na roupa.

— E então? — Helena indagou, enquanto o marido se virava de costas para o espelho. Ele virou um pouco a cabeça e abaixou os olhos para analisar as costas; o movimento fez Helena soltar um risinho, pois ele parecia estar a analisar as próprias nádegas, bem redondas e cheias.

— Bem, não pareço um urso mal vestido, te digo isso — ele brincou, voltando a se encarar de frente ao espelho. — Se você achar que ficou bom, eu uso.

A esposa suspirou, cruzando os braços.

— Mas você gostou?

Gareth contraiu os ombros.

— Eu achei bonito, esposa. — Virou-se para ela e sorriu. — Não é meu estilo, mas se você gostou, posso até dormir com isso.

Helena bufou:

— Sabe que não precisa usar algo apenas por que eu gosto, não é?

— Isto não quer dizer que não vou levar sua opinião em consideração.

Helena revirou os olhos côr-de-rosa e virou para a sacola ao lado e pegou algumas coisas que havia comprado. Mostrou as correntes ao companheiro.

— Vai querer? — Remexeu as correntes, fazendo os sininhos redondos chacoalhar e fazerem um leve badalar fino em uníssono.

Gar franziu o cenho peludo e deu um sorriso amarelo.

— Pelo Santo Acima de Todos Nós, que brega! — ele começou a rir.

— Ah — Helena abaixou os olhos, ficando sem graça com a reação do marido, e recolheu a corrente em suas mãos —, eu gostei…

Gar forçou um sorriso.

— Gostou é? — ele indagou. — Ah, neste caso eu…

Imediatamente ela sorriu e foi até ele, voltando a alargar a corrente dourada para colocar no ombro dele.

— Sabia que ia usar — disse ela, prendendo no ombro do marido.

— Que houve com o discurso “você não precisa usar algo só porque eu gosto”? — ele a questionou, enquanto ela prendia a corrente nele.

— Bem, vale só quando eu quero — Terminou de prender a corrente e deu um beijo na bochecha do marido, que sorriu, sem se importar com o quão brega era a corrente. Ele pegou as mãos dela.

— Sou seu manequim pessoal — ele brincou, levando as mãos até os lábios e beijando as pontas dos dedos.

A esposa liberou as mãos do toque dele e o segurou na mão, puxando-o até a mesa onde estava a sacola. Mostrou o imenso colar de âmbar; era enorme, e ela teve que segurar o objeto em vários lugares, para que não ficasse caído no chão.

— Acha bonito? — ela indagou. — Ou acha exagerado?

O marido tocou numa miçanga rosada e a girou entre os dedos.

— É lindo, Helena — ele disse. — Combina com os seus olhos. — Ele tocou a tez pálida da pele dele, lisa ao toque, sentido o calor. — Você é linda.

Helena deu um sorriso e deixou o colar de lado, pousando-o em cima da mesa de cristal. Ela deu meio passo até o marido, que percorreu sua cintura com as mãos e a cobriu com os braços, estendeu os braços por cima dos ombros caídos dele e rodeou o pescoço dele e ergueu a cabeça, vendo os olhos de Gareth ficarem escuros de desejo por ela, olhando-a nos olhos e depois os abaixou, fixando-os em seus lábios. Ele abriu um pouco a boca, louco para beijá-la.

Quando Helena estava prestes a beijar os lábios famintos de seu marido, um chiado barulhento explodiu do nada e ela levou um susto.

— Merda! — xingou Gar, irritado. Ele passou pela esposa e foi até o interfone. Apertou o botão. — Que é? — indagou irritado.

Um chiado foi ouvido e uma voz disse:

— É um presente, Sire — a voz tinha um certo ruído. — Para a vossa esposa, Dame Helena.

Gar franziu o cenho e olhou para Helena, que respondeu com um dar de ombros, tão perdida quanto ele.

Gar apertou o botão cinza e chato novamente.

