Margaery Tyrell: A Rosa Dourada de Highgarden 🌹 escrita por Pedroofthrones


CapĂ­tulo 1
Prisioneira


Notas iniciais do capĂ­tulo

Espero que gostem!



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Margaery já foi três vezes rainha. E as três vezes foram perdidas. Duas vezes ela foi viúva.

Entretanto, nunca deixou de ser donzela.

Ela era rainha de Renly; até o mesmo morrer e ela dizer que ele era um usurpador e virar rainha de Joffrey; sendo assim, sua segunda vez rainha; até ela e sua avó o matarem e ela se tornar rainha de Tommen, que foi deslegitimado pelos reis dragões.

E assim foi sua vida até o momento. Três vezes coroada e três vezes casada; mas, pelas ditas leis de Westeros, ela nunca de fato foi a rainha dos setes reinos. 

Agora Tommen era um bastardo e ela era solteira novamente. Lorde Mace, seu amado pai, foi morto em batalha contra o usurpador Targaryen, Loras morreu em pedra do dragĂŁo; sua avĂł estava na Campina, junto com os irmĂŁos de Margaery, Willas e garlan. Assim como a mĂŁe dela.

Estavam cercados pelos malditos homens de ferro.

SĂł restava a Margaery cuidar de suas primas: Elinor, Alla, Megga. Elino tinha quase a mesma idade dela, mas Alla e Megga ainda fariam 16 dias de seus nome.

—Quando eles vão nos libertar? —Choramingou Megga, no dia que a fortaleza caiu. —Nós acabamos de nos livrar daquele pardal nojento, e agora...

—Eles não vão nos libertar, sua idiota! —Disse Elinor, cujo prometido poderia estar morto naquele momento, lutando contra os inimigos. Eles vão nos executar!

— Elinor, pare! — Disse Margaery — Eles não vão fazer isso! Precisam de nós vivas para ter apoio de Highgarden!

— Tal qual Robb ajudou a libertar a irmã? — disse Elinor, em lágrima. —Eles não se importariam conosco... nossos próprios aliados se voltaram contra nós. Aegon matou seu pai!

— Eu sei... — Admitiu Margaery a contragosto.

Seu pai comandou a primeira batalha contra o dito "Aegon Targaryen". Era para ele ganhar, mas a companhia dourada e os exército traidor de Matthis Rowan se uniram e derrotaram ele.

Era para Randyll Tarly ajudá-lo, mas ele também se provou um traidor e segurou uma parte do exército --que ele sabia que era fiel apenas à ele, matando os que não eram, tal qual fez anos atrás com os que eram fiéis com Renly-- para si mesmo; chegando apenas após a morte do pai dela e se reunindo ao exército de traidores.

Meu pai devia ter deixado ele ficar as terras Florent, jamais deveria ter dado para Garlan... Eu vejo isso agora, mas é tarde demais.

Seu irmĂŁo Loras, sua outra metade, se foi pouco depois. Deixando-a. Estava sozinha.

— Eles não nos farão mal — Disse Margaery. — Eles vão nos fazer reféns. Eu prometo que ficaremos bem, Megga...

Mas a prima de Margaery desatou a chorar.

Margaery também tinha chorado naquele dia. Nem conseguia mais acalmar Tommen e nem suas primas.

Todavia, aquilo foi há quase uma quinzena atrás. Talvez até mais. Agora ela estava mais recomposta; embora ainda não estivesse em casa e em segurança.

Ela afastou os cobertores de veludo. Sua prima Elinor, que estava dividindo a cama com ela, estava bocejando. Uma panela de bronze cheia de carvão estava embaixo do colchão de palha fresca, embora o calor já estivesse fraco aquela altura.

Margaery tocou um sino, como sempre fazia ao acordar, indicando que os servos deveriam entrar e tratar delas. Os empregados antes da conquista Targaryen haviam sido servos normais da fortaleza; mas agora eram pessoas de Essos. E de várias partes, pois variavam entre etnias. Margaery não sabia falar nenhuma das línguas deles.

