Construindo meu futuro - HARMIONE escrita por LadyPotterBlack


Capítulo 13
11 - "NOITES MAL DORMIDAS"




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Não estava tudo bem.

Não, não estava.

Naquela noite, após James ter dado "A conversa", para Tiago, ele foi dormir achando que havia sido apenas um momento um pouco constrangedor com o seu amigo. No entanto, durante a madrugada, enquanto a escuridão beijava o céu e espantava toda a luminosidade do amanhecer, gritos o despertaram. Gritos que eram como súplicas, que demonstravam todo o desespero em sua voz.

Acordou no mesmo instante, com seu coração batendo ferozmente em seu peito, olhou ao redor tentando localizar de onde diabos aqueles gritos vinham. Pontas ficou perturbado quando percebeu que aqueles gritos horrorizados vinham de seu mini-cervo, do seu filhote, foi como se um caçador tivesse disparado uma flecha em sua direção e tivesse acertado diretamente em seu peito, seu coração estava dilacerado.

Caminhou a passos lentos em direção ao seu amigo, suas mãos tremiam enquanto ele chacoalhava Tiago, tentando acordá-lo.

Harry estava imerso em uma realidade paralela, em um mundo em que só ele estava, na verdade ele não estava sozinho, não, não estava. Estava junto de seus maiores tormentos, junto de todos aqueles gritos eu ouvira durante a batalha final, junto do corpo estirado de Fred, junto ao corpo estático e frio de Remus e Dora, junto dos grandes olhos de Dobby, que se assemelhavam a grandes bolas de tênis, perdendo o brilho e se fechando, junto de.....

— Tiago – Uma voz, o trouxe de volta para a realidade. – Tiago, por favor acorda. – Pediu suplicante. – Eu estou ficando preocupado, eu não consigo te ver assim. – Disse baixinho, só para ele, para Harry ouvir.

Não era uma voz qualquer chamando-o.

Não, não era.

Era a voz de seu pai.

Merlin, ele estava preocupado com ele.

Aos poucos foi despertando e retomando o controle sob o seu corpo. A primeira coisa que conseguiu retomar o comando foi sua respiração e foi quando ele percebeu que ela, sua respiração, estava totalmente descompassada. O cheiro de James o acertou como uma brande bola de futebol, foi aí que percebeu que os braços de seu pai estavam envolvendo-o em um abraço firme e apertado. Então, percebeu que tinha retomado o controle de seus braços e fez questão de devolver o abraço de Pontas, apertando seu corpo contra o dele.

A respiração de James, seu pai, batendo contra o pescoço dele, o trazia um conforto inigualável, a pressão dos braços dele em torno de suas costelas, era o que o mantinha estável naquele momento. Ficaram assim, apenas se abraçando, até que a respiração de Harry voltasse ao normal.

— Você está bem? – James perguntou baixinho – Merlin, você está suado! – Disse exasperado, mas ainda em tom baixo para não acordar os marotos que ainda estavam dormindo.

Foi então que Harry percebeu que seu corpo estava suado, seus cabelos, agora loiros escuros, devido ao feitiço glamour, estavam encharcados, grudados contra a sua testa, conseguia sentir o suor escorrendo por sua fina cicatriz em formato de raio.

— Está com nojo, James? – Harry perguntou tentando fazer humor para aliviar a situação.

James soltou um riso nasalado, ele estava tentando fazer piada, Merlin. No entanto, aquilo, a piada, não foi o suficiente para acalmar Pontas, que ainda estava aflito e tentava a todo o custo verificar se seu filhote estava machucado e quem era o bastardo que o fez ficar daquela maneira, porquê acreditem quando Pontas descobrir quem era, o infeliz estaria com um grande problema. Ah sim, ele teria que enfrentar a fúria de Pontas, um animal protetor, que teve seu filhote, o seu mini-cervo, atacado.

— Não, eu não estou com nojo de você – Ele negou, tirando aquela mecha de cabelo do garoto que estava tampando sua cicatriz – Eu estava preocupado com você – James confessou enquanto traçava seu dedo indicador sobre o formato de raio na testa o garoto, olhando-o nos olhos.

Harry conseguia sentir a preocupação de Pontas, aqueles olhos castanhos-esverdeados gritavam preocupação, transmitiam toda a aflição, a angustia, que ele estava sentindo. Aquilo foi demais para Harry e fez com que ele enterrasse o rosto no peito de seu pai e chorasse baixinho.

