Construindo meu futuro - HARMIONE escrita por LadyPotterBlack


Capítulo 16
14 - "AMORTENTIA"




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Quando os raios do sol começaram a iluminar o céu e a escuridão foi recolhida, com a lua-cheia, Aluado aos poucos foi perdendo o controle pleno que tinha sobre o corpo. Suas patas deram lugar a mãos e pés, seu focinho deu lugar a um nariz, seus pelos transformaram-se em fios de cabelos, gradualmente ele foi se transformando em Remus Lupin novamente.

— E aí, foi muito ruim? — Ele perguntou aos meninos que já estavam em suas formas humanas.

Quando o dia começou a raiar, Pontas e Almofadinhas conseguiram levar Aluado de volta a casa dos gritos, Rabicho ia à frente para poder apertar aquele botãozinho no salgueiro lutador que o deixaria imóvel. Assim funcionavam as noites de lua-cheia.

— Foi tranquilo — Respondeu James com um meio sorriso, seus olhos estavam levemente vermelhos indicando o cansaço e evidenciando que a noite poderia ter sido qualquer coisa, menos tranquila. Remus observando isso arqueou uma sobrancelha.

Sirius revirou os olhos.

— Deixa disso, Remus. Aluado só estava com muita energia essa noite. Sabe como é o início dos ciclos. – Disse dando de ombros, eles não se importavam em gastar a energia do amigo lobo.

Remus iria abrir a boca para dizer algo, mas Peter o interrompeu.

— Não, Remus, Aluado não atacou nenhum animal. — Ele começou a responder às perguntas que sabia que seu amigo faria. — Sim, Remus, ninguém nos viu. Não, Remus, Aluado não chegou nem perto de alguma pessoa, assim como a gente. E, por favor, será que nós podemos voltar logo para o dormitório? Eu queria tirar um cochilo antes do café-da-manhã.

Sirius e James soltaram risadinhas.

— O Pete está certo. — Potter concordou dando de ombros.

— E nós realmente precisamos dormir antes de sermos interrogados sobre a noite de lua cheia, Remus. — Sirius disse entre um bocejo e outro.

Lupin iria abrir a boca para dizer que não se trava de um interrogatório, eram só perguntas casuais.

Foi a vez de James revirar os olhos.

— Iria sim e nem se de o trabalho de negar.

— Nós não somos tapados. Sabe?! — Sirius murmurou.

James se virou para Peter.

— Rabicho, você pode ir à frente?

— É — Concordou Sirius — Eu ainda não estou afim de sair dando abraços no salgueiro lutador.

Com uma última risada, Peter se transformou em Rabicho e rapidamente foi em direção ao túnel que dava diretamente para a entrada do salgueiro lutador.

Já do lado de fora da casa dos gritos, os meninos se cobriram com a capa da invisibilidade dos Potter's. A essa altura os Marotos já quase não usavam mais o tão estimado Mapa do Maroto, por que eles simplesmente já conheciam praticamente todo canto daquela escola, então só a capa já bastava.

E bem, em alguns momentos da nossa vida, nós simplesmente não olhamos para o lugar certo na hora certa, porquê se eles pegassem o Mapa do Maroto, que se encontrava no bolso de Sirius naquele momento, e dissessem as benditas palavras "Eu juro solenemente não fazer nada de bom", o mapa se abrira e eles veriam claramente o pontinho de Lily Evans escorado no pontinho de Harry Potter, ambos no salão comunal da Grifinória.

Talvez até a história fosse mais curta se eles tivessem feito isso, mas talvez não tivesse o mesmo rumo. E talvez ainda fosse muito cedo — mas não tão longe — para a verdade ser revelada. E talvez esse monte de "talvez" não sirvam de nada, já que os marotos seguiram sem olhar para o mapa até o castelo.

[SALÃO COMUNAL — GRIFINÓRIA.]

Os meninos continuavam cobertos pela capa da invisibilidade, mesmo após passarem pelo retratado da mulher gorda, afinal, já era raiar do dia e algum aluno poderia estar acordado.

Estava tudo bem até James empacar no lugar.

Diante de seus olhos estava a cena mais fofa e peculiar do mundo inteirinho.