Os servos vieram, prepararam banhos, vestiram e pentearam Margaery e suas primas. Deixando bastante de comida para elas. Uma melhoria considerável desde que o inimigo tomou a fortaleza, era de que agora já não havia pouca comida para elas. Chega de pão, água e aveia barata.

Margaery pegou um figo, algo raro em westeros, e foi para o banco na janela. Havia algumas fogueiras acesas — como as que eram acesas nas comemorações de um novo ano — feitas por alguns enviados de alguma divindade de Essos. Eles faziam fogueiras todas as noites. Ainda podia ver o lume de algumas delas pela janela, pois o sol nascente estava escondidos nas densas nuvens de inverno, apesar de borradas pelo cristal embaçado, parecendo luzes desbotadas. 

A fé dos sete se uniu a Daenerys e seu marido, mas isso não vai durar muito se eles não expulsarem esses sacerdotes para longe. Eles podem até converter alguns, mas o Alto Pardal e seu culto jamais vão aceitar isso para sempre...

Ela deu um sorriso. Talvez a estupidez de Cersei fosse dar alguma coisa boa, caso a fé armada se revolta-se.

Elinor se sentou ao lado de Margaery.

— Acha que os usur... Os reis vão falar conosco hoje?

Margaery balançou a cabeça em negação. Havia sido informada que Arianne iria lhe entregar qualquer noticia que tivessem, mas ela nunca mais viu a princesa dornesa desde que a queda da fortaleza vermelha.

— Eu não faço ideia. Imaginei que já teriam falado conosco ou enviado algum mensageiro... Mas nada. Nem sequer nos dão noticias de nossa família.

Sua prima também balançou a cabeça e botou as mãos no rosto, para esconder as lágrimas.

— Oh, Margaery, nossa vida virou um inferno desde que seguimos Renly naquela guerra estúpida!

Minha vó tinha razão. Ela avisou meu pai de que aquela traição não daria certo e que deveríamos ficar neutros.

Margaery estendeu o braço e tocou o ombro de sua prima, tentando acalmá-la. Não devia ser fácil para ela, a pobrezinha haviap erdido seu amado prometido na queda da fortaleza. Cersei mandou-o na linha de frente com os outros. Agora, a sua amada estava aprendendo a seguir em frente, nem sequer sendo considerada propriamente uma "viúva".

Cersei nĂŁo quis deixa-lo lutar e morrer ao lado de meu pai, mas permitiu que morresse defendendo um castelo que ela poderia ter simplesmente entregado sem lutas inĂşteis.

Cersei havia feito o mesmo com os gĂŞmeos Redwyne; sendo que eles haviam acabado de ser inocentados de fornicar com Margaery e suas primas em mais um esquema nojento da rainha.

Margaery tinha certeza de que foi a antiga rainha quem prendeu e torturou seu pobre Bardo Azul. Foi horrível ver o estado dele no julgamento da fé: sem um olho, cheio de feridas, louco, contando mentiras de Margaery e suas primas, histórias escandalosas de fornicações inexistentes... Na frente de vários lordes e ladies que foram ver aquele julgamento horrível.

Tal qual Cersei, Margaery escapou do julgamento; porém, é claro, que a mãe de Tommen venceu apenas graças ao seu maldito cavaleiro branco. Ela nunca iria escapar em julgamento normal da fé com tantas provas contra ela.

Na verdade, Margaery tinha certeza que Cersei estava envolvida na morte do Grande Meistre Pycelle e na de lorde Kevan Lannister; ela sĂł nĂŁo sabia o motivo: Kevan, por mais que fosse tio dela, ele era o regente e estava fazendo de tudo para se livrar da sobrinha... Mas por quĂŞ matar Pycelle?

Pycelle testemunhou — falsamente —, na frente de todos na corte, que Margaery havia pedido chá da lua para ele. Que razão teria Cersei de matar uma testemunha? Para incriminar os Tyrell e fazer parecer que a casa de Margaery matou uma testemunha da suposta infidelidade de Margaery e suas primas e o único lorde que os impedia de ter poder total?