"Eu fiz com que ele acordasse, eu fiz com que ele se preocupasse. É minha culpa, minha culpa, minha culpa..." – Ele repetia para si mesmo como um mantra.

Para Harry tudo aquilo que ele dizia a si mesmo era verdade. Era culpa dele. Ele só trazia o caos, todos aqueles que ousavam se preocupar com ele, fazer com que ele fosse importante e se sentisse especial, saiam feridos. Todos eles tinham se machucado. Merlin, seus pais tinham morrido por causa dele, assim como Sirius, Remus, até mesmo o Peter.

Toda aquela constatação foi demais para Harry, a culpa o corroía de uma forma que subitamente o ar foi ficando difícil de respirar, tornando-se cada vez mais difícil deixá-lo entrar por suas narinas e deixá-lo sair por sua boca.

James reconheceu quando o menino começou a ter um ataque de pânico. Ele estava relativamente familiarizado com aquilo.

Quando Sirius fugiu da casa dos Black's, ele chegou à casa dos Potter's ensopado de sangue, havia marcas de mãos em seu corpo e vários cortes, ele só conseguiu olhar em seu amigo uma única vez antes de Sirius desmaiar ali mesmo, na porta de casa. No decorrer daquela semana Almofadinhas acordou todos os dias, durante a noite. Ele acordava gritando, suando, tremendo, seus sonhos eram invadidos por seu pai. Todas as noites quando ele dormia era a visão de seu pai avançando contra ele, o agredindo, marcando sua pele com as mãos, atingindo-o com feitiços... Era isso, essas visões, esses lampejos de memórias, que invadiam sua mente e atormentavam seus sonhos, que tornava impossível que ele continuasse dormindo.

Todas as noites em que ele acordava perturbado daquela forma, James também acordava, ele ia até o amigo e o abraçava. Não perguntava nada, apenas o consolava, deixava que ele chorasse em seu ombro. As vezes Sirius se transformava em Almofadinhas, porque segundo ele, era mais fácil lidar com os sentimentos quando estava em sua forma animal, nessas noites James também se transformava em cervo, e ficavam os dois ali em suas formas animagas, aconchegados até que Sirius conseguisse pegar no sono outra vez. Tudo escondido é claro, porquê somente os marotos sabiam sobre o segredo por trás de seus apelidos.

James sabia, ele sentia, o que Tiago estava sentindo naquele momento.

Culpa.

Ele não sabia o que o menino tinha passado, ou com o que ele estava sonhando anteriormente para sentir-se daquela forma. Mas ele sabia que o menino estava sentindo-se culpado por algo, Sirius também se sentia da mesma forma naquela primeira semana pós fuga da casa dos Black's.

— Hey, não é sua culpa – James garantiu enquanto com uma mão acariciava as costas do garoto, em movimentos circulares estranhamente calmantes, e com a outra fazia cafuné nos cabelos do garoto.

— É sim – Harry contradisse, enfiando mais ainda o rosto no peito de seu pai, soltando uma longa fungada em seguida.

James suspirou.

Eram as mesmas malditas palavras que Sirius dizia.

— Eu só fiquei preocupado – Disse baixinho enquanto suas mãos continuavam em movimento – Eu, nós, nos preocupamos com você.

Harry ergueu a cabeça do peito de James e olhou com os olhos, agora azuis, brilhando com lágrimas.

"Ele se preocupa comigo." – Ele constatou, fazendo com que seu coração errasse uma batida.

— Foi tão ruim assim? – Perguntou encolhendo seus ombros.

— Você... – James começou, mas parou engolindo em seco, a visão que tinha tido de Tiago se debatendo, gritando, suando e tremendo, ainda estava muito fresca em sua memória e Pontas ainda estava perturbado com ela. – Você estava gritando, também estava tremulo quando eu cheguei até você – Explicou baixinho para o garoto que ainda estava em seus braços.

Harry quebrou o contato visual, baixando o seu rosto.

— Desculpe – Murmurou e James conseguiu sentir a pontada de vergonha embebida em culpa em seu tom de voz.

— Hey – Ele chamou erguendo o rosto do garoto, segurando seu queixo entre os dedos – Nada de desculpas, você é meu amigo. Amigos fazem isso uns pelos outros – Falou com um sorriso fraco que não atingia os olhos.

