O charme que me conquistou escrita por Nara Garcia


Capítulo 4
Capítulo 4 - Final


Notas iniciais do capítulo

Esse é o último capítulo. Espero muito que vocês tenham gostado. Foi um pouco menos dramático do que eu estou acostumada a escrever kkkkk tô trabalhando em uma outra, e assim que estiver pronta eu posto :)

Boa leitura!



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Stella 

Depois de descansar algumas horas, voltei para o laboratório pouco antes de iniciar meu turno às 8h. Durante o não tão curto trajeto de elevador, recostei na parede e fechei os olhos. Lembrei-me instantaneamente de tudo que havia acontecido entre mim e Mac, desde o nosso beijo no vestiário à curta viagem até o meu apartamento. 

Quando chegamos lá, ele me acompanhou até a portaria e me beijou novamente. Suas mãos se mantiveram firmes em minha cintura mesmo depois que o beijo já havia cessado. Ele me olhou, e sorriu. 

Quando o elevador se abriu, eu respirei fundo e tentei manter aquelas lembranças longe. Mas então eu o vi, caminhando bem na minha direção. Ele havia trocado de roupa. Estava de terno e com uma camisa social preta por baixo. Minha camisa preferida, diga-se de passagem. 

— Bom dia. - Disse ele, parando à minha frente com aquele sorriso típico dele. 

— Bom dia. - Respondi, retribuindo o sorriso. - Algo novo sobre o caso? 

— Sim. O resultado das autópsias saíram. Margô e Jennette foram mortas por duas armas diferentes, o que significa... 

— Que são dois atiradores. - Completei. Mac assentiu. 

— Flack me ligou. Parece que o nosso cara resolveu falar. Vou encontrá-lo na delegacia. - Ele passou por mim, mas parou novamente. - Da uma passada no seu escritório antes de ir pra sala de descanso. - Ele piscou pra mim e sorriu novamente, continuando o caminho até o elevador. Eu o acompanhei com os meus olhos e respirei fundo mais uma vez, como se aquele fosse o antídoto para me manter concentrada. 

— Vai ser mais difícil do que eu pensava. - Falei, mordendo o lábio inferior na tentativa de reprimir um sorriso. 

— O que vai ser difícil? - Dei um pulo, assustada, e me virei para encontrar Adam me encarando com uma sobrancelha arqueada e um arquivo nas mãos. 

— Adam, que susto! - Ele desfez a expressão confusa, me lançando um olhar arrependido. 

— Me desculpe, eu não queria te assustar. É que você estava distraída, e eu... 

— Está tudo bem. - Falei, tentando tranquilizá-lo com um sorrisinho. - Precisa de alguma coisa? 

— Sim. Mac tinha me pedido para analisar as marcas de pneu encontradas perto do beco. - Ele me entregou o arquivo, e eu comecei a folhea-lo. - Eu comparei as marcas com algumas imagens que Don me enviou das câmeras de segurança. Tudo indica que é um mustang, mas não tenho outras informações. Espero que ajude. 

— Ajuda sim, Adam. - Disse, devolvendo o arquivo para ele. - Obrigada. Vou avisar ao Mac. - Observei Adam assentir e dar meia volta, afastando-se à passos largos. Peguei meu celular e liguei para Mac enquanto caminhava em direção a minha sala. 

— Taylor! 

— Ei, sou eu. Adam disse que as marcas de pneu encontradas perto do beco podem ser de um mustang. As imagens das câmeras de segurança não estavam muito claras, então não deu pra ver outros detalhes que possam ajudar. 

— Tudo bem. Já da pra afunilar as buscas. Vou perguntar ao Mike sobre isso no interrogatório. 

— Ok... - Ao me aproximar do meu escritório, noto através da porta de vidro uma pequena cesta de café da manhã sobre a mesa. - Não acredito que você fez isso. 

— Fiz o que? - Perguntou ele, batendo a porta do carro. Entrei na sala e me aproximei da mesa. Havia desde café à frutas e waffles. Era o meu café da manhã preferido. 

— Você é incrível. - Falei, com uma voz manhosa. Escutei sua risada do outro lado, enquanto ele ligava o carro. 

— Foi a forma que eu encontrei de te agradecer por ter me ajudado ontem a noite. 

— Acho que vou te ajudar mais vezes. - O provoquei, sorrindo levemente enquanto admirava a cesta à minha frente. 

