A Mente escrita por Akemi Mori


Capítulo 55
Dor


Notas iniciais do capítulo

caraacas... são três da matina! se minha mãe me pega aqui eu fico noventa anos sem postar...



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Eu estava horrível.

Olhei novamente a imagem na vitrine daquela loja abandonada. Provavelmente algum dia aquele lugar já tivera muitos clientes, mas com certeza isso tinha sido em um passado distante. As teias de aranha por cima das roupas bregas denunciavam isso.

O que um dia foi meu cabelo era agora um emaranhado de folhas e galhos. Tinha olheiras e uma cicatriz cortava minha boca. Sangue seco estava grudado um uma parte de meu couro cabeludo.

E eu ainda me pergunto: como foi que alguém como Peter se interessou por mim?

Tirei uma joaninha que estava perdida entre o fios- se é que eu ainda podia chamar aquelas coisas de fios- de meu cabelo e olhei para minha perna.

Sem dúvida ela estava pior. Isso eu não podia negar.

Mas ao menos a dor estava mais fácil de dominar.

Me lembrei de quando cai no asfalto duro. É, com certeza não havia sido fácil ignorar a dor, levantar e voltar a mancar.

A quem eu queria enganar? Se Peter não tivesse ajudado a me erguer, eu nunca teria saído do chão.

A chuva idiota continuava. Estávamos debaixo de um toldo de uma antiga loja de roupas, sabe-se lá de que época. Uma sensação desconfortável me lembrou que eu não comia desde o dia anterior.

Olhei para a calçada. Uma propaganda de uma lanchonete que nunca existiu ainda não estava totalmente descolorada, possibilitando de ver o enorme sanduíche que ele prometiam montar.

Meu estômago roncou novamente.

Andei de um lado para o outro. Onde estava Peter?

Ele havia saído com a desculpa de “ verificar se tudo está bem”. Aonde ele tinha ido?

Tinha fugido?

É. Fazia sentido. Eu só atraia problemas. Com certeza ele devia estar querendo uma vida sem riscos. E me abandonou aqui a mercê da morte.

- Voltei!- ouvi

Pulei.

- Ah... – disse. Estava envergonhada. É claro que ele não ia sair assim. Como eu era tola!- Que bom...

E então eu estava no colo dele- mais uma vez- sendo levada sabe-se lá onde.

- Pare!- disse assustada. Esses movimentos rápidos dele me confundiam muito!- Aonde estamos indo?

- Longe daqui- disse sorrindo.

Um sorriso pra lá de forçado.

A tempestade ainda caía. Parece que assim que saímos debaixo de nosso “ guarda-chuva” ela resolveu aumentar a intensidade. Eu não sei como ele conseguia enxergar o caminho.

Mas, logicamente deu errado. Assim que entramos viramos em uma pracinha, a dor triplicou.

E ele me soltou, caindo com força no chão.

Eu nunca tinha sentido aquilo antes. Minha vontade era cortar minha perna fora. Eu não agüentava, não conseguia agüentar.

De quem nós estávamos fugindo?

- De mim, é claro.

Petrifiquei. Não. Não ali, não naquele momento. Não quando estávamos tão vulneráveis.

Me virei e confirmei meus temores. Ali, entre eu e Peter, estava a senhora dos Mortos, a Morte, a Buscadora. Qualquer termo que quiser.

Seu sorriso tétrico só fez a dor aumentar ainda mais.


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