— Eu só .... – Harry suspirou não conseguindo colocar em palavras seus pesadelos.

— Não precisa me contar. – James cortou-o.

Harry olhou-o com surpresa estampando os olhos, esperava que seu pai quisesse saber o porquê diabos ele estava gritando.

— Obrigada – Agradeceu. Era difícil demais ver aquilo e mais ainda ter que explicar.

James ficou com ele durante a madrugada inteira, contou algumas trivialidades para acalmá-lo e aos poucos o sono foi tornando difícil, para Harry, conseguir manter os olhos abertos e por fim ele deixou que a escuridão o envolvesse.

Pontas não conseguiu deixá-lo, mesmo quando ele estava dormindo, por isso acabou deitando-se ao seu lado na cama e dormindo com ele, para que ele pudesse vê-lo, para poder protege-lo. Tê-lo sob debaixo de seus olhos deixou Pontas mais tranquilo, de certa forma, e com isso ele deixou-se ser seduzido pela escuridão e acabou adormecendo.

Pela manhã quando todos do dormitório já estavam acordados, Almofadinhas até pensou em fazer alguma piada sobre o fato de James e Tiago terem dormido juntos, na mesma cama. No entanto, bastou um olhar para James, que parecia ter saído de um furacão, e para as bolsas escuras, roxas, sob os olhos de Tiago, para entender que não deveria falar sobre aquilo, pelo menos não por agora.

Durante a manhã o resto do grupo percebeu que havia algo estranho. Os marotos pareciam mais preocupados, menos risonhos, isso apertou o coração de Lily e por isso ela sentou-se ao lado de Tiago na aula de Transfiguração. Não perguntou se ele estava bem, era visível que ele não estava bem e ela sabia como era um saco não estar bem e ter que ouvir perguntas do tipo "Você está bem?" "Dormiu bem?" "Por que está com essa cara?"

Não perguntou nada o tipo. Apenas lhe fez uma proposta.

— Sabe, nessa escola há um guarda caças, Hagrid, Rúbeo Hagrid, é o nome dele, ele é muito legal, faz tempo desde de a última em que eu fui vê-lo. É muito bom ir até a cabana dele e tomar chá com ele, me faz esquecer um pouco dos problemas – Disse dando de ombros – Eu estava pensando se você gostaria de visita-lo após as aulas de hoje, comigo. Aceita? – Lily perguntou, tentando transparecer calma, no entanto, suas esmeraldas brilhavam em expectativa. Estava dilacerando seu coração ver o garoto tão desanimado tão pra baixo, tinha que fazer alguma, tenta-lo ajudar, encontrar uma forma de fazê-lo melhorar.

Harry sorriu, o primeiro sorriso verdadeiro do dia. Um sorriso que alcançava os olhos e que os faziam brilhar.

Lily jurou ter visto um lampejo de verde, um verde esmeralda, nos olhos azuis escuros do garoto quando ele sorriu.

— É claro que eu quero ver o Hagrid com você. – Afirmou sorrindo, a perspectiva de ver seu amigo meio-gigante era muito animadora, fazia tanto tempo desde de que o vira pela última vez e bem.... a última vez em que se viram não era uma situação muito agradável.

Ainda estava gravado em sua mente a forma como Hagrid carregava seu corpo "sem vida" e gritava com os centauros e....

Chacoalhou a cabeça afim de evitar as memórias.

"São apenas memórias" — Ele repetia a si mesmo.

Forçou-se a afasta-las e voltar a prestar atenção na aula.

~*~

Hermione era uma aluna dedicada e não gostava de não prestar atenção nas aulas, perdera a conta de quantas vezes brigara com Harry e com Rony por isso. Mas nesse dia em especial estava muito difícil prestar atenção na aula. Sim, era impressionante poder fazer feitiços sem a varinha ou sem palavras como Flitwick estava ensinando, mas ela já sabia de tudo isso, aprendera durante a jornada em busca das Horcruxes, fazer o que, tentar derrotar um lorde das trevas lhe fazia adiantar muita matéria.

E Harry, que estava sentando a algumas cadeiras de distância, parecendo que havia apanhado de um trasgo também não estava ajudando em nada na sua concentração.

E foi quando, na aula de Feitiços, que Harry recebeu um pergaminho em forma de bilhete interessante.