— De quem? — questionou com cólera, desta vez, sentindo uma pontada de ciúmes. Sua esposa era uma mulher linda, não era difícil imaginar algum homem olhando para ela e querendo ter o agrado dela. Era normal; não gostava, mas aceitava que era inevitável, e sua esposa nunca iria corresponder qualquer tipo de flerte. Porém, alguém ser descarado a ponto de lhe enviar presentes era…

— É da esposa do Abubakar, Sire — Explicou a voz chiada. — O zaeim da tribo Qabila; ele…

— Certo, certo… — interrompeu Gar, voltando a pressionar o botão.

Gar abriu a porta e viu que o servo esperando do lado de fora. Antes que passasse pela soleira, ele pegou rudemente a caixa colorida em suas mãos e disse entre dentes:

— Mande meus agradecimentos — fechou a porta na cara do sujeito.

— Precisava? — indagou Helena, com as mãos na cintura.

— Sim. — Foi até ela e pousou a caixa embrulhada em fios vermelhos na mesa de cristal. — É bom que seja mesmo de Afka, e não do marido dela.

— Deixe de ciúmes seu bobo — ralhou Helena, abrindo o laço vermelho e levantando a tampa da caixa. — Oh, é um vestido!

Entusiasmada, Helena pegou o vestido e o ergueu.

Quando pôde visualizar a roupa, seu sorriso morreu, e ela ficou espantada.

— Minha nossa… — disse Gareth, arqueando as sobrancelhas pretas. — É, não duvido que seja o marido. 

Sua esposa o olhou de soslaio, irritada pela piada.

— Não tem graça! — Exclamou, furiosa, contraindo o cenho e juntando as sobrancelhas de ouro. — Que troça é esta?

Gar deu um de ombros e olhou o vestido.

— Acha que foi ela mesmo? — ele indagou, voltando a ficar desconfiado e sentindo uma leve pontada de ciúmes. Torceu a boca. — Helena, eu não me importo se aquele homem é rei de algum lugar, se ele te mandou isto, eu juro...

— Tem um bilhete — ela disse, deixando o vestido por cima da caixa aberta e pegando o papel para ler. Não sabia como era a letra de Afka, mas estava assinado por ela. — É, é dela.

— Tem certeza? — indagou o marido, colérico.

A moça deu de ombros e deu o bilhete ao rapaz. Ele leu e pareceu chegar à mesma conclusão que ela e deixou o bilhete cair no chão.

— Não vai usar, não é? — ele indagou, erguendo uma sobrancelha. — É muito… lascivo.

Helena sentiu as bochechas arderem.

— Acho que não, apesar de ser bonito. — Voltou a erguer a roupa. — Deveria.

— Bem, eu adoraria te ver usando isto — gesticulou em direção ao vestido, fazendo troça da situação. — Mas só porque iria tirar de você.

— Bem, talvez eu o use — disse ela, sentindo uma leve ousadia. Virou-se para o marido. — Espero que não tenha ciúmes — brincou com ele.

Gar juntou as grossas sobrancelhas e deu de ombros.

— Se quer usar usa — disse ele, um pouco irritado. — Se alguém se assanhar, eu mesmo resolvo.

Helena deu um risinho e pousou o vestido dobrado em cima da caixa onde outrora ele estava. Ergueu o olhar e o fixou para a porta de cristal. A luz estava sumindo; estava anoitecendo.

Estava prestes a falar que iria se arrumar para eles irem a festa, quando sentiu o marido beijar sua têmpora e acariciar a mão que estava por cima da caixa de presente.

— Helena… — ele sussurrou no seu ouvido, dando outro beijo. — Você não precisa de vestido para ser bonita, amor.

Ela virou-se e deu um beijo nos lábios dele, sentindo o calor febril de sua boca em contato com a sua. Gar se afastou dela, de forma abrupta, e inicialmente ela ficou confusa, observando ele se agachar um pouco…

E então ele a pegou e ergueu-a no ar, fazendo-a dar um gritinho de susto que logo deu lugar a risadinhas. Um braço estava embaixo de suas costas, o outro, nas pernas, arqueando-as. Gar beijava o seu rosto, enquanto a levava até a cama, como fez na noite em que eles chegaram no quarto do resort.

