The Fall of Gondolin | A Tolkien Fanfic escrita por Ovigi4online


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá! Sou eu de novo!

AVISOS: Este capítulo pode conter cenas sensíveis

— Insinuação de Sexo não consentido
— Drogas
— Violência Doméstica
— Estupro ( não explícito )



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A Dama Branca, o Elfo Negro

 

Estava escuro, mas ela já não sentia mais frio... Aredhel acordou aos poucos, seu corpo estava pesado e ela sentiu mãos fortes apertando seu tornozelo, massageando. Ela se assustou com a ideia de ter um estranho tocando seu corpo, mas ele a empurrou de volta na cama, sussurrando para que ficasse quieta, que tudo ficaria bem. Ela não tinha com o que se preocupar. Suas palavras lhe trouxeram conforto, e aos poucos ela recobrou a consciência e o encarou.

— Onde estou? — Seu tom ainda era temeroso.

— Essa é a minha casa.

Ela olhou ao redor, para o elfo alto, de cabelos negros e um olhar penetrante quase tão escuro quanto tudo o que se podia ver dele. Sua pele era pálida e seus lábios pareciam frios e indiferentes. Tal como seus olhos, que se desviaram dos dela e desceram por seu corpo, jogado sobre a cama. Ele desviou-os e Aredhel só então olhou para si mesma.

— Céus! Onde estão minhas roupas? — Ela tentou puxar qualquer coisa que estivesse ao seu alcance para cobrir-se e ele a ajudou, jogando um lençol sobre ela.

— Suas roupas estavam sujas e rasgadas. — O elfo disse simplesmente, amarrando um curativo ao redor do tornozelo de Aredhel. — Não deveria vir para esse lado da floresta.

— Eu não pretendia isso. — Apertou o lençol ao redor do próprio corpo, ignorando o olhar estranho do elfo para sua mão, que apertava a borda do pano sobre os ombros.

— Como se chama? — O tom dele era imperativo e a compeliu a dizer seu nome.

— Irissë. — Ele a encarou como se estivesse ofendido com algo. — Aredhel.

— Melhor. — Disse. — Nosso rei proibiu essa língua aqui. Aredhel  soa melhor de qualquer jeito.

Ela franziu o rosto. Aquele fora o nome dado por sua mãe.

— Eu...

— Sou Ëol. — Disse antes que ela dissesse qualquer coisa. — E esta terra me pertence. Como tudo aqui.

Ela tentou não pensar no que seu cérebro captou quando ele acentuou a palavra "tudo".

— Ahn... Certo. Perdoe-me a invasão.

— Você é uma princesa dos Noldor. — Ëol adivinhou. — O que faz aqui tão longe de sua casa? — Ela abriu a boca para dizer, mas foi silenciada por uma segunda interrupção. — Bem, não importa. Não use mais aquelas palavras aqui. Não em Doriath. E certamente não em Nan Elmoth, que é o nome da minha morada.

— Eu sinto muito se o ofendi. — O que estava acontecendo com ela? Não era de seu feitio pedir perdão por algo que era seu por direito. Seu próprio nome. — Não pretendo incomodá-lo por mais tempo. Partirei ao amanhecer.

O elfo não respondeu. Em vez disso, desejou-lhe uma boa noite e se retirou, dizendo que descansasse. Ela pensou ter ouvido o trinco da porta do lado de fora, mas não se atreveu a levantar. Sua perna ainda doía e ela estava fraca. Havia uma bandeja ao lado da cama, com frutas e pães. Ela se lembraria de agradecê-lo ao acordar. E depois indagar o por quê de ele a ter trancado.

O inchaço em seu tornozelo piorou no dia seguinte e Ëol retornou trazendo-lhe três mudas de roupas. Belos vestidos que ele conseguira de algum lugar que só Eru sabia. Ela agradeceu por isso, e agradeceu pelo alimento, mas o elfo apenas assentiu e deixou-a sozinha novamente após tratar de seu ferimento, que ele dizia ter sido atingido pelo ferrão de uma das aranhas, mas apenas de raspão e o veneno não se espalhou muito.

— Irá desinflamar em alguns dias.

— Alguns dias? — Ela perguntou. — Eu não posso ficar mais alguns dias. Preciso voltar para minha família.

Ëol empurrou novamente seu ombro para que ela se deitasse, agora com menos gentileza que da primeira vez.