Então, quando vai me contar porquê meu melhor amigo está parecendo mais com a murta-que-geme do que com ele mesmo?

Mione.

 

Harry teve que disfarçar a risada que escapuliu de sua boca quando recebeu o bilhete em pergaminho de Hermione, com uma tosse, chamando a atenção de alguns alunos. Sacudindo a cabeça em negação, pegou sua pena e escreveu-lhe uma resposta.

 

Quanta consideração, assim você parte o meu coração, Mione.

Harry.

 

 

Eu já lhe disse que esse tempo com o Sirius está deixando-o dramático?

Mione.

 

Harry ousou lançar um olhar para Hermione. E lá estava ela, com o rosto tranquilo, nem parecia que estava escrevendo bilhetes enquanto o professor passava a matéria.

 

Ha ha ha. Eu sei que você AMA meu jeito dramático.

Harry.

 

 

Hmmmm. O tempo com o James também está deixando-o convencido.

Mione.

 

 

Acho que quem está sendo corrompida aqui é você. Quem diria que Hermione Granger, a bruxa mais inteligente da geração, está escrevendo bilhetinhos durante a aula. Tsk, tsk, tsk. Que feio.

Harry.

De novo Harry atreveu-se lançar um olhar para Hermione e foi quando Hermione ousou lançar um olhar para ele.

Os olhares se conectaram e foi como se não existisse mais ninguém na sala, ou feitiço glamour e eles pudessem realmente se enxergar.

Harry pode perceber que as bochechas de Hermione estavam vermelhas e ele supôs que era de raiva. Outra coisa que Harry percebeu foi que Mione ficava realmente bonita quando estava nervosa, percebeu como seus olhos pareciam faiscar e como ela franzia o nariz em irritação e como isso a deixava fofa.

Toda essa constatação fez seu estomago revirar em uma cambalhota gostosa, seus pelos do braço se arrepiaram e um calor subiu por suas bochechas.

Hermione também observava Harry e naquele momento não existia glamour, pelo menos não para os olhos dela. Era como se ele estivesse ali, com os cabelos escuros apontando para todos os lados e com os olhos verdes. Foi a primeira vez que Hermione percebeu como Harry realmente ficava bonito de óculos e como ele inconscientemente mordia o canto esquerdo de seu lábio inferior, quando estava nervoso ou aprontando algo, e como isso deixava seus lábios mais vermelhos, ela também notou quando as bochechas dele foram beijadas por tons avermelhados e percebeu que talvez estivesse encarando-o a tempo demais.

"Tudo bem achar seu melhor amigo bonito, né?" — Ela se perguntava.

Quer dizer, não tinha nada demais ela ter percebido como ela realmente achava Harry bonito, digo eles são melhores amigos, então isso é normal, né?

Limpou a garganta e forçou-se a escrever uma resposta espertinha para ele.

 

A culpa não é realmente minha, sabe? Olha você não faz ideia das coisas que escuto no dormitório feminino.

Mione.

 

 

INFORMAÇÃO DEMAAAAIS. Eu não preciso saber o que minha mãe anda falando.

Harry.

 

Quando Hermione recebeu o bilhetinho com a letra rabiscada de Harry, como se ele estivesse sido escrito às pressas, teve que pressionar os lábios firmemente um contra o outro para não deixar que nenhuma risada passasse por eles.

Ela tinha que admitir que realmente deveria ser uma situação muito estranha estar convivendo com seus pais adolescentes cheios de hormônios e que ainda não namoravam.

Por Morgana, ela não sabia como iria agir se fosse ele.

 

Como você consegue? Quer dizer é muito estranho estar junto de seus pais? Quero dizer, com a versão adolescente deles.

Mione.

 

 

Merlin, estranho é pouco! Noite passada James e Sirius vieram ter "A conversa" comigo, eu juro que só queria poder me enfiar em um buraco.

Harry.

 

Hermione teve que tossir para disfarçar a risada que escapuliu de seus lábios.

 

 

Eu não acredito que o eleito, queria fugir de ter "A conversa". Tsk tsk tsk. Isso daria uma grande matéria para Rita Skeeter.

Mione.

 

Harry riu baixinho da provocação da amiga e maneou a cabeça enquanto lhe escrevia uma resposta no pergaminho.

 

Queria ver se fosse você tendo que escutar a versão de 17 anos de seu pai falando sobre "Você tem que ter a permissão para tocar nos seios de uma garota".