X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

O casal pegou um elevador e desceu até o pátio.

— É estranho ir numa festa e não usar saltos — disse Gar, usando chinelos de seda que a esposa comprou para ele, combinando com os dela. Geralmente as pessoas da Cornucópia usavam botas de cano alto em festa, assim como as mulheres; ou sapatos de sola elevada.

— É verdade — sua esposa concordou. — Estou bonita?

Helena acabou por não comprar nenhuma fita com jóias ou grampos de metais preciosos para o cabelo, deixando o cabelo que variava entre loiro e rosa caído até um pouco depois de seus ombros; as mulheres e homens de Atlas, quando não estavam com o cabelo solto, usavam diademas ou prendiam o cabelo de forma ricamente elaborada. O colar de âmbar rosa passava pelo ombro direito e pelo lado esquerdo da cintura dela por quatro vezes. Seus lábios foram cobertos por um batom dourado.

Entretanto, o que mais roubava as atenções dos olhares era o vestido: era de seda dourada de Atlas, bem fino e transparente; todavia, o mais especial era o fato de que o lado direito da parte superior do tecido não existia. Deixando o braço e o ombro expostos, assim como o pequeno e redondo seio; o mamilo era rosado e empinado.

Gar percebeu que estava demorando para responder, fixando o olhar no pequeno seio da esposa. Pensava em massageá-lo, deixando-o arrepiado e durinho, como ele gostava, e em mordiscar o bico, passar a língua pelo local e deixá-lo lustrado. Sentir o morno da pele…

— Gareth! — chamou Helena novamente, irritada com a demora do marido. O marido pareceu acordar de um transe.

— Hum? — Ele ergueu o olhar, fixando-o nos olhos da esposa, que o olhava de soslaio, irritada. — Ah, sim, você está muito se… — mordeu o lábio. — Deslumbrante, querida, simplesmente deslumbrante, como sempre. — Pegou a mão dela e a levou até seus lábios, dando um beijo nas costas.

— Boa resposta — ela disse. — Mas talvez eu devesse me trocar…

— Não! — ele exclamou, e depois fingiu limpar a garganta. — Não dá tempo — apontou para o painel, que mostrava o andar onde estavam, o número diminuía rapidamente —, já vamos chegar.

X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

Abubakar estava trajando uma túnica de ouro, cujos fios de ouro eram tingidos de azul celeste, que combinavam com seus olhos azul-elétricos, que contrastavam com a sua pele marrom bem escuro e brilhante, quase como ébano lustrado. Um cocar de penas vermelhas e folhas pretas coroava a sua fronte careca, como uma coroa de ouro coroava a fronte de um rei. Não era o cocar de um Zaem, entretanto, sendo apenas um símbolo simples para a festividade a qual se encontravam. Usava um colar de algumas douradas e prateadas. Em sua mão, segurava um enorme bastão de dois metros de altura, feito de árvore de Hy-Brasil.

— Aqueles jovens deveriam voltar para a casa — disse o chefe tribal para a concubina, novamente.

— Deixe disto, Marido — disse Afka. — Não atormente estes jovens com as visões de um xamã.

Ele ignorou o comentário genérico da esposa sobre os sacerdotes de sua religião. “Xamã” não era necessariamente insulto, mas ele percebia o desdém nas palavras de Afka.

— Os Cantores da Tempestade não devem ser ignorados — insistiu o líder tribal. — Ashia disse-me que…

— Que viu uma ameaça pairar nas pessoas que eu encontrasse hoje — ela terminou por ele, sabendo as falas da peça. — Tal qual os Cantores da Tempestade avisaram-lhe de que meu amigo, Ban, não dever-se-ia ir à Gália; entretanto ele foi e…

— Eu disse para ele que não deveria ir! — ralhou Abubakar.

