Honey, Honey escrita por Lura


Capítulo 5
Nem tudo no Devido Lugar




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Depois que seu namoro com Natsu se tornou real, Lucy não achava que enfrentaria outra reviravolta tão cedo.

Certo, ela havia estranhado o fato de o mago, tão sem iniciativa no sentido romântico, simplesmente ter avançado contra ela, em determinada noite, mesmo que ele viesse pedindo que fizessem um bebê ultimamente. Também havia estranhado o fato de ela ter sido tão receptiva, embora também almejasse por aquele tipo de contato há algum tempo.

Automaticamente, ela tentou culpar o álcool, apenas para lembrar que nenhum dos dois tinha bebido muito naquela noite.

Haviam bebido algo diferente, no entanto.

Claro, ela não pensou em ir reclamar com Lisanna, já que o novo drink da albina poderia ser o responsável pela mudança bem vinda na dinâmica de seu relacionamento com o dragon slayer. Principalmente porque, ao fazer isso, teria que revelar em que pé o relacionamento deles realmente se encontrava, e isso não era algo que ela queria compartilhar com a guilda ainda.

Ela podia muito bem curtir isso por um tempo, antes que todos fizessem um estardalhaço a respeito, humilhando-a publicamente. Natsu também não comentou nada a respeito com os amigos. Para o mago do fogo, Lucy e ele continuavam namorando, como já estavam antes, informação que já era conhecida. 

Feliz, a maga estelar continuou desfrutando seus dias de descoberta com o dragon slayer, com mais calma dessa vez (embora ele dormisse em sua cama todas as noites, satisfeita por tudo finalmente estar onde deveria.

Isto é, até que ela descobriu que, nem tudo.

Afinal, tinha certeza que aquele bebê definitivamente não deveria estar em sua barriga, já que, ainda que a noite que havia passado com Natsu tivesse sido um “acidente”, ela havia agido cautelosamente e ido até a farmácia comprar o necessário para garantir que uma gravidez não acontecesse. 

Em retrocesso, ela deveria ter desconfiado, quando passou a compartilhar com Natsu o mal estar em meios de transporte. Se não fosse sinal suficiente, o fato de seu apetite ter aumentado de maneira voraz, sempre que não estava enjoada, seria o indicador.

Mas não, se não fosse pelas habilidades que vinham junto com a magia dragon slayer de Natsu, ela provavelmente não teria descoberto em semanas. Possivelmente, meses.

Naquela mesma manhã, a loira se lembrava de ser despertada, tanto pelo barulho da conversa que acontecia ao seu redor, quanto pelo peso estranho em sua barriga.

— Tem alguma coisa errada, Natsu? Por que você está com a orelha colada na barriga da Lucy? 

A pergunta incomum, feita por Happy, finalmente acordou a loira o suficiente para que ela percebesse que, de fato, o dragon slayer estava com a cabeça sobre seu abdômen.

— Natsu? — sem se levantar, chamou com estranhamento.

— Lucy! — ao ver que ela tinha despertado, o mago exclamou, erguendo o tronco para encará-la com extrema empolgação. 

— O que está acontecendo? — indagou a loira, olhando de um para o outro.

— Você disse que não tinha engravidado, mas tem um bebê aqui dentro! — de supetão, anunciou o mago do fogo, colocando as mãos na barriga da loira.

— O QUÊ?????? — Lucy e Happy gritaram em uníssono. A loira não fazia ideia da expressão que havia feito, mas podia dizer que a surpresa do exceed — olhos arregalados e pelos arrepiados — refletia muito bem sua própria emoção.

— Um bebê — repetiu o mago, interpretando erroneamente a surpresa como dúvida.

— Natsu, esse tipo de brincadeira não tem graça — a maga estelar alertou, em negação. Afinal, aquilo não podia estar acontecendo. Ela havia tomado providências para evitar.

— Eu não estou brincando! — o dragon slayer defendeu-se, com seriedade. — Eu consigo ouvir os batimentos cardíacos dela, mesmo daqui — contou, abrindo seu enorme sorriso de assinatura, que exibia todos os dentes.

— D-dela? — a maga gaguejou. 

— Só pode ser a Nasha, não?  — deduziu, mal percebendo que a loira estava prestes a desmaiar.

— Quando você colocou esse bebê aí dentro, Natsu? — Happy parecia muito menos chocado que Lucy esperava, já que havia assimilado com facilidade o fato de ele ser o pai daquela criança.

— Pouco mais de um mês atrás? — conjecturou, olhando para Lucy em busca de confirmação.

No entanto, a única coisa que ela conseguiu fazer foi ceder à fraqueza e cair de volta contra o colchão, sem forças para fazer nada além de encarar o teto enquanto afundava na espiral de confusão que eram seus pensamentos.

— Lucy! — Natsu chamou assustado, arrastando-se para ficar ao lado dela.

— Calma, Natsu! Levy dizia que é comum as mulheres grávidas se sentirem mal — Happy tentou acalmá-lo.

Claro, não funcionou.

