A Mente escrita por Akemi Mori


Capítulo 62
Viver


Notas iniciais do capítulo

Gente... Muito obrigada a quem acompanhou a fic, a quem comentou, aos leitores fantasmas e tudo mais.
Meu pai diz que vai mandar para a editora, ver se conseguimos publicar. Se eu conseguir, vocês estarâo convidados para a festa de lançamento!



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Onde estava o som?

Onde estavam as luzes, as cores?

Onde eu estava?

Não poderia dizer se estava deitada ou de pé. Tampouco saberia dizer minha aparência.

Se eu não sabia nem ao menos se existia, como poderia saber aonde estava?

Estava viva? Morta? Haveria uma outra morte depois da morte?

Confuso e intrigante.

E agora? Tenho de me encontrar em algum lugar, uma vez que tenho consciência. Ou seria essa a morte após a morte? Falar consigo mesmo durante a eternidade?

Tão tedioso...

Mas pela maneira que foi citado... Não me pareceu que ainda restaria qualquer parte de mim.

Pareceu-me que eu simplesmente nunca mais existiria.

Será que sei o que é isso? Será que sei o que é não ter tato, visão, olfato, paladar, voz, consciência, alma?

Não. É claro que não. E nunca saberei. Os que experimentam tal estado jamais voltam para contar a história.

Voltando a questão anterior: onde eu me localizava?

Sem som ou cheiros, e sem a ajuda da visão, eu ficaria naquele negror para sempre.

Mas então meus ouvidos invisíveis captaram algo:

- Venha para a luz...

Ah não! Era verdade? Eu já tinha perdido a conta de quantos filmes já havia visto sobre isso. Não! O famoso “ venha para a luz”. Por que raios uma frase tão brega estava em uma situação tão tensa?

A luz ou a escuridão... Qual eu decido?

Pelo que me lembrava, nos filmes isso só acontecia quando a pessoa morria. Eu já tinha morrido, ora bolas! O que aquela luz que mais me parecia tela de celular de tão tênue estava fazendo ali?

Escuridão ou luz, luz ou escuridão? Dúvida cruel..

Era passar a eternidade em um buraco sem fundo ou descobrir o que havia mais adiante.

Mil raios me amaldiçoem por ser tão curiosa...

Pois bem. Como eu ando até a luzinha de celular?

Sem respostas... E o que eu esperava?

Certo... Somente... Tente.

Tentei dar impulso para frente. Nunca imaginei que fosse dar certo.

Ao invés de cair de cara, como na realidade, eu avancei.

Modo estranho de andar...

Fiz isso até chegar razoavelmente perto da luz. Em seguida, ela se afastou de mim.

- Ah, por favor? Ta de brincadeira comigo?- gritei, e paralisei logo em seguida.

Eu podia falar.

Novamente “andei” até perto da claridade, e ela novamente se distanciou.

- Droga! – reclamei, dando um soco no ar.

Tato.

Fui dar o tal impulso novamente. Mas ao que parece, eu já tinha pernas. E a gravidade já estava normal.

Resultado: eu cai em uma espécie de chão, sentindo o gosto de sangue em minha boca logo em seguida.

Paladar.

Eu estava completa.

Desta vez, realmente caminhei até a luminosidade, meu coração- que eu tinha descoberto a pouco tempo- galopava cada vez mais rápido.

A luz não se distanciou.

Acelerei o passo, ansiosa. Meu destino era imprevisível.

Eu já estava morta mesmo. O que podia acontecer?

Aquela claridade foi aumentando cada vez mais. Já me ofuscava os olhos.

E então pisei em algo diferente. Tudo girou.

Cai sentada em um lugar desconhecido.

Senti cheiro de grama.

Eu estava assustada e extasiada. Conhecia aquele cheiro.

Tateei lentamente até encontrar água.

Conhecia aquele lago.

- Bem-vinda de volta...- disse alguém.

Conhecia aquela voz!

Senti a aproximação de alguém. Respiração contra respiração. Em seguida, tomaram meus lábios em um beijo apaixonado.

Conhecia aquele gosto.

Abri então meus olhos, a esperança crescendo cada vez mais em meu peito.

Oh, céus! Conhecia aquela pessoa!

Peter!

- Como? – gritei- Por quê ela queria? Como, como?

Ele sorriu. Um sorriso que dava de dez a zero no astro-rei.

- Sem a foice, não há morte. As últimas almas ali contidas voltam a vida.

Ainda estava abismada. Impossível!

- Então ninguém nunca mais vai morrer no mundo? Agora é todo mundo imortal ou qualquer coisa assim?

- Não... É difícil de explicar...

- Resuma!- exigi fazendo bico.

Ele riu, divertido.

- A morte é algo natural. Aquela Morte era formada pelas sombras do passado, por assim dizer. Um ciclo. Nossa morte era necessária para nossa sobrevivência.

Parem o mundo que eu quero descer! Agora tem que morrer pra viver?

- Hein?- perguntei confusa.

- Morremos como Romeu e Julieta. Teríamos que morrer como Peter e Rebeca. A morte continuará existindo, mas aquela figura de capa negra era como uma ilusão. Como um fantasma que não descansa até ter sua missão cumprida.

Fingi entender.

- Uma vez aquele instrumento quebrado, os corpos que haviam sido mortos retornam. A foice será sempre uma figura ilustrativa, tal como a Morte. – continuou

- Ah...

- Uma segunda chance, como já havia lhe dito. – gracejou

Só então eu me dei conta de que era real.

Abracei-o fortemente, feliz. Realidade! Era a realidade!

Ele afastou o rosto do meu, olhando fundo em meus olhos. Em seguida proferiu a mais bela sentença que eu poderia ouvir em toda a minha vida.

- Amo-te. – disse sorrindo.

Senti meus olhos se umedecerem e minha garganta embargar. E respondi:

- Igualmente.

Estávamos vivos! Juntos. Não me importava o que viesse, os desafios pela frente. Desde que ele estivesse comigo.

Não sei se esse final perfeito é minha mente , minha imaginação ou até mesmo um sonho , mas se for minha mente não quero que ela pare , se for minha imaginação não vou parar de imaginar , e se for um sonho eu nunca mais quero acordar .

E se for real , eu simplesmente vou aproveitar ... e viver .

Agora , eu realmente posso fazer isso .

Fim


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos! Por lerem as bobagens que essa pirralha aqui presente escreve e comentarem!
Momento oportunista: Já que a Mente acabou( NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOO!!!!), vocês poderiam muito bem ler uma outra fic minha, não? Se chama Cristal( http://fanfiction.nyah.com.br/historia/95875/Cristal )
E quanto a minha idade, a criançinha aqui tem só onze anos.
;)



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