Lily e Tiago estavam em um dos sofás perto da lareira, a cabeça de Lily estava escorada no ombro de Tiago em um ângulo esquisito e que prometia um belo de um torcicolo assim que ela acordasse, a de Tiago estava em cima da dela e alguns fios ruivos batiam no rosto do garoto fazendo cócegas no nariz dele, que hora ou outra ele franzia. Estavam meio deitados, meio sentados, as pernas eram uma tremenda confusão e havia uma carta jogada em cima do colo de Lily.

A parte racional de James se perguntava por que diabos eles estavam ali, e se fosse qualquer outro garoto no lugar de Tiago, podem apostar que esse maroto iria ficar mordido de ciúmes, mas vendo-os daquela forma a única coisa que ele conseguia fazer era abrir um sorriso idiota. Pontas pulava internamente e dizia para James largar de ser besta e ir logo se juntar a eles, talvez houvesse um espacinho e ele já quase podia sentir a cabeça de Lily em seu peito, a respiração tranquila e também quase podia sentir como seria a cabeça de Tiago apoiada em seu ombro... Aquilo soava tão como uma família para Pontas e...

James não percebeu haver estagnado no lugar enquanto observava os dois no sofá, mas ele com certeza percebeu, na verdade, ele sentiu, quando Remus, atrás dele e alheio a seus pensamentos, tentou dar um passo adiante e acabou se chocando contra ele, que por sua vez foi empurrado para frente caindo em cima de Sirius que liderava o grupo, também pode sentir quando Remus caiu em cima dele, assim como Peter caindo em cima de todos eles.

— SAIAM DE CIMA DE MIM! ANDA, SAIAM! — Sirius berrava sem se importar ser plena madrugada.

— Shiuuuu — James pediu, se levantando e lembrando haverem duas pessoas dormindo naquele mesmo lugar que eles, e pensando que ele definitivamente não queria explicar para a sua ruivinha o porquê diabos ele e os meninos estavam de pé àquela hora.

— Shiu o cacete, seu tapado. — Sirius disse, pontuando cada palavra dita com um tapa bem acertado em James. — Por que você parou de andar e caiu em cima de mim, seu veado imbecil?

— Eu já cansei de lhe dizer que não é veado, é um cervo, cachorro pulguento — James disse revirando os olhos, já estava cansado de Sirius se referir a sua forma animaga como um "veado", poxa era um cervo! — E pelo amor de Merlin, Almofadinhas, para de gritar. — Pediu torcendo para que Lily e Tiago não tivessem acordado com o berreiro de Sirius.

— Almofadinhas, para de gritar — Remus disse entredentes, ao que parece ele foi o único, além de James, a reparar que Lily e Tiago também estavam ali.

— Eu só vou parar de gritar quando o imbecil do James me dizer o porquê ele resolveu parar de andar — Sirius disse sem sequer alterar seu tom de voz, seus olhos também não saíram de James enquanto ele falava, seus olhos azuis meio cinzas, pareciam duas tempestades prontas para derramar e castigar quem quer que fosse o alvo. E por estar olhando para James ele não percebeu quando Lily se levantou do sofá e os olhou com uma sobrancelha arqueada e os olhos levemente arregalados, assim como não percebeu a risadinha que Tiago tentava segurar. Ele só percebeu quando a ruiva limpou a garganta atrás deles.

Há poucos minutos Lily pode ouvir o som do quadro da mulher gorda se arrastando, dando abertura para alguém entrar no salão comunal. Ela também pode ouvir sons de passos, mas o que lhe atingiu mesmo foi sentir quando um cheiro familiar lhe acertou precisamente como um balaço bem mirado. Ainda estava meio bêbada de sono, mas poderia jurar ser ele, assim como poderia jurar estar sendo observada, até tentou abriu os olhos, mas estava com muito sono ainda.

Pode ouvir quando alguns corpos se chocaram contra o chão e também pode ouvir quando outra voz familiar começou a gritar incansavelmente, também pode ouvir outras vozes familiares tentando impedi-lo de dar aquele show naquela hora da manhã, no entanto, quando o assunto era drama ninguém segurava e muito menos se comparava com Sirius Black.