— Bom, hoje é a minha vez de te ajudar. Meu plantão já está acabando e tenho quase certeza que vamos concluir esse caso ainda nesta manhã. Então, depois disso eu estarei à sua disposição, detetive. 

— Mac, é a sua folga! Não pode trabalhar. É contra as regras, lembra? - Sim, a regra da gravata não era a única que eu havia criado. 

— Qual é a graça de tirar folga se eu não posso estar com você? - Questionou, me fazendo sorrir. - Olha, eu preciso ir agora, mas nos vemos daqui a pouco, está bem? Aproveite seu café da manhã. 

— Tá bem. Obrigada pelo café. - Encerrei a ligação e guardei o celular no bolso, voltando a observar a cesta. Foi quando avistei um cartãozinho preso à caixinha de waffles.

"Pena eu não estar aí para ver o seu sorriso. Promete me mostrá-lo depois? - M"

Fiquei encarando o cartão na minha mão por alguns longos segundos antes de devolvê-lo a cesta. Peguei o copo de café e tomei um pouco, sentindo o líquido quente me aquecer quase que instantaneamente. 

Naquele momento, me permiti lembrar um pouco mais. Dessa vez, daqueles flertes não tão inocentes que incluímos em nossas conversas há um tempo. Caminhei, segurando meu copo de café, e me sentei no sofá. Após mais um gole, fechei os olhos por alguns segundos. Eu estava completamente atraída pelo meu chefe, que também era a pessoa mais importante da minha vida.

Estava encantada por cada mínimo detalhe dele, desde o som da sua voz meio rouca, flertando comigo deliberadamente como se fosse a coisa mais natural do mundo, ao seu toque, que tinha o poder de me causar uma sensação inexplicável. 

Girei o líquido no copo de papel e senti o aroma do café antes de tomar um pouco mais. Foi quando ouvi algumas batidas suaves na porta. 

— Detetive Bonasera, tem um rapaz na recepção que deseja vê-la. O nome dele é Nick. - Tentei disfarçar minha surpresa com um pequeno sorriso. Por que Nick estava ali? 

— Obrigada por avisar. Já estou indo. - Com um aceno, o técnico se distanciou da sala. Me levantei e deixei o copo sobre a mesa, dando uma última olhada na cesta antes de sair do escritório. 

Puxei o sobretudo um pouco mais, tentando me livrar do arrepio que de repente percorreu minha espinha. Quando cheguei à recepção, vi Nick recostado na parede com as mãos nos bolsos. Ele parecia distraído, o suficiente para que não me visse até que eu me aproximasse. 

— Nick, tudo bem? Não esperava vê-lo por aqui. - Falei, tentando não deixar transparecer minha confusão. 

— Me desculpe aparecer assim sem avisar. - Disse ele, aparentemente nervoso. - Será que podemos conversar um pouco? 

— Claro. Venha até minha sala. 

Caminhamos em silêncio até o meu escritório. Nick mantinha um semblante sereno no rosto. Me arrisco a dizer que, apesar do nervosismo, ele parecia confortável em estar ali. 

— Sente, por favor. - Apontei para o sofá quando entramos. Notei seu olhar viajar até a cesta sobre a mesa, mas ele não disse nada. Nos sentamos lado a lado, mantendo alguns bons centímetros de distância. 

— Eu vou tentar ser direto. Não quero tomar muito do seu tempo. - Eu apenas assenti. - Há uma coisa que eu preciso confessar a você. Nós não nos conhecemos por acaso. Eu já te conhecia antes de nos encontrarmos naquele restaurante há alguns meses. 

— Do que você está falando, Nick? - Perguntei completamente confusa. Nick suspirou. 

— Lembra do David Handerson? Você foi a audiência dele. 

— Lembro. Ele era o principal suspeito de ter assassinado Marina Cruz numa festa da faculdade há alguns meses. Mas o que nós dois temos a ver com isso? 

— Eu era o advogado do David naquela época, Stella. Eu vi você no Tribunal e, quando nos encontramos depois, eu achei que você se lembraria de mim, mas não lembrou. Então eu me aproveitei da situação e me aproximei para tentar descobrir o que vocês tinham contra ele. Quais evidências poderiam incriminá-lo. Eu sabia que David era inocente, e queria ajudá-lo. 

Eu o encarei em silêncio. Não sabia o que dizer ou o que pensar. Me mantive inexpressiva, esperando que ele continuasse. 

