O Rei Negro escrita por Oráculo Contador de Histórias


Capítulo 25
O que deixei para trás




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A floresta Lazúli já começava a refulgir naquele pôr-do-sol, demonstrando mais uma vez se tratar de um dos lugares mais belos em todo o mundo. O céu estava aberto e as estrelas começavam a surgir ao redor de uma bela lua crescente. Em contraste a tudo isso, os elfos que outrora complementavam a beleza natural daquela região, agora marchavam em armaduras feitas de ferro e rastare, o aço élfico, bem como carregavam lanças, aljavas, arcos, escudos, espadas e um semblante indubitavelmente mortal. Assim como a natureza, que pode encantar quando está calma e aterrorizar durante sua fúria, os elfos estavam determinados a lutar e tal determinação também poderia ser vista nos incontáveis tigres que caminhavam em uma longa fileira logo adiante.

Erdwen, - o elfo de cabelos negros, chefe da guarda real, cuja cicatriz como de garras perpassava o lado direito do seu rosto -, estava montado em seu tigre amarelo de listras brancas e negras, carregando na destra uma bandeira negra, com o desenho em cor dourada de uma chamativa árvore; Nymira, que também estava gravada nas armaduras de todos os soldados e até mesmo na armadura do rei. Este, por sua vez, era levado por um imponente Pegasus coberto de aço sem nenhuma pintura, uma armadura diferente e bem mais agressiva do que a habitual.

—Uly? – indagou o rei.

—Partiu mais cedo em direção as Cordilheiras do Oeste, majestade. Ele não agirá até que o seu sinal seja dado. – respondeu Erdwen.

Quando o exército passou por um desfiladeiro, Bellie, a elfa de cabelos ruivos, ergueu a mão o mais alto que pôde e Erdwen imediatamente gritou:

—PAAAAREM! NEM MAIS UM PASSO!

Alguns ficaram confusos, outros desconfiados, todavia o exército inteiro obedeceu e mesmo os tigres pararam. Erdwen se aproximou de Bellie e indagou:

—O que foi? O que você percebeu?

Ela apontou para o chão a cerca de dez metros adiante, então rapidamente se agachou sobre o solo de terra e cascalho, colocando sua orelha sobre ele. Todos ficaram observando, sobretudo Yliel, que tinha no rosto uma expressão ameaçadora. Quando Bellie ficou de pé, apontou novamente para frente e traçou uma linha da esquerda para a direita, depois gesticulou com ambas as mãos como se algo fosse cair.

—O terreno está comprometido. – proferiu o rei em alta voz, então lançou um olhar para Erdwen que imediatamente assentiu com a cabeça.

O chefe da guarda real desmontou de seu tigre, entregou o elmo e a bandeira para outro guarda real, depois andou quatro passos adiante e dobrou um dos joelhos, colocando a mão esquerda no chão.

—Voraxies! – bradou.

Ventos vindos de direções contrárias colidiram diante dele, dando início a um gigante e poderoso redemoinho que não se demorou em avançar, envolvendo-se de poeira, erguendo pedras menores do chão até finalmente revelar um buraco enorme, cuja profundidade beirava os cinco metros. Erdwen ergueu as mãos para o alto e o redemoinho escapou daquele buraco, percorrendo o caminho adiante até sumir em uma curva à direita. Quando ele conferiu o que havia no fundo, se deparou com inúmeros espetos de ferro prontos para selar o destino de qualquer desavisado.

—Como eles conseguiram cavar isso em tão pouco tempo? – questionou Nytarian espantado.

—Engenharia de Stonehold, Nytarian. – respondeu Erdwen, voltando a montar em seu tigre – Calendria usará tudo o que tiver ao seu alcance para se proteger.

—Estão tentando nos forçar a tomar o caminho mais longo, o que significa que precisam de tempo. Tempo... Para que a ajuda chegue. – concluiu o rei entredentes.

