Por um minuto pisquei e quando abri os olhos estava em uma sala vazia, com paredes brancas, em que o chão refletia o teto, ao meu lado estava uma figura conhecida.

—“Mãe?” – olhei-a com curiosidade, ela estava bem ali na minha frente, do jeito que eu me lembrava. A fisionomia, o perfume, os olhos...

—"Sim, Saki?” – Ela dizia de forma doce, com a voz que por pouco os anos não apagaram da minha memória.

—"Onde nós estamos?”

—"Em todo lugar e em lugar nenhum, mas não ficaremos aqui muito tempo.”

—"Ah mãe!” – Eu comecei a chorar como um bebê e à abracei com toda a força que eu tinha – “Eu senti tanto a sua falta, eu te amo tanto. Por favor não me deixa de novo...”

—“ Você sofreu muito, meu amor... mas também cresceu. Me desculpe pelo vazio que deixei na nossa casa, eu nunca imaginei que você e se pai se fechariam um para o outro ao invés de se unirem, perdoe ele e todo o sofrimento que causei à vocês dois.” – Ela me olhava com carinho, enquanto me deitava em seu colo, aquele colo macio que achei que nunca mais fosse sentir

—"Por favor mãe, me leva com você. Eu não aguento mais o peso da minha vida. Até quando tentei recomeçar fracassei de novo, eu não tenho mais utilidade pra nenhum destes mundos e tudo só dá errado... eu te perdoo se me levar com você!” – eu resmungava entre soluços e me encolhia mais e mais para chorar. Apertava com força os joelhos da minha mãe com medo de que eles desaparecessem .

—" Você virá comigo, Saki...” – ela me deitou delicadamente no chão, e apertou a minha mão, sorri. – “Mas não hoje. Agarre-se a vida, não importa em que mundo você esteja, eu sempre estarei contigo. Você tem um coração forte que não se rende ao fracasso, então levante e tente de novo. Eu te darei forças!”

Ela sorriu de forma tão doce que fui contagiada. Era verdade, eu não queria morrer, só queria parar de ser um fardo para todos com minhas tentativas falhas de ser melhor. Mas agora eu não vou falhar, e caso falhe tentarei de novo e de novo. Apertei com força sua mão e suspirei profundamente enquanto fechava meus olhos, em paz comigo mesma.

Quando abri meus olhos novamente ali estavam Kakashi e Sakura, desesperados dando tudo de si para não me perderem, Kakashi deslizava a mão sobre a minha palma, trêmulo, eu ainda sentia o calor das mãos da minha mãe, e com todas as forças que eu tinha apertei sua mão. ‘Eu estou viva!’ Quis gritar, como as palavras não me saíam, tornei aquele aperto o mais firme que pude, deixando-o surpreso.

—“Sensei! Acho que consegui!” – ouvi Sakura dizer. Que bom, eu estava à salvo agora, minha jornada de ninjas gatinhos não acabou ainda. Relaxei meu corpo e me permiti desmaiar.