—... E ele foi e não aconteceu nada — Continuou ela, sem se importar com a interrupção do marido.

— Ele deixou a filha ficar — lembrou o marido. — Ela está na casa do rapaz que você encontrou hoje. — Continuou: — Eu avisei que ele não deveria ir. — Bateu o bastão no chão, irritado. — Quando o avisei de que ele deveria trazer a filha de volta, ele não me deu ouvidos.

Afka deu de ombros, indiferente a cólera do marido.

— Mas ele foi e deixou a filha. — disse ela, simplesmente. Ela virou a cabeça para o lado e apertou os olhos, olhando em direção às pessoas no salão. — Ah, são eles! — Sorriu. — E a doce moça está usando o vestido que eu lhe dei.

Abubakar bufou com a frivolidade da esposa. Um dia, ele pensou, era capaz disso custar caro.

Afkar tocou no braço da rica túnica do marido.

— Não conte nada a eles, querido, por favor — ela pediu.

— Mas…

— Ora, vamos, eles estão em lua de mel! — ela disse. — Além do mais, seus Cantores disseram que o perigo era na casa do rapaz, não?

— Sim, mas…

— Ora, então, desde que ele e a esposa fiquem aqui, longe do perigo, não lhes ocorrerá nada.

O homem franziu o cenho, não compartilhando da mesma certeza da esposa.

Afka ergueu a mão e acenou para o casal.

— Helena! Gareth! — chamou-os para a sua mesa.

Quando os jovens viram a modela de cabelos de brasas, ambos ficaram surpresos; a moça usava um vestido feito puramente de pedras preciosas, que faziam um barulhinho sempre que ela se movia, estando totalmente nua por baixo. Cada jóia bem dilapidada era conectada por elos de ouro. Seu cabelo tinha formato de colméia, presos para cima por enormes alfinetes feitos de ossos de baleia, folheados de ouro. A mulher usava uma coroa de folhas de morango, feitas de diamantes.

— Esta mulher é uma despudorada — disse Helena ao marido, com o braço por baixo do dele, enquanto forçava um sorriso e acenava para a moça.

Gar também sorriu e acenou com a mão.

— Estou com medo delas nos convidar para um bacanal — ele disse, abaixando o braço e indo até o casal.

Quando se aproximaram, Afkar e o marido se levantaram. Abubakar deu um beijo em cada uma das bochechas de Gareth e depois fez o mesmo com a esposa deste. Afkar deu um beijo nas bochechas da jovem esposa de Gar e um roçar de lábios na bochecha do rapaz.

Gar puxou uma cadeira para que a esposa pudesse se sentar.

— Fico feliz que tenha usado o meu vestido, filha — comentou Afka, de forma afável. — Oh, não fique corada, amor, está muito bela!

Tentando ignorar a ardência nas bochechas e acenou, sorrindo.

— É muito lindo — disse. Era o máximo que conseguia pensar em dizer.

— As bainhas são de fios de ouro, sabia? — indagou Afkar. Olhou para o rapaz ao lado dela, que não parava de olhar para o seio da esposa. — Sua corrente é linda, Gar, assim como a sua túnica.

O rapaz pareceu não ouvir o elogio, continuando a fitar o seio da esposa. Abubakar fingiu limpar a garganta, tentando chamar a atenção do rapaz. Não teve efeito.

Ao perceber a falta de atenção do marido, Helena disse:

— Querido — chamou ela —, Afka falou contigo.

Ele ergueu os olhos escuros ao ouvir a esposa balbuciar algo, fixando-se na fisionomia dela. Helena estava realmente bela, com o cabelo loiro e côr-de-rosa jogado por um lado, tentando cobrir o mamilo. Ele afagou as pontas dos fios rosados dela.

— Gar?

— Hum? — ele meneou a cabeça, parecendo acordar de um sonho. — Desculpe?