E aquilo pareceu bastar para seu cérebro entorpecido de sono entender ser hora de acordar e ver do que se tratava aquele escândalo todo.

Quando tentou levantar sua cabeça sentiu um peso acima dela e também pode ouvir um resmungo de indignação. Sorriu ao perceber ser Tiago, não se sentiu constrangida ou qualquer coisa do tipo por dormir com ele no salão comunal. Definitivamente não fora nada com o intuito de romântico, não, longe disso, estava mais para uma sessão de lamentações amorosas de Lily Evans. Enfim, a única coisa que sentiu foi seu pescoço reclamando de dor pela posição em que dormira.

Harry estava dormindo confortavelmente, bem se ele dissesse isso seria uma grande mentira, a posição não era confortável, sentia seu pescoço doendo, seus óculos tortos e podia jurar que se tirasse sua armação agora, seu rosto estaria com a marca dela por ele dormir com ela durante a noite inteirinha. Mas o que importava era o cheiro de sua mãe que invadia suas narinas, e não sabia se era por uma grande ironia do destino ou não, mas Lílian Evans realmente tinha cheiro de lírios. Soltou um resmungo ao ver que ela estava se afastando, no entanto, logo o som dos gritos de seu padrinho chegaram aos seus ouvidos e ele sentiu vontade de rir pelo esporro que seu pai estava levando.

— Que belo bom dia. — Lily disse de forma irônica ao seu lado.

Harry soltou uma risadinha.

— Bom dia, Lily. — Disse olhando em seus olhos, então voltou-se para os Marotos, onde Sirius continuava a gritar. — Por que diabos o Almofadinhas está gritando? — Ele perguntou com uma careta.

Foi a vez de Lily soltar uma risadinha.

— Bom vamos descobrir — Murmurou para Tiago, então voltou-se para os Marotos e perguntou em alto e bom-tom — Eu posso saber o que diabos vocês estão fazendo? E Black, será que você poderia parar de gritar? Ainda está muito cedo para aturarmos todo o seu drama adolescente!

Sirius se virou para Lily lentamente.

"Eu realmente deveria ter parado de gritar" — Ele pensou. Agora fazia todo o sentido os meninos terem pedido para ele se calar.

Decidido a contornar a situação, ou pelo menos tentar, ele colocou o seu melhor sorriso, ou um semelhante a ele devido ao seu cansaço, e virou-se para Lily.

— Veja só se não é a minha ruiva favorita e o meu grande amigo Tiago que estão aqui no salão comunal na minha frente? Bom dia.

Harry tinha que admitir, seu padrinho realmente estava tentando livrar a pele dos Marotos.

— Corta essa de "minha ruiva favorita", Black. — Lily disse revirando os olhos. — Vocês ainda não me responderam, por que vocês estão aqui?

"Certo, vamos ter que tentar outra coisa" — Sirius pensou, afinal, dizer a verdade estava fora de cogitação.

— Eu que deveria perguntar isso. Por que vocês dois estão aqui? Vocês dormiram juntinhos? — Black começou a bombardeá-la de perguntas, na tentativa que ela se esquecesse o porquê diabos eles estavam ali. Quem sabe ela pudesse se atrapalhar nas respostas e esse seria o exato momento em que eles iriam correndo para o dormitório sem dar oportunidade para ela dizer algo. — Eu realmente esperava mais consideração de você Tiago — Disse maneando a cabeça em negação. — Justo a Lily.

O rosto de Harry contorceu-se em uma careta.

"Por Merlin, ela é minha mãe" — Pensou um tanto enojado com a ideia de pensarem que ele e Lily estavam ali com propósitos românticos.

A mesma careta se formou no rosto de Lily.

Tiago era um garoto muito bonito, mas a ideia de ter dormido com ele por eles estarem... Ugh! Aquilo parecia, de certa forma, nojento para Lily.

