Respirar escrita por Brenda Porto


Capítulo 2
Parte 02


Notas iniciais do capítulo

Olá, novamente! Como estão?
Confesso que não estava esperando fazer essa parte até ouvir a segunda versão da música. Tive que escrever...
Porém, enquanto escrevia a segunda parte, me deu novas ideias para detalhar possíveis momentos deste capitulo. Ou seja, vai ter outras histórias baseadas nessa!
Bom, espero que vocês gostem!
Boa leitura!



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Segue o link da música


Quando te fere o sentimento
 Só te resta a dúvida e o medo

O time Furia Cósmica aterrissou no planeta Terra no final da tarde, foram muito bem recebidos por Terrick, Pop-pop e a Dra. Akana. Todos se abraçavam e o clima era de felicidade, com a sensação de dever cumprido. Porém, o momento foi cortado pela presença surpreendente do Guarda Garcia, sua esposa, Rina e os pais de Fern, na qual ficaram chocados e confusos com a situação. Havia chegado a hora de contar a verdade, porém não era como os rangers esperavam.

Amelia não se intrometeu no assunto familiar, mas pediu a Aiyon ficar de olho, especialmente quando entrarem na base e conhecerem Solon. Ela sabia se defender, mas tinha receio de assustar os genitores de seus amigos, afinal, não é comum ter a presença de uma dinossauro ciborgue em tempos atuais.

Ollie e Amelia não passaram a noite juntos. Ela o aconselhou conversar com a mãe sobre os dias turbulentos na qual passou, aproveitando esse tempo para rever sua mãe e irmã, que ainda estava na barriga, além de contar todas as aventuras com sua equipe.

No dia seguinte, Amelia retornou ao Buzzblast e o assuntos não eram outros, enquanto cada funcionário arrumava a bagunça que Lord Zedd deixou: como foram as experiências de cada um na prisão e sobre a nova equipe de rangers que libertou a todos e salvou a cidade. Ela cumprimentou todo mundo e ao ser questionada pelos colegas, falou que quando foi capturada, estava com seus amigos e manteve a calma até a ranger vermelho libertar os civis.

No meio dos funcionários, encontrou um Javi cabisbaixo, mas ao tentar abordá-lo, Jane ficou na frente da moça.

— Precisamos conversar.

Amelia concordou com a cabeça, seguiu sua chefe e sua assistente, J-borg, até a sala da presidência, no andar superior.

Ficou por longos minutos naquela sala, até que saiu de lá com uma pasta em mãos e desceu as escadas em choque, não percebendo que Javi se aproximava.

— Amelia, está tudo bem?

— Eu quero me reunir com o time na base, no final do dia... - Murmurou e olhou para o ranger preto com olhos lacrimejando.

— Tudo bem, mas o que aconteceu? Você está mais branca que o normal...

— Eu só preciso respirar... – Após falar quase chorando, ela andou rapidamente até a porta principal de seu trabalho.


Sou calmaria pro tormento
E já não parece tão cruel

Amelia respirou bem fundo, sentando no banco de madeira do parque.

Ficou olhando as árvores, as crianças brincando, o carrinho do sorvete e até a água que caia da fonte, mas nada deixava menos apreensiva, certamente, era a decisão mais difícil que já fez em vida. Abriu a pasta e leu o papel da promoção outra vez.

Relembrou de sua infância com o Pop-pop. Sabia que não era uma criança tão quieta e ele se esforçava para cuidar dela. Ele a colocou no caratê com o intuito ocupar sua mente, mas, para a pequena Amelia Jones, aquilo não era impedimento para fazer o que amava. Montava artimanhas para caçar fantasmas com o material de trabalho dele, tentava convencê-lo para ir a floresta tarde da noite e até fugiu de casa para buscar o paranormal, o velho Edward quase ligou para a polícia para dar queixa de desaparecimento. Já que eram apenas os dois na casa, Amelia aprendeu fazer o que queria sem ajuda de ninguém desde cedo.

Quando cresceu e conseguiu seu emprego no Buzzblast, a medida que lutava para se destacar, acabou ficando mais independente. Juntou dinheiro para comprar um laptop, a sonhada carteira de motorista e uma moto. Estava muito feliz com os sonhos conquistados, porém, não estava completa. Com as experiências adquiridas como repórter, decidiu abrir a própria investigação sobre seus pais, já que seu avô adotivo não dava muitas informações a respeito.

Até que uma caçada a fantasmas acabou descobrindo um local desconhecido na floresta, acabou se tornando uma power ranger e claro, prendendo e eletrocutando o cara mais chato e cético do universo, que futuramente, seria o amor de sua vida.

A missão foi além de caçar fantasmas, mas foi uma experiência incrível salvar o mundo das bestas sporix, porém, nunca imaginou que a partir disso, descobriria que seus pais foram corrompidos e eram os vilões que ameaçavam a cidade.

Ao retornar à realidade, pegou seu celular, não vendo as 333 mensagens e mais de 50 ligações de Ollie, pois estava no modo silencioso.

— Nossa, acho que ele está acionando o FBI, preciso ir!

Quando Amelia se levantou, tinha acabado de receber uma mensagem de Terrick.

“Você é o meu maior orgulho, agradeço ao destino por termos nos encontrado novamente. Eu te amo! ”

Aquela mensagem fez Amelia quase chorar e respondeu:

“Você fica meloso toda vez que vai ao pré-natal com a mamãe. Também te amo, pai! ”

Também respondeu à Ollie para deixa-lo mais calmo e retornou a empresa. Começou a caminhar a cabeça um pouco mais leve, mas ainda estava confusa e pensativa sobre a promoção. Até que um cara de azul saiu da porta principal de seu trabalho, corre em direção dela e a abraça muito forte. Após isso, ficou checando seus sinais vitais.