Em dado momento, todos olharam para o alto, pois algo estava se aproximando e invadindo o desfiladeiro, cortando o céu noturno numa figura grandiosa e refulgente. Os arqueiros ficaram preparados, bem como os lanceiros, todos mantendo o recém chegado em suas miras. Quando, por fim, a criatura chegou perto do chão, um homem pulou em frente ao rei elfo, carregando na destra um notável e torto cajado.

—Boa noite, Yliel! – cumprimentou Merlin enquanto sacudia a túnica cinza, sem se preocupar com o exército diante dos seus olhos.

—É muita ousadia vir sozinho até aqui, Merlin. Está nos subestimando...

—De maneira alguma, majestade. Até porque não estou aqui para confrontá-los. – disse se aproximando e o encarando. Nem mesmo o rugido de Pegasus fez o mago recuar, arrancando-lhe apenas um olhar – Abandonei aquele maldito trono no momento em que descobri o que aconteceu a princesa Leeta. Meus mais sinceros pêsames!

Yliel o encarou como quem não acredita em nada do que o outro diz.

—Gabriel não está conosco, como já deve ter notado. – disse ele com rispidez.

—Fico aliviado em saber, afinal, aquela criança não está pronta para lutar uma guerra. – afirmou o mago calmamente, virando-se na direção do buraco repleto de estacas de ferro – Eu sei que nenhum de vocês confiam em mim, mas sendo sincero, não me importo. Houve um momento em que eu me esforcei para evitar essa guerra... – a sombra da noite cobriu seus olhos – Porém, quem tem o direito de negar ao próprio pai a devida justiça pela morte da sua filha?

Merlin girou o cajado e os arqueiros imediatamente puxaram suas flechas, todas apontadas para ele. O rei elfo desmontou o tigre e se colocou em guarda, erguendo na altura do rosto a perigosa espada Elindora. Contudo, o mago permaneceu de costas para todos, desenhando em pleno ar com a ponta da sua única arma até que, aos poucos, raízes grossas começaram a brotar das extremidades do buraco, cada uma indo de encontro a outra, entrelaçando-se até formarem tantas tranças que quase não era possível enxergar os espetos de ferro no fundo.

Diante do exército de Aurora, não havia mais um obstáculo que os impedissem de seguir aquela rota. Um único homem, cujo tempo tinha lhe castigado com rugas e pele flácida, arrancara do caminho um empecilho que poderia lhes custar seu bem mais valioso na batalha contra Calendria; o tempo.

—Por que está nos ajudando, Merlin? O que você quer de nós? - questionou Yliel sem baixar a espada.

O mago girou nos calcanhares e fitou o rei com um sorriso.

—Justiça.

Eles se entreolharam por alguns segundos, até que Yliel finalmente embainhou a lâmina e caminhou até o mais velho, ficando ombro a ombro com este; eram praticamente da mesma altura, não fosse pela curvatura do mago.

—Quem é você?

—Apenas um velho tolo.

O dragão dourado gerado pela poderosa aura do mago fez um rasante, assustando alguns elfos do exército de Aurora, então seu conjurador ergueu o cajado que se encaixou em uma das pequenas patas e foi levado do desfiladeiro, não tardando a desaparecer de vista.

Erdwen e seu tigre se aproximaram, então o líder da guarda real perscrutou:

—Deveríamos confiar na ajuda dele, majestade?

—É isso ou tomar o caminho mais longo. O Vale Verde está a três dias de Calendria, levaríamos dois para chegar. - admitiu Yliel a contragosto.

—Claro. - concordou incomodado – Mas poderíamos estar caindo em uma armadilha do inimigo. É muito conveniente que o mago Merlin tenha aparecido justo nesse momento.

—Eu teria concordado há dez minutos. - Pegasus se aproximou, então seu mestre o montou, voltando-se para Erdwen – Acontece que vi algo familiar nos olhos de Merlin e agora estou me perguntando como nunca me dei conta. Bom, esqueça, não temos tempo para divagações, vamos avançar.

O exército de Aurora voltou a prosseguir, passando sobre as raízes que suportaram sem nenhum problema todo o peso dos elfos e seus tigres.