— Eu estava sem sono — A ruiva por algum motivo desconhecido começou a se explicar para Sirius. — E desci para o salão comunal, o Tiago teve um sonho estranho e acabou não conseguindo dormir novamente. Nos encontramos aqui em baixo e ficamos conversando até pegarmos no sono, como vocês podem ver. — Lily pode ver Sirius se aproveitando do momento e dando pequenos passos para trás em direção as escadas. Um lampejo de irritação percorreu seu corpo. Ele estava distraindo-a. — Parado aí Sirius Black. Vocês ainda não se explicaram.

Uma pequena parte de James ficou feliz e completamente tranquila ao saber que eles realmente não estavam ali por motivos românticos, não que James fosse admitir isso em voz alta, não, nunca, jamais. No entanto, foi outra coisa que chamou sua atenção.

"Tiago teve um sonho estranho e acabou não conseguindo dormir novamente".

— Hey, cara, você está bem? — James perguntou se aproximando de Tiago — Foi aquele sonho outra vez? Vem, vamos para o dormitório a gente até pode passar na cozinha para pegar um copo de leite. Da última vez funcionou lembra? — Pegou no braço dele pronto para leva-lo para fazer exatamente aquilo que sugerira.

Lily estaria mentindo se dissesse que não achou fofa toda a preocupação de James com Tiago, assim como mentiria se dissesse que a cada passo que Potter dava na direção deles não fazia com que seu cheiro acertasse suas narinas nublando seus pensamentos.

No entanto, havia algo com seu cheiro.

Ainda era aquele cheiro amadeirado, com aquele perfume que só ele tinha, com um toque de biscoitos de chocolate e aquela pitada de algo cítrico. Definitivamente era o cheiro de James Potter, no entanto, ele estava envolto com grama molhada, um pouco de terra e... Morgana! Aquilo era sangue?

Subitamente foi como se tivessem retirado algo que enevoava a visão de Lily e ela realmente pode olhar o estado dos garotos.

Remus era de longe o que se encontrava em pior estado. Ele exalava exaustão, abaixo de seus olhos formavam olheiras, tinha alguns arranhões por seu corpo, seu uniforme estava rasgado em grandes tiras. Peter estava imundo, tinha algum arranhão aqui e ali, mas nada grave. Sirius, por incrível que pareça, estava com o cabelo em desordem, era possível ver alguns pedaços rasgados de seu uniforme, grandes marcas de patas na camiseta branca e até mesmo no rosto e James... Bem, ele estava quase igual a Sirius, os cabelos estavam completamente alvoraçados, espetavam para todos os lados, havia uma manga inteirinha rasgada de sua camiseta e seu lábio estava rasgado, escorrendo um pouquinho de sangue dele.

— Por Merlin, o que aconteceu com vocês? — Lily perguntou e não tinha irritação em seu tom de voz, apenas preocupação genuína.

Os Marotos travaram, não sabiam como responder, estavam todos esfarrapados, não havia como negar aquilo e seus cérebros que sempre inventavam respostas espertinhas estavam cansados demais para conseguirem inventar qualquer desculpa.

Vendo a troca de olhares dos Marotos e percebendo que eles não conseguiriam se livrar daquilo sozinhos, Harry tomou para si a responsabilidade de ajudá-los. Não queria mentir para sua mãe, mas era por uma boa causa. Era devido ao segredo de Remus e dos meninos.

— O Aluado quer entrar para o time de quadribol. — Disse a primeira coisa que passou pela sua cabeça.

Lily o olhou com os olhos arregalados, depois olhou para Remus e disseram ao mesmo tempo.

— Você quer?

— Eu quero?

Sirius que estava ao seu lado lhe deu uma bela de uma cotovelada e murmurou baixinho de modo que só ele escutasse.

— Larga de ser tapado e concorda, o Tiago está livrando a nossa pele.

— Os meninos combinaram de treinar hoje com ele — Harry continuou sua história — Você sabe, Remus é mais reservado, então era melhor treinar enquanto os outros estavam dormindo — Então ele se virou para seu pai. — Inclusive desculpa, James, por não ter ido, acabei dormindo demais e me esqueci.

James piscou uma, duas, três vezes até entender o que estava acontecendo.

"Ele acabou de salvar a nossa pele." — Ele pensou.