— Certo, temperatura normal, o pulso também, pele corada...

— O que está fazendo? – Amelia disse profundamente incomodada ao ter tocada daquela forma.

— Onde. Você. Estava? – Ollie grunhiu irritado. – Te liguei feito um louco...

— Eu notei. E é o meu horário de almoço! – Ela revirou os olhos e suspirou. - Eu estava estressada e queria espaço.

— O Javi me falou desesperado que você estava passando mal e precisava ir ao hospital urgentemente. Tive que interromper uma experiência com a minha mãe e vim correndo para cá.

A ranger vermelho fuzilou o olhar para um certo cara com braço metálico na porta de seu trabalho. Vendo ele unir as próprias mãos e conseguido ler um “foi mal” dos lábios dele.

— Amelia, o que está acontecendo? – Desta vez, Ollie falou mais suave com ela.

— Só me abraça... – Jones abraçou o namorado muito chorosa, não conseguindo falar muito. O moreno entendeu o sinal e acariciou os cabelos negros dela até ela se acalmar.


Não precisa disfarçar comigo
Entendo bem quem você é

Akana fez questão de buscar sua amada no trabalho até a base. Ela ainda estava bem triste e apesar de não saber o real motivo, o ranger azul ficou conversando sobre vários assuntos e a provocando com o objetivo de fazê-la sorrir, enquanto caminhavam abraçados e procurando um local seguro para teletransportar.

Ao chegar a nave, o resto de sua equipe, incluindo Solon já estavam presentes e apreensivos.

— Primeiramente, quero pedir desculpas por deixar todo mundo preocupado comigo. Não foi meu intuito deixarem vocês assim. – Amelia iniciou a falar. – Uma certa pessoa aumentou tudo. – Encarou Javier, fazendo todos fazerem o mesmo.

— Ei, eu já pedi desculpas... pensei que a Jane tivesse te demitido e passou mal por não aceitar...

— Javi! – Izzy murmurou brava e deu uma cotovelada no peito do irmão.

— Mas, está tudo bem? – Aiyon questionou preocupado. – O que quer falar com a gente?

— Vocês serão os primeiros a saberem disso... Amor? – Amelia encarou o namorado, que retirou a bolsa dela que estava no ombro do cientista e colocou na mesa. Ela abriu e retirou a temida pasta. – Pode ler? – Viu ele concordar com a cabeça e entregou o objeto para Ollie.

Estimada Amelia Jones.

Estamos muito felizes pela sua evolução e resultados que tem atingido ao longo de sua carreira aqui no Buzzblast.

Por isso, temos o prazer de convidá-la a exercer um novo cargo como Chefe de Reportagem Investigativa...

— É sério? – Ollie disse enérgico e abraçou apertado sua namorada, que ainda estava com a expressão triste. – Que orgulho de você! Mas, e essa carinha?

— Ollie, lê o restante da carta. – Amelia pediu ao namorado, quase chorando.

... O desafio de seu novo cargo iniciará na nova filial do Buzzblast, na Alameda dos Anjos.

Vibramos para que este novo capítulo de sua carreira continue sendo de muito sucesso dentro do nosso grupo. Parabéns por conquistar esse reconhecimento com muita dedicação, empenho e talento.

— É sério? – O tom de voz do azulado ficou entristecido.

— Você vai embora? – Aiyon questionou desacreditado.

— Eu não confirmei ainda... eu disse que ia pensar. – Amelia respondeu em voz embargada. – Minha vida é em Pine Ridge, eu cresci, encontrei minhas origens, minha família, meus amigos, meu par.… eu encontrei o amor aqui, não posso ir embora assim... – A voz falhou, recebendo abraço do namorado.

— Realmente, Alameda dos Anjos é bem longe daqui... – Izzy suspirou e ficou de frente para a amiga. – Mas, Pine Rigde ficou pequena para você, Jones. Chegou a hora de voar, garota.

— Amanhã, você vai até a mesa da Jane e vai aceitar. – Javi a encorajou.

— Podemos ser exemplo para os rafkonianos de todo o universo, que eles podem seguir a carreira que quiserem! – Aiyon sorriu, acariciando a mão da ranger vermelho. – Já tem um na culinária, por que não ter uma de nós brilhando na área jornalística?

— Estaremos ao seu lado, te apoiando sempre. – Fern se aproximou de Izzy para olhar uma Amelia emocionada.

— Eu não vou desistir de nós, daremos um jeito. – Ollie usou os dedos para mover o rosto dela e encará-la. – Quero que Alameda dos Anjos saiba quem é Amelia Jones.

— E Zayto ficaria muito feliz com cada um de vocês seguindo seus sonhos. – Solon finalizou.

Lágrimas caíram sem aviso no rosto de Amelia e puxou todos para um abraço coletivo.


Fala tudo aqui no pé do ouvido
Chama sempre que quiser

No dia seguinte, Amelia fez o que seus amigos aconselharam. Ela aceitou o desafio de um cargo maior e morar em outra cidade, além de contar para sua família sobre sua decisão. Pensou que seria bem mais difícil para assimilarem, principalmente com Edward, mas os três ficaram muito felizes com a promoção e se tudo desse errado, saberia o caminho de casa.

Ela tinha um mês para viajar e iniciar a nova vida em Alameda dos Anjos, por isso, decidiu que após o trabalho, iria ao shopping com Ollie para comprar mais roupas vermelhas, uma vez que o namorado prometeu pagar tudo. Além disso, ajudou o azulado a dar entrada na terapia. Tanto o especialista, tanto a secretária, são power rangers de duas gerações diferentes, o que deixou o casal mais tranquilo, pois entenderiam a situação.

