Uma Segunda e Verdadeira Chance a Nós escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 12
Capítulo 12




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—Escuta, Aziraphale, você precisa confiar em mim, está bem? - ele recomendou, procurando manter a calma - você disse que eu precisava fazer alguma coisa, então aqui lá vai.

—Espera, você vai fazer o parto? - ela ficou alarmada, mas entendendo que era a única alternativa.

—Eu sei que não é ideal, mas é o que temos - Crowley concluiu - vai ter que se contentar comigo.

—Eu confio em você, meu amor - ela suspirou e foi tudo que ele precisava de incentivo.

Suas memórias de milênios o levaram a momentos inusitados em que teve que presenciar o nascimento de crianças e ver em primeira mão o trabalho das parteiras. Crowley se lembrou de que a primeira coisa que tinha que checar era o estágio em que o bebê estava. Confirmando que em breve estava na hora de puxar a criança para fora do útero, já que Crowley viu a cabecinha despontando, Aziraphale deu mais um grito logo em seguida.

—Você está bem? - ele teve que parar o que estava fazendo e perguntar.

—Foi só um relance de dor - ela arfou, sentindo o bebê se movimentar e pressão nos quadris - eu não entendo como posso sentir dor, mas acho que anestesias também não iriam adiantar nada.

—Sem mais teorias agora, não é hora pra isso - ele repreendeu gentilmente - olha, ele está quase aqui, você só precisa fazer força para empurrar, está bem? Se precisar, pode apertar minha mão.

—Isso deve doer ainda mais, e apertar sua mão só vai ocupar uma mão que deveria estar livre, eu... - sua fala rápida foi interrompida por outra pontada de dor - empurrar, entendi...

Aziraphale assentiu, decidindo ser corajosa e prosseguir com o que tinha que fazer. Passaria pelo que fosse, contanto que fosse pelo bem de seu filho. Ela suspirou fundo e então fez força, o suficiente para empurrar metade do corpo do bebê para fora. Crowley foi rápido em concluir seu trabalho, puxando o bebê para fora. Uma menina chorou e esperneou em seus braços, enchendo seu peito de orgulho enquanto a observava.

—Olha só pra você, oi, garota... - o pai dela a cumprimentou, tão maravilhado que por um breve momento se esqueceu de terminar o trabalho - você precisa segurá-la por um instante, anjo.

—É o que eu mais quero - sua esposa declarou, chorando de emoção.

Sua filha foi entregue em seus braços, enquanto o cordão umbilical foi cortado rapidamente. Não havia sangue ao redor deles, apenas fluídos viscosos, brilhantes e amarelados. Crowley fez seu melhor para limpá-los, utilizando os suprimentos da bolsa da maternidade.

—Uma menina, Crowley, uma menininha linda! - disse Aziraphale ainda impressionada - olá minha querida, me desculpe pela falta de aposentos melhores, mas foi você quem se adiantou.

—Ser inconveniente, talvez tenha puxado a mim - Crowley comentou - então, essa mocinha precisa de um nome, tem algo em mente?

—Na verdade, eu tenho sim - disse a mãe em questão - Lizzie, como em Elizabeth.

—Elizabeth Bennet, você quer dizer? - ele sorriu de lado ao entender a referência - muito bem, que seja Lizzie Crowley então, acho que combina com ela.

—Outra coisa que combinaria seria um bom banho, pra nós duas - declarou Aziraphale, naturalmente cansada.

—Ou uma visita direta ao Dr. Jones, ele precisa checar suas duas pacientes - Crowley decidiu que essa era a prioridade do momento.

Sua esposa assentiu, concordando, enquanto se recompunha de tudo e tentava limpar Lizzie da melhor maneira que podia no momento.

O susto da recepcionista foi um tanto grande ao deduzir rapidamente o que tinha acontecido, devido ao estado do bebê nos braços da sra. Crowley.

—Vocês estão bem? - ela perguntou imediatamente, tamanha era sua preocupação e surpresa - eu vou ver se o doutor pode vê-las agora mesmo.

—Nós estamos bem, é só que a Lizzie decidiu se adiantar, mas está tudo certo, acredito que só precisamos de um check up de rotina - Aziraphale respondeu calmamente, esperando que fosse o suficiente para diminuir o estado alarmado da recepcionista.

Ela assentiu e fez o que prometeu, indo até o Dr. Jones, que apareceu ali imediatamente.

—Família Crowley, é bom ver vocês, só queria que fosse em circunstâncias mais calmas - ele sorriu de forma um tanto sem graça, mas sem perder a gentileza e boa vontade de sempre - venham, por favor, vamos checar vocês duas.

Com o auxílio de uma enfermeira, a pequena Lizzie tomou um banho apropriado e só então foi entregue às mãos competentes do Dr. Jones. Ela a examinou de forma cuidadosa e diligente, comprovando que estava tudo bem e ela era uma garotinha saudável.  A seguir, foi a vez de sua mãe ser examinada, com a conclusão de que elas estavam bem, receberam a alta do doutor.

—Obrigado por tudo que fez por elas - Crowley fez questão de declarar antes que fosse embora.

—Bom, é sempre um prazer, mas creio que o senhor foi o herói aqui, sr. Crowley - o médico até chegou a tocar o ombro dele afetuosamente - fazer um parto sozinho, sem treinamento apropriado, creio eu, e sem entrar em pânico, requer muita coragem.

—Eu fiz o que era preciso, apenas isso - Crowley voltou à sua postura não muito preocupada, mas lá no fundo, orgulhoso por ter ganhado tal elogio.

—Nos vemos na próxima consulta, Dr. Jones - Aziraphale se despediu alegremente, com Lizzie nos braços, apenas olhando ao seu redor sem mais nada para se preocupar.

No fim das contas, uma verdade invadiu Crowley, colocar-se numa posição inusitada, mas necessária, pelo bem de sua família, era uma das coisas que definia o que paternidade era. A partir daí, ele acreditava que tinha ao menos entendido pela metade o que era ser pai.


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