Construindo meu futuro - HARMIONE escrita por LadyPotterBlack


Capítulo 11
09 - "SONHOS RUINS"




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 Harry estava confuso.

Não se lembrava de como havia ido parar ali. Para falar a verdade ele nem sabia onde estava.

Estava parado no meio de uma rua em um pequeno povoado. A noite já havia caído, o céu estava imerso em uma escuridão profunda e era beijado por pequenas estrelas que irradiavam pequenos raios de luz em meio a escuridão. Não haviam pessoas do lado de fora das casas, só tinha ele na rua. O vento frio beijava suas bochechas e bagunçava seus cabelos.

Ele sabia – conseguia sentir em seus ossos – que alguma coisa estava errada.

Pensou em se aproximar da casa que estava a sua frente, quem sabe, assim, conseguiria alguma informação. Com esse pensamento, aproximou-se, a passos lentos, da pequena construção com luzes acessas. Parou em frente a janela. Estático. Congelado. Não conseguiria dar um passo sequer, mesmo se isso significasse sua própria vida.

O motivo?

O som que emergia através das janelas da casa.

Era uma risada.

Mas não uma risada qualquer.

Não, não era a risada de qualquer pessoa.

Reconheceria aquela risada melodiosa em qualquer lugar.

Era dele.

Era de seu pai.

James Potter.

Sentiu um arrepio perpassar por sua espinha, uma angustia fervilhou cada célula de seu corpo, seu coração batia freneticamente, sentia suas pernas tremerem e seus joelhos já não passavam de gelatina. Quando retomou o mínimo de controle sob seu próprio corpo, se espremeu contra a janela, queria absorver tudo o que podia daquela cena.

Lá estava uma versão um pouco mais velha de James Potter, no que parecia ser a sala da casa, brincando com o pequeno Harry, que aparentava ter pouco mais de um ano. James fazia pequenas bolhas surgirem de sua varinha e o pequeno Harry, se divertia em tentar pegar as bolhas com suas mãos e língua. Lily observava toda a cena encostada ao batente da porta com o sorriso mais bobo do mundo brincando nos lábios. Diante de seus olhos estavam os dois homens de sua vida. Aqueles que tinham todo o seu coração.

Harry, atual, soltou uma respiração alta. As lágrimas já estavam se formando em seus olhos, prontas para serem derramadas por suas bochechas.

Quando pensou em atravessar pela porta, para quem sabe avisá-los do perigo, dizer que eles deveriam fugir, não confiar no Rabicho e ... Uma figura encapuzada se fez presente.

Não precisava nem olhar para saber quem era.

Sentia no fundo de seu ser que era ele.

Voldemort.

Como em um estalar de dedos, teve uma epifania. Estava de volta ao dia que seus pais morreram. O maldito dia em que se tornara o menino-que-sobreviveu.

Tinha que fazer alguma coisa, não ficaria ali parado enquanto assistia seus pais morrerem. Não, ele iria fazer alguma coisa.

Correu para a porta, em uma tentativa de abri-la, mas algo estranho aconteceu. Ao colocar a mão na maçaneta, automaticamente sua mão deslizou para dentro, assim como o resto de seu corpo.

Não teve tempo para pensar no motivo, porquê Voldemort adentrava os portões da casa.

James também percebeu isto.

Harry pode observar algo que as memórias trazidas à tona pelos dementadores não revelavam.

James se aproximou de Lily com Harry nos braços.

— Corra, Lily! Pegue Harry e saía daqui! – Ele a disse, já colocando o garoto em seus braços.

Lily o olhou com lágrimas brilhando em suas tão conhecidas esmeraldas.

— Eu te amo! – Ela murmurou trêmula.

— Eu também te amo — Ele surrou enquanto beijava suavemente seus lábios. — Vocês dois, muito – Murmurou contra os cabelos de Harry enquanto também os beijava.

Os olhos de James os devoravam, parecia que ele estava tentando gravar em sua mente cada parte dos dois. Ele sabia que seu fim estava próximo e queria partir com a imagem dos amores de sua vida fresca em sua memória, como a tela de uma pintura que aguarda a tinta secar, ou uma flor que desabrochava lentamente.