— Sem problemas, Ti. Mas vamos ver se dormimos um pouco antes das aulas começarem. Você vem ou vai ficar aqui? — Perguntou olhando dele para Lily.

"Será que ele está com ciúmes?"  Ela se perguntou e uma parte sua torcia para que sim, mesmo que não houvesse motivo algum para ele se sentir dessa forma, mas sentir ciúmes significava que ele sentia algo por ela, certo? Bem ele...

Os pensamentos de Lily foram interrompidos por Tiago.

— Oh, eu vou sim. — Respondeu a James, então virou-se para sua mãe — Até mais, Lily — Disse oferecendo-lhe um sorriso. Estavam prontos para sair quando Lily resolveu fazer mais perguntas.

— Mas se vocês estavam treinando quadribol, onde estão as vassouras? E porque estão tão sujos? — Lily perguntou, mas a essa altura o cérebro de Sirius já estava pronto para dispensar respostas espertinhas e rápidas.

— Oras, minha cara Evans, estávamos tentando ser discretos e sair ao amanhecer com vassouras nos ombros não me soa exatamente com discrição. E sobre a sujeira... Bem nós temos nosso próprio método de ensino...

"E abrir um berreiro em plena madrugada é muito discreto." — Ela pensou ironicamente.

Lily sabia que era mentira. Remus não estava treinando quadribol coisa alguma, ele passara a noite toda em sua forma lupina. Consequentemente os meninos também não estavam o ajudando com coisas de quadribol, então também sabia que Tiago estava mentindo. Não pode evitar sentir uma pontada de frustação por não saber o que estava acontecendo, mas entendia haver um segredo por trás de tudo aquilo.

— Oh, já que está tudo bem eu também vou ir me deitar, então. — Lily já virara seus calcanhares em direção ao dormitório feminino, quando a voz de James a fez se virar no mesmo instante.

— Eu acredito que isso é seu, Evans — Disse lhe entregando a carta há muito tempo esquecida no chão.

— Muito obrigada, Pot... — Estava a ponto de dizer "Potter", quando uma cotovelada fraca em sua cintura, cortesia de Harry, a fez se lembrar das palavras ditas naquela madrugada.

"Pode ser algo mais suave e menos direto como: Chamá-lo de James ao invés de Potter."

Limpou a garganta e resolveu recomeçar.

— Muito obrigada, James — Ela disse e suas bochechas assumiram um lindo tom avermelhado.

"...terá que ser você quem irá tomar o primeiro passo..." — As palavras de Tiago lhe atingiram como uma onda.

Então, de uma coragem que Lily não sabia de onde tinha vindo, ela se aproximou de James, ficou na ponta dos pés e deu-lhe um beijo na bochecha. A pele dele era morna e macia contra seus lábios.

— Muito obrigada e bom dia. — Murmurou se afastando e perdendo a cara de puro choque de James e a de diversão de Harry.

James pareceu um pouco abobado, não estava esperando aquela atitude da ruiva, a pele onde os lábios dela estiveram a poucos instantes parecia pegar fogo. E em seus lábios surgiu o sorriso mais idiota do mundo, quase infantil para falar a verdade.

— Bom dia, Lily. — Ele murmurou já para o vento, dado que Lily já havia subido as escadas do dormitório.

Os amigos observaram a cena não acreditando que aquilo realmente acabara de acontecer. Harry ficou todo sorrisos ao ver a cena que se desenrolava de seus pais e não pode evitar sentir uma pontada de orgulho por saber que dia participação efetiva naquilo.

— Vamos antes que o Pontas aqui tem um surto — Disse Almofadinhas, inclinando a cabeça em direção as escadarias que os levariam para o dormitório.

[DORMITÓRIO DOS MAROTOS.]

Quando fecharam a porta do dormitório, James, Sirius, Peter e Remus se sentaram nas suas respectivas camas e fixaram seus olhares em Tiago.

— Que foi? — Harry perguntou, notando ser o alvo dos olhares. — Por que vocês estão me encarando?

— Porquê? — Murmurou Remus. — Por que você contou aquilo para Lily?

Harry suspirou, imaginou que os meninos iriam querer saber.