De qualquer forma, isso não fez mal algum no julgamento de Margaery e suas primas. Infelizmente, ninguém acusou Cersei de nada. E o pai de Margaery parecia mais disposto a culpar os Dorneses; mesmo que ela tivesse tentado convencê-lo de que Cersei deveria ser julgada por isso.

Mas ela escapou de seus pecados novamente, para variar.

E escapou da fúria dos dragões também, pensou, pelos deuses, será que ela nunca vai pagar pelos seus pecados?

Pouco tempo depois, lorde Varys veio ao quarto de Margaery e suas primas, vestindo uma manta de damasco.

— Oh, olá, belas rosas.

— Lorde Varys... — Disse Margaery, tentando esconder a surpresa. Todos os dias eram longos e monótonos; com todas as jovens morrendo de tédio ou medo... E lorde Varys estava sumido desde que Tyrion fugiu e matou o próprio Tywin. — Não esperávamos uma visita sua.

Ele soltou um riso abafado.

— Lorde Varys... — Disse Margaery, tentando esconder a surpresa. Todos os dias eram longos e monótonos; com todas as jovens morrendo de tédio ou medo. — Não esperávamos uma visita sua.

Ele soltou um riso abafado.

— De fato, acho que esperavam os reis... Ou, quem sabe, um carrasco?

Allara deu um gemido de horror.

— Lorde Varys — Disse Margaery — , se veio nos amendrontar...

— Ora, desculpe-me lady Margaery... Ou seria rainha viúva? O casamento de Renly lhe dava esse título? Ou a coroação dele de nada vale também? Bom, deve valer mais do que a de Joffrey ou Tommen...

Margaery ignorou a zombaria contra sua pessoa e o rubor subindo nela.

— Ora, eu não vou tomar muito tempo de vocês — prometeu Varys. — Só vim ser gentil e falar que o Rei Aegon fará uma reunião hoje no salão do trono. Vocês poderão falar tudo o que quiserem para ele.

Margaery arfou com a notĂ­cia. Sua prima Elinor segurou a sua mĂŁo e Megara e Allara perguntaram se Margaery iria pedir para elas irem para casa.

Margaery levantou uma mĂŁo pedindo silĂŞncio.

— Obrigada, Lorde Varys — agradeceu ao eunuco. — A rainha Daenerys estará lá também?

Varys aquiesceu.

— A rainha estará junto de seu rei.

— Ótimo — Se virou para as primas mais novas.  — Eu ir-lhe-ei implorar para a rainha Daenerys nos ajudar, minhas primas.

A Aranha pareceu nĂŁo gostou daquilo, como ela imaginava.

— Não falará nada para o rei? — indagou ele, curioso.

— É claro que falarei com o consorte de Daenerys — respondeu.

Lorde Varys arqueou um pouco as sobrancelhas e depois sorriu. Ele parecia ter entendido e gostado do joguinho da jovem donzela.

— Daenerys é a consorte — lembrou-lhe Varys. — Mas ficará feliz em saber que ela e Aegon tem reinado como iguais.

— Então — rebateu Margaery — eu pedirei e implorarei aos dois igualmente — Fez uma reverência. — Obrigada por seu anúncio, lorde Varys.

Ele soltou outro riso e fez uma reverĂŞncia.

— Eu é quem agradeço — Disse ele. O eunuco tirou uma carta da manga e a deixou numa mesinha ao lado. — Para você, minha senhora, um resumo de todas as cartas de sua família direcionada para você e suas primas — explicou e foi embora, batendo os chinelos de seda que usava.

Por que ele deveria me agradecer?, se questionou. Ela não gostou de como aquilo soou; mas não tinha tempo para pensar naquilo agora. Tinha assuntos mais importantes para tratar.

— Elinor, pegue meu vestido preto. De preferência um que não usei em meu luto por Joffrey. O mais simples e recatado possível — Se virou para as primas mais novas. — Vocês também. Procurem vestidos pretos ou marrons simples e sem adornos. Nada de anéis, nada de jóias e colares; e nada de flores. Apenas lágrimas.