Lily sabia. Sabia que tinha que correr, tentar fugir. Amava James com todo o seu coração, então não foi fácil deixa-lo ali. No entanto, em seus braços estava o fruto daquele amor imensurável, o amor de dois amantes, dois parceiros, de duas pessoas que se tornaram uma. Também sabia que Harry merecia um futuro, uma chance de ser feliz, de experimentar todo aquele amor imensurável que ela sentia por James.

Então, correu escadas a cima, correu pelo futuro de seu filho, pelo amor que sentia queimar suas veias por ele e por James.

James não se importava com o que aconteceria com ele. Não importava que aquilo custasse sua própria vida. Em sua mente a única coisa que se passava era.

"Tenho que conseguir tempo para Lily e Harry".

Harry viu quando Voldemort entrou na casa, seu pai estava na sala desarmado.

Quando o Lorde das trevas avançou na direção de James, Harry tentou fazer alguma coisa.

Tentou correr, pegar a varinha de seu pai, tentou pegar sua própria varinha em meio a suas vestes, mas percebeu que também estava desarmado. Por fim tentou se colocar entre os dois.

— MATE A MIM – Ele berrava a plenos pulmões a Voldemort, enquanto estava na frente de seu pai.

Todavia, nada do que fez pareceu surgir efeito, nada adiantava. Parecia que ninguém o escutava, era como se estivesse no topo mais alto de uma montanha berrando para as estrelas, mas mesmo assim era ignorado. Estava tão próximo e ao mesmo tempo a um abismo de distância. Era como se o destino já estivesse selado e nada poderia muda-lo.

— AVADA KEDAVRA – Voldemort vociferou a maldição para James Potter.

Harry fechou os olhos, estava pronto para recebe-la no lugar de seu pai. Queria que fosse ele o atingido. Todavia o jato verde atravessou seu corpo, acertando em cheio o peitoral de James.

Assim que escutou o corpo já sem vida de seu pai cair ao chão, Harry caiu junto, de joelhos ao seu lado, as lágrimas já despencavam sem parar.

— Me perdoe... eu... te amo tanto – Ele murmurava contra o corpo estático de seu pai.

Não sabia quanto tempo tinha ficado ao ali. Só se deu conta de que Voldemort ainda estava na casa quando escutou sua risada cruel, maligna e fria atravessar as paredes até alcançar seus ouvidos.

"A mamãe" — Ele pensou.

Correu escadas a cima. Tentaria salvá-la.

Chegou a ponto de ver sua mãe implorando por sua vida.

— Harry não! Por favor...tenha piedade...tenha piedade! – Ela suplicava ao mostro a sua frente.

Novamente a risada de Voldemort ressoou pela casa.

— AVADA KEDAVRA – Vociferou, alvejando a ruiva a sua frente.

Quando o corpo de Lily caiu, Harry sentiu-se rasgando de dentro para fora. Já tinha escutado os gritos de sua mãe e seu pai, no entanto, nada o tinha preparado para ver com os seus próprios olhos.

Cada célula do seu corpo estava inebriada pela sensação de impotência e perda. Sentia que seu coração havia sido arrancado do peito e esmagado diante de seus olhos, da forma mais lenta e torturante possível.

Antes que pudesse fazer alguma coisa tudo mudou.

A princípio não entendeu onde estava, devido a visão turva pelas lágrimas.

Quando entendeu onde estava seu estômago deu uma cambalhota.

Estava novamente em Hogwarts, diante do salgueiro lutador.

No entanto, ele não estava sozinho, não.

Ele reconhecia muito bem o cenário que se desenrola diante de seus olhos. O revisitara muitas vezes em seus sonhos mais angustiantes.

Lá estava Rony mancando, Hermione o ajudando, Remus com a varinha apontada para um Peter amarrado e Snape levitando acima deles. Estavam afastados, tentando dar o mínimo de privacidade a Sirius e Harry.

Sirius estava tão magro, os olhos tão envoltos por uma névoa de solidão, tristeza e fantasmas. Estava tão acostumado com a expressão jovial, sorridente e bem humorada de seu padrinho que o fantasma que ele se tornara após doze anos aprisionado, injustamente, em Azkaban parecia lhe fugir da memória.

Saberia dizer as exatas palavras que seu padrinho lhe diria a seguir.

— ... Não sei se alguém lhe disse, eu sou seu padrinho.

— Eu soube – disse Harry de treze anos, seguido pelo de dezoito que murmurou junto.