Harry.

 

Hermione contorceu o rosto em uma careta enquanto lia o pergaminho em cima de sua mesa.

 

 

Ok. Eu admito, isso foi realmente constrangedor. E só para te lembrar, estamos no passado e você pode estar tocando nos seios de alguma mãe de algum colega nosso. Então calminha aí, garanhão.

Mione.

 

Harry ficou dividido entre achar nojento o que estava escrito no bilhetinho ou encarar como uma brecha para provoca-la, então decidiu escolher o caminho que mais colocava em risco sua vida.

Provocar Hermione Granger.

 

Ok, isso que você escreveu foi realmente nojento. No entanto, eu vou encarar isso como "Eu estou com ciúmes, mas não irei admitir".

Harry.

A resposta de Hermione, muito espirituosa por sinal, foi cortada por Flitwick, que havia acabado de decretar o final da aula e foi quando Hermione percebeu que não havia prestado atenção em praticamente nadinha da aula, mas bem... Ela estaria mentindo se dissesse que se arrependia de ter ficado trocando bilhetinhos com Harry ao invés de prestar atenção no que Flitwick estava dizendo.

Só percebeu que estava devaneando quando notou um corpo em frente a sua carteira.

Era Harry e ele estava sorrindo.

Hermione contou como uma vitória pessoal ele estar sorrindo, visto que quando a aula começou, ele parecia mais com a murta-que-geme do que com ele mesmo.

— Ciúmes, Morning? – Ele provocou.

Hermione revirou os olhos enquanto guardava o livro de feitiços dentro de sua mochila, no entanto, não foi capaz de impedir que suas bochechas esquentassem e teve vontade de se amaldiçoar por isso.

— Jamais, Star, jamais – Negou e quando ele semicerrou os olhos para ela, acertou-lhe um tapa em seu braço.

— Aí, tá agressiva hoje – Resmungou enquanto massageava o braço acertado, fazendo um biquinho nos lábios.

Hermione acompanhou o movimento dos lábios de Harry e não foi capaz de reprimir a voz irritante de sua mente que gritava o quanto aquilo era fofo.

— Você não me respondeu. – Ela disse enquanto eles saiam da sala e iam em direção ao salão comunal.

— Respondeu o que? – Questionou franzindo o cenho, estava genuinamente confuso.

Hermione bufou.

— Sério que você não prestou atenção no que eu lhe escrevi? – Perguntou um tanto irritada, fazendo com que um cacho caísse em direção aos seus olhos.

Harry deu uma risadinha, notando que o nariz de Hermione estava novamente franzido daquela maneira que a poucos momentos ele tinha percebido que achava realmente fofa.

— Me desculpe – Ele pediu enquanto afastava aquela mecha insistente que cobria os olhos cor de mel de sua melhor amiga – Acontece que o último bilhete foi realmente interessante. Sério tocar nos seios da mãe de alguém? Pegou pesado!

Hermione riu.

— Isso seria estranho – Disse fazendo uma careta – Mas eu estava me referindo ao porquê diabos você está mais parecido com a murta-que-geme – Olhou para os dois lados do corredor em que estavam, para garantir que ninguém ouviria o que diria a seguir – Do que com Harry Potter.

Harry gargalhou jogando a cabeça para trás e colando uma mão em cima de sua barriga.

— A murta-que-geme? Sério? – Perguntou em meio a risadas.

Hermione sentiu orgulhoso invadindo o seu peito. Ela tinha arrancado uma risada, não, melhor, uma gargalhada dele.

Mas ela ainda conseguia ver as bolsas escuras abaixo de seus olhos.

— Hey, eu estou falando sério. O que foi? – Perguntou gentilmente.

Harry parou de rir.

— Não foi nada demais. – Disse apressadamente de forma evasiva.

Hermione revirou os olhos.

— Corta essa, Harry. Está na cara que aconteceu alguma coisa. Você sabe que pode falar pra mim, né?

Harry suspirou.

— É claro que eu sei que posso contar com você – Disse empurrando-a com seu ombro, fazendo-a rir.

— Então vai me contar o motivo disso? – Perguntou tocando, gentilmente, com seus dedos as bolsas escuras sob seus olhos.

Harry novamente suspirou.

— Pesadelos – Disse baixinho.