A escuridão da noite ainda permeava todo o reino de Calendria, porém não havia sono em seus habitantes, principalmente nos milhares de soldados que circulavam de um lado a outro, apanhando espadas, escudos, preparando certas engenhocas construídas pelas mãos dos anões e tantas outras atividades. Em seus rostos, ferocidade e arrogância, porque além de estarem protegidos pelas muralhas, contavam com a vantagem dos números.

—Vamos lá! Quero todo mundo armado! Qualquer um que correr da batalha vai perder as duas pernas, entenderam? - gritava o capitão Edd Turvin que apesar do grande sorriso, tinha uma dose de psicopatia no olhar – Ei, você!

Um homem atravessava as ruas de pedras da capital acompanhado de sua mulher e duas mocinhas, quando foi chamado pelo enorme militar que facilmente bloqueou sua passagem. Receoso, ele olhou para cima e respeitosamente respondeu:

—Sim, senhor.

—Deveria estar lutando, não acha? - o sorriso de Edd ia se apagando lentamente.

—Não sou um soldado, senhor. Não seria útil em batalha. Sou apenas um artesão.

—Hum… Ela é sua mulher?

—Sim, senhor.

A esposa do artesão segurou as mãos das mocinhas, evitando encarar o sujeito que agora a observava cuidadosamente.

—O que a senhora acha? Seu marido deveria lutar?

A pergunta pegou a todos de surpresa e ela, boquiaberta, hesitou por um instante, parecendo ser realmente cuidadosa na formulação de sua resposta.

—Ele não seria útil a vocês como soldado. Além disso, se o pior acontecesse, minhas filhas ficariam sem o pai.

—Se os elfos vencerem essa guerra, a morte do seu marido não será o pior que pode acontecer. - replicou o capitão, que agora parecia um urso ameaçador – Eles vão violentar a senhora, vão violentar suas filhas e ninguém poderá impedir, porque estaremos todos mortos.

O artesão olhou para as meninas, que estavam amedrontadas, então tomou a dianteira e encarou o maior sem hesitação, porém ainda assim disse em tom respeitoso:

—Isso não é necessário, senhor. Se quiser me recrutar, estou aqui. A única coisa que peço, ou melhor, que suplico é para que elas recebam todo o suporte na minha ausência. Não me importo de morrer, desde que elas estejam bem.

—Querido! - protestou a esposa.

—Basta! - cortou o homem impaciente, voltando-se para Edd – É só isso.

O capitão aproximou bastante o rosto do menor, olhando no fundo dos seus olhos castanhos e quando se afastou, começou a gargalhar quase que descontroladamente.

—Você é corajoso! - disse em alta voz, dando um tapinha no ombro do artesão que quase o derrubou – Deveria ter se tornado um soldado. Vai, leva sua família para casa e se tranquem lá.

—Obrigado, senhor. - disse simplesmente, conduzindo a mulher e as filhas para uma rua paralela onde residiam.

No lado oeste de Calendria, onde termina uma longa e tortuosa estrada de terra, os portões da mansão Reindhar estavam abertos e havia uma intensa movimentação de soldados. Um homem calvo, de expressões rígidas e olhos azuis conversava com um militar que se diferenciava dos demais por ter na cintura, além da espada, várias adagas.

—Quero que você os encontre. Dou permissão para coagir minha filha e matar o escravo se ele não colaborar. Seria ótimo poder puni-lo na frente daquela irresponsável, todavia não faz diferença, desde que ela retorne. - explicou Leonel sem se exaltar.

—Como desejar, milorde. - respondeu o sujeito de cabelos longos, negros e franja que quase cobria seus olhos cor avelã. Parecia mais franzino se comparado aos outros soldados, contudo seu olhar definitivamente não era o de um novato – E lamento ter que questioná-lo, mas o lorde Di Blanco deu ordens para que todos os capitães estivessem na vanguarda.

—Faça o que eu disse. - frisou impaciente – Deixe que do Walther cuido eu. Está cansado de saber, capitão Helioth, que aqueles que seguem minhas ordens, sempre são recompensados e que eu… - tirou do bolso um saquinho marrom cheio de moedas douradas, a depositando discretamente na palma da mão do outro – Sou generoso.