O terapeuta era Daggeron, o Cavaleiro Solaris da equipe Força Mistica e sua secretária se chamava Hayley Foster, do time Aço Ninja e amiga de Mick Kanic.

Ao longo dos dias, a rotina de Amelia se resumia em passar o dia trabalhando no Buzzblast e a noite, empacotar suas coisas para Alameda dos Anjos, pesquisava tudo sobre a cidade, história, custo de vida, pontos turísticos, imóveis à venda sob a indicação de Billy, até as histórias de uns certos heróis coloridos que são bem conhecidos por lá. Já que sabiam que havia gasto todo o dinheiro na reforma da casa de seus pais, a empresa se dispôs a pagar a moradia que escolhesse.

Na sua folga semanal, planejou ir à cidade em que irá se mudar e visitar os apartamentos, com a ajuda de Ollie e Billy. Para poupar tempo, resolveu ir via teletransporte e encontrar o ranger lendário por lá, assim, aproveitou para conhecer o primeiro time de rangers, o Centro de Comando e as empresas Cranston. Os olhos do casal não paravam de brilhar, e contrapartida, os amigos do Billy, incluindo Minh, filha de Trini Kwan, a primeira ranger amarela, ficaram felizes em conhecer a nova geração.

Não demorou muito para que os três fossem aos endereços dos prédios, felizmente, todos eram com mobília inclusa, próximos um do outro, muito bem localizados e perto do seu novo local de trabalho. Ficou bem indecisa em qual escolher e não tinha muito tempo para pensar.

No entanto, o ultimo imóvel deixou Amelia completamente certa que aquele era seu lar, já imaginando onde iria colocar suas coisas. O único defeito é que precisava subir escadas para ter acesso, mas não era algo que incomodasse muito.

— Eu não entendi a razão de ter me chamado para procurar com você, já escolheu sem pedir minha opinião... – Ollie cruzou os braços, se aproximando da namorada, junto com Billy. – Me chamou só para andar e subir escada!

— Ao menos, se exercita. – Amelia riu baixinho.

— Excelente escolha, Jones. – Billy ficou olhando para o imóvel. – Essa foi a melhor que já visitamos.

— Obrigada! Onde vocês estavam? – A moça indagou. Já que estava tão focada nos imóveis enquanto andava com a corretora, não viu os dois em seu campo de visão.

— Eu estava mostrando ao Ollie a localização do colégio onde estudei. É bem próximo daqui. – O ranger azul lendário respondeu.

— A gente podia passar por lá depois que terminar com a papelada do apartamento. O que você acha? – Ollie sorriu largo para a namorada.

— É uma ótima ideia! – Ao notar a corretora chegando, a rafkoniana andou até ela primeiro. – Nós precisamos descer, vamos?

Billy a seguiu, mas Ollie ficou parado olhando cada detalhe do imóvel da namorada, dando um sorriso largo e uma risada anasalada.

— Ollie? O que foi? – Amelia retornou ao ver o namorado para trás.

— N-não é nada, vamos! – O azulado pegou na mão de sua vermelha e saíram do imóvel.
 
Pode respirar
Que nos meus braços você pode descansar

Na semana seguinte, Amelia e seus amigos foram ao show de estreia do Javi, após ser aceito em um estúdio independente. Ficou com um pouco de receio de sair com Tarrick e Santaura sozinhos, uma vez que a nenê poderia nascer a qualquer momento, porém, eles a tranquilizaram e que a previsão de sua irmã vir ao mundo era semana que vem.

Porém, não foi como planejado. A bebê nasceu durante o show.

O nome dela é baseado no herói dos pais, na qual guardou uma coisa muito preciosa para eles, foi chamada de Poppy. Amelia ficou um pouco frustrada por não acompanhar a chegada de sua irmã, porém, se divertiu bastante com seus amigos.

No dia seguinte, recebeu a ligação de Tarrick que mamãe e bebê receberam alta do hospital e Pop-pop se dispôs a busca-los. Amelia não conseguiu levantar da cama cedo pelo cansaço da noite anterior. Momentos depois, recebeu a mensagem do pai, dizendo que já estavam com os três no veículo de Edward, o coração da moça já estava palpitando de alegria, aproveitou para se levantar de vez, trocar de roupa, comer algo e aguardar.

Pensou em chamar Ollie para ficar com ela, mas era pela manhã que trabalhava com a mãe e não quis incomodar. Ficou arrumando suas coisas para a mudança, enquanto não chegavam.

Algum tempo se passou e ouviu o som da van de seu avô. Eles já tinham chegado.

Ao ver sua família se aproximando em seu lar, a ranger vermelha os recebeu na porta da frente, ficando mais ansiosa que criança prestes a receber o presente de natal.

— Poppy, essa é a sua irmã mais velha, aquela garota meio tagarela que sabe dos seus gostos. – Santaura disse em uma voz suave e riu baixinho.

— Eu... posso? – Amelia quis chorar de emoção, mas resolveu se segurar.

Com ajuda do Pop-pop, ela pegou sua irmã mais nova com cuidado em seus braços. Em seguida, Amelia olhou para os três e sorriu largamente.

— Oficialmente promovida como irmã mais velha, como se sente? – Tarrick questionou sorrindo.

— A ficha ainda está caindo. – A vermelha riu e olhou para o rosto de Poppy, que estava dormindo. – Por que não vai tomar banho, mãe? Queria ficar um pouquinho com ela.

— É uma ótima ideia. Enquanto isso, eu fico de olho nelas. – O senhor de cabelos brancos completou e os pais de Amelia cederam ao pedido dos dois.