— Bem... os seus pais me nomearam seu tutor – disse Black formalmente. – Se alguma coisa acontecesse a eles...

Harry de treze anos esperou. Será que Black queria dizer o que ele achava que queria?

— Naturalmente, eu vou compreender se você quiser ficar com seus tios – disse Black. – Mas... bem... pense nisso. Depois que o meu nome estiver limpo... se você quiser uma... uma casa diferente...

Uma espécie de explosão ocorreu no fundo do estômago de Harry de treze anos de idade.

— Quê, morar com você? – perguntou, batendo a cabeça, sem querer, numa pedra saliente do teto. – Deixar a casa dos Dursley's?

— Claro, achei que você não ia querer – disse Black apressadamente. – Eu compreendo, só pensei que...

— Você ficou maluco? – disse Harry, com a voz quase tão rouca quanto a de Black. – Claro que quero deixar a casa dos Dursley's! Você tem casa? Quando é que eu posso me mudar?

Sirius virou-se completamente para olhar o garoto; a cabeça de Snape raspou alguns galhos do salgueiro, mas Black não pareceu se importar.

— Você quer? – perguntou ele. – Sério?

— Sério! – respondeu Harry. O rosto ossudo de Black se abriu no primeiro sorriso verdade.

Harry, atual, soltou um choramingo.

Quantas vezes não havia sonhado com isso? Com um parente que aparecia na porta de casa, lhe dizendo que estava ali para levá-lo para morar consigo, para longe das garras dos Dursley's.

Mas diferentemente do Harry de trezes anos de idade, que estava estupefato com a ideia de morar com o então descoberto não assassino perigoso padrinho, o Harry de dezoito anos de idade sabia que aquilo lhe seria negado, por causa do maldito traidor, rato covarde.

Uma luz se ascendeu na mente de Harry.

Estava ali, poderia tentar pegar o Rabicho.

Quando o pandemônio se instaurou, assim que a lua cheia despontou no céu e Aluado assumiu sua forma, Harry começou a procurar o rato traidor.

Assim que o encontrou saiu correndo. Tinha que pegá-lo.

Quando levou suas duas mãos em direção à Rabicho, suas mãos o atravessaram. Era como se estivesse tentando pegar névoa.

Não conseguia.

— INFERNOOO! – Berrou a plenos pulmões.

Esse era um tipo novo e mais doloroso de tortura para ele. Era uma espécie de espectador dos piores momentos de sua vida. Apenas um espectador, não poderia fazer nada para tentar mudar.

No entanto, antes que pudesse soltar uma série de palavras que faria sua mãe ficar de cabelos em pé, tudo se desfez.

Não demorou um segundo sequer para reconhecer onde estava.

Jamais se esqueceria dali, ou do que acontecera.

Estava no maldito Ministério de Magia, no departamento de mistérios.

Na amaldiçoada noite que fora em regaste de Sirius, só para descobrir que tudo aquilo não passava de uma manipulação de Voldemort.

Chegou a instantes de ver Sirius duelar ao seu lado.

Estavam lado a lado, parceiros, padrinho e afilhado.... Pai e filho...

Pode escutar quando Sirius lhe disse.

— Muito bem, James.

Quando acontecera, não tinha tido tempo para pensar no que aquilo significava. Mas agora ele entendia, Sirius tinha tido James como um irmão. Ele sabia que seu padrinho via muito de seu pai espelhado em sua figura, era como se a vida estivesse lhe dando a oportunidade de ter seu melhor amigo, seu irmão, de volta. Ao contrário da Sra. Weasley, isso não o incomodava. Não, de forma alguma, seu pai, pelo pouco havia convivido, era um homem bom, não era perfeito, tinha falhas, mas tinha um coração bom. Era bom saber que Sirius o via nele.

Todo o sentimento puro que havia inundado seu coração por aquelas duas palavrinhas se dissolveu, quando escutou a voz esganiçada de Bellatrix, proferindo a sádica maldição que fizera Sirius atravessar o maldito véu.

— NÃÃÃÃÃO! – Berrou tentando correr atras de Almofadinhas.

No meio de seus passos tudo mudou.

Gritos invadiram sem permissão seus olvidos.

Não eram os gritos de qualquer pessoa.

Eram dela, Hermione.

Estava na mansão Malfoy e Hermione estava sendo torturada.