— Eu tentei arrancar informações de você de uma forma discreta, mas você nunca falava comigo sobre o seu trabalho. Daí eu simplesmente desisti. Só que nós continuamos nos vendo e eu fui me apaixonando por você, Stella. - Disse, tentando colocar a mão sobre a minha. Mas eu logo a afastei. - Você disse ontem que não poderia me oferecer nada além da sua amizade, e acredite ou não manter sua amizade é muito importante pra mim. É por isso que eu estou aqui. Não queria que a nossa amizade fosse baseada numa mentira. Você não merece isso. 

Senti meus olhos lacrimejarem. De repente um filme passou pela minha cabeça. Pela segunda vez alguém havia se aproximado de mim com segundas intenções, e novamente eu havia permitido. Drew me enganou da primeira vez e eu jurei que nunca mais deixaria isso acontecer. Mas aconteceu. 

— Eu sinto muito, Stella. Eu... 

— Sai daqui. - Pedi, mantendo a voz mais calma do que eu achei que conseguiria. - Por favor, sai daqui, Nick. 

Ele me lançou uma olhar arrependido, e talvez realmente estivesse. Mas eu estava com tanta raiva de mim mesma por ter me permitido entrar naquela situação novamente, que só de olhar pra ele eu me sentia enojada. 

Nick se levantou e caminhou até a porta. Ele então parou. Eu não precisava vê-lo para saber que seus olhos estavam sobre mim. 

— Eu sinto muito, de verdade. - Ele então saiu, e algumas lágrimas rolaram. Respirei fundo e as sequei. Eu estava no trabalho. Precisava ser forte e agir como se nada tivesse acontecido. 

Mas como? 

•••

Mac

O caso estava encerrado. Mike havia entregue o nome dos outros atiradores e Don havia encontrado o mustang usado para a fuga. Após juntar todas as peças, finalmente havia acabado.

Quando voltei para o laboratório já eram por volta das 11h. Meu plantão já havia acabado há umas duas horas, o que significava que eu estava oficialmente de folga. 

Caminhei tranquilamente pelos longos corredores do laboratório até o escritório de Stella. Ela estava concentrada, assinando alguns documentos. Dei duas leves batidas na porta e entrei. No momento em que seus olhos encontraram os meus, eu soube que alguma coisa estava errada. 

— Pegamos eles? - Ela perguntou, sem ânimo.

— Sim. Caso encerrado. - Observei um minúsculo sorriso surgir no canto de seus lábios antes dela voltar o foco ao documento que precisava de assinatura. Eu então me aproximei, notando a cesta deixada no canto. Quase tudo ainda estava lá, menos o copo de café.

— Você está sem comer até agora? - Questionei, recostando na mesa bem ao seu lado.

— Tô sem fome. - Disse ela baixinho, sem desviar o olhar.

— Stell, o que aconteceu? - Ela não respondeu, apenas balançou a cabeça. Levei minha mão até o seu queixo e o levantei, gentilmente, para que ela me olhasse. - Ei, pode falar comigo. - Stella recostou na cadeira e se virou um pouco pra mim.

— Nick veio aqui conversar comigo. - Disse. - Resumindo, ele era o advogado de defesa em um caso que eu trabalhei há alguns meses. Nick se aproximou de mim para obter informações sobre o seu cliente, mas não funcionou. Ele me disse que não quer que a nossa amizade seja baseada numa mentira, agora que sabe que não há chances de termos outra coisa. - Ela desviou o olhar. Pelo que eu a conhecia, Stella estava tentando com afinco não demonstrar suas emoções. - Eu deixei acontecer de novo, Mac. Primeiro foi o Drew, e agora...

— O que aconteceu naquela época não foi sua culpa, e também não é sua culpa agora. - Falei, a olhando nos olhos. Tentei de todas as formas disfarçar a raiva que eu estava sentindo por Nick tê-la magoado. Não era disso que ela precisava naquele momento. - Nick perdeu a chance de ter a mulher mais incrível que existe na vida dele. Eu sabia que o cara era um sem noção desde o início. Quem é que leva outra pessoa para almoçar em um restaurante chique ao meio dia? - Vi um lampejo de sorriso nos seus lábios. - Vem comigo. 

Me levantei e estendi a mão em sua direção. Stella não disse nada, apenas a pegou e me acompanhou para fora da sala. Caminhamos em direção ao vestiário, que, para o meu alívio, estava vazio. 

— Por que me trouxe aqui? - Indagou. Olhei uma última vez para fora antes de fechar a porta.  