Tomou cuidado ao caminhar até a varanda, onde tentaram construir uma pequena horta. Mas as forças do Lord Zedd acabaram com todas as plantas. Amelia sentou em um estofado e acomodou a nenê, tirando muitas fotos, mandando todas para o time, postando em seu perfil no Buzzblast, em seguida.

— Sabe, passei minha vida inteira procurando meus pais, não que o Pop-pop seja tudo para mim, ele é.…, mas eu sentia algo faltando em meu coração e acabei os encontrando em um momento muito difícil. Porém, eu nunca pensei que eu pudesse transbordar de amor ao ver você... – A voz de Amelia embargou de emoção. – Talvez eu não seja tão presente em sua vida, mas... - A voz falhou e lágrimas caíram sem aviso, limpando seu rosto com a mão livre rapidamente e suspirou para continuar. – Eu quero que você tenha uma infância feliz, como eu tive... enquanto eu tiver vida e saúde, vou fazer o impossível para não acontecer nada de mal, vou continuar lutando te proteger, Poppy... mesmo de longe.

Limpou mais lágrimas que insistiam em cair e beijou a cabecinha da sua irmã. Em seguida, uma mão morena passou a acariciar uma das mãos pequeninas da nenê.

Era Ollie. Estava sentado ao lado de sua amada.

— Essa ursa maior é chorona, né? – Ollie suspirou para o pequeno ser. – Juro que quando a conheci, ela não era tanto. – Sorriu para a namorada e limpou o rosto dela. – Mas, você é irmã menor mais sortuda do mundo... conte com ela para tudo... e com o cunhado mais bonito e inteligente do universo!

— Não ligue para ele! Ele é um grande convencido e chato. – Amelia riu baixinho, com a mão da nenê segurando seu indicador. – Não importa a distância, estaremos sempre unidas... isso é uma promessa. – A ranger quis chorar, mas a irmã mais nova fez isso primeiro, movendo ela suavemente no colo para acalentar.

— Eu acho que ela está com fome. – Terrick apareceu, com roupas mais leves e de banho tomado. – Estamos prontos... – O ex-vilão não deixou de sorrir ao ver suas filhas chorosas e pegou Poppy nos braços.

— Tem problema eu cuidar da mais velha, enquanto cuida da mais nova? – Ollie brincou.

— Agradeço. Não estou acostumado com duas chorando ao mesmo tempo. – Terrick riu e acariciou o rosto de Amelia, entrando na casa novamente.

— Ei... vem cá... – Após isso, Ollie abraçou sua namorada com força, que se segurava para não chorar tanto. – Sua cabeça deve estar uma bagunça por conta da mudança.... Já sei! Segura em mim...

Ollie usou seu morfador para se teletransportar.

Quando dói a ferida embasa o olhar
Deixa o tempo agir, deixa cicatrizar
Então, pode respirar

— Por que estamos no seu quarto? - Questionou Amelia ao namorado, limpando próprias lágrimas. – Sua mãe ainda está aqui?

— Ela foi visitar a namorada do Pop-pop. Ela chegará no final da tarde. – Ollie puxou sua amada até um saco de pancadas, pendurado no teto e quase no tamanho dela.

— Ollie, por que comprou isso?

— O Dr. Daggeron me sugeriu que soltasse meus pensamentos negativos pelos punhos e me concentrar em cada golpe. – O azulado respondeu eufórico, fazendo sua líder levantar uma de suas sobrancelhas, completamente desconfiada. - Não custa nada tentar com você. Comprei luvas para nós. – O rapaz segurou as mãos dela e colocou-lhe as luvas vermelhas de boxe.

Amelia suspirou e ficou de frente para o saco de pancadas e Ollie, ficou por trás, segurando o objeto pendurado.

— Agora, pensa em um dos seus problemas e dê um soco.

A ranger vermelho se posicionou e usou toda a força que tinha para na mão direita para bater no saco, fazendo o mesmo com a esquerda. Aos poucos, os golpes ficavam mais rítmicos e fortes.

— Está indo bem... e como você ficou forte... – Ele sorriu após falar, tentando manter o corpo firme enquanto segurava o objeto.

O cansaço começou a bater no corpo de Amelia, parte de sua pele e roupas começaram a ficar suadas até que começou a perder força e ficar muito ofegante, se afastando do saco. Ollie pensou que ela fosse desmaiar, mas foi mais rápido e segurou o corpo da namorada. Por fim, os dois se sentaram no chão com cuidado e a moça abraçou o corpo do ranger azul, voltando a chorar novamente, porém, era de alívio.

— Obrigada... acho que... precisava disso. – Em seguida, ela o olhou nos olhos. – Você é tão bom para mim...

— É isso que os namorados fazem. Você me ajudou enquanto estávamos na nave e me incentivou a procurar ajuda. Eu poderia ficar abraçado contigo e te consolando, mas... meu coração se parte ao ver você chorar. – Finalizou sua fala limpando as lágrimas de Amelia.

— E funcionou. Acho que a minha cabeça está no lugar agora. - Amelia sorriu terna. – Sabe, eu fiquei bem triste por perder o nascimento da Poppy, mas posso ter mais momentos com ela no futuro e trazer muitos presentes. Eu estou morrendo de medo de morar em uma outra cidade e me sentir sozinha, porém, eu sei que tenho amigos e um namorado que tem uma vantagem de teletransporte, tenho certeza que iriam me socorrer. E eu acredito nas minhas capacidades de liderar um time de repórteres... talvez não seja como rangers, mas acho que consigo deixar todo mundo motivado.

— Tenho certeza que irá conseguir tudo o que quer, meu amor! Quero estar ao seu lado em suas conquistas e sempre estarei aqui por você. – Ollie desamarrou as luvas das mãos de Amelia, beijando-lhe as costas da mão direita. – E sobre nós, estou conversando com a minha mãe para ficar alternando... 15 dias em sua casa, 15 dias aqui. O que você acha?