Margaery puxou uma corda para tocar o sino; empregados iriam entrar em instantes para ajudá-las a se vestir.

Após isso, ela pegou o pergaminho e começou a ler tudo. A tropa Redwyne foi quase totalmente destruída por uma tempestade, assim que afundou alguns Greyjoy. A filha de Lorde Hightower recusou apoio. E vilavelha estava quase cedendo aos ataques.

A sua jovem Elinor, que tinha a idade mais próxima a de Margaery. Fez o que ela mandou e foi atrás de algum dos vestidos numa das arcas do cômodo. As outras duas não se demoraram.

— Quer que eu pegue uma rede de cabelo, Margaery? — Perguntou Elinor, inocentemente, enquanto trazia o vestido preto.

Isso a fez se lembrar de Sansa e da morte de Joffrey. Em como o jovem rei arranhava a prĂłpria garganta para respirar. Podia se lembrar do som abafado que ele fazia para tentar respirar. Um arrepio percorreu sua nuca.

— Não... — respondeu. — Nada de redes. Traga-me um véu preto.

As jovens moças fizeram tranças no cabelo, usando faixas tingidas de um verde brilhante e jóias. Margaery vestia um vestido simples e preto, sem nenhuma renda, para representar o luto pelas mortes na guerra. O cabelo foi coberto com um simples véu de seda preta fina e transparente.

X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

Na sala do trono os crânios de dragões haviam sido colocado de volta, negros e brilhantes, como ônix ou diamantes escuros. Os dentes eram enormes e curvados, como punhais retorcidos. As luzes das tochas e velhas refletiam na superfície negra dos ossos. Havia homens com lanças e chapéus pontudos protegendo a base do trono.

Os traidores de seu pai, Lorde Randyll e Lorde Mathis Rowan estavam ao lado do trono de ferro. Margaery não conseguiu esconder a raiva em seu rosto aoós vê-los, ali, em tal posição.

Havia também filhos do guerreiro para um lado, e soldados de alguma ordem do Deus vermelho de Essos de outro. Era como um jogo de cyvasse, com cada peça inimiga fornando um exército nos cantos do tabuleiro, em contra ponto ao inimigo.

Há pouco tempo atrás, lembrou-se, seriam Tyrell de um lado e Lannister do outro. Porém, tais tempos já haviam passado.

A vida na corte sempre era como um jogo de Cyvasse, não importava qual fossem as peças.

Havia poucos lordes no enorme Salão do Trono de Ferro, que parecia vazio, a maioria eram das terras da coroa; porém a maior parte das pessoas da corte eram mulheres; provavelmente a maioria delas eram viúvas.

As damas da corte se afastaram de Margaery e suas primas. Deviam querer evitar contato com damas envolvidas em escândalos (mesmo que fossem declaradamente falsos) e parentes de traidores.

Megga sorriu para uma lady da campina que fez uma careta e virou a cara, afastando-se delas sem nenhum pudor.

Muitas outras pessoas olhavam em direções opostas quando as jovens se aproximavam; como se não quisessem falar com elas e torcendo para nenhuma das jovens reconhecê-las e chamar para uma conversa.

— Nos evitam como se tivéssemos Scamagris — reclamou Elinor, com cólera na voz. — Falsos, todos eles.

Será que era assim que Sansa se sentia?, Margaery se viu indagando para si mesma.

Pensar na jovem Stark a fez se sentir mal; pois ela se lembrou de como Sansa tinha ficado apegada a Margaery e suas primas e em como elas passaram a ignorar ela apĂłs o casamento com Tyrion.

Não era por mal, disse para si mesma, não podíamos perdoar os Lannister pelas desfeita à nossa casa. Nunca quis fazer nada. Só segui minha família, só isso...

Se era assim que Sansa se sentia, podia entender perfeitamente o porquĂŞ dela querer ir para Highgarden e casar com o Willas.

