Coletânea Seddie escrita por JP


Capítulo 2
Short Two - Doutora Puckett


Notas iniciais do capítulo

Oie, voltei com mais uma ideia de one. Escrevi rapidinho e no emabalo já fiz a capa também haha Espero que gostem ;)


Sinopse: Sam é uma ortopedista dedicada e bem desejada por seus colegas de trabalho em um hospital particular de Seattle. Todos querem ficar com ela, embora ela mesma esteja fechada para a paixão. Mas será que um paciente especial mudará esse status?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/810505/chapter/2

PDV Sam

Estava tentando ter um momento de descanso no divã dos doutores antes de ir emendar outro atendimento. Quando, de repente, passo a ser importunada pelo doutor James, um dentista chatão do andar de baixo.

Era duro ser a “última solteirona” do plantão. Basicamente todos os outros solteirões (e casados também) vinham tentar arranjar uma brecha comigo, mas eu, particularmente, ignorava todos. Seus jeitos de paquerar eram nojentos e inapropriados para o ambiente em que estávamos. Eu devia denunciar todos eles e ganhar uma boa bolada.

 - Doutora Puckett, o seu paciente lhe aguarda na sala 8. - minha colega de plantão me deu uma prancheta. Ufa, salva pelo gongo!

 - Okay, doutora Shay. - levantei-me apressada da poltrona, recebendo a prancheta e deixando o James falar sozinho. - Já estou indo pra lá bater o meu ponto.

Fui em direção da sala 8.

 - O quê? Você aqui de novo? É a terceira vez só nesse mês. - fiquei boquiaberta, largando a prancheta em cima da minha mesinha. Nem sequer precisei ler o nome daquele paciente. Já sabia a sua ficha de cór!

Seu nome era Freddie Benson - moreno e branquelo - tinha 25 anos, era natural de Seattle, sangue O-, solteiro e sem filhos.

 Freddie havia fraturado a perna direita no dia 01; deslocado o dedinho mindinho da mão esquerda em plena sexta-feira 13 (vai saber como ele teve essa proeza) e, agora, dia 28, se queixava de ter “quebrado” o braço direito após cair no banho.

O moreno nada disse, apenas arqueou os ombros.

 - Próxima semana vai fazer o quê? Quebrar o pescoço?

 - Assim eu morro, doutora.

Rimos.

— Cara, das duas uma… - mantive um sorrisinho no canto da boca enquanto lhe examinava com total atenção. - Ou você é uma “jaca-mole-azarada” ou você está ‘se quebrando’ todo de propósito para vir me ver.

 - Nossa, que romântico - ele, irônico, fez uma careta, sentindo uma dor tremenda quando toquei em seu braço machucado. - Au, au! Tá doendo muito!

 - Calma, vai ficar bem. - não quis pressionar mais o seu braço machucado, por mais que eu sentisse prazer em casos como esse. Deixei-o de lado e fui fazer anotações na prancheta: - Vou precisar que você faça um raio x.

 - E lá vamos nós novamente - ele revirou os olhos, sabendo muito bem da triagem naquele hospital.

 - Faça o raio x e volte aqui quando tiver as imagens para eu avaliar. - coloquei a folha da minha prancheta em cima de seu peito, que, por estar todo fraturado, não tinha como segurar nada. - Continue tomando as medicações e… hm… É isso. Alguma dúvida?

 - Além dos remédios, o que a senhora me recomendaria?

 - Um bom banho de sal grosso - saiu involuntariamente da minha boca, fazendo ele dar uma risada estrondosa. - E se eu fosse você, tomaria banho numa banheira, para não correr o risco de se fraturar novamente.

Confesso, também me diverti com esse breve momento de descontração. Este paciente havia feito o meu dia - desde a nossa primeira interação, havíamos dado boas risadas das suas situações trágicas.

 - Ai, você é muito engraçada, doutora Puckett. - riu que lacrimejou.

 - Sou? - fiz uma expressão de estranhamento. Eu não me considerava uma pessoa “engraçada”.

Eu, particularmente, tendia a atender os meus pacientes com a cara fechada e puro profissionalismo, uma vez que a minha rotina naquele hospital era tremendamente caótica.

 - Sim, tem ótimas sacadas de humor negro. Gosto disso.

 - Ah… - fiquei levemente constrangida. Ele havia me desarmado completamente com aquele “elogio” estranho. - Obrigada, eu acho. - ri.

Fiquei em silêncio, com uma cara de paisagem, enquanto ele continuava ali, totalmente imóvel.