— Se você tentar andar como está, poderá perder a perna. — Seus olhos se arregalaram com a aspereza com que ele dizia isso. — Fique. E espere até que esteja curada.

Então ele desaparecia e apenas retornava à noite, com alimento e um chá de ervas que a ajudariam a relaxar e segundo ele, aceleraria o processo de cura. Aredhel sentia-se cansada após tomar o remédio e normalmente adormecia depois disso, sentindo-se ainda mais exausta e doente quando acordava no dia seguinte. Aquilo permaneceu por mais quinze dias e ela imaginou que fosse tempo suficiente para ficar curada. O inchaço diminuiu em sua perna e a dor horrível agora se tornara apenas uma longínqua pontada quando descansava o pé esquerdo no chão.

Ëol ainda não queria que fosse embora, e dizia mais abertamente, insistindo que precisaria estar completamente curada para viajar. Mas na manhã em que todas as dores desapareceram, um terrível inverno se apossou de Nan Elmoth e o vento gelado uivava balançando as grandes e fortes árvores. Ela não poderia cavalgar, pois a estrada estava barrada por alguma montanha de neve que cairá das árvores.

— Ótimo... — Murmurou para si mesma. — Estou presa aqui. Por uma ou duas estações agora.

Seus irmãos deveriam estar preocupados.

— Talvez mais. Os invernos em Nan Elmoth são rigorosos e longos. — Comentou o Elfo. Seus longos cabelos negros caindo sobre a testa enquanto ele terminava de acender a lareira.

— E-eu... Não quero abusar de sua hospitalidade, nem quero que pense que não aprecio sua companhia. — Aredhel escolheu bem as palavras, mas notou que ele não se importava mesmo que ela o chamasse de “Orc Imundo”. Sua atenção estava presa na lareira. — Eu gostaria de poder escrever para meu irmão e meus primos. Avisá-los de que estou bem. Talvez... Pedir para que eles me busquem e me levem para casa.

O rosto de Ëol se enrijeceu e ele se levantou para encará-la.

— Não.

— Ah, eu... — Ela estava pronta para agradecê-lo. — Espere... Como?

— Não. — Disse simplesmente. — Não fazemos contato com os... Os Noldor. Não aqui.

Ela ficou irritada, mas tentou ser uma dama.

— Eu também sou uma Noldo.

— De fato. — Os olhos de Ëol brilharam para ela. Seus pés vacilaram com um passo para trás. — Eu não me esqueci disso. Mas sou uma pessoa decente. Decente demais para abandonar uma dama ferida à própria sorte. Mesmo a filha daqueles que não tiveram essa consideração por minha família.

— Então... É isso? Você nos odeia?

— Sim. Certamente odeio. Mas pelo que fui informado de Alqualondë, o sentimento é recíproco.

Aredhel respirou fundo e murmurou para si mesma. Estava se sentindo sufocada. As lembranças do sangue nas águas, a areia vermelha, os corpos de seus amigos e parentes espalhados. O choro de Artanis e Finrod, enquanto seu pai e seu irmão os afastavam daquela cena... O olhar feroz de Celegorm para ela quando a viu sem rumo nas costas, chorando em busca de seus parentes.

— Tenho que sair daqui. — Ela foi na direção da porta, mas Ëol agarrou seu braço e o torceu, puxando-a para perto de si.

— Não vai a lugar algum.

— Eu não tenho medo da neve! — Bradou ela, tentando soltar-se, mas inutilmente.

— Neve? — Ele sorriu, e a jogou em um sofá perto da lareira, prendendo-a sob seu corpo e agarrou seu queixo com uma das mãos para que ela o olhasse. — Talvez você não tenha entendido, Aredhel. Você não vai a lugar nenhum. Tudo nessa terra me pertence, e agora... — Ele pareceu hesitar em contar-lhe, mas o fez. Talvez aquilo a fizesse entender o que realmente estava acontecendo. — Você também.

Ele pressionou os lábios contra os dela, apertando-a contra seu corpo, enquanto ela se debatia e tentava empurra-lo para longe.

— Me solta! — Ela usou uma das mãos livres para esbofetear o rosto do elfo, que se afastou com um sorriso e um olhar sombrio. — Você está louco?!

— Bem, talvez eu esteja. — Ele deu de ombros. — Você é minha mulher. Desde o momento em que chegou aqui. — Ela não havia entendido. Ou talvez não queria ter entendido. — Nossos votos foram consumados no dia em que te conheci.