— Bom, eu acho que não vai caber todo seu equipamento científico... o apartamento é grande, mas não tanto.

— Não tem problema, eu consigo levar o básico na mala e só usaria quando fosse necessário.

— Podemos ver isso depois! – Em seguida, a vermelha riu tímida. - Eu fico bobinha quando você me chama de meu amor. – Disse se aproximando dos lábios do namorado.

— Idem! – Ollie falou rindo entre os lábios dela antes de enchê-la de selinhos rápidos. – Você deve estar cansada, quer que eu prepare seu banho na banheira? Sais de banho rosa ou azul? Não tive tempo de procurar de cor vermelha, mas...

— Não precisa. – Amelia ficou com pena de interromper. – Eu tomo banho de chuveiro.

— Mas, você não quer que eu lave seu cabelo? – Ollie se levantou, esticando sua mão para ajudar a namorada a se levantar.

— Eu lavei meu cabelo ontem... e tenho dedos!

— Pode ser uma massagem nos ombros? Ou cozinhar algo para você?

— Ollie! – Amelia fingiu que estava brava.

— Desculpe... – O azul baixou o olhar, meio triste.

— Estou brincando, pode ser massagem. – A moça mostrou a língua e em resposta, Ollie avançou para agarrar ela, mas a vermelha começou a correr pela casa.


Pode respirar
Pode respirar

Finalmente, chegou o dia da mudança de Amelia.

Na noite passada, teve sua festa de despedida preparada pelos colegas dos Buzzblast, recebeu muitas homenagens e palavras de sucesso para o novo ciclo.

Suas roupas já estavam nas malas e os objetos mais frágeis em embalados em caixas de papelão. O time chegou cedo na casa de Terrick para ajudar na mudança, inclusive Izzy e Fern, que já estavam em Oakdale e se teletransportaram para Pine Ridge só por causa da amiga. Eles não deixaram a moça carregar nenhum peso e nem chegar perto da van de Pop-pop, uma vez que passou vários dias arrumando tudo e decidiram que poderia ter mais tempo para se arrumar.

Quando estava tudo pronto, o clima ficou cada vez mais emocionante. Amelia abraçou seus pais, sua irmã e cada um do seu time, até então, conseguiu ser forte e prometeu a si não chorar... até chegar no time Akana.

Respirou fundo para abraçar apertado sua sogra muito emocionada. E as lágrimas vieram com tudo quando viu um Ollie quase chorando e a abraçou, levantando o corpo dela por alguns momentos.

— Ei... – Amelia falou em voz embargada. – A gente vai se ver, daqui a 15 dias... por que a gente está chorando?

— Pare de se enganar... – Ollie respondeu, com o queixo tremendo. -  A gente nunca ficou tão longe... quando a saudade apertar, me liga, não importa a hora...

— Posso te ligar mais tarde? - Amelia riu, pegando as mãos dele e engoliu o choro. - Enquanto a gente tiver junto, eu vou lutar por nós. Eu te amo, Oliver...

— Não importa a distância, nada vai separar a gente de novo. – Respirou fundo antes de continuar. – Eu te amo Amelia. – Deixou sua timidez de lado e a beijou. Ambos moveram os lábios lentamente por longos momentos. Sentiram o tempo havia parado, apenas o amor de ambos transbordando importava naquele momento.

Até que um pigarro os assustou.

— Vamos? – Era Pop-Pop

Amelia concordou com a cabeça e Ollie ficou de mãos dadas com ela até a van, dando um último selinho antes de entrar. Ela acenou para todos enquanto o senhor ligava o veículo e se distanciava da casa.

Quando a van sumiu das vistas de Ollie, olhou para trás e questionou.

— Eu fui um bom ator?

Todos disseram em uma só voz, inclusive sua mãe:

— NÃO!

— Ah, qual é? Eu me esforcei!

— Cara, você quase estragou o próprio plano! – Javi falou entre risadas.

— Eu não sei como que a Amelia não tenha falado de seu choro falso! – Izzy revirou os olhos, fazendo Fern rir da situação.

— Ainda bem que você é cientista... – Lani se aproximou o filho e colocou a própria mão no ombro dele.

— Você teve uma sorte grande por ela não ter lido sua mente durante estes dias. E afinal, o que pretende fazer? – Aiyon indagou a Ollie, fazendo o azulado sorrir largo.

— Vamos dizer que... vou fazer a coisa certa.


Não precisa disfarçar comigo
Entendo bem quem você é

Amelia e Pop-pop aproveitaram a viagem longa para conversarem sobre as lembranças da infância e os vários momentos em que estiveram juntos. Eles chegaram na Alameda dos Anjos no início da tarde, avisando a sua família e amigos que haviam chegado bem.

Ela descarregou suas malas em seu novo lar e já que não tinha suprimentos para cozinhar, eles foram em direção a um restaurante para almoçar, não parando de conversar sobre o passado. Em seguida, Edward sugeriu um passeio, em que Amelia não soube dizer não, por mais que estivesse muito cansada, queria passar mais tempo possível com o homem que deu sua vida para cria-la.

Assim que saíram do restaurante, caminharam em um parque próximo, agora, falando sobre o futuro longe de casa e o que Amelia planejava fazer em longo prazo. Edward até parou para comprar um sorvete para sua neta e sentaram na grama, debaixo de uma grande árvore, de frente para a nova filial do Buzzblast.

Em seguida, passaram ao mercado para comprar comida para Amelia. Edward garantiu que compraria frutas, verduras e legumes, afinal, foi uma promessa que fez a Terrick antes de saírem de Pine Ridge. No entanto, teve que ceder algumas comidas nada saudáveis que Amelia queria comprar, ela não era mais uma criança e o velho Jones esquecia disso, às vezes.