Helena acenou para Afka com a cabeça. Gar se virou para ela.

— Hã? Er… — o rapaz corou, perdido.

Afka riu.

— Disse que a túnica e a corrente que usa são lindas.

— Ah, sim, obrigado. — Virou-se para a esposa e sorriu. — Foi uma escolha de minha esposa. — Pegou a mão da esposa e a beijou, embora Helena ainda estivesse um pouco irritada. Vendo que a esposa estava irritada, ele tentou remediar elogiando Afka. — Seu vestido também é lindo.

Afka sorriu com o elogio e passou os dedos por uma das jóias cortadas. Abubakar balançou a cabeça. Tinha um apreço pela segunda esposa — afinal, ele não teria casado-se com ela se não o tivesse —, mas ela era muito frívola. Esperava que os dois jovens não achassem que as pessoas de seu povo não eram como sua concubina: frívolos, desleixados, levados pelas coisas bonitas por serem bonitas e caras — e nem que fossem tão despudorados quanto ela.

— Tem uma bela esposa, Gar — comentou Abubakar, com um forte sotaque de uma língua que Gar não conhecia. O rapaz acenou em concordância, sorrindo para a esposa que ainda o olhava de soslaio. — Vocês ainda pretendem continuar por aqui? — indagou o líder tribal.

Os dois olharam para ele.

— Ah, claro! — Gareth garantiu. — Mal chegamos aqui.

Abubakar franziu o cenho, juntando as sobrancelhas castanhas e grisalhas.

— Creio que seu casamento é recente — disse o líder tribal. — Mas já estão aqui há um mês, não? — Indagou o homem de olhos intensos.

Gareth franziu o cenho.

— Viemos no começo da primavera, depois das festas de Ano Novo. 

— Pois já estamos no verão.

Gareth arregalou os olhos, descrente.

— Absurdo, eu vi minha mãe semana passada… — uma dúvida passou pelo seu rosto. — Er, ou foi retrasada? — Virou-se para a esposa. — Quando foi que viu o teu pai pela última vez?

Helena abriu a boca para responder, mas nada saiu. Ela também franziu o cenho.

— Foi no começo da semana, não? — indagou ela. — Eu… Eu não lembro — disse, um pouco assustada.

Abubakar olhou para a esposa.

— Ora, deixe-os relaxar, marido! — ralhou ela, irritada com o companheiro aporrinhando os jovens.

Abubakar grunhiu e resolveu ignorar a esposa. Virou-se para o casal, que se encarava, perdido.

— Escutem-me…

— Ah, ali está o meu prato! — disse Afka, enquanto uma serva de roupa transparente colocava uma bandeja dourada cravejada de jóias no centro da grande imensa. — Podem comer, amigos, eu pedi uma bem grande, para que dividíssemos. — Esticou a mão e pegou uma bolinha recheada de Néctar dos Deuses, e a levou até a boca.

Helena olhou para o conteúdo dentro. Era colorido, mas as cores estavam um pouco desbotadas por estarem cobertas de Ambrosia.

— O que são? — indagou ela, erguendo os olhos para Afka.

— São escaravelhos e besouros fritos, criança — explicou o marido de Afka, enquanto a esposa estava a mastigar um inseto.

— Ah…

— Não precisa comer se não quiser, esposa — disse Gar.

Helena olhou para os pontos multicoloridos na tigela e deu de ombros.

— Vou criar coragem — esticou um braço e afundou as pontas dos dedos na gosma dourada, o cheiro era como mel queimado e canela. Ao sentir algo duro, agarrou e ergueu. Um fio grudento e dourado perdurou por um instante quando ela retirou o inseto frito da gosma. Ela o olhou; a carapaça verde estava imbuída em dourado.

Fechou os olhos e levou o escaravelho até a boca. Quando sentiu o sabor inebriante do néctar, fechou a boca e começou a mastigar. Ouviu o exoesqueleto se quebrando com a força de seus dentes e sentiu o líquido do animal vazar para fora, juntando-se ao dourado do néctar.

