Abnegation escrita por Lara


Capítulo 2
Tradição




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19 de abril de 2023 – Miami

Austin estaciona o carro próximo ao Evan’s e meu coração se agita ao observar a paisagem deslumbrante de uma das praias mais bonitas de Miami Beach.

O céu havia se tornado uma bela aquarela diante do Sol se pondo no mar de águas transparentes. A areia branca parecia brilhar e o Evan’s logo a frente me trazia a sensação de estar de volta ao lar depois de muito tempo.

Encaro meu marido, que sorri e puxa minha mão para deixar um doce beijo nela. Suspiro e acaricio seu rosto, feliz por conseguirmos manter a tradição de retornar ao Evan’s todos os anos para ver a abertura do restaurante e comemorar o nosso aniversário de casamento.

Esse ano, ainda teremos uma terceira comemoração a pedido de Allan.

Nosso menino faz aniversário em março. Por causa da correria de nossas vidas e por morarmos em cidades diferentes, ele nunca consegue comemorar com todos os filhos dos nossos amigos. Então, esse ano, Allan pediu que fizéssemos uma festa de aniversário para ele em Miami, com a presença de todos os amigos importantes para ele.

E diante de um pedido tão sincero de nosso menino, Austin e eu concordamos em adiar a festa de aniversário dele para abril e adicionamos mais um evento em meio a nossa lista de afazeres do verão.

— Vamos lá? — pergunta Austin, deixando um beijo em minha barriga. — Vocês estão animados para reverem os tios de vocês, pequeninos? Eu aposto que eles vão fazer uma grande festa ao ver como vocês deixaram a mãe de vocês ainda mais linda.

Como de costume, Ava e Alex se agitam com o toque do pai e voz do pai. Eu preciso respirar fundo para lidar com as dores que seus movimentos me causavam. Eu sabia que era um bom sinal as crianças se animarem tanto com o carinho de Austin, mas eu sempre queria dar um soco em meu marido por causa disso.

— Austin... — resmungo, encarando-o com repreensão.

— Desculpa, amor. Foi automático — lamenta Austin, sorrindo sem graça.

Os olhos de cachorro arrependido de meu marido me fazem suspirar, dando-me por vencida. Eu sabia que esse era um costume que ele adquiriu desde a gravidez de Allan. Ele amava conversar com as crianças e senti-las chutar com as suas carícias. E no início, eu também amava a sensação. Mas agora, quando eles parecem estar esmagando todos os meus órgãos, não era tão agradável assim.

— Mamãe... papai... a gente já chegou?

Os múrmuros manhosos de Allan chamam a nossa atenção e nos trazem de volta para a realidade, relembrando a ansiedade de nosso menino para ver os amigos.

Olhamos para trás e vejo o garotinho de cabelos loiros e olhos castanhos brilhantes, sorrindo com animação ao constatar que estávamos na praia.

— Oi, filho. Acabamos de chegar — responde Austin, estendendo o braço para trás para acariciar os cabelos bagunçados de nosso filho. — Pronto para ver seus amigos?

— Sim! Eu quero muito brincar com Peter, Jimmy, Tony, Diana, Ellie, Tyler, Brad, Maddie, Annie e Hannah! — exclama Allan, listando os amigos, enquanto conta nos dedos. Essa era sua forma de garantir que não esqueceu de ninguém.

A animação de Allan me faz rir. Era simplesmente adorável ver que, assim como nós, Allan também amava estar em Miami e a tradição de nos encontrarmos no verão com nossos amados amigos.

Era como se a nossa história estivesse se repetindo.

Mesmo vendo as crianças pouca frequência, Allan havia se apegado aos filhos de meus amigos de uma forma inexplicável. Ele simplesmente ama a nossa tradição de ir para Miami Beach no verão apenas para encontrar os amiguinhos e passar os três meses de férias brincando com as outras crianças.

Dentre as maiores mudanças que ocorreram em nossas vidas, a chegada de tantas crianças em nosso grupo de amigos talvez tivesse sido a maior delas. A partir disso, não éramos mais jovens desimpedidos, aproveitando a vida sem saber o amanhã. Nós nos tornamos pais e mães preocupados, ansiosos para saber como cuidar de nossos filhos.

Tudo começou com Manu e Prince, que tiveram a pequena Diana no verão de dez anos atrás, que resultou na minha vinda para Miami. Um pouco mais de dois anos depois, eles tiveram o divertido Peter.