Hermione suspirou e com os dedos que estavam tocando as bolsas abaixo dos olhos do garoto, subiu-os pela têmpora dele, descendo-os para sua bochecha, escorrendo por seu queixo, contornado seus lábios e por fim repetindo todo o processo do outro lado do rosto dele.

Harry respirou fundo, fechou os olhos e se aconchegou contra a mão de Hermione, aproveitando-se daquele carinho.

— Você quer falar sobre isso? – Hermione perguntou, fazendo-o abrir os olhos para encará-la confuso – Sobre o pesadelo – Ela esclareceu.

— O James já meio que me ajudou com isso. – Disse dando de ombros.

— Isso é uma coisa muito boa, Harry – Ela disse baixinho.

Harry sorriu.

— É sim.

Continuaram caminhando em um silêncio confortável até Harry se lembrar de algo.

— Hey, a Lily me chamou para visitar o Hagrid hoje, você quer ir junto? – Perguntou sabendo que a amiga gostaria de visitar o amigo meio-gigante.

— Claro que eu quero – Respondeu de forma animada e automaticamente, então parou de andar para encará-lo de forma apreensiva – Espera, eu não vou estar atrapalhando um momento de mãe e filho?

Foi a vez de Harry revirar os olhos.

— Claro que não, bobinha – Negou dando-lhe um peteleco no nariz, que a fez rir – Além do mais vocês são amigas.

— Então eu vou adorar ir com vocês.

~*~

No final a visita a cabana de Hagrid não foi um passeio de mãe e filho, não, não foi. Quando Tiago contou que iria a cabana de Hagrid com Lily e Bela para os marotos eles ficaram super empolgados e se auto convidaram para ir também, a mesma coisa aconteceu com Marlene quando Lily contou para ela e como todos já estavam indo, Remus não achou que seria estranho se ele convidasse Dora para ir junto com eles.

Não que isso tenha sido uma justificativa plausível para Sirius, que provocou o amigo a tarde toda e disse que ficaria de olho bem aberto em relação a um certo lobo sem vergonha. Só para constrange-lo, afinal ele confiava em Remus e não se importava de maneira alguma se ele quisesse ou não tentar algo com sua prima mais nova.

Hagrid ficou mais do que empolgado quando viu tantos rostos na porta de sua cabana. Eles ficaram um pouco espremidos? Ficaram. Se arrependeram? De forma alguma.

Eles, os amigos, ficaram impressionados com a forma como Tiago e Bela sabiam exatamente de quais assuntos falar com o guarda caças e a naturalidade como eles conversaram sobre diversas criaturas mágicas, como se isso, esse tipo de conversa, fosse algo que eles já estivessem super acostumados.

No entanto, por mais que a visita a cabana de Hagrid foi incrível, nem mesmo ela foi capaz de afastar os pesadelos que Harry tivera aquela noite.

Era como se aquele primeiro pesadelo que Harry tivera na enfermaria, após a partida de quadribol, fosse uma espécie de "sinal verde", e que a partir de agora os outros pudessem vir.

Naquela noite os gritos de Tiago não despertaram somente James, que se levantou em um pulo e logo foi para a cama de Tiago. Despertara também Sirius. Almofadinhas ficou estático por um momento com a visão do filhotinho sofrendo, ele ficou divido entre querer chorar e gritar junto ou ficar muito puto com quem diabos estava causando aquilo.

Quando Harry despertara do pesadelo foi um tremendo alívio ver Sirius a sua frente, porquê em seus sonhos ele estava novamente no Ministério da Magia, na fatídica noite em que Almofadinhas morrera. Ele avançou contra Sirius, prendendo-o em um abraço de urso, enterrou sua cabeça em seu peito e ficou ali apenas escutando os batimentos cardíacos de seu padrinho.

Sirius ficou um pouco assustado com a intensidade do abraço, mas não questionou e muito menos se afastou, ele apenas passou os braços ao redor do menino.

— Hey, foi só um pesadelo, só isso – Ele murmurou contra cabeça de Tiago enquanto lhe fazia cafuné.

— Nós estamos aqui com você, cara – James disse se sentando ao lado deles.

E eles realmente estavam, passaram a noite com Tiago, ficaram com ele até que ele conseguisse pegar no sono novamente, jamais faziam perguntas. Naquela noite foi Sirius que dividiu a cama com Tiago. Na manhã seguinte não comentaram com ninguém também.