— Eu contei a Lily aquela história, porquê francamente vocês estavam bem enrolados e não parecia que iriam sair dali tão cedo. Eu só disse a primeira coisa que me passou pela cabeça. — Explicou dando de ombros, como se fosse algo banal.

— Você não quer saber, ou vai perguntar onde estávamos? — Perguntou Peter meio desconfiado.

— Não — Harry se apressou em dizer. — Não é da minha conta onde vocês se meteram.

Sirius o olhou com uma sobrancelha arqueada.

— Você literalmente acabou de salvar a nossa pele e nem quer saber onde estávamos?

— Por que obviamente não estávamos treinando quadribol — Murmurou James.

Harry riu com escárnio.

— Eu não disse que não queria saber o que vocês estavam fazendo. Eu disse que não é da minha conta onde vocês se metem.

— Mas você nos ajudou — James murmurou.

— Eu ajudei porquê é isso que os amigos fazem. — Harry lhes disse oferecendo um sorriso.

— Sabe, Tiago, cada dia que passa eu gosto mais de você. — Sirius lhe disse oferecendo uma piscadinha.

Harry riu.

— Obrigada, mas agora eu realmente suponho que vocês precisam dormir antes das aulas começarem — Ele disse enquanto ia em direção ao seu malão, pegou um sapo de chocolate — E Remus — Chamou-o e logo em seguida jogou o chocolate em sua direção. — Você parece o mais abatido dos meninos e uma vez um professor meu me disse que as coisas melhoram quando comemos chocolate.

Aluado ficou tocado com o gesto do filhote.

— Muito obrigada!

Isso foi tudo que eles dissessem antes de caírem em um sono profundo porem curto.

~*~

Os marotos estavam só os farrapos no café-da-manhã, o único que parecia um pouco desperto era Peter e Harry poderia jurar que aquele pouco de disposição era devido à comida.

Estavam tão exaustos que Sirius quase acertara o rosto na tigela de mingau que estava a sua frente, só não acertara porquê Marlene, literalmente, o puxou pelos cabelos para evitar que isso acontecesse.

Dormiram durante a aula de Herbologia sem um pingo de culpa. Bem, Remus se sentia um pouco culpado pelos meninos estarem perdendo aula e sempre que expressava essa culpa a ele a reação era a mesma.

"Remus, você se preocupa demais" "Nós sempre pegamos a matéria, você sabe." "Não nos importamos com isso."

Durante a aula de feitiços, Sirius se sentou ao fundo e não deu muita opção para Bela a não ser sentar-se à sua frente. Porquê, segundo Sirius, Flitwick era um anão que não enxergava nadinha, então se ela se sentasse a sua frente ele poderia facilmente esconder seu rosto em seus cabelos e dormir tranquilamente.

Seria uma grande mentira se Harry dissesse que ele não queria estar no lugar de seu padrinho, com o rosto enterrado nos cabelos de Hermione. Assim como seria uma grande mentira se Hermione dissesse que não percebeu isso e que não teve que morder o canto de seus lábios para impedir que um sorriso bobo se espalhasse por eles.

~*~

Na aula de poções os Marotos poderiam dizer estarem mais acordados e até mesmo interessados na aula.

Quando entraram na sala de poções puderam ver Slughorn quase dando pulinhos de animação. Lily se adiantou para formar dupla com Tiago, depois daquela conversa na madrugada eles estavam mais próximos e ela sabia que, apesar de ser bom em poções, o garoto não era o maior fã da matéria, parecia até uma espécie de trauma.

— Bom — Começou Slughorn todo pomposo — Como todos já sabem, vocês estão no 7º ano, o que significa que prestarão os NIEM'S.

— Grande coisa. — Murmurou Marlene cuidadosamente baixo para que ninguém além de Bela, que divida a bancada com ela, escutasse.

— Por isso — Continuou o professor como se não tivesse ouvido um murmúrio e uma risadinha — Faremos uma espécie de revisão das poções mais perigosas do mundo mágico. — Com um gesto em sua varinha ele fez aparecer dois pequenos caldeirões nas bancadas dos alunos, com um líquido que brincava entre o rosa e o vermelho em um tom perolado, formando grandes espirais. — Alguém poderia nos dizer qual é essa poção?