Ela não queria ir só porquê era ignorada, se lembrou, ela queria se afastar de Cersei e Joffrey. Eles a maltrataram demais.

Mas agora as coisas eram diferente desde aquela Ă©poca: Sansa nĂŁo era mais uma vĂ­tima de Cersei e protegida de Margaery; estava novamente no norte, reunida com dois de seus irmĂŁos e tios, casada com um belo lorde do vale, cercada por leais lordes do Vale, norte e terras Fluviais que juraram proteger ela e sua coroa, pela memĂłria de seu pai.

Tudo isso enquanto Margaery não tinha mais coroa, estava longe dos irmãos, mãe e avó, traída pelos lordes que deviam proteger ela e que nada se importavam com a memória de seu pai; a quem ajudaram a matar. Agora, era Margaery a pária da corte, sem ninguém em quem poderia se amparar e chorar pelos que perdeu.

Quanto a Cersei...

Cersei era a pária das párias na corte atual; ignorada por todos (os únicos que a olhavam agiam como se ela fosse uma assombração ou uma leoa preste a atacar a todos; alguns a olhavam de soslaio, com ódio no olhar, culpando-a pelo atual estado do reino). Sem seu guarda de estimação ao lado dela, e despida de seus lindos vestidos e coroa, Cersei já não atraia olhares de medo, respeito ou mesmo falsos sorrisos. Todos a odiavam, e não tinham medo de demonstrar.

Ninguém teria mais medo ou respeito pela filha de Tywin Lannister.

A antiga rainha vestia um simples vestido marrom e um capuz de veludo verde. Seu cabelo já tinha voltado a crescer, mas a beleza dele se foi; agora ele ainda era curto, com detalhes grisalhos, uma amarga lembrança de sua caminhada.

Era óbvio para qualquer um que a vira no passado que a filha do poderoso lorde Tywin nunca mais seria a mesma. Estava velha, gorda e feia; e pelo que Margaery sabia, ela era pouco menos do que um prostituta barata. Todo o respeito, medo, e talvez até admiração que Cersei tinha no passado foi expurgado de seu corpo na caminhada da Vergonha.

Que assim seja; por causa ela perdi meu irmão, por causa dela o reino caiu. E ela colocou os gêmeos Redwyne e os prometidos de minhas primas na linha de frente sabendo que eles iriam morrer. Até a minha virgindade e as de minhas primas foi posta em prova. Que a entreguem aos plebeus, eles saberão dar bom uso dela.

O irmão de Cersei estava em estado pior: ainda com o cabeção loiro, os mesmos olhos desiguais e a horrenda cicatriz onde antes tinha um nariz... mas para piorar; ele agora tinha uma barba preta feia e desgrenhada.

Tyrion conversava com Bronn, até que deu um sorriso malicioso ao ver Margaery.

Talvez aquilo não quisesse dizer nada, mas a assustou e a manteve em alerta. Tyrion falava com orgulho para todos que matou o sobrinho; se eles descobrissem que Margaery era a real culpada e o mostrasse como mentiroso, ela estaria encrencada... Até porque todo o julgamento que humilhou Tyrion e os fez fugir e matar o pai foi culpa dela; e ela não se iludia de que Tyrion iria agradece-la por isso.

Mas eram os reis que interessavam Margaery: Daenerys usava uma coroa de ouro com três dragões, cada cabeça era de um material rico diferente, com um vestido púrpura simples; mas o rei usava uma armadura negra com rubis em formato de dragão.

Rhaegar usava uma armadura igual, se lembrou. Muitas canções foram feitas em homenagem ao falecido príncipe de Pedra do Dragão.

Daenerys estava apenas alguns degraus abaixo de Aegon. Ela era apenas um ano mais velha que Margaery, mas já tinha o poder de destruir reinos e exércitos.

Ao lado deles, estava o mĂŁo do rei, Jon Connington; a princesa Arianne Martell, os dois traidores de Highgarden, e Barristan Selmy.

— A sessão esta em andamento — Disse uma jovem de pele escura e olhos de Ambar.