A próxima coisa que a loira assimilou, e que Natsu a carregava pela rua que ladeava o rio, na intenção de chegar na cabana de Porlyusica. O ânimo voltou à ela o suficiente para que pudesse fazer o caminho com as próprias pernas e invocar o star dress de aquário, que era melhor do que a opção de completar o percurso em seus pijamas.

Ademais, a visita iminente a animou um pouco. Talvez aquilo fosse um engano, certo? Quem melhor que Porlyusica para esclarecê-lo? Ela estava quase ansiosa pelo momento, mesmo sabendo que teriam que enfrentar a aversão da curandeira por humanos, antes que o alcançasse. 

Infelizmente, ele não veio, e Lucy viu-se sentar em atordoamento no primeiro assento disponível, após a velha confirmar sua gravidez, em total contraste com Natsu, que se regozijava com Happy.

— Parabéns! — não parecia uma felicitação, e sim um comentário mal humorado da curandeira, que sequer parecia abalada com a estranheza do fato de Natsu, dentre todas as pessoas, tornar-se pai. 

— E-eu achei que Natsu pudesse ter cometido  um engano… — comentou a loira, ainda em negação. 

— Dragon slayers podem ouvir uma conversa cochichada a quilômetros. Dificilmente errariam algo assim — Porlyusica explicou. — Você deveria comunicar ao Makarov, se pretende continuar realizando missões durante a gestação — orientou. 

— Tudo culpa da Lisanna e sua malditas bebidas! — sobrecarregada, a loira esbravejou, achando a quem culpar. 

Agora sim, ela havia chegado no ponto em que desejava questionar os efeitos daquela maldita mistura. Afinal, todos saberiam da gravidez eventualmente, de qualquer maneira.

Claro, no fundo, ela sabia que estava sendo injusta, já que Lisanna não estava no quarto quando Natsu e ela… Bem…

De qualquer maneira, ela conseguiu ignorar com sucesso a constatação de que não haviam outros responsáveis, para continuar com a tentativa fracassada de diminuir a própria responsabilidade.

— O que você quer dizer com isso? — a velha perguntou, alarmada. 

Se Lucy tivesse condições de sentir outra coisa que não fosse desespero, teria estranhado o interesse da curandeira na  bebida criada por Lisanna. Contudo, ela não tinha, então não prestou realmente atenção nas próprias palavras enquanto contava a história para a velha, sobretudo porque seu maior desejo, era retornar para casa e afundar em sua miséria no conforto e na privacidade do seu lar.

E foi exatamente o que aconteceu, quando retornaram para a casa laranja, em frente ao rio, sua reação negativa afetando o ânimo do dragon slayer e de Happy que se tornaram cautelosos ao seu redor.

— Eu tive uma ideia! Você tenta conversar com ela até eu voltar. — A maga estelar pôde ouvir o gatinho azul sussurrar para o parceiro, mas não esboçou reação ao anúncio, ou à saída ligeira dele pela janela.

— Lucy — Natsu chamou, aproximando-se da cama, onde ela havia se jogado assim que retornaram ao apartamento e permanecia desde então. — Eu… Não deveria estar feliz com o bebê? — indagou, incerto, sentando-se no espaço vago no colchão e colocando as mãos sobre a barriga dela.

Os olhos castanhos da loira pestanejaram.

— Eu acredito que deveria… — respondeu, meio atordoada. — Na verdade, seria muito pior se você não desejasse essa criança — constatou, enquanto se sentava, percebendo que Natsu rodeou-lhe a cintura com o braço, para poder continuar com a mão sobre sua barriga.

— Como não a desejaria? Eu venho pedindo por ela há meses! — O lembrete fez com que Lucy risse um pouco.

— Verdade — concordou. — Eu só… Não estava preparada para isso? — A frase iniciou em uma explicação, mas terminou em timbre duvidoso. 

Sob o olhar paciente de Natsu, Lucy suspirou, antes de continuar:

— Eu sei que você já ama essa criança e fará de tudo para protegê-la. Também sei que toda a Fairy Tail vai adorá-la como família. Mas quando eu penso no tamanho dessa responsabilidade… — tentou expressar, a voz falhando. — Ela está crescendo dentro de mim, mas uma hora ela vai ter que sair. E então eu vou ter que ser mãe dela — alegou. — Vou ter que cuidar, proteger e conciliar essas responsabilidades com o trabalho  para pagar o aluguel e sustentá-la  — desatou a falar, o pânico pontuando cada palavra. — Vou ter que consolá-la quando estiver triste e abraçá-la quando estiver com medo, mas não sei como vou conseguir fazer tudo isso quando, honestamente, eu estou completamente apavorada! E esse sentimento parece que nunca vai passar!!! — Nesse ponto, a maga estelar já estava completamente histérica e caiu no choro.

De pronto, Natsu retirou o braço que a rodeava na cintura e passou a esfregar as costas da loira, enquanto ela pranteava.

Lucy não sabia ao certo quanto tempo permaneceu daquela maneira, soluçando, o rosto escondido em ambas as mãos, enquanto Natsu alisava suas costas. Mas ela se sentiu grata pelo parceiro não a ter interrompido pois, depois de um tempo, seu choro decaiu gradualmente e, junto disso, sua mente pareceu clarear.