Quando tudo aquilo aconteceu não se permitiu desesperar. Não, se ele surtasse tudo sairia dos trilhos. Rony já estava desesperado, ele não podia fazer o mesmo, tinha que achar uma solução.

No entanto, agora ele "podia" surtar.

Subiu a passos lentos do porão e nada o havia preparado para a cena a seguir.

Hermione estava deitada ao chão com Bellatrix por cima de cima. Os gritos que saiam de sua boca...

Céus, ele jamais esqueceria aqueles gritos e....

— Por favor, acorda! – Escutou uma voz suplicante – É só um sonho!

Então tudo se desfez.

~*~

[ENFERMARIA DE HOGWARTS – 40 MINUTOS APÓS A PARTIDA.]

Em uma cama da enfermaria se encontrava o corpo inconsciente de Tiago Star. Bela estava ao seu lado direito segurando sua mão, Lily estava sentada em uma cadeira ao seu lado esquerdo, seu coração batia freneticamente e apertado por ver o menino, que mal conhecia e já estava tão apegada, inconsciente e estirado naquela cama. Ao lado dela estava um James aflito, Pontas estava estupidamente atormentado, por ver o menino tão enfraquecido e não poder fazer nada para ajuda-lo, queria poder arrancar toda a dor dele e colocar em si, ao lado de Potter estava um muito retraído Remus, ele estava tão quieto e calado porquê tentava – com todas as suas forças – conter a fúria de Aluado, ele estava tão exasperado e tão sedento por vingança ao bastardo que ferira o filhote de sua alcateia. Ao lado da cama sentado contra uma parede ao chão com a cabeça enterrada aos joelhos e as mãos puxando firmemente seus cabelos estava Sirius, Almofadinhas estava sendo corroído por culpa.

"Eu deveria ter agido quando tive a oportunidade, inferno!" – Ele se martirizava.

Marlene estava sentada ao seu lado tentando, de alguma forma, conceder apoio a ele. Não estavam efetivamente trocando palavras, mas ela tinha uma mão apoiado ao ombro dele, tentado demostrar, através desse pequeno toque, que ele não estava sozinho.

Eles tinham uma relação... complicada, no mais literal da palavra. Era... difícil explicar o que havia entre os dois.

"Não é o momento para isso. Ele precisa de apoio" – Marlene repetia incessantemente a si mesma.

Sabia que quem havia saído ferido daquele campo de quadribol tinha sido Tiago, no entanto, também sabia que Sirius estava se corroendo de culpa e que seus amigos estavam preocupados demais para conceder qualquer tipo de apoio a ele.

Dora, Alice, Frank e Peter estavam ao pé da cama, quietos, não sabiam como ajudar os amigos, que claramente estavam sendo mais afetados pelo acidente, então decidiram apenas conceder algum tipo de conforto com a presença.

— Ele, o papai, não... ele não – Tiago começou a balbuciar atraindo a atenção de todos.

Lily rapidamente ergueu seus olhos para o garoto a sua frente.

— Ele está acordando? – Lily perguntou esperançosa, mas algo lhe dizia que não era um bom sinal o que ele estava falando.

Bela apenas balançou a cabeça.

Na semana seguinte a que eles haviam embarcado nessa jornada maluca no passado, eram raros os dias em que Harry dormia uma noite inteira sem pesadelos. Ele balbuciava as mais diversas desgraças, existiam dias em que ele acordava gritando ou suando com tremedeira.

— Deve ser um pesadelo – Ela respondeu de ombros caídos.

— Mamãe.... Mate, mate a mim – Ele continuava a balbuciar.

Os amigos o olharam com os olhos arregalados. A tensão que se instalou com o pedido do menino era quase palpável no ar.

— Matar? – Peter perguntou levemente trêmulo.

— Por que ele estaria pedindo pra morrer? – Dora questionou franzindo as sobrancelhas agora roxas, assim como os cabelos.

Hermione suspirou, não era a história dela para contar.

— É... complicado. – Explicou de forma evasiva.

Os amigos semicerraram os olhos. Sabiam que havia algo que estava sendo escondido deles. Não é em qualquer sonho que a pessoa literalmente pede para morrer no lugar de alguém.

— NÃÃÃÃO! – Tiago vociferou.