— Por que lá não poderia fazer isso. - Eu a puxei e a encostei na porta, ouvindo o som da sua risada. 

— Mac, ficou doido? Alguém pode entrar! 

— O que é a vida sem um pouco de riscos, hein? - Ela sorriu. Mantive uma mão na sua cintura, enquanto a outra acariciava seu rosto. - Nunca duvide da mulher maravilhosa que você é. Nada do que aconteceu é culpa sua.

— Mas eu deveria saber. - Sua voz saiu embargada, mas seus olhos se mantiveram fixos nos meus. 

— Não tinha como você saber. - Enfatizei, passando o polegar levemente por uma lágrima que rolara. - Você é a mulher mais forte que eu conheço, Stella. Eu poderia passar o dia inteiro enaltecendo a pessoa que você é, e provavelmente é exatamente isso que eu vou fazer. - Ela desviou o olhar brevemente pela primeira vez, disfarçando o rubor em suas bochechas. - Mas eu preciso, acima de tudo, que você acredite em mim quando digo que a culpa não é sua. 

Stella tirou as mãos do meu peito e as jogou em volta do meu pescoço.

— Eu acredito em você. - Ela sussurrou contra os meus lábios antes de me beijar com intensidade. Minhas mãos passearam pela sua cintura, segurando-a firmemente. Era perigoso, mas por algum motivo aquilo não me preocupava nem um pouco. 

O charme dela não havia apenas me conquistado. A verdade era que eu estava apaixonado, o suficiente para que o meu lado "chefe" não se importasse com o fato de eu estar beijando minha parceira no vestiário. Era loucura! Mas a loucura mais maravilhosa que eu poderia fazer. 

Ela afastou os lábios dos meus, o suficiente para que me olhasse. 

— Quando foi que os nossos flertes inocentes se transformaram nisso? 

— Eu não sei. Mas me arrependo por não ter começado a flertar com você antes. - Confessei, a fazendo rir. - Olha, está quase na hora do almoço e eu meio que estou de folga. O que acha de almoçarmos juntos e depois você experimentar aqueles vestidos pra mim, hein? 

— Depende. Vai me levar pra jantar mais tarde? - Ela perguntou com seu típico tom de provocação.

— É claro. Meu smoking já está separadinho. Sei que fico apaixonante nele. - Ela me encarou boquiaberta, dando um tapinha no meu ombro. - O que foi? Palavras suas, não minhas. 

— Você não fica apaixonante só de smoking. - Ela roçou seu nariz no meu e me beijou levemente.

— Ah, não? - Antes que ela respondesse ouvimos algumas batidas na porta e uma voz familiar.

Era Danny. 

— O que vamos fazer? - Ela sussurrou. Eu apenas a olhei e acenei para o seu armário. Stella me deu um último beijo antes de se afastar, como se nada tivesse acontecido.

— Oi, Danny. A porta tinha emperrado. - Menti ao abri-la, me mantendo inexpressivo. Danny alternou seu olhar entre mim e Stella, que mexia em algo no seu armário distraidamente. 

— Sei. - Murmurou ele com os olhos semicerrados. - Eu só vim pegar o meu casaco. - Desconfiado, ele foi até o armário e o abriu. Stella tentava a todo custo reprimir uma risada, mantendo o rosto praticamente dentro do seu ármario. Quando Danny finalmente saiu, ainda visivelmente desconfiado, nós dois rimos. 

— Estou me sentindo uma adolescente que acabou de ser pega no flagra com o namorado. - Comentou em meio a risada, recostando no armário já fechado. 

— Tá legal, isso foi realmente arriscado. Prometo me comportar melhor de agora em diante. - Ela cruzou os braços contra o peito e me lançou aquele olhar de provocação. - Se continuar me olhando assim, vou ter que descumprir minha promessa. 

— Assim como? - Questionou, fingindo inocência. Eu olhei em direção a porta antes de me aproximar dela e segurar sua cintura, deixando meu rosto à milímetros do seu. - Um último beijo e então voltamos ao modo profissional, pode ser?

Em resposta, eu sorri e a beijei. Havia mais intensidade que o outro, e era consideravelmente mais arriscado. Depois dele, voltamos ao modo profissional, como o combinado. Eu mantive minha postura de chefe, e Stella como minha parceira e segunda no comando.

Nas semanas e meses seguintes mantivemos nosso combinado. Bom, pelo menos nas vezes em que não nos encontrávamos na sala de arquivos.

Mas aí já é outra história.

The end...? 


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