Kira e Elliot tiveram Anthony, nosso doce Tony, um garoto inteligente e muito doce com Síndrome de Dawn. Três anos depois, eles tiveram a vaidosa Hannah, que é incrivelmente parecida com Kira.

Cassidy e Dallas tiveram Jimmy, que está atualmente com oito anos, e a pequena Annie que tem apenas onze meses. Ambos são bastante adoráveis e trazem as melhores características de seus pais. Annie é risonha e animada. Jimmy é muito amável e cuidadoso com todos.

Piper e Thomas decidiram que era melhor Ellie ser filha única, então restava a minha afilhada de dez anos se acostumar com a ideia de ter Allan, Ava, Alex e Maddie como as figuras mais próximas que ela teria de irmãos.

Falando em Maddie, ela é a filha de Trish e Dez. Fruto de uma gravidez inesperada do casal, que nem mesmo planejava ter filhos, nossa ruivinha estava com quatro anos e não tinha quem não se encantasse por suas gargalhadas contagiantes e sorriso sapeca.

Quanto a Brooke e Trent, eles escolheram ter apenas os gêmeos, Tyler e Bradley, que hoje estão com oito anos. Eles já haviam sido um milagre e tanto. Eles passaram anos tentando ter filhos e após um longo e doloroso tratamento, eles ganharam como presente dois garotos agitados e que ocupavam todo o seu tempo. Por isso, Brooke não via a necessidade de ter mais filho.

Vendo a animação de meu filho, ansioso para se encontrar com seus amigos, eu acabo voltando para a realidade. 

— Certo. Então vamos descer. Eles já devem estar esperando por nós dentro do Evan’s — respondo.

Imediatamente, Allan se solta do cinto de segurança e desce do carro sem nem mesmo esperar a nossa ajuda. E, demonstrando toda a ansiedade que sentia para reencontrar os amigos, nosso menino corre em direção ao Evan’s sem nem mesmo olhar para trás.

— Ele é mesmo meu filho — comenta Austin, rindo. — Eu fazia a mesma coisa que Allan quando meus pais me traziam para a praia para encontrar Dez, Cassy, Dallas, Kira e Elliot.

— Isso acontece até hoje — provoco aos risos. — Não se lembra como você reagiu quando eles foram para Nova York no Ano Novo?

Austin bufa e dá de ombros, incapaz de argumentar. Ele havia se comportado como uma criança ao receber nossos amigos em casa para comemorar o Ano Novo. Já fazia anos desde que conseguimos reunir a todos em um evento que não fosse o verão em Miami, então foi uma festa maravilhosa para todos.

— É melhor a gente ir — murmura Austin.

Austin pega nossas coisas no porta-malas do carro e seguimos para o restaurante. Mesmo de longe, era possível ouvir as risadas e conversas altas de nossos amigos, que haviam se reunido mais uma vez para ajudar a decorar o Evan’s e preparar as coisas para a abertura no dia seguinte.

E ver esse cenário me traz lembranças de quando precisei trabalhar no Evan’s pela primeira vez para substituir Manu temporariamente. Foi tão divertido, intenso e assustador. Era difícil de acreditar que já havia se passado dez anos desde que tudo aconteceu.

Assim que abrimos a porta de entrada do Evan’s, somos surpreendidos pela cena adorável de Allan sendo recepcionado pelos amigos com abraços calorosos e animados. As crianças estavam realmente felizes pela presença do meu menino e isso era o bastante para me deixar feliz.

— Ally e Austin! Como é bom ver vocês! — comemora Brooke, aproximando-se de nós com um sorriso amplo.

— É bom ver você também, Brooks! — cumprimenta Austin, deixando as mochilas que carregava sobre a mesa.

— Oi, Brooke! — cumprimento, sorrindo.

Austin vai cumprimentar Peter, Jimmy, Anthony, Tyler e Bradley, que brincava, animadamente com Allan, sem nem mesmo notar a nossa presença.

Vendo que as crianças nem mesmo se incomodariam em vir me cumprimentar, porque estavam ocupados demais matando a saudade de Allan, volto a minha atenção a Brooke, que me observava com fascínio.

Ela faz sinal, pedindo permissão para tocar em minha barriga e eu assinto. Brooke imediatamente se aproxima e passa a fazer carinho enquanto conversa com as crianças, recebendo como resposta alguns chutes dos gêmeos. Felizmente, nada tão intenso como os dados ao pai.

— Você está tão linda, Ally! — comenta a mulher, abraçando-me com doçura.