Pareceu demorar uma eternidade até finalmente poder falar com os reis; antes disso eram apenas papéis para os monarcas assinarem, conversas com estrangeiros em outras línguas; os septões reclamando dos sacerdotes, e vice-versa... Ela percebeu que os filhos do guerreiro e os guerreiros ardentes estavam prontos para tirar suas espadas e lanças e se degladiarem ali mesmo.

O rei Aegon ergueu uma mĂŁo e pediu silĂŞncio:

— Eu sei que vocês tem deuses diferentes, mas cabe as duas fé se unirem e se respeitarem, pois apenas assim teremos paz nos reinos e lutaremos contra os infiéis — Ele se virou para o Alto sacerdote com marcas vermelhas e disse: — Benerro, agradeço a você pelo apoio à mim e a minha rainha; mas esta terra é Westeros. Você não tem uma fé aqui como os sete; pare de chamar os fiéis ao sete de impuros.

Daenerys nĂŁo pareceu conseguir se segurar e se levantou:

— O mesmo para os sete — Disse Dany, se dirigindo ao Alto Pardal. — Nós entendemos e amamos o Alto Septão por nos encher de luz sagrada e aceitar nossos sacerdotes... Mas tem que entender que não existe mais uma fé, apenas. Existem duas, três, quatro... A fé vermelha é mais uma e tão importante quanto.

"Nós somos os escolhidos dos deuses — seja qual forem — Para unir Westeros e iniciar um novo ano de glória e paz. Onde plebeus e nobres podem rezar para o Deus que quiserem."

O sumo sacerdote pareceu aceitar, mas o Alto SeptĂŁo nĂŁo gostou nada; embora tivesse ficado calado. O Rei assentiu e sorriu, mas Margaery viu que ele nĂŁo gostou nada de ser interrompido.

— Minha rainha fala com sabedoria — Disse o rei, sorrindo.

Depois de muita espera, finalmente chegou a vez de Margaery. O rei pediu para que ela avançasse e ela o fez. Parando bem perto do trono e sendo vista por todos. Em outros dias, ela estaria acostumada com isso, mas agora, ela se via entre soldados de duas religiões e na frente de dois senhores de dragões.

Queria que estivesse aqui Loras, pois vocĂŞ era minha rocha.

Mas o irmão se foi e seu pai também. Ela estava sozinha e o futuro de sua família dependia dela.

Ela se botou de joelhos. A princesa dornesa lhe deu um triste sorriso, mas Margaery nĂŁo sabia se acreditava... O olhar de Tarly era frio, mas o de Mathis Rowan era de pena e culpa.

Há pouco tempo, ela estava acima deles. Uma rainha invicta. Mas agora...

Um dia, eu terei minha vingança. Mas agora, só tenho minhas lágrimas.

— Meu rei e minha rainha, venho implorar por ajuda — disse Margaery, a Campina estava sendo devastada por Greyjoys; claramente os senhores de dragões queriam os adversários enfraquecidos, para depois ajudá-los e serem amados. — Vocês disseram que vieram para trazer uma nova era de paz. Então, eu vos imploro, salvem o reino que foi o meu lar e a minha família.

— E porque os reis viriam a ajudar seu reino? —  Perguntou a mão do rei, Jon Connington; mas ela sabia que ele tinha a resposta. A companhia dourada tinha terras para reinvidicar, Tarly e Rowan eram de lá, e era o único reino que poderia ajudá-los no inverno.

Era um teatro, então, ela teria que entrar na mesma peça:

— Vilavelha é o lugar do conhecimento dos meistres, é o lar da rica casa Hightower; e um dia, já foi a casa da fé dos sete — Ela disse essa última parte bem alto. Torceu para o Septão ouvir. — Se ela cair, os Homens das ilhas de ferro destruirão suas riquezas e conhecimentos; tudo que ajudaria vocês. Plebeus inocentes serão mortos, estuprados ou levados como escravos... —Essa parte tocou Daenerys. — E isso apenas falando de Vilavelha; pois toda a campina é rica em alimentos e ouro. Salvem meu reino, e vocês terão todo o apoio que desejam.