— Sente-se melhor? — ainda acariciando-a, o dragon slayer perguntou.

— Sim — respondeu, simplesmente. 

— Você se lembra do que Gildarts me disse durante o Exame de Graduação de Classe S, lá na Ilha Tenrou? — indagou, chamando a atenção da maga, que crispou o semblante em confusão. — “Não tema o medo. Apenas ele poderá lhe apontar suas fraquezas” começou.

— “E, ao conhecê-las, se tornará mais forte e mais bondoso.” — Lucy completou, lembrando-se de quando o mago do fogo repetiu aquelas mesmas palavras durante a batalha contra Hades.

— Não é exatamente isso que está acontecendo? Realmente, é assustador pensar em alguém que vai depender quase que inteiramente de nós, mas por saber que vou enfrentar isso com você, me sinto mais corajoso.

— Natsu… — ela tentou retomar a palavra, mas o mago do fogo prosseguiu: 

— Lucy, nesse mesmo dia da batalha contra Hades, você quase se jogou em um buraco me segurar e impedir que eu caísse. Quando foi contra a Oracion Seis, você despencou de uma cachoeira comigo para me proteger — lembrou. — Você abriu mão da chave da Aquarius para salvar a guilda inteira. Você reescreveu o livro de E.N.D. para que eu pudesse continuar vivendo, mesmo sabendo que poderia perder a própria vida no processo. Você também me abraçou quando eu estava fora de controle por ter ingerido as chamas de Ignea, e mesmo queimando seu corpo todo, não me largou até que eu me acalmasse — continuou enumerando. — Isso foi só o que eu consegui lembrar agora. Mas o que eu quero dizer é que quando se trata das pessoas que você ama, você é completamente insana — argumentou. — Depois de tudo o que você fez por mim, eu não consigo imaginar que você seria qualquer outra coisa além de feroz em proteger essa criança — concluiu, com determinação.

Os olhos castanhos da maga celestial, ainda marejados, estavam levemente arregalados, ao ouvir a reflexão do mago do fogo.

Involuntariamente, não pôde deixar de sorrir, apesar de todo o desespero que a acometia antes. Surpresa, até mesmo percebeu que o alívio preenchia seu interior.

— Eu não quero ser chamada de insana justamente por você — brincou, enquanto secava os olhos com as mãos.

Natsu, no entanto, permaneceu sério.

— Estou falando sério, Lucy — enfatizou. — Eu sei que Levy tem os gêmeos e a Bisca tem a Azuka, mas se não fosse por isso, se me perguntassem que mulher da guilda leva mais jeito para a maternidade, eu diria que é você sem nem pensar — afirmou. — Você apenas acolhe apaixonadamente. Veja os seus espíritos, por exemplo — lembrou. — E suponho que o fato de você ser a mais normal de todas também conte — acrescentou, só então abrindo seu enorme sorriso de assinatura, arrancando até mesmo uma leve gargalhada da outra.

— Depois de tudo isso, estou quase convencida que posso fazer isso — comentou, movendo-se para que pudesse apoiar a cabeça sobre o ombro do parceiro.

— Hei, esse bebê também é meu! — Natsu lembrou, fazendo beicinho.

Novamente, a loira emitiu uma risada, cansada.

— Podemos fazer isso — corrigiu-se.

— Podemos — o dragon slayer afirmou, convicto. —  E Lucy? — chamou, recebendo apenas um murmúrio de dúvida em resposta. — Eu realmente estou muito feliz com o bebê. 

Sentindo a insegurança abandonar seu interior gradualmente, Lucy passou ambos os braços pelo tronco do dragon slayer, enquanto ele lhe contornava o ombro com o braço direito.

— Oh, você está melhor, Lucy? — Happy indagou, tão logo adentrou o apartamento pela janela. — Que bom! — comemorou.

— O que é isso? — Natsu perguntou, enquanto farejava, curioso com o pacote que o exceed tinha em mãos.

— Não é para você! — Happy avisou, o timbre levemente ríspido. — É para Lucy e o bebê — explicou, colocando o pacote sobre o colo da maga.

— O que é? — desvencilhando-se de Natsu, a loira indagou, enquanto abria a pequena sacola de papelão. 

— Eu sei que o que você mais gosta de comer é iogurte, então peguei alguns com aquele senhor da feira que você costuma comprar — respondeu. — Pensei que poderia te alegrar — acrescentou, para em seguida arregalar os olhos em pânico. —  Ah não, Natsu, ela está chorando! — gritou.

— O que você fez, Happy? — indagou o dragon slayer, confuso com a nova onda de choro.

Afobada, a loira passou a abanar os olhos, tentando evitar que as lágrimas continuassem a cair.  Afinal, ela já não se sentia mais infeliz.

No entanto, teria que dar uma palestra aos seus garotos preferidos, que estavam um tanto desesperados, sobre como funcionam os hormônios de grávidas, ou eles estariam em apuros nos meses seguintes.


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