O gosto era simplesmente divino. Único. Era como voltar a primeira vez que dormiu com Gareth; voltar a loucura de sentir a língua do marido entre as pernas; nadar no mar com seu companheiro de vida e sentir o sal do mar e os beijos do cardume de beijos transparentes. 

A careta de Helena virou um sorriso e ela abriu os olhos. Afundou a palma da mão e a encheu de insetos.

Gar arregalou um pouco os olhos, chocado com a reação da namorada. Ele tomou coragem e pegou um inseto.

Ao fazê-lo, sentiu o gosto de casa e o carinho da mãe e da esposa. O abraço que nunca foi dado entre ele e o pai.

Foi tão doce que quase chorou e seu coração errou uma batida.

Depois disso, o casal não parou mais, afundando os dedos na guloseima e levando os insetos até a boca. Gareth até brincou com a comida, dando alguns pedaços de insetos para a esposa, como fazia ao dar morangos para ela.

Abubakar balançou a cabeça, criticando em silêncio aquela cena; os dois jovens simplesmente tinham se distraído.

Um servo trouxe quatro cálices para a mesa e os encheu com uma bebida violeta e pálida.

— Não tem gosto — disse Gar, após tomar o gole. — Que bebida é?

— É para não dormir — respondeu Abubakar. — As pessoas daqui não querem que os hóspedes vão embora, assim como não querem que eles durmam. — Continuou: — Eu não…

Antes que pudesse falar algo a mais, sua esposa disse:

— Vejam, começa o show!

Um grupo de quatro homens e mulheres tatuados pegaram bastões de fogo, com cada uma das pontas em chamas, e começaram a rodá-los no ar, fazendo círculos dourados com as chamas. O grupo movia-os em várias direções e os jogavam no ar, sem nunca deixar cair no chão.

— Nossa… — Helena estava hipnotizada, vendo o fogo rodopiar. Gar, porém, estava novamente olhando para o seu seio, que estava duro e rosado pela ambrosia. Ele estudava o rosto simétrico da esposa, que era pintado pelo lume das tochas giratórias.

Após isso, pratos maiores foram servidos nas mesas. Cão assado; cérebro de camelo com bagas; carne de dinossauro frita com folhas de ouro; cubos de açúcar mascavo e cubos de sal rosa; uma estátua de bolo de laranja de quase três metros foi deixado no centro do pátio e todos correram para arrancar um pedaço. Gareth e Helena comeram tudo sem problema algum.

— Me sinto tão esfomeada — disse Helena, com a cara suja de sumo de laranja sanguínea. Estava no colo do marido, que mordiscava o seu seio, mas ela nem parecia reparar. Suas bochechas estavam coradas e seu olhar era febril. — Sinto-me como se ainda não estivesse satisfeita!

— É a ambrosia — explicou Abubakar. — Não devia tomar tanto assim, não está acostumada.

— Ora, deixe de os aporrinhar! — ralhou sua esposa. — Está na hora das apresentações!

Luzes coloridas foram acesas e levadas para o centro do pátio, que servia para o público.

Bombos de fumaça explodiram, e delas saltam homens e mulheres — e alguns que eles não sabiam como se identificar pelas intimidades —, que tinham seus corpos nus pintados, e começaram a dançar, e logo, começaram a se abraçar e a praticar atos sexuais na frente de todos.

As pessoas na mesa que observavam começaram a urrar e falar obscenidades, e alguns até jogavam moedas de ouro e prata para os dançarinos eróticos, que praticavam lascívia. Uma mulher de três seios era tomada por dois homens musculosos, um na frente, e outro por trás; os dois homens se beijavam enquanto a mulher gemia de prazer.

— Não entendo que graça há nisso — ralhou Abubakar, vendo a euforia nos olhos dos espectadores. — É degradante.

Afka revirou os olhos. O casal que dividia a mesa com eles nem prestava atenção.