—Claro, milorde. - respondeu o capitão satisfeito – Darei início as buscas agora mesmo.

—Isso é tudo. Pode ir.

A loira Katherine Reindhar andava apressadamente, puxando pela mão um homem maior, maltrapilho e sem camisa, embora realmente bonito. Mesmo os cabelos curtos malcuidados e a sujeira em sua pele marcada não conseguiam esconder suas qualidades.

—Milady, isso é loucura! Se nos pegarem…

—Mas não vão pegar, Raregard! - rosnou ela, apertando sua mão com mais força.

O emberlano percebeu que ela estava suando frio e embora parecesse tão determinada, com certeza sentia medo, talvez em demasia.

—Essa maldita campina! Mesmo já sendo noite, os capachos do meu pai podem… Viu só o que você fez, Raregard? Agora estou paranoica! - reclamou, sem para tanto parar de andar – Esses sapatos horríveis, não foram feitos para andar tanto!

—Espera! Se abaixa! Deita! - desesperou-se o homem, puxando a mulher para a grama alta.

Ela estava certa de que haviam soldados se aproximando, dada a reação súbita e urgente dele. No entanto, viu uma silhueta pouco familiar logo adiante. Por causa da lua nova, não conseguiram ver claramente de quem se tratava, exceto por alguns detalhes; parecia ter uma trança longa, era alto e tinha orelhas anormalmente cumpridas para qualquer pessoa de Calendria.

—O que é aquilo? - indagou ela baixinho, sentindo o coração palpitar na garganta.

Raregard apenas observava com atenção. Tinha consigo que, se continuassem aguardando sem fazer nada desnecessário, aquele ser logo iria embora e poderiam continuar seguindo para o norte, por onde pretendiam fugir através dos canais, aproveitando-se da guerra como distração. Entretanto…

O vento soprou mais forte, vindo da direção da mansão Reindhar, já distante e passando pela criatura que, no mesmo instante, virou o rosto e revelou um par de olhos refulgentes, um brilho perolado bonito e também assustador. Tanto a mulher, quanto o homem começaram a tremer e seguraram a respiração, mas em vão. O ser se aproximou, puxando algo da cintura que fez um barulho muito familiar para Raregard.

—Espada! - anunciou assustado – Vamos, Katherine! Ele vai nos matar!

A mulher percebeu na hora o quão apavorado seu amado estava, afinal, tinha contado nos dedos as vezes que ele se atrevera a chamá-la pelo nome e isso sempre estava atrelado a uma emoção poderosa. Então eles se levantaram às pressas e começaram a correr rumo a noroeste.

—Se for um guarda, posso mandar que…

—Não! - cortou o emberlano – Mesmo se fosse um guarda, ele não desafiaria as ordens do seu pai. Só que aquele ser não é um guarda!

Katherine olhou para trás e ficou apavorada ao perceber que estavam realmente sendo perseguidos. Fosse quem fosse, o indivíduo os encarava fixamente e corria mais rápido, diminuindo constantemente a distância entre eles.

—Deixa a gente em paz! - apelou desesperada.

O perseguidor nada disse, apenas continuou correndo e em determinado momento, Raregard percebeu que não demoraria muito mais para serem alcançados. Diante disso, ele parou e ergueu os braços, colocando-se como um escudo humano entre o sujeito e Katherine. Assustada, ela começou a puxá-lo várias vezes, mas não conseguia movê-lo do lugar dada a diferença de força e estatura.

—Que tá fazendo?

—Corre! Sai daqui! - bradou o emberlano.

—Para com isso, Raregard! Vem! Vem!

Conforme ia se aproximando, o perseguidor foi diminuindo o ritmo até se tornar uma caminhada. O brilho em seus olhos foi ficando mais nítido e já era possível enxergar a cor azul-celeste presente neles.

—Não machuque ela. Eu sou o culpado, puna somente a mim.