— É dever da coroa e da fé proteger os inocentes — Disse Barristan Selmy, ao lado do trono.

O rei e a rainha pensaram nas palavras da Jovem, nĂŁo demorou muito para que o rei se levantasse:

—A jovem fala com perspicácia. Eu e minha esposa iremos até a Campina, e expulsaremos seus invasores. Nada tema, Lady Margaery, A fé e a coroa vão se unir para proteger os fiéis dos sete contra esses hereges!

Os filhos do guerreiro levantaram suas espadas e gritaram em alegria.

Mas o sacerdote Benerro saiu, e com ele, todos os sacerdotes e guardas. Mas somente Daenerys percebeu isso... Ou somente ela se importou.

Ele não disse que nos levaria para casa, percebeu desesperada, Ele prometeu salvar jardim de cima, mas nada de nos entregar ao meu irmão! Que canalha!

— Meu rei! — Chamou Margaery. — Eu lhe peço, minhas primas e eu estamos sozinhas e nervosas. Cercadas por pessoas estranhas... Se a fé defenderá o reino da Campina, que também cuide de nós, caso assim o senhor queira.

Ela não arriscou pedir para ir para a casa e ser negada; mas pensou que ainda podia apelar pelo conforto das primas. Por isso tomou cuidado em citar apenas Aegon e a fé. Ambos não iam perder tempo em mostrar poder.

— A fé não vê problema nisso — Disse o Alto Septão.

— Então — Disse o rei —, se suas primas e você dormirão melhor assim, que assim seja, Lady Margaery.

O rei ordenou o fim da reunião enquanto Margaery estava se levantando; tanto tempo sem se mexer na fortaleza a deixou desajeitada, teve uma certa dor nos joelhos e dificuldade em levantar; desde que a fé a prendeu, ela nunca mais saiu do castelo para cavalgar ou andar nos jardins.

Por sorte, uma mão foi posta em seu auxílio, pegando-a pelo braço.

— Obrigada... — Ela disse, enquanto se erguia, até que viu quem era. — Sor Mathis Rowan...

— Milady — Ele disse, fazendo uma reverência.

Pelo menos ele ainda tem algum respeito.

Ela afastou o braço.

— Obrigada, Sor... — Disse Margaery, e depois sorriu. — Sempre sabe como ser fiel.

Aquilo o pegou de jeito. Claramente nĂŁo estava acostumado a ouvir aquilo vindo de Margaery.

— Lamento pelo que ouve com seu pai...--Disse ele, embaraçado--Mas a guerra é a guerra.

— Todos nós escolhemos lados — ela admitiu. — Você e Lorde Randyll lutaram conosco, depois se revoltaram.

— Lutamos pelo que achamos ser o rei certo!

— Achei que fosse Renly... Digo, Tommen. Ou Aegon prometeu mais terras? Soube que muitas casas vão perder suas terras para a companhia Dourada; mas imagino que a sua será poupada, certo? Sim, esse me parece um motivo muito justo.

Ele claramente tinha uma resposta para aquilo, mas depois pensar no que falar, apenas se calou.

— Minhas primas me esperam — Disse Margaery, querendo quebrar o silêncio.

Ele abaixou a cabeça numa vênia triste.

— Até logo, Lady Margaery.

— Adeus, Sor Mathis —Ela se virou e foi para as primas.

Quando foi até as primas, viu que dois filhos do guerreiro se encontravam com elas.

— Somos enviados do Alto Septão. Ficaremos de guarda.

Margaery assentiu. Ela e suas primas foram silenciosamente para o quarto. Ela achava melhor ficar lá, e só voltar alguma sessão do conselho caso fosse chamada.

Isso a fez lembrar novamente de Sansa. Ela também era uma refém, sempre quieta... Mas agora, era a rainha rebelde do Vale e das terras fluviais; e seu irmão Jon era rei do norte.

A pobrezinha Ă© a prĂłxima ser queimada...