Assim que finalizaram tudo, caminharam com as compras em mãos de volta ao apartamento, o sol já estava prestes a se pôr e Amelia não queria que voltasse a estrada pela noite. Os dois subiram as escadas e Pop-pop abriu a porta para a moça, que deixou as compras na pequena mesa da cozinha.

— Pronto, você estará abastecida alguns dias... não esqueça de repor tudo antes de acabar. – Pop-Pop disse, fechando a geladeira.

— Tudo bem. – Amelia suspirou fundo. – Eu achava que fosse mais fácil me despedir de você, mas... – Ela baixou o olhar, já com lágrimas descendo de seu rosto.

— Ei! – O senhor levantou a cabeça de sua moça. – Você não precisa ficar a vida inteira no ninho, por mais que seus pais e eu gostaríamos. Chegou a hora de planar voos mais altos, garota! Você tem uma longa, jovem e feliz vida, precisa agarrar todas as oportunidades para conquistar todos os seus sonhos, como sempre fez. Meu trabalho já não mais necessário para você, consegui criar uma mulher para o mundo, agora, vou focar na outra.

— Eu vou sentir muito sua falta... obrigada por tudo...

Em seguida, Amelia abraçou o homem que a protegeu e cuidou dela durante toda sua vida.

— Se precisar da gente, sabe o número de casa.

— Vou ligar todos os dias, eu prometo. E contar todas as novidades!

— Bom, tenho que ir, outra coisinha preciosa está me esperando. – Ed desfez o abraço e pegou as mãos da vermelha, que tentou sorrir largo, mesmo ainda muito chorosa.

— Eu deixo até a porta.

Assim, os dois saíram do apartamento e desceram abraçados até a porta principal do pequeno prédio, em direção a van. Eles se abraçaram novamente por longos minutos e Amelia viu Pop-Pop entrar no veículo e partir de volta a Pine Ridge.


Fala tudo aqui no pé do ouvido
Chama sempre que quiser

Após se despedir de Edward, entrou no prédio novamente e mandou uma mensagem para Ollie, subindo as escadas de volta ao seu novo lar de forma lenta. No que chegou em seu apartamento, viu um fio de lã vermelho em frente de sua porta que ligava as escadas do andar de cima.

Já tinha pensado no pior. Foi o momento em que seu namorado ligou.

— Amor, acho que alguém invadiu aqui. – Falou aflita assim que atendeu.

— Invadiu? Como assim?

— Eu saí com o Pop-pop para me despedir dele e esqueci de trancar a porta.

— Como você esquece de trancar a porta? Você está em outra cidade agora... não conhece seus vizinhos, não pode se descuidar!

— Eu sei disso, não precisa repetir...

— Amelia, toma muito cuidado ao entrar em casa, a pessoa ainda pode estar aí dentro. Vou deixar a ligação rolando e se eu notar algo fora do normal, eu me teletransporto para aí e chamo a polícia, tudo bem?

— Não precisa...

— Precisa sim. Mesmo longe, eu nunca vou parar de me preocupar com você... eu te amo muito...

— Eu também te amo... vou entrar agora...

— Certo, fique atenta...

Abriu a porta de sua casa lentamente e correu para pegar sua arma de fantasma e um fone de ouvido para conectar ao celular. Antes de sair, andou por todo o apartamento e vistoriou todos os esconderijos possíveis, a procura de algum ladrão, além de verificar as malas e caixas que trouxe, pois, poderia ter levado algo e saído sem muitas pistas. No geral, estava tudo como deixou.

— Ollie, acho que está tudo bem, ninguém entrou e minhas coisas continuam aqui...

— Fico aliviado...ainda bem...

— Mas tem uma lã que colocaram em frente da minha porta. – Falou ao namorado, saindo de sua casa novamente, já armada. – Preciso saber o que é?

— Tudo bem, mas tranque a porta!

— Tudo bem, fazendo isso agora. – Guardou a chave no bolso após trancar o apartamento e se abaixou para analisar a ponta da lã. – Ollie, tem um nó na ponta, dá até para colocar no meu dedo... me lembrou aquela lenda que sua mãe contou, quando estávamos no Japão.

— Do Akai Ito?

— Isso... onde era o dedo mesmo?

— Não era no tornozelo?

— No início, sim..., mas quando foi adaptada ao japonês, passou a ser contada que o fio ficava no dedo... qual era...? – Amelia tentou relembrar e testou colocar o pequeno espaço em todos os dedos, até que um deles coube muito bem. – Acho que era o mindinho...

— É? Eu não prestei muita atenção nisso...

— Eu percebi... lembro que estava prestando atenção na máquina de sushi do restaurante, era tudo automático!

— Não tem como não ficar admirado... quase não existe garçons e você mesmo se serve, isso é demais!

— Eu vou indo... – Amelia suspirou e se levantou já com a arma em posição para atirar, caminhando lentamente e atenta em cada movimento suspeito. – Ollie, isso está muito suspeito... parece uma armadilha...

— Então, fique de olhos abertos.

— Tudo bem..., mas eu acho que erraram de porta. – A vermelha subiu os degraus da escada lentamente, apontando a arma para todos os ângulos possíveis. - Você acha que isso é realmente para mim? Será que a pessoa sabe que eu namoro?

— Não sei...

— Ollie, você está muito tranquilo... não está notando a possibilidade da sua namorada estar correndo perigo? E se for um pervertido? - Ela conseguiu subir todos os degraus. Nada fora do normal.

— Por que acha isso?

— Porque eu não imagino você fazendo ...