Harry soltou uma risadinha ao olhar para o líquido a sua frente, sentia uma espécie de déjà vu.

— Amortentia. — Ele ouviu sua mãe dizer ao seu lado.

Os olhos do professor pareciam brilhar quando ele voltou o seu olhar para Lily.

— Muito bem, Senhorita Evans! — Parabenizou com um sorriso orgulhoso nos lábios. — 05 pontos para a Grifinória pela resposta. Agora vamos a uma pergunta um pouco mais complexa. A poção Amortentia também é conhecida como "poção do amor". Alguém saberia nos explicar o motivo?

Harry nem precisou olhar para saber que a mão de Hermione estava erguida.

— Sim, senhorita Morning.

— A poção amortentia não gera amor. Ela gera uma espécie de paixonite louca, incandescente, alucinante. E como o efeito dela é tão poderoso acabaram chamando-a de poção do amor.

— E por que ela é tão temida? — O professor instigou.

— Segundo o livro de magia é a poção mais perigosa que existe, porque pode levar a pessoa que a bebeu a fazer loucuras pela paixão obsessiva.

— Muito bem! — Elogiou o professor — Mais 10 pontos para a Grifinória.— Alguém poderia nos dizer o que acontecesse com quem bebe a poção?

Harry soltou outra risada, se lembrava claramente de quando Rony ficou como um tapado no dormitório devido aos chocolates batizados.

— Ande, responda. — Lily disse ao seu lado, estava claro que ele sabia a resposta.

— Hum?

Lily revirou os olhos e sem tempo para dar-lhe opção de fugir, ela ergueu a mão dele.

— Diga, senhor Star.

Antes de responder, Harry lançou um olhar afiado para sua mãe, que apenas sorriu docemente como se não tivesse feito nada.

— A pessoa que bebe a poção fica em uma espécie de transe, digamos assim — Ele começou a explicar, invocando a memória de Rony em sua mente. — Ela só consegue pensar em quem preparou a poção, pensar nas qualidades dela e como ela precisa tê-la. E ela nem necessariamente precisa conhecer quem a preparou para que isso acontece. E enquanto a poção durar ou até ela conseguir tomar o antidoto ela ficara com essa "paixonite".

— Muito bem! Senhor Star, mais 10 pontos para a Grifinória por sua explicação acertada. — Concedeu, então virou-se para seus alunos que vestiam verde e prata. — Os alunos da Sonserina podem ficar à vontade para responder as perguntar também. — Alfinetou, então olhou diretamente para um de seus melhores alunos, Severus Snape, que estava anormalmente quieto no dia, limpou sua garganta e voltou-se para Tiago. — Já teve algum contato com a poção antes?

— Ui, garanhão! — Harry pode ouvir Sirius dizer e soltou uma risadinha.

— Não foi exatamente eu, foi meu melhor amigo. — Respondeu rindo.

James sentiu algo estranho no seu estômago ao ouvi-lo dizer "meu melhor amigo". Será que ele preferia estar com esse tal melhor amigo?

— Agora, eu gostaria que vocês cheirassem a poção e me dissessem o que sentem.

Lily se aproximou do caldeirão e aquele cheiro a acertou.

Era aquele cheiro amadeirado, com aquele perfume que só ele tinha, com um toque de biscoitos de chocolate e aquela pitada de algo cítrico. Suas bochechas coraram ao perceber que sentia o cheiro de James Potter.

Harry a olhava de forma curiosa, esmagando seu lábio superior no inferior para impedir que algum riso escapasse. E bem ela estar olhando fixamente para seu pai — que por sinal parecia muito entretido sentindo o cheiro da poção em seu caldeirão, para perceber o olhar da ruiva em si — meio que a denunciava.

— Discrição, Lily Evans — Harry murmurou ao pé de seu ouvido.

Bastou um olhar para ele e Lily soube que ele sabia exatamente o que ela estava cheirando dentro daquele caldeirão.

— Nenhuma palavra sobre isso! — Ela murmurou entredentes sentindo seu rosto queimar de tamanha vergonha que sentia naquele momento.