Todos se sobressaltaram com o grito esgoelado do garoto. Não sabiam com o que ele estava sonhando, mas certamente deveria ser com alguma desgraça.

Por estar preocupada com ele e com medo dele balbuciar algo que revelasse sua verdadeira identidade, Hermione se adiantou.

— Por favor, acorda! – Pediu suplicante – É só um sonho!

Todos prenderam a respiração.

Será que ela conseguiria despertá-lo?

Sabiam que eles eram bem próximos, mas tinham lá suas dúvidas de que ela conseguiria livrá-lo desse sono aterrorizante.

Surpreendendo a todos, Harry, aos poucos, abriu os olhos.

Já de olhos abertos seu olhar se focalizou em Hermione, esquecendo da presença de todos os outros.

— É... é você mesmo? – Perguntou um pouco aéreo. Tinha medo de ser outra peça maléfica de sua mente.

— Sou – Confirmou acariciando a mão do garoto com o dedão em movimentos circulares – Foi só um sonho – Garantiu.

Algo despertou na mente do garoto.

— Me dê seu braço.

Hermione sabia do que ele estava falando.

— Está tudo bem.

— Me. De. Seu. Braço – Pediu pausadamente.

Ela suspirou e entregou o braço que não havia sido marcado.

— Você sabe que eu estou falando do outro. – Harry disse semicerrando seus olhos, agora azuis.

Sabendo que seu amigo era o maior teimoso e que ele não descansaria até ter seu braço entre as mãos, cedeu, mesmo a contragosto.

Já com o braço da amiga em seus braços, seus olhos brilharam com culpa e mágoa, como se ele pudesse enxergar através do feitiço glamour e ver as palavras escritas a força "SANGUE-RUIM".

— Me perdoa! – Ele pediu acariciando o local que ele sabia ter sido ferido pela sádica Bellatrix.

Hermione suspirou, sabia que ele se sentia culpado pelos eventos ocorridos na mansão Malfoy e por mais que ela o dissesse que não era sua culpa, esse seria um fardo do qual ele jamais conseguiria se livrar ou muito menos poderia se perdoar.

— Eu já disse que está tudo bem – Ela repetiu.

Harry suspirou. Não importava que ela lhe dissesse que não o culpava ou "está tudo bem". Não estava tudo bem, não quando ela foi torturada, não quando ele revisitara os urros sofridos que ela emitira. Não quando ele não foi capaz de se lembrar que não deveria, que não poderia, dizer o maldito nome daquele bastardo.

— Me perdoa – Ele pediu novamente.

Hermione suspirou, mas sabia que ele precisava ouvir as palavras.

— Eu te perdoo...

Harry abriu um pequeno sorriso.

— Mas – continuou fazendo o garoto erguer as sobrancelhas – Só se você parar de se martirizar por isso.

Os outros presentes na enfermaria estavam tão aéreos, tão perdidos, sobre o que diabos eles estavam conversando. Quer dizer, não havia marca alguma no braço dela, certo? Então por que diabos ele estava pedindo para ser perdoado? A essa altura se sentiam quase como intrusos.

— Impossível – Harry respondeu-a.

Hermione bufou.

De repente Harry se perguntou se todo os últimos meses que havia vivido não se passaram de uma ilusão, de uma piada maldosa pregada por sua própria mente.

Mas não era possível era?

Bem não custava nada confirmar.

— Onde estamos? – Perguntou ainda sem cortar a conexão com o olhar dela.

— Estamos em Hogwarts, 1978 – Achou melhor confirmar lembra-lhe do ano.

Ele arregalou os olhos.

— Então tudo foi real? Não foi só uma peça da minha mente transtornada? – Tinha que perguntar.

Ela se permitiu soltar um pequeno riso. As vezes ele conseguia ser tão dramático que só por Morgana.

— Não, foi tudo real – Garantiu, então olhou para os amigos que os observavam com curiosidade e sentiu suas bochechas esquentarem e talvez Harry achou isso adorável, mas só talvez – Todos estão aqui, o James, a Lily, o Sirius, Remus, Dora, todos – Achou bom dizer o nome de sua família.

Harry achou que seu coração poderia explodir quando girou a cabeça e encontrou toda a sua família ali o esperando, sorrindo.

— Hey – Cumprimentou lhes em um sussurro.