Nós nos afastamos e ela pega em minhas mãos, sorrindo como uma irmã mais velha. Brooke era realmente carinhosa e havia feito um papel primordial em minha vida, indo passar um tempo comigo para me ajudar com Allan, assim que ele nasceu.

Na época, minha mãe precisou viajar com meu pai para ele fazer uma cirurgia em Washington e não havia quem pudesse acompanhá-lo a não ser ela. No mesmo instante, Brooke arrumou as malas e se prontificou em cuidar de mim até que minha mãe retornasse para Nova York e pudesse me ajudar.

Desde então, Brooke tem sido uma figura quase materna para mim. Mesmo com o apoio de todas as minhas amigas que foram mães primeiro que eu, como Jade, Manu, Kira e Cassidy, Brooke foi aquela que mais me orientou e cuidou de mim.

— Obrigada, Brooke. Você também está linda! Os meninos estão tão grandes. Parece que foi um dia desse que eles nasceram. Nem acredito que eles já estão com oito anos — comento, encarando os gêmeos que brincavam com Allan.

— Nem me fale. O tempo passa tão rápido! Olha só para o Allan! Está cada dia mais lindo. E eu imagino que não esteja sendo fácil carregar esses dois dentro da barriga. Eu lembro que os últimos meses foram um verdadeiro pesadelo para mim — relembra Brooke, suspirando cansada.

— Sim. Não tem sido fácil. Eu estou ficando com muita falta de ar e não tem sido fácil dormir — relato, contando a ela sobre o sofrimento que tenho enfrentado. — Não vejo a hora de ver o rostinho deles.

—A gravidez parece durar uma eternidade — concorda Brooke, rindo.

Olho em volta e noto que Brooke era a única adulta que estava no salão do Evan’s.

— Onde está todo mundo? — questiono. — Eu ouvi o som das vozes deles lá de fora.

— Eles estão lá na cozinha, ajudando Manu na limpeza das panelas e...

Brooke é interrompida com o um grito alto de Cassidy ao entrar no salão com a pequena Annie no colo. Ela imediatamente vem em minha direção, sem conseguir conter sua animação em nos ver.

— Ally! Austin! Vocês finalmente chegaram!

A loira para de andar e arregala os olhos ao notar o tamanho de minha barriga.

— Ai Meu Deus! Você está linda! Como sua barriga cresceu em apenas alguns meses!

Era compreensível a surpresa de Cassidy.

Quando nos vimos no Ano Novo, eu estava no início da gestação. Nem mesmo sabia que estava grávida de gêmeos. Mas agora, faltando apenas dois meses para dar à luz, minha barriga está bastante pesada e evidente.

— Oi, Cassy!

Recebo um abraço apertado e meio desengonçado de minha amiga. Com a minha barriga e a pequena Annie em seu colo, era difícil conseguir um abraço de verdade. E ao notar nossa dificuldade, acabamos por rir.

— Você está linda, amiga — afirma Cassidy, encarando-me com doçura, quando se afasta.

— Você também! Annie está tão grandinha. Nem acredito que ela já está quase fazendo um ano — comento, fazendo carinho no rosto da loirinha de olhos azuis intensos.

Annie sorri e estende o braço para que eu a pegasse. Por impulso, acabo levando os braços para pegar a linda garotinha no colo, mas sou impedida pelo meu marido, que gentilmente abaixa meus braços e me encara com repreensão.

— Você se esqueceu das recomendações do médico? Nada de peso! — relembra Austin.

— Você vai ter que esperar um pouco mais para a tia Ally pegar você no colo, filha — explica Cassy, dando alguns passos para trás.

Annie não demora muito a chorar, mostrando sua insatisfação por não poder ir para o meu colo. Acabo rindo e me sentindo um pouco frustrada por isso.

Eu havia me apegado bastante a doce garotinha quando ela nos visitou durante o Ano Novo. Ela passou a maior parte do tempo no meu colo, brincando comigo e com Allan, enquanto Cassidy, Dallas e Austin cuidavam de todos os preparativos para as festas de fim de ano.

— Ally! Você chegou! — grita Kira, entrando na recepção do restaurante. — Ai meu Deus! Como você está maravilhosa! Que barrigão! Está linda demais!

Não demora muito para que Manu, Trish, Piper e seus maridos aparecessem para nos recepcionar, sempre me elogiando e parabenizando Austin, que continuava a se mostrar orgulhoso pelos elogios que Allan e eu recebíamos.