Harry riu e ainda rindo foi sentir o cheiro da poção no caldeirão.

Ele não sabia muito bem o que esperar sentir.

Da última vez que cheirara sentira o perfume da Gina, mas bem dessa vez não foi isso que lhe acertou.

Sentiu cheiro de pergaminhos, tinta para penas, alguma espécie de creme para cabelo e morangos. Era um cheiro tão bom.

— Então, o que sentiu? — Lily lhe perguntou.

— Cheiro de pergaminhos, tinta para penas, alguma espécie de creme para cabelo e morangos. — Ele contou, e Lily teve que morder o canto dos lábios para não deixar seu sorriso escapar. Ela sabia exatamente quem se cheirava daquela forma. Harry percebeu isso e a olhou com uma sobrancelha arqueada. — Por que eu tenho a impressão de que você sabe algo que eu não sei?

Lily sorriu.

— Você tem que ver primeiro, Tiago. Se eu te falar sem você ver, você vai negar. Mas se você ver depois e eu te falar... Eu vou poder dizer que eu estava certa. — Disse com uma piscadinha e vendo o bico emburrado que se formava nos lábios dele riu. — Talvez você veja hoje, talvez amanhã, ou depois... Bem está na sua cara é impossível você não ver.

Harry soltou um suspiro e voltou a cheirar a poção. Era realmente muito bom o cheiro que exalava dela.

~*~

Do outro lado da sala Hermione cheirava uma, duas, três vezes a poção tentando entender o que sentia ali.

Definitivamente não era o cheiro que sentira da última vez.

Sua poção tinha um cheiro leve, quase refrescante, mas, ao mesmo tempo quente, era como se uma brisa morna de verão invadisse suas narinas e beijasse suas bochechas e tinha aquele toque amadeirado.

Ao mesmo tempo que parecia um cheiro totalmente novo, parecia tão familiar que a fez ficar perdida por alguns instantes.

Olhou para seu lado e viu Marlene branca como um papel.

"Não, não, não pode ser" — Marlene pensava. "É o cheiro dele."

Aquela constatação caiu como um chumbo dentro de sua barriga. O ar se tornou muito difícil de respirar. Quanto mais puxava o ar, mais o cheiro dele a invadia, tornando insuportável ficar naquela sala.

Sem dizer uma palavra Marlene disparou para fora da sala de aula, tão rápida como uma estrela-cadente.

Sua saída não passou despercebida para os olhos atentos de Sirius, que estava incomumente calado.

"Não significa nada" — Ele pensava — "Não é como se eu sentir o cheiro dela, signifique que eu estou apaixonado. Certo?"

Marlene certamente estaria em maus lençóis se Slughorn não estivesse tão ocupado tentando lidar com a poção de Remus que nem havia se dado conta de sua saída.

A poção de Remus borbulhava formando diferente espirais, e sua cor... bem ela não estava rosa como as outras... ela estava, bem... ela não estava exatamente uma cor. Ela mudava de cor a todo instante. Variava entre o azul, vermelho, roxo e rosa-chiclete.

E Remus... Bem ele não conseguia parar de rir... rir, não, ele gargalhava. Havia algo em sua poção que o deixava extremamente risonho.

Todo o caos da poção de Remus conseguia até mesmo chamar a atenção de James que cheirava sua poção como se sua vida dependesse daquilo.

Ela cheirava a lírios, livros e tinha aquele toque leve de mel... Era tão bom... Era como se ele estivesse com o rosto enterrado no pescoço de Lily apenas sentindo o seu cheiro.

— Vocês, estão dispensados, turma. Eu tenho que descobrir o que houve com essa poção do Senhor Lupin. — Slughorn os liberou — Estranho, eu preparei a poção corretamente! — Ele estava divagando quando, então, se lembrou de algo e disse — Eu quero que o senhor Star e a senhorita Bela fiquem. Preciso conversar com vocês.  

 

NOTAS DA AUTORA

Espero que estejam gostando da história ;)

Deixe aqui em baixo o que você está achando da história, sugestões e opiniões ;)

E aí como vocês estão? E essa amortentia, de quem será esse cheiro que o Harry estava sentindo? E essa poção do Remucho?


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