Lily foi a primeira a tomar uma atitude. Saiu a passos rápidos de sua cadeira e envolveu em um abraço tão apertado, mais tão apertado que Alice jurou que as costelas do garoto poderiam ter sido quebradas. Não percebeu que havia empurrado Bela quando tomou Tiago para si, mas Bela de forma alguma se importo com isso. Jamais se importaria, não quando seu amigo estava recebendo o abraço de mãe que lhe foi negado por tanto tempo.

— Caminha, Lils, ou vai esmagar o menino – Alice alertou, mas a ruiva ignorou, foram tão sofridos os momentos de espera para vê-lo bem, que nada, nem Merlin, a afastaria agora.

Harry soltou uma leve risadinha contra o pescoço de sua mãe, mas não se afastou em momento algum. Quantas vezes ele não sonhara em receber um abraço de mãe? Claro, os abraços da Sra. Weasley, para ele, eram quase como abraços de mãe, sabia que ela o considerava como filho e ela de fato foi uma mãezona para ele. Todavia, nada, nadinha nesse mundo, se compararia em estar nos braços de sua mãe, era a melhor coisa do mundo.

Algo que se provou um tremendo engano. Porquê quando seu pai se juntou, envolvendo Lily e ele em um abraço apertado, sem sequer se importar se Lily o estapearia por isso, ele teve a certeza, esse sim era o melhor abraço do mundo.

Os amigos ao redor se surpreenderam, tinham certeza que Lily amaldiçoaria James por estar abraçando-a, no entanto, a ruiva sequer se importou, ela apenas se ajeitou melhor nos braços dos dois garotos, parecendo estar muito satisfeita com a sua posição.

— Saiam vocês dois – Harry escutou a voz de Sirius e logo seus pais foram empurrados pelos braços de seu padrinho. Almofadinhas o envolveu em seus braços, seu coração batia descontroladamente dentro do peito. Estava tão aliviado pelo filhotinho estar bem, que finalmente, desde que encontrou naquela enfermaria se permitiu respirar corretamente.

— Me desculpe – Sirius murmurou no ouvido de Tiago.

Harry afastou-se o suficiente dentro do abraço de seu padrinho para poder olhá-lo de maneira confusa.

— Por que você está se desculpando?

— Você não se lembra do que aconteceu quando o jogo aconteceu? – Remus perguntou preocupado, não se lembrar das coisas era algo realmente preocupante.

Ah, o final do jogo....

~*~

[CAMPO DE QUADRIBOL – 40 MINUTOS ANTES.]

Assim que Harry ergueu o pombo preso entre seus dedos a torcida dos leões foram a loucura, gritos, assovios e hinos podiam ser ouvidos, mas nada disso importava para o garoto, a única coisa que o importava era que tinha acabado de vencer uma partida jogando junto de seu pai, seu padrinho e de Marlene, que ele tinha a leve impressão de que poderia ser sua madrinha.

Estava tão feliz que não percebeu quando o capitão da Sonserina, impulsionado pela fúria e a indignação de ter perdido o jogo, tomou o bastão de seu batedor e lhe dirigiu um balaço certeiro nas costelas. Só percebeu quando tudo estava ficando escuro depressa demais e o grito de sua mãe chegava aos seus ouvidos.

— NÃÃÃÃÃO! – Foi a última coisa que ouviu ante de apagar.

Lily estava desesperada por vê-lo desmaiar e quando se deu conta suas pernas já estavam levando-a, a passos acelerados, para o campo, para junto do garoto. Hermione já estava tecnicamente acostumada a vê-lo se acidentar nas partidas de quadribol, mas seu coração parecia ter se inscrito, sem permissão, para uma corrida e pelo visto ele estava disposto a ganha-la. Remus, ao mesmo tempo que queria esganar o capitão sonserino queria ver se o menino estava bem, assim como o restante do grupo. Então logo todos estavam em volta de Tiago, agora inconsciente.

Assim que o balaço foi disparado pelo capitão sonserino, o pandemônio se instalou no campo, os jogadores grifinórios foram todos reclamar com a juíza, assim como os sonserinos, que de alguma forma, completamente absurda, tentavam se defender. Mas James não estava dando a mínima para o que estava acontecendo, assim como Sirius e Marlene. Que se dane a Sonserina, o balaço... nada disso importava, não no momento, o que importava era que Tiago estava ferido.

