A Mente escrita por Akemi Mori


Capítulo 3
Realidade


Notas iniciais do capítulo

nossa ! meu maior cap até agora ! me superei !



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Acordei umas horas mais tarde , meio zonza . Eu não agüentava mais ! Desmaios , sangue , cortes , pesadelos auto-destrutivos ...

Talvez seja melhor eu procurar um psicólogo...

Resolvi sair . Tomar ares . Eu não podia ficar enfurnada dentro de casa para sempre .

Liguei para a Carol . E ...

“ Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa postal , e estará sujeita a cobrança após o...”

Desliguei . Eu realmente não queria ter de deixar uma mensagem que eu sabia que ela nunca ouviria.

E lembrei do Diego . Uma vozinha  em minha cabeça me alertou sobre o pesadelo . Mas era só isso. Um pesadelo . Não era real . Talvez eu só estivesse me machucando por conta de ... De um prego na minha cama ou coisa parecida.

Mas toda noite ? E no mesmo lugar ?

Não podia ser só coincidência .

E então outra voz me lembrou de minha amizade com ele . Sempre fomos a “dupla “ Diego e Rebeca . Eu não ia estragar minha amizade com ele por causa de algo que minha mente criou .

Por mais assustador que fosse .

Mandei uma mensagem perguntando se podíamos sair ao que ele respondeu :

“ Agora não dá . Pode ser mais tarde ? “

“ Cuidado “ aquela vozinha me avisou de novo . Ora bolas . Mais tarde não era necessariamente depois das quatro da manhã . Respondi “sim “.

“ Beleza , tem uma boate nova que estreou aqui perto e a gente podia ir “

A antes vozinha agora era um vozeirão gritando no fundo de minha mente – “Não vá ! Olhe as semelhanças ! “-  mas eu estava tão acostumada com ela agora que não liguei .

“ O.K. “- escrevi – “ Que horas ? “

“ As nove passo aí “

“O.K. “

A está altura do campeonato a voz já urrava – “ NÃO VÁ ! ESTÁ IGUAL ! “

Mas não estava igual . Fiz como antes . A ignorei .

Resolvi perguntar para meus pais se podia ir . Não que eu fosse cancelar , mas é sempre bom prevenir do que remediar .

- Pai ? – disse , hesitando no pé da escada

- Sim ? O que houve filha ? Você está bem ? – ele apareceu segurando um jornal e com os cabelos despenteados . Somente aí eu me toquei que devia ser cedo . Muito cedo .

- Estou pai . É só que o Diego ...

- Ele te fez alguma coisa ? Você quer falar sobre isso ? – ao ouvir isso eu quase desmaiei . Eu e o Diego ? Não . Nunca !

- Não pai ! Não é nada disso . É só que ele me convidou para uma festa e eu não queria ser grosseira recusando . E faz tanto tempo que eu não saio de casa ... Eu estou de férias , lembra ?

Eu sabia que já estava usando um pouco de chantagem , mas ...

- E a senhorita começa as aulas depois de amanhã  , lembra ? – ele suspirou – Tudo bem , tudo bem. Pode ir . Mas volte no máximo as dez horas , está bem ?

“ Está vendo ? Está vendo ? Está igual ! Não vá !”

- Claro pai .

Subi as escadas novamente . Eu mal lembrava que as férias terminavam ainda essa semana . Só então notei que tudo que eu havia feito na férias era: ter pesadelos , tentar curar o corte , ter pesadelos , tentar curar o corte...

As oito resolvi me arrumar . Em cima da hora . Quando terminei a campainha tocou , me despertando de minhas ilusões que eu tanto - não- gostava de ter .

- Re ? – ouvi a voz de Diego

- Já vou .

Desci e fui a seu encontro . E  ele me puxou direto para a porta .

- Olha – ele começou num sussurro – Desculpa isso , mas é que hoje o meu carro ... Bem , digamos que ele não está muito bom ... Então ...

- Ta... Já entendi . Você quer meu carro .

- Por favor ...

“ Recuse ! Recuse ! Lembre-se do pesadelo ! Recuse ! “

Eu sabia que era arriscado . Sabia que era muita coincidência . Sabia que no pesadelo eu tinha feito exatamente isso . Mais eu já tinha dito sim ao convite . Não podia estragar tudo agora .

- O.K...

O QUÊ ? NÃO ! NÃO FAÇA ISSO ! DIGA QUE SENTE MUITO MAS NÃO PODE IR ! DIGA QUE TEM UM COMPROMISSO ! ESTÁ IDENTICO !”

- Valeu Re ! Eu sabia que podia contar com você – disse ele me abraçando .