A voz de Amelia sumiu ao chegar ao andar superior. Uma das portas dos apartamentos estava completamente aberta, cuja sala estava iluminada com LED, o que se assemelhava ao quarto de Ollie. Além disso, o fio chegava naquele imóvel e finalizava com um grande coração no chão, além de pétalas vermelhas em volta do desenho. Conseguiu completar a frase com a voz embargada.

— ...isso...

Pode respirar
Que nos meus braços você pode descansar

O coração da mulher passou a bater mais forte, ao olhar um rapaz de azul com uma capa branca, com uma carinha de fantasma no capuz, que estava parado e dentro do coração de lã vermelho e a extremidade do fio estava no mindinho dele.

Lágrimas emocionadas invadiram o rosto de Amelia, abaixando sua arma lentamente e correu até a porta do apartamento, deixando-a cair, junto com o celular no momento em que chegou.

— “Um fio invisível conecta os que estão destinados a conhecer-se… Independentemente do tempo, lugar ou circunstância… O fio pode esticar ou emaranhar-se, mas nunca irá partir. ” – Após falar, ele abriu um sorrisão, desligando a chamada no celular.

— Ollie... – Ela ainda estava em transe. Ele realmente poderia fazer isso. Definitivamente, ela havia ganhado na loteria ao tê-lo como namorado.

Ele abriu os braços e Amelia entrou no coração, abraçando o namorado fortemente e Ollie aproveitou para erguer o corpo de sua amada e rodar lentamente, além de roubar alguns selinhos.

— Eu tenho muitas perguntas... – A vermelha foi a primeira a formular as palavras ao sentir os pés no chão novamente, mesmo muito emocionada.

— Eu sei... e eu vou te contar tudo. E fiquei magoado porque você não imaginava isso de mim! – Ollie fingiu estar triste.

 – E estava completamente errada. Vou esperar tudo vindo de você, prometo! – Amelia acariciou a bochecha dele. - Eu deveria ter lido sua mente quando tive a chance... – Ela bateu no braço direito do namorado.

— Isso é verdade, perdeu muitas aulas práticas de aperfeiçoar sua telepatia em mim! – Ollie disse convencido e apanhou no braço novamente em resposta.

A moça voltou sua atenção para o apartamento, que era quase a mesma coisa do seu. Virou seu corpo para olhar o que tinha de diferente, apesar de ainda não ter arrumado o seu lar. Havia uma estante embutida que haviam muitas fotos expostas. Tinha fotos do casal, do time e com sua mãe. Além dos fios de LED que se posicionavam acima do cômodo, esboçando todas as cores dos rangers, inclusive a de Zayto.

Em seguida, deu alguns pequenos passos sem sair do coração e olhou para a janela da sala, que já estava com a cortina blackout dele.

— Gostou? – Ollie questionou, abraçando-a por trás.

— Adorei... ficou tão linda! - Respondeu sorridente.

— Foi o que deu para arrumar durante a tarde... Aiyon, Javi e Pop-Pop foram essenciais para que meu plano funcionasse. Eles arrumaram tudo ontem à noite e eu peguei uma cópia da chave da van para pegar minhas coisas.

— Então, era por isso que ninguém deixava eu ficar perto dela... – Amelia grunhiu e pequenos socos no peito do namorado. – Odeio ser a última a saber das coisas!

Ollie riu e apontou para um dos quartos, que ainda estava bagunçado.

— Ali será meu laboratório. Não consegui trazer tudo, mas, minha mãe vai trazer as coisas aos poucos, a medida que for visitar a gente. E ali... – Em seguida, apontou para o outro quarto e aproximou seus lábios no ouvido dela. – Será o cantinho que iremos dormir várias noites...

— Você é bobo, sabia? - A fala de Ollie fez sua companheira rir.

— Ah, eu vou instalar a nossa banheira ali. – Por fim, ele apontou ao banheiro. – Cabe direitinho, mas vamos ficar meio apertados, se não for problema para você.

— Claro que não..., mas você está fugindo do assunto! Me conta tudo! – Amelia se virou para ele fez um bico, na qual ele não resistiu de dar vários selinhos nos lábios dela. – Quer parar de me enrolar, Oliver? - Disse meio irritada por não ir direto ao ponto, o fuzilando com os olhos.

O rapaz suspirou e envolveu os braços ao redor de sua vermelha. Não conseguia resistir aquela carinha brava, deixava cada vez mais apaixonado.

— Eu vou contar. – O azulado disse entre risadas. – Vamos sentar no chão, porque a história é longa. – Pegou as mãos da namorada e o casal de sentou no tapete fofinho.

— Tudo bem... por onde devo começar....


Quando dói a ferida embasa o olhar

Deixa o tempo agir, deixa cicatrizar
Então, pode respirar
Pode respirar...

 — Bom... Lembra do dia em que visitamos apartamentos? O Sr. Cranston e eu optamos por te dar espaço para escolher qual era o melhor para você, por isso, nós desaceleramos o passo e ele aproveitou para conversar comigo. Ele quis ouvir o meu lado da história e queria entender como o Zedd continuava vivo, porque até onde ele sabia, tinha sido atingido pela onda Z, anos atrás....

Amelia fixou o olhar para o namorado, prestando atenção em cada palavra.

— O Sr. Cranston também me falou sobre as experiências com vocês, ele disse que eu tenho muita sorte em ter um time incrível e uma ótima líder. – O cientista acariciou o rosto dela antes de continuar. – Conversamos sobre mim, sobre vocês, meu relacionamento com minha mãe, como nós começamos a namorar e como se senti quando voltei nas duas vezes que Lord Zedd me corrompeu. Me deu conselhos valiosos de recomeçar depois desse trauma.

— O Billy nos ajudou bastante a nos reconectar a Rede de Morfagem e lutando com a gente.