Nada disso teria acontecido se Mindinho tivesse cumprido sua promessa. Margaery e sua vó achavam que simplesmente achariam que Joffrey morreu engasgado. No começo, todos estavam pensando isso...

Mas a maldita rainha Lannister tinha que culpar o irmão. Tudo por culpa de Petyr Baelish: ele armou tudo para Joffrey e Tyrion brigarem, e ainda levou Sansa Stark com ele. Mesmo que Tyrion fosse julgado, talvez conseguissem inocentar Sansa; aí poderiam forçar Tywin a casa-lá com Willas.

Eu nunca quis fazer mal para aquela garota. Ela seria libertada dessa corte horrĂ­vel e seria lady de Highgarden... SerĂ­amos irmĂŁs.

Lembrava-se que a jovem havia lhe avisado para não casar. Ela agarrou seu braço e insistiu que Margaery não poderia casar com o Joffrey. Que Joffrey era um monstro.

Mas ela nĂŁo havia se abalado. Por que o faria? Ela e sua avĂł tinham tudo planejado.

Loras estava na guarda-Real, mas aquilo em nada acalmou sua vĂł. Se Joffrey irritasse Loras e o pedisse para machucar Margaery... SĂł os Deuses sabiam o banho de sangue que isso seria.

Mas seu irmĂŁo se foi mesmo assim. Loras era jovem, valente, o melhor amigo de Margaery. Ele e Renly pensaram em fazer Robert trocar Cersei por ela, provando o incesto; e quando isso nĂŁo deu certo, ela casou com Renly.

Claro, eles nunca consumaram nada. Ela simplesmente saiu do quarto por outra passagem e ele passou a noite com seu irmĂŁo.

Ela nunca quis ser rainha. Apenas fazer o que seu amado pai pedia e deixar seu irmĂŁo feliz.

Quando Renly morreu, dependeu de Margaery acalmar Loras. Ela nunca o viu tĂŁo abalado.

Talvez por isso ele tenha ido até Pedra do Dragão e ignorou os perigos. Lembrou-se de ter ficado muito irritada e assustada por ele:

— Eu sou a rainha de Tommen! — Ela havia dito — Posso proibi-lo!

— Não, não pode — Ele disse. —Cersei é a rainha regente.

Ela tinha lágrimas nos olhos:

— Loras, por favor! Não vê que sua vida corre risco?

—-Não importa. A campina precisa de nós. Não deixarei civis inocentes morrerem. Minha vida de nada vale quando comparada a perda de plebeus.

— Mas significa tudo para mim! Para nosso pai! Se eles estivesse aqui...

—-Mas não está —Ele disse de forma enfatica. —Ele não vai estar sempre aqui para nos proteger, Margaery. Eu também não estarei, irmã. Por isso, você deve saber se proteger.

E ele a deixou sem nem um Ăşltimo adeus...

X O X O X O X O X O X O X

Ao chegarem nos aposentos, viu que o Septão foi rápido em sua promessa: uma septã e algumas jovens donzelas de branco estavam à sua espera.

Agora voltamos a ser reféns da fé.

Era culpa da desgraçada da sua antiga sogra. Tudo era sempre culpa dela.

Eu devia ter envenenado ela também. Teria poupado todos os sete reinos de sua loucura e incompetência.

Depois algum tempo costurando com suas primas, Alla teve coragem de falar:

— Acha que o rei irá nos libertar?— Espero que sim. Se lhe aprouver, é claro...

Era um nĂŁo. Mas ela nĂŁo podia falar abertamente. Tinha medo.

X O X O X O X O X O X O X

Após fazer suas rezas, Margaery foi até a sua cama dormir ao lado de Elinor. Demorou até conseguir dormir, tendo mil coisas na sua cabeça. Highgarden, sua família, os Greyjoy...

Mas, quando finalmente estava prestes a cair no sono e fechava os olhos; lembrou-se de Varys.

"Eu quem lhe agradeço", voltou a ecoar na sua mente...

E entĂŁo, ela se lembrou que tinha sido informada que era Arianne quem lhe daria notĂ­cias.


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