Como eu podia ter dito não para essa criatura fofa  ? Como ?

Se bem que a tal “ criatura “ fofa já ta apertando demais nesse abraço .

- Ééé... me larga aí ? – pedi meio sufocada .

- Ah ! Desculpa ! – ele disse me largando . Por um breve instante eu me perguntei se ele já estava por efeito de álcool . Ou talvez eu nunca tenho notado esse lado dele .

Entrei no carro . Apalpei as chaves . Fechei as portas . Apalpei as chaves de novo . Liguei o motor . Fiquei olhando para as chaves .

Talvez eu estivesse com algum tipo de T.O.C ...

Diego foi me guiando . Talvez fosse o fato do abraço ou do pesadelo , eu fiquei achando que ele não precisava encostar tanto em mim .

Chegamos . Tirei as chaves e as coloquei no bolso . Apalpei-as de novo . E de novo . Abri as portas. Apalpei de novo . Sai do carro . Apalpei de novo minhas chaves . Já estava me enjoando .

Cheguei na balada . E congelei . Eram as mesmas portas ...

- Re ? Você ta bem ?

- Claro , claro – murmurei .

Eu o ouvi pegando alguma coisa , talvez encostando em mim, não sei , e falando algo , mas eu não ouvi nada , não vi nada .

Entramos .

E era exatamente igual .

- Hey ! – Diego chamou – Vem ! Vamos curtir a festa !

Algum tempo depois eu já havia tomado em demasia . Mal conseguia parar em pé , e Diego tinha duas garrafas nas mãos , fazendo um movimento de quem indicava-as .

- Quer mais ? –ele perguntou .

E o que me restava de sanidade me lembrou : “ Está igual , idêntico , não tente negar ! Fique aí dentro ! Vá para o banheiro !”

Mas antes que eu percebesse o conteúdo de uma das garrafas já descia por minha garganta . Desconfortável .

Olhei no meu relógio . Estava tão bêbeda que mal conseguia ver os ponteiros por alguns segundos que logo eles começavam a se mexer. A última vez que eu tinha olhado eram mais de quatro da manhã.

Igual . Idêntico .

Minhas roupas estavam grudadas no corpo , e eu já estava cansada daquilo . Resolvi falar :

- Vamos pra casa ? – perguntei , mas o som que vinha dos auto-falantes o impediu de ouvir as duas últimas palavras .

- Vamos aonde gata ? – ele perguntou . Arregalei os olhos – Pro quarto ?

- Vamos pra casa ... – disse , quase em um rendimento . Eu não queria que ele pensasse assim .

- Relaxa gata ... – gata ? Desde quando ele me chamava de gata ? – Espera só um pouquinho ...

E ele pegou minha cintura . E como um estalo , o pesadelo foi esquecido . Só queria sair dali . Dei um tapa na cara dele .

Eu estava seguindo uma trilha já marcada .

Sai correndo ainda a tempo de escutar ele falando algo como – “-Hey !Relaxa !”- mas eu não dei ouvidos . Tudo que eu queria era sair dali . O pesadelo , o pesadelo . E fui direto a primeira porta que vi .

Infelizmente , essa era a porta da saída .

“ NÃO !” – a voz urrou – “ NÃO ! O QUE ESTÁ FAZENDO ? VOLTE PARA DENTRO !”

Mas eu não iria voltar . Não . Aquilo era demais . Eu não queria voltar para as bebidas e para o meu “ amigo “ tarado . Eu iria para casa .

Localizei meu carro . A uma quadra de distancia.

Exatamente no mesmo lugar .

Corri na direção dele . Parei a seu lado e tateei meus bolsos . Nada .

E lembrei . Diego encostando em mim , falando alguma coisa , pegando algo . Pegando minhas chaves , especificamente . Ele tinha pegado minhas chaves para eu não perdê-las .

Justo agora .

Olhei para os lados , temendo . E começou .

O brilho prateado , o vulto , a chuva . Meu pesadelo na vida real .

- Me dê !

- Dar o quê ? – respondi num impulso .

- Me devolva ?

- O quê ? – perguntei , mentindo . Eu sabia o que era .

E veio o que eu tanto temia . O corte . E dessa vez eu pude ver que não era uma arma .

Era uma foice .

-- A sua ... –começou

E de repente tudo começou a girar . A última coisa que ouvi foi uma voz conhecida , gritando : “RE!”

E eu apaguei de vez .


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Notas finais do capítulo

COOOOOOOMEEEEEENNNNNTEEEEEEMMMM !!!!! ( sem pressão )
Beijinhos cheios de gurdura trans ,
Bye