O pedido feito pelo homem fez o elfo franzir o cenho e encarar a mulher por alguns segundos, antes de erguer a espada e apontá-la a ela; uma lâmina menor, aparentemente mais leve e com inscrições élficas. A nobre sentiu uma fisgada na barriga e seu protetor mantinha-se firme, ignorando os tremores por todo o corpo. Os pulmões de ambos trabalhavam em ritmo intenso, a adrenalina predominava e mesmo no vento frio da noite, estavam longe de se lembrarem que não tinham se agasalhado devidamente.

—Você é um plebeu… - constatou o elfo ao analisar o homem – E você uma nobre. - concluiu ao fazer o mesmo com a mulher.

—Sou um escravo.

—Meu escravo. - corrigiu Katherine de queixo erguido, envolvendo o braço de Raregard com os seus – E nem pense em machucá-lo, elfo. - advertiu de queixo erguido, embora seus olhos revelassem que estava amedrontada.

—Pobre povo emberlano, em nada lembram o que já foram. Onde está sua dignidade, humano?

Diante da pergunta do elfo, Raregard franziu o cenho sem entender.

—Não dê ouvidos a ele. - disse Katherine incomodada – Só deixa a gente ir, elfo. Não contaremos a ninguém sobre o que vimos, essa guerra idiota não é do nosso interesse. - revelou, sem para tanto deixar de encarar várias vezes a espada apontada na direção deles.

Os olhos do elfo foram da calendrina para o emberlano, como se estivesse refletindo a respeito de algo ou, mais precisamente, tomando uma decisão complicada.

—Você, filho de Emberlyn, vem comigo. Ela fica.

—Isso nunca! - protestou a mulher irritada.

—Se fizer isso, emberlano, deixarei que ela saia ilesa. Contudo, se recusar…

—Então prefiro a morte! Prefiro morrer a me separar de Raregard, elfo estúpido!

—A morte seria um presente para alguém como você, calendrina. - retrucou o elfo visivelmente enojado – Olhe suas roupas e seu estado. Esse homem é só mais um dentre os milhares que dão a própria vida para sustentar os caprichos de gente do seu tipo. - e olhou para o homem, impaciente ao questioná-lo – O que vai ser, filho de Emberlyn?

—Não tem o direito de falar sobre o que não sabe! Se quer me matar, vai em frente e mata! Só morta que eu vou deixar ele ficar longe de mim! - vociferou estérica.

Nesse momento, o elfo olhou para o alto da campina e percebeu que tinham escutado a voz da mulher. Raregard respirou fundo, se desvencilhando de Katherine que, incrédula, tornou a tentar se agarrar nele, apenas para ser jogada na grama pelo amado.

—O que está fazendo? - indagou perplexa e boquiaberta – Raregard!

—Nós nunca conseguiríamos viver felizes juntos, Katherine. Não enquanto seu pai for um dos homens mais poderosos do mundo. Não... enquanto eu for um emberlano e você uma calendrina.

—Isso tudo não passa de bobagem, Raregard! E eu não preciso que me proteja, eu preciso de você! - apelou cheia de lágrimas – Me perdoa por tudo que te fiz passar! É isso, não é? Está chateado comigo, eu…

—Adeus, Katherine. - despediu-se com uma expressão fria, então olhou para o elfo e assentiu.

A mulher rastejou-se na tentativa vã de segurar a perna do homem, contudo foi empurrada pelo invasor que, usando do punho da espada, a desmaiou com um golpe na cabeça.

—O que você fez? - desesperou-se o emberlano.

—Tudo bem, ela só está inconsciente. Eles estão vindo, precisamos nos apressar.

Raregard começou a seguir o elfo, embora por várias vezes olhasse para trás, onde estava loira imóvel e silenciada. No entanto, ainda conseguia ouvir sua voz ecoando, pedindo perdão, desesperada com a ideia de se separarem. Foi quando algumas lágrimas escaparam de seus olhos, contudo não deixou de seguir em frente, repetindo para si mesmo que tinha tomado aquela decisão em prol da segurança de Katherine. No fundo, tinha certeza de que ela jamais estaria segura ao lado dele, não mais do que estaria com seu poderoso pai e todo o exército que os protegiam.


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