— O que... O que você fez? — Algumas coisas faziam sentido agora. A doença interminável, os olhares indiscretos dele sobre seu corpo, a insistência para que permanecesse ali... — O que você fez?

A pergunta ecoou como um soluço entre lágrimas quando ela finalmente percebeu que já sabia a resposta. Ëol se aproximou novamente e ela recuou até que a parede a impedisse.

— Eu te amei, Aredhel. — Disse simplesmente. — Desde o momento em que te vi.

— Você é doente... — Quinze dias.

Ele estava há quinze dias drogando-a para que pudesse... Ela não queria pensar no que ocorria após ser vencida pelo efeito da droga. Seus olhos se desviaram para a porta, e ela correu para fora, para a neve. Ëol não impediu. Ela não tinha para onde fugir de qualquer forma.

Ela correu. Suas pernas estavam fracas e seu corpo doía. Não era fraqueza de fome ou cansaço. Ela se sentia suja. Impura. As lágrimas lavaram seu rosto enquanto seus pés a levavam para longe dali. Ela tentou. Mas a floresta não tinha fim e a trilha a levava sempre de volta para ele. A noite caiu rapidamente, embora ela não soubesse distinguir no meio da escuridão que era Nam Elmoth. Aredhel sentiu a exaustão derrubá-la sob uma clareira. Ela deitou-se na neve e ouviu passos ao redor. Ela queria levantar e correr, mas não tinha forças.

Ëol ajoelhou-se ao seu lado e a tomou nos braços, enrolando um manto para protegê-la do frio. Em silêncio, ele a levou de volta e fez com que ficasse aquecida próxima à fogueira. Ela percebeu que estava tremendo. Mas não sentia frio. Seu estômago embrulhou e ela sentiu que iria regurgitar o almoço. Ëol a levou até uma espécie de tanque e segurou em seus cabelos enquanto ela jogava toda a impureza para fora. Ainda assim, ela se sentia impura. Afastou-se do toque dele e correu de volta ao quarto, trancando-o por dentro.

Ela encostou na porta e deixou o corpo escorregar até atingir o chão. As lágrimas agora eram mais intensas. Deveria ter ouvido Turgon. Deveria ter ficado em Gondolin, deveria ter esperado por Celegorm na fortaleza. Mas não o fez. E agora, estava quebrada. Como nunca pensou que estaria. Ela pensou em Celegorm, seu fiel amigo e primo. Ele a amara antes de tudo. E ela o rejeitou, pois o tinha como garantido. Gostava de brincar com ele. Fazê-lo implorar por seu afeto. E ele o fazia, pois sabia que a teria no final. Que eles seriam felizes... Mas duvidava que Celegorm pudesse ainda amá-la quando soubesse...

Ela adormeceu profundamente de tanto chorar. Seu corpo se rendeu a exaustão  e à dor. Seus sonhos foram estranhos e perturbadores e ela acordou com o som da porta sendo destrancada. Aredhel sobressaltou-se e se sentou na cama, vendo seu anfitrião entrar pela porta, na escuridão.

— Sinto se a acordei.

— E você se importa? — Ela perguntou. Ëol sentou-se à sua frente. E novamente aquele olhar perturbador estava presente. Suas mãos foram até a bochecha gelada da elfa, que fechou os olhos e liberou algumas lágrimas ao toque dele. Ele avançou para beijá-la, mas ela se esquivou, virando o rosto em outra direção. — Não! Por favor... — Suplicou.

— Você é minha esposa.

— Por quê? — Ela tentou se afastar, mas ele a segurou pelos dois braços. — Por que você fez isso? Por que ainda me mantém aqui? Você poderia simplesmente ter me mandado embora. Poderia ter me matado quando me encontrou na floresta. Você sabia desde o começo. Sempre soube que eu era Noldo.

— Sim.

— Me diga por que? — Ela pediu novamente. — Pois qualquer outra tortura que me impusesse seria melhor do que o que você me fez.

Ëol acariciou seu rosto e agarrou seu queixo com uma das mãos forçando-a a olhá-lo.

— Minhas motivações não importam. Eu amo você. Apegue-se a isso.

Seus olhos a fitaram com intensidade e por alguns segundos era como se ele fosse a única coisa que existia. Sufocante e absoluto. Ëol a empurrou de volta na cama, como fizera das outras vezes, e agora ele estava sobre ela. Aredhel não gritou ou lutou. Ela fechou os olhos e esperou em silêncio. Pelo fim que nunca chegou.


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