 - Ei - ele quebrou o silêncio entre nós. - Seria estranho se… - limpou a garganta. - Se você aceitasse sair comigo?

Arqueei as sobrancelhas. Eu estava exercendo a minha profissão e o paciente, do nada, me convida pra sair? O que faço? Recuso?

 - Hmm… É… - não sabia o que responder. Por um lado queria sim conhecer mais sobre esse tal Benson, mas no fundo, bem no fundo mesmo, me sentia estranha por, passageiramente, me sentir atraída por um “jaca-mole” daquele. Mesmo todo quebrado, o cara continuava exalando uma vibração de galã de novela.

 - Tudo bem se não quiser, eu não vou chorar. Eu prometo. - ele zoou.

 - Rum - ri, me deixando levar. - Tá bem. Podemos sair. Mas só depois que você fizer esse raio x, beleza? - chequei o horário no meu pulso. Ainda era 16h20 da tarde. - Hoje largo às 2 da manhã.

 - 2 da manhã? - ele ficou chocado. Minha rotina era puxada, mal dava para descansar. - Onde vou levar uma doutora gata às 2 da manhã? Vamos, Freddie, pense.

 - Você pode me levar pra uma cafeteria aqui do lado. - cruzei os braços. - Se bem que… do jeito que está, já tô vendo que vai ser eu que vou te levar, né? E na cadeira de rodas ainda mais. Afinal, como você chegou até aqui?

 - Longa história, doutora. Te conto no nosso encontro. - mordeu levemente os lábios, me deixando ansiosa para mais tarde.

 - Ok, vou cobrar.

 

[ *** ]

Restava pouco menos de 15 minutos para eu largar e ir ter o meu encontro com um paciente. Aproveitei esse tempinho para ir me aprontar no divã dos doutores. Apliquei bastante maquiagem para esconder a carinha de cansada.

 - Uau, tá bonitona, doutora. - elogiou a Carly. Sorri em sinal de agradecimento. - Isso tudo para o doutor James? Vi o clima entre vocês mais cedo.

 - Argh, não. Credo. - neguei até a morte. - Não é ninguém do prédio. Os homens daqui me dão nojo.

 - Ai, imagino. Se você colocar a boca no trombone, esse hospital vai à falência por insuficiência de profissionais. - ela suspirou. - Tive a sorte de me casar com o único doutor que presta, o Fabian.

Calei-me diante daquela falácia. Pobre Carly. Ela nem imaginava que o seu maridinho santinho também havia se insinuado para cima de mim quando ela estava de folga.

 - Mas se não é ninguém do prédio, então me fala! Quem é essa alma santificadas?! - ela ficou curiosa.

 - Vou sair com o paciente das 16h. - contei, eufórica.

 - Mentira que vai sair com aquele “boneco-de-Lego”! - era assim que ela o apelidou?

 - Prefiro chamá-lo de “jaca-mole”, acho mais fofo. - peguei minha maleta pessoal e me direcionei para dentro do elevador. - Bom, vou indo! Estou em cima da hora. Bom trabalho, Shay!

 - Bom encontro, Puckett!

As portas do elevador se fecharam. Aproveitei para dar os últimos retoques na maquiagem, enquanto me olhava no reflexo do espelho. Fora do trabalho o meu estilo eram roupas leves e avermelhadas. Nada de branco.

O elevador em que eu estava fez uma parada breve no andar 66. Revirei os olhos, sabendo que teria que dividir o espaço com alguém.

 - Olá, doutora Puckett. Está descendo? - quis saber um doutor-cirurgião loiro, seu nome era Adam. Fiz que sim com a cabeça e ele adentrou no elevador. Éramos somente nós dois ali naquele cubículo transitório. - Hm, adoro o seu perfume.

O infeliz veio se aproximando e eu me afastando cada vez mais. Senti minhas costas escorarem a parede do elevador e lhe dei um basta ali mesmo:

 - Se você ousar tocar em mim, eu juro que quebro a sua tíbia de uma forma que não haverá doutor de plantão para te socorrer. - rosnei com o dedo apontado na fuça dele.

 - Ui, tá nervosinha?

Finalmente chegamos no térreo. Saí do elevador mostrando o meu dedo do meio para aquele ser imundo. Não deixei que isso comprometesse o meu encontro com o Freddie.

Fui para a cafeteria 24h - colada com o Hospital - na esperança de que o Benson realmente estivesse por lá. Cometi o erro de não pegar o seu telefone para confirmar o encontro, mas, para a sorte do destino, ele compareceu de fato. 