Pontas estava aflito, em pânico, seu filhote estava machucado, se mini-cervo, estava desmaiado, talvez até algumas costelas estavam fraturadas, tinha que fazer alguma coisa.

Almofadinhas uivava de decepção. A culpa o corroía, se tivesse disparado o balaço em Regulus....

"Mas ele ainda é seu irmãozinho" – Uma voz lhe dizia.

"Ele te renega, assim como o resto da família" — Uma voz contra-argumentava.

A mente de Sirius era uma completa confusão no momento talvez se....

Seus pensamentos formam cortados por James.

— Temos que leva-lo para a enfermaria.

No frenesi do momento, até se esqueceram de que eram bruxos e que com um movimento certo na varinha eles podiam levitar o menino. Então, logo Harry estava sendo carregado por James, Sirius, Remus e Frank para a enfermaria, com todo o cuidado para não o machucar mais ainda.

~*~

— Certo – Harry disse assim que Remus explicou o que havia acontecido após seu desmaio, então virou-se para Sirius – Eu ainda não entendo o motivo das desculpas.

Black suspirou.

— Eu deveria ter atirado o balaço no outro apanhador – Explicou e não teve a coragem de olhar nos olhos de ninguém.

Harry suspirou.

— Regulus é seu irmão, Sirius é claro que você não lhe acertaria um balaço.

— Ele não é meu irmão! – Negou – Não mais pelo menos – Disse engolindo seco.

— Como você sabe que eles são irmãos? – Rabicho perguntou. Se ninguém havia dito como ele sabia?

Harry corou um pouco ao perceber que havia cometido um pequeno deslize.

— Bom... Ele é um Black.

— Poderia ser um primo – Frank disse um pouco desconfiado.

— Oras, Sirius e Regulus são parecidos e são Black's – Explicou e se apressou em mudar de assunto antes que surgissem mais perguntas que ele não tinha como explicar – O que importa é que eu estou bem, não foi sua culpa – Garantiu a Sirius – Pensa, poderia ser pior se Lock... – Começou, mas ao ver os olhos arregalados de Hermione mentiu o nome – Poderia ser Lockwood a me curar.

— Lockwood? – Perguntaram em uníssono.

— Era um professor tapado que tínhamos no segundo ano. Uma vez, após uma partida de quadribol que Tiago foi atingido por um balaço, ele tentou curá-lo, mas ao invés de concertar os ossos ele os fez sumirem.

— Sumirem? – Eles questionaram incrédulos.

— Foi horrível, eu passei um tempão na enfermaria para fazê-los crescerem novamente – Explicou com uma careta.

— Como ele era professor? – Remus questionou genuinamente confuso.

— Ele era um tapado e fraudulento – Hermione explicou.

Os olhos de Harry brilharam em malícia.

— Tapado, fraudulento? – Questionou a amiga.

Hermione assentiu.

— Olha que a Bela do segundo ano não pensava assim – Disse com seus olhos tomados por um brilho maroto – Eu até diria que ela o achava um bonitão – Provocou.

Hermione sentiu suas bochechas esquentarem.

"Desgraçado" – Ela pensava.

— E sabe o que eu digo? Eu digo que se continuar com essas gracinhas eu lhe faço ficar mais tempo nessa enfermaria – Ameaçou e seus olhos tinham aquele brilho que o fazia temer por sua vida e segurança.

Ele rapidamente negou.

Os amigos soltaram risadinhas.

— E agora? – Ele perguntou olhando para seu pai.

— E agora o que? – Ele replicou.

— O que fazemos agora? – Ele explicou melhor seu questionamento.

Foi Sirius quem o respondeu, sorrindo malicioso.

— Agora é a festa da vitória no salão comunal da Grifinória.

NOTAS DA AUTORA

Espero que estejam gostando da história ;)

Deixe aqui em baixo o que você está achando da história, sugestões e opiniões ;)

Eu sei que a morte do Sirius nos livros foi diferente. Tipo eu achei muito mais foda a batalha no ministério da magia nos livros, só que a morte do Sirius no filme eu achei mais simbólica, tipo o " Muito bem, James" eu achei que tem muuuuuuuito significado e me fez chorar pra caramba, então nessa fic a morte do Sirius é a dos filmes.

Me conta aqui se tem alguma adaptação que fizeram para os filmes que você achou melhor que a versão do livros.


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