— Espera um pouco, por que tem tanta intimidade com o Sr. Cranston, a ponto de chama-lo pelo nome?

— Pelo mesmo motivo que passei de chamar minha sogra pelo nome, desde que comecei a namorar o filho dela! – Amelia o provocou entre risos. - E eu fiquei presa com o BILLY em um planeta desconhecido, dentro de uma nave... tive que dispensar formalidades. Mas continue... como você veio parar aqui?

 – Então... o SR. CRANSTON... me incentivou a continuar na terapia e admirou o trabalho do Dr. Daggeron, além de querer me ajudar nessa nova etapa da minha vida. Contei para cada um da equipe para não gerar suspeitas e eles vão surtar ao ver isso também... – Por baixo do capuz, ranger azul usava uma jaqueta de sua cor que continha bolsos internos, entregando a sua amada um crachá provisório. – O CEO desta empresa falou que está feliz e triste de cortar em definitivo o cordão umbilical com a minha mãe...

— Empresas Cranston...? – Amelia recebeu o objeto do seu namorado, ainda incrédula da conquista dele.

— Começo na segunda, ele está disposto a me ensinar tudo o que sabe... e quer minha ajuda para procurar Zordon.

— Amor... – Ela gritou agudo e cobriu a boca para conter a emoção, o abraçou apertado. – Eu estou tão orgulhosa de você, será um pupilo de Billy Cranston! E conte comigo para ajudar na busca! Mas, como fica o seu trabalho com a Lani?

 – Bom, minha mãe está muito feliz com o novo trampo e sabe que não vou ter muito tempo para ajudar ela, mas... eu prometi que irei visita-la no Japão e claro, vamos nos falar todos os dias. – Ollie sorriu largo - E enquanto você estava totalmente gamada pelo seu apartamento, nós subimos para cá, já que também estava à venda. O Sr. Cranston insistiu em arcar com minha moradia, apesar de eu ter conseguido um bom dinheiro quando vendi a casa em Pine Ridge, ele me pediu para guardar para nosso futuro.

— Espera, nosso futu...

— E vem cá...- Ollie a interrompeu e retirou a lã dos dedos de ambos para manter o coração no lugar e puxou ela pela mão para se aproximar da janela da sala, apontando para uma escola.

— Foi ali que a maioria dos rangers originais estudaram e se formaram no ensino médio. E ao lado, tem um dojô. O Dr. Daggeron falou que será necessário algo para ocupar minha cabeça além do trabalho. Adivinha de quem é?

— É de algum original? – Jones viu o rapaz negar com a cabeça.

— Lily e Theo Martin, os nomes soam familiares para você?

A vermelha pensou um pouco e Ollie puxou o celular, colocando um vídeo das respectivas pessoas morfando para ajudá-la a se lembrar, afinal, foram muitos rangers em 30 anos.

— Fúria da Selva? – Amelia abriu a boca espantada.

— Isso, abriu uma filial da Fúria da Garra na cidade e são eles quem gerenciam. Vou fazer minha matricula quando sair do trabalho. Pretendo deixar meu corpo e alma mais fortes, para que ninguém mais me corrompa. Quero sempre ajudar a minha equipe, tanto em estratégias, tanto em batalhas e.… te proteger.

— Ollie... estou tão feliz por lutar por suas conquistas. Já imagino você participando de uma competição, serei a primeira da arquibancada para torcer por você. – Amelia acariciou o rosto de Akana e selou os lábios dele. – E eu não quero que você me proteja, prefiro que você me dê cobertura. – Passou a beijar o rosto de seu par. – Ah! E o que você quis dizer com nosso futuro?

— Amelia, eu não vim para cá só para recomeçar a minha vida. – Ollie entrelaçou suas mãos com as dela. – Todos os dias, eu imagino como veria você acordando, fazer as compras do mês, fazer a faxina de casa juntos, consertando a banheira e até colocando suas calcinhas para secar....

— Ollie!!!  - Em resposta, Amelia deu um soco mais forte no braço dele, entre risadas.

— Mas eu sei de nossos temperamentos, fiquei receoso de morar no seu apê sem pensar e não dar certo. Então, ser seu vizinho de cima seria uma ótima ideia para começar a conhecer nossas rotinas e saber o que precisa ser melhorado antes de morar juntos, de fato. E o dinheiro que consegui pela casa pode ser guardado para construir um futuro juntos.

— Já que receberemos um salário melhor, podemos guardar alguma quantia todo mês. - Amelia respondeu sorrindo em resposta, roubou mais um selinho e ficaram abraçados, olhando para o céu estrelado. - Depois de viajarmos pelo espaço, olhar para as estrelas deste ângulo ficou muito sem graça.

— Bom, estou acostumado a olhar para uma certa estrela de um outro ângulo. – Ollie olhou fixamente para sua amada, na qual ficou derretida ao ouvi-lo falar. – Nunca vou parar de te agradecer por não desistir de nós. E estou disposto para que o longo e feliz relacionamento tenha muitos e muitos anos pela frente... até ficarmos velhinhos.

— Eu estou tão orgulhosa do homem em que está se tornando...

— Estou fazendo tudo o que for ao meu alcance para ter a mulher da minha vida comigo... E isso é apenas o começo.

— Eu te amo, Oliver Akana.

— Eu te amo, Amelia Jones.

Por fim, Ollie pegou a cintura da Amelia com firmeza e sentiu as mãos dela em ambos os ombros. O casal selou os lábios, simbolizando o início de um novo ciclo em suas vidas.

FIM.


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Notas finais do capítulo

Demorei um pouco mais para fazer esta história, mas me sinto orgulhosa de ter completado e foi um ótimo retorno. Em breve, terá outras histórias!
Até mais!