O vi assim que adentrei no estabelecimento. O coitado, todo engessado, mas bem arrumadinho, havia pego uma mesa nos fundos. Ele reparou quando entrei e acenou para mim com a cabeça. Fui me aproximando. A cada passo que dava, sentia uma vontade incontrolável de testar o seu beijo. Fazia um bom tempo que eu não ia para encontros, então estava meio enferrujada (não fazia ideia do que falar e como agir).

— Oi. - falei meio tímida, dando-lhe um breve abraço de lado. Ele mal conseguia se movimentar e/ou se levantar da cadeira, então, como sua médica, não quis que ele se esforçasse mais.

— Oi. - ele disse, sorridente. - Sinto muito. Em outras condições, eu me levantaria para puxar a sua cadeira. Garanto que sou um cavalheiro.

— Ah é? - sorri, puxando a minha própria cadeira. Ficamos um de frente para o outro. - Já pediu alguma coisa?

— Não, estava esperando você chegar.

— Ótimo, vou querer um café duplo com bastante chantilly.

— Vou querer o mesmo que você.

— Hm, acho que você não vai poder tomar café, não. - mantive uma postura rígida. 

— Como é? - ele arregalou os olhos. 

— Tô brincando, bobinho. - ri. Ele entrou na onda. - Você precisava ver a tua cara de assustado.

Fizemos os nossos pedidos. Enquanto não ficava pronto, aproveitei para saber mais sobre aquele meu paciente e ele, de mim. Descobri que ele morava próximo do hospital e que trabalhava com tecnologia.

O motivo para ele tá sempre 'se quebrando' era por conta de uma 'praga' que a sua amada mamãe lhe jogou quando ele decidiu sair de casa. Segundo a mãe dele, o Freddie não iria conseguir se manter de pé - literalmente - sem os cuidados especiais dela.

— Nossa, que história mais absurda! - gargalhei alto.

— Tô falando sério! Você precisava ver a forma como ela rogou contra mim. - ele tentou me convencer a todo custo. - Mas ela vai ver só. Sinto que esse feitiço pode acabar agora.

— O que te faz acreditar isso?

Ele arqueou os ombros e me explicou de um jeito ingênuo:

— Sei lá. Vai que eu namorando uma ortopedista, os meus ossos param de fraquejar. Já é um bom começo.

— Ah, você é muito bobão mesmo. - ri, encantando-me mais e mais por aquele palhaço.

Ficamos em silêncio logo após essa sua 'provocação de namoro'. Senti-me envergonhada quando ele me encarou. Demonstrava uma feição de paixão.

Nossos cafés chegaram. Nervosa, peguei de imediato a minha xícara, dando uma golada daquele líquido morno e espumado. Os resquícios da espuma de chantilly cobriram a parte de cima do meu lábio. Usei a própria língua para me limpar.

O Benson riu, me apreciando tomar café. Aposto que ele achou sexy a maneira como ousei tirei o chantilly.

— Me dá uma ajudinha aqui, por favor. - ele pediu para que eu o auxiliasse a tomar café.

— Claro. - levei minha cadeira para mais próximo dele. Peguei sua xícara e levei até a sua boca. O moreno deu leves goladas na bebida, mas sem tirar os olhos de mim. Fui bem jeitosa, afastando a xícara de seus lábios no momento certo.

Ali o tempo parou. Ficamos nos encarando por uns segundos, um olhado para a boca do outro e esperando alguém tomar uma ação. Larguei sua xícara na mesa, para, agora, tocar em seu maxilar, intencionando um beijo caloroso entre nós. Ele beijava bem para alguém sem poder 'mostrar a sua pegada'. Todas as minhas inseguranças caíram por terra quando o moreno movimentou a língua com profundidade, chupando a minha com vontade. Minha alma saltou e voltou ao tempo presente quando cessamos aquele longo beijo com gostinho de café fresco.

Ele continuou lambuzando os próprios lábios, em sinal de quem aprovou o meu beijo.

— E aí, na minha casa ou na sua?

— Na sua. - voltei a beija-lo.

Saímos da cafeteira e fomos para os aposentos do Benson. Começamos a namorar após uma semana do encontro. Os assédios no Hospital diminuíram mais depois que ameacei denunciar os doutores-urubus e depois que mencionei que o meu namorado era um hacker foderoso, capaz de expor toda a sujeirada deles.

E, sim, o feitiço da mamãe do Benson se quebrou após começarmos o namoro. Nenhum osso se rompeu desde então.

[ FIM ] 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Curtiram? Caramba, fiquei surpreso com a notícia que o remake foi cancelado essa semana. Que barra :/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Coletânea Seddie" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.