Em momentos como esse, eu agradecia à Deus por ter Piper e Trish em minha vida. Minhas melhores amigas foram responsáveis por criar e montar todas as roupas que estou usando durante a gestação.

Segundo as duas, eu precisava de roupas confortáveis e que me valorizasse nesse momento em que meu psicológico está tão vulnerável. Elas sabiam melhor do que ninguém dos meus problemas de autoestima e o primeiro passo para me sentir mais confiante com a minha imagem era a escolha correta das roupas.

Não me entenda mal. Eu amo meus filhos e entendo que as mudanças no corpo durante a gravidez são inevitáveis, mas era difícil se sentir bem quando você começa a enfrentar as estrias, pés e nariz inchados, enjoos, desconfortos e uma barriga enorme que te levou a ganhar vinte quilos de maneira tão rápida.

Austin constantemente me elogie e afirma que estou bonita, mas ele é meu marido, então não sei se posso acreditar muito em suas palavras. Por isso, era bom para a minha autoestima receber tantos elogios em relação a minha aparência, apesar de todas essas mudanças extremas no meu corpo.

— Tia Ally, eu vou poder ajudar você com os cupcakes do aniversário do Allan? — questiona Ellie.

Minha afilhada me observa com os olhos brilhando em expectativa.

Ellie irá completar dez anos muito em breve e a cada dia que se passa mais bonita está ficando. Assim como eu, a menina parece ter um grande amor pela cozinha, em especial, para a confeitaria, por isso, sempre que possível, ela fazia questão de me ajudar a cozinhar.

— É claro, querida — concordo e seu sorriso se alarga ainda mais.

— Obrigada, tia Ally!

A garota me abraça apertado e sorri animada para a mãe, que a encarava em repreensão. Conhecendo Piper, ela provavelmente havia dito a filha para não insistir em ficar na cozinha comigo para não me atrapalhar.

— Ellie está cada dia mais parecida com você, Ally — comenta Manu, rindo. — Ela parece ser mais sua filha do que da Piper.

— Se ela tivesse nascido da Ally, não seriam tão parecidas — concorda Piper, suspirando. — Ellie tem a mesma teimosia da madrinha. Nunca vi.

— Falando assim, até parece que não estava alguns minutos atrás elogiando a determinação de Ally e como isso é uma boa influência para Ellie — revela Trish, fazendo Piper corar.

— Cala a boca, Trish. Eu te conto coisas assim para você manter em segredo — resmunga Piper, envergonhada.

— Escolheu a pessoa errada para contar segredos, Piper. Quando ela morrer, teremos que comprar um caixão para o corpo e outro para a língua. É impressionante o quanto ela ama contar segredos para outras pessoas — afirma Dez, que recebe um tapa no braço da esposa. — Ai, Trish! Os seus tapas doem.

— É para doer mesmo. Quem sabe assim você não aprende a ficar calado — resmunga Trish, enquanto Dez massageava o local do tapa.

— De qualquer forma, o que está faltando arrumar? — pergunta Austin, impedindo que uma briga entre Trish e Dez começasse.

— Apenas precisamos decorar aqui fora agora — responde Dallas, pegando uma sacola que estava no canto da sala. — Trent e Elliot foram comprar mais bastão de cola quente, então enquanto eles não voltam, vamos encher os balões.

— Eu estou precisando pegar as bebidas para abastecer o freezer lá no Sea’s. Vocês poderiam me ajudar a trazer, Austin, Thomas e Dez? — questiona Prince, pegando a chave do carro com Manu.

— Com certeza — afirma Thomas.

— Claro — concorda meu marido.

— Vamos nessa! — responde Dez.

— Você vai ficar bem com as meninas? — pergunta Austin, encarando-me com preocupação.

— Não se preocupe comigo. Eu estou bem — garanto.

— Eu vou ficar de olho nela, Austin. Pode ir tranquilo — tranquiliza Dallas ao notar que meu marido não estava confiando muito em minha resposta.

— Nós não vamos deixá-la pegar peso — afirma Cassidy.

— Ela vai ficar sentadinha, quietinha, apenas amarrando os balões — complementa Manu, deixando claro que não me deixaria fazer nada perigoso.

Suspiro diante da superproteção de meu marido e amigos. Até mesmo Piper e Trish pareciam determinadas a me tratar como uma inválida e impedir que eu fizesse o mínimo de esforço que fosse.

— Vocês estão exagerando — resmungo