— Muitos gostam — disse ela.

— Muitos que estão com a mente corroída — ele corrigiu. — E as pessoas deste Resort aproveitam-se disto e pegam o que podem. Até a comida aqui é só chamada “especiaria” para acharem que vale a pena pagar.

Enquanto novos pratos não chegaram, ervas foram trazidas, para que as pessoas e cada uma das mesas dividisse; cacau em pó, erva do diabo, tabaco, folhas de cannabis amarela…

Gareth e Helena compartilharam um longo charuto de madeira juntos, queimando e tragando a fumaça, deixando-a levá-los para longe. Gareth estava com tanto calor com tudo que estava acontecendo que decidiu retirar a sufocante túnica…

…E percebeu que já havia retirado ela; estava com o corpo quase totalmente descoberto,usando apenas uma cueca — até as sandálias estavam sumidas.

Os servos espalharam mais daquela fumaça de ervas fortes, balançando turíbulos pelo ar, segurados por correntes. Os empregados os balançavam como pêndulos gigantes, enquanto davam voltas pelo local, intoxicando o ambiente com um cheiro de acre.

O vulcão enorme da ilha, Tor, começava a expelir fumaça, parecendo sentir a euforia das pessoas do Resort, bradando um som poderoso, mas que não era ouvido pelas pessoas ali, pois estavam perdidas em suas próprias mentes; vazias, por causa da pesada névoa que queimava o ar local.

Após a dança terminar, cuspidores de fogo e arremessadores de faca foram chamados. Coração de leão, olhos de corça, e cérebro de urso foram servidos nas mesas, mas as pessoas comiam sem sentir gosto, e olhavam o espetáculo de fogo sem enxergar. Suas mentes estavam tomadas pelas névoas de júbilo, impedindo-os de sequer prestar atenção no que estava a sua frente; todos estavam extasiados, mas, ao mesmo tempo, nem sentiam totalmente a luxúria de seus corpos.

Gareth colocava colheradas de carne na boca da esposa. Não era normal para eles comer tanta comida, mas não conseguiam prestar atenção naquele detalhe. Eles apenas se olhavam, sentindo a volúpia crescer e queimá-los por dentro.

Quando os shows terminaram, e uma surgia no horizonte, conforme o céu subia lentamente no céu escuro, as pessoas pessoas tomaram um último cálice de ambrosia com afrodisíacos e água da vida, e retiraram as roupas de seda e pedraria, soltaram os grampos e começavam a se deixar levar pela lascívia dos corpos.

As pessoas se abraçaram a conhecidos e desconhecidos, enquanto seus corpos febris, pela necessidade do amor, gritavam para extravasar a sensação de angústia e luxúria, que os queimava por dentro.

— Vem comigo — murmurou Gar no ouvido da noiva, que parecia cega ao mundo, olhando todos ao seu redor, mas sem ver. Ele a fez terminar de tomar o seu cálice e depois a guiou até a praia, como ela geralmente fazia com ele.

Abubakar os observou, enquanto iam embora, mas ele já estava tomado pela névoa eufórica.

Orgia era uma forma de terminar as comemorações. No dia seguinte, os empregados iriam limpar tudo e recolher as moedas; e depois seriam feitos novos espetáculos, enquanto as comidas e apresentações seriam colocados na conta das pessoas que participaram. Cada centavo.

X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X 

Gareth guiava a namorada até a praia onde eles estavam mais cedo naquele dia — ou, no caso, no dia anterior. Ele estava eufórico, sentindo a volúpia entumecer em seu corpo. Precisava ter a esposa, mas não queria fazer com um bando de desconhecidos. Queria dar prazer a ela, a sós.

Gareth a levou às rochas do mar, sentindo a areia fofa e rosa sob seus pés; sentia-se como antigamente, dirigindo horas à noite só para entrar a noite na casa da namorada e dar-lhe prazer, tomando cuidado para que o pai dela não o descobrisse. 