Naquela noite, foi a terceira noite consecutiva em que Harry tivera pesadelos, James e Sirius acordaram ao primeiro grito do garoto, assim como Remus.

Aluado ficou estilhaçado, o filhote de sua alcateia estava sofrendo, ele tinha que fazer alguma coisa, Aluado uivasse em sede de vingança e vontade de pegá-lo em seus braços e protege-lo do resto do mundo.

E foi isso que ele fez, Remus mal se lembrava do que aconteceu, ele só sabia que em um momento estava dormindo em sua cama e no momento seguinte ele estava avançando contra a cama de Tiago, abraçando-o de forma apertada e fazendo-o cafune em seus cabelos.

— Está tudo bem, eu estou aqui com você. Você não está sozinho, ok? Você jamais estará sozinho – Remus murmurava para Tiago dentro daquele abraço.

Quando o abraço foi desfeito, James e Sirius juntaram-se aos dois, sentando na cama também. Remus conjurou um copo de leite para Tiago e novamente eles ficaram ali até que ele conseguisse adormecer. Remus insistira que dormiria ali, na cama com ele.

— Nem se eu quisesse sair daqui eu conseguiria – Remus disse a Sirius e James que o olharam com uma sobrancelha arqueada, cada – Aluado não me deixaria sair daqui – Explicou e pode ver o entendimento passando pela mente dos amigos.

Eles não sabiam exatamente como funcionava o "temperamento" de Aluado, ele tinha "um lance" de ser superprotetor e os meninos sabiam, Merlin, eles sabiam, que não deveriam ir contra os instintos de Aluado, então se deram por vencidos e foram para as próprias camas.

~*~

Na noite seguinte a foi a quarta noite consecutiva em que Harry tivera pesadelos, James, Sirius e Remus acordaram ao primeiro grito do garoto, assim como Peter.

Rabicho se sentiu culpado pelos gritos do garoto, Peter não sabia o motivo, mas, Rabicho vociferava que era culpado por aqui, que estava em dívida com o garoto.

Quando James conseguiu acalmar Tiago, Peter deu uma sugestão.

— Que tal irmos à cozinha? – Ele sugeriu fazendo com que os amigos o olhassem – Sabe, nós podemos comer bolo e tomar um copo de leite, isso me ajuda quando eu tenho pesadelos. – Disse dando de ombros.

— Sabe, Rabicho? – Sirius disse – Essa foi uma ótima ideia – Parabenizou-o dando tapinhas em seu ombro.

Peter sorriu.

— Foi mesmo, Pet – James concordou fazendo com que o sorriso de Peter se alargasse ainda mais.

Peter não sabia o porquê, mas ele sentia quase que uma necessidade da aprovação dos amigos.

— E você, Tiago? – Remus perguntou – O que acha de ir a cozinha?

Harry sorriu, mesmo que fracamente.

— Eu adoraria.

~*~

Quando voltaram da cozinha, para o dormitório, depois de terem cada um comido dois pedaços de bolo de chocolate e dois copos de leite, Harry agradeceu a Merlin o fato de os Marotos terem decidido não usar "O mapa do maroto", não sabia como iria explicar o pontinho "Harry Potter" ao lado deles.

Harry respirou fundo e tomou uma decisão.

— Eu quero contar a vocês o motivo dos meus pesadelos.

Aquilo pegou os meninos de surpresa.

— Não é justo eu começar a gritar toda a maldita noite, acordar vocês e vocês nem saber o motivo – Harry continuou.

— Você não precisa contar – James afirmou.

— Nós entendemos se você não quiser contar – Sirius disse, e ele realmente entedia, foi preciso muito tempo para que ele conseguisse se livrar de seus pesadelos com seu pai e muito mais tempo para que ele conseguisse ao menos contar a James, seu melhor amigo, seu irmão. Jamais forçaria alguém a contar seus pesadelos.

— Nós estamos aqui, se você quiser contar, mas também estamos aqui se não quiser tocar no assunto – Remus contribuiu compreensivamente.

— Não vamos forçar essa barra – Peter disse com um pequeno sorriso.

Harry negou com a cabeça e as palavras do chapéu seletor vieram em sua mente.

"...Confie na sua família..."

Harry respirou fundo.

— Vocês merecem saber e eu também quero contar a vocês.

 

 

NOTAS DA AUTORA

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