Helena estava leve, nem sentindo a areia ou a brisa tropical, não ouvindo o vento ou as ondas se quebrando ao chegar à margem e se desfazendo em espuma. Sua mão estava formigando onde o marido segurava.

Gareth colocou a companheira de costas contra uma pedra, deformada pelo sal do mar, e começou a beijá-la. Helena, parecendo voltar a si, retribuiu o beijo do companheiro, também faminta e febril de paixão.

Quando parou, já sem fôlego, de beijar a namorada, Gareth colocou as mãos nas bochechas rosadas de Helena e disse, ofegante:

— Posso te confessar algo? — ele indagou, com a voz agitada.

— O quê? — Helena indagou, passando os dedos pelo corpo peludo do namorado, querendo-o sentir contra ela. Queria ele dentro dela, para sentir-se inteira.

— Já não lembro de mais nada — ele confessou, com um olhar lascivo. — Não me importo mais com nada, nem ninguém, além deste mar; quero apenas ficar nesta ilha contigo. — Começou a puxar a manga do vestido dela, despindo o ombro da esposa. — Quero apenas ler poemas para você, dar-lhe prazer, e ser feliz ao seu lado. — Ele puxou mais o tecido do vestido dela, deixando o outro seio a mostra. — Diga-me que sente o mesmo; diga-me que não quer mais nada nem ninguém além de mim, esposa. — Ele abaixou a cabeça e beijou sua clavícula.

Helena alisou os cabelos rubros dele com os dedos trêmulos e sussurrou em seu ouvido:

— Que se danem — disse. — Eu só quero você; deixe que o resto seja esquecido.

Ao ouvir aquilo, Gar se arqueou e colocou um dos seios da esposa na boca, chupando-o tão avidamente, como um bebê suga o leite da mãe — e ele podia jurar que estava sugando o leite da esposa, sentindo a energia corporal dela se unindo a dele. Massageava o outro seio, sentindo-o ficar durinho entre os seus dedos. 

Helena arfou, e deu um som lamurioso. Ela agarrou o cabelo grosso do namorado e o puxou com força, mas ele nem sentia dor alguma; estava concentrado demais em dar prazer a ela.

Gar se lembrou quando uma vez ouviu o cunhado dizer que toda a mulher era uma face da Deusa do amor que ele cultuava, e que Isolde era a deusa da vida dele.

— Você é a minha de deusa… — murmurou Gareth, após separar a boca do seio da esposa, sem reparar no sangue na boca. O bico estava mordido. 

Como se num sinal de adoração, Gar ajoelhou-se na frente da esposa, fazendo uma trilha de beijos até o umbigo. Levantou a saia dourada e revelou as pernas dela, bem brancas. Beijou-as, como se fosse o próprio rosto da esposa. Depois, colocou a cabeça para dentro da saia de bainha de fios de ouro, e ergueu-a até a vagina dela. Ele tocou a intimidade da esposa, alisando a pele alva, e os pelos pubianos, afastando a pele e abrindo a fenda rosa dela.

Como na primeira vez dele, Gareth deu um beijo de língua na região rosada da esposa e depois empurrou a língua para dentro. Desta vez, porém, Helena não apenas arfou, mas sim, gritou de prazer. Ela fechou um pouco as pernas, mas isto não parou seu marido, que continuava dando-lhe prazer com a língua. Helena deu outro grito e afagou os cabelos do namorado, empurrando a cabeça mais para frente. Gareth ergueu uma mão e apertou um dos seios da esposa, enquanto usava a outra para enfiar um dedo dentro dela.

Gareth logo sentiu o semên feminino da esposa explodindo em seu rosto, enquanto a própria jogou a cabeça para trás e gritou, junto das gaivotas e cones vermelhos que voavam pelo céus azul, que agora estava desbotado e com tons laranjas pelos raios do sol. Longe dali, Tor expelia mais lava para fora de sua boca incandescente, fazendo com que parece que um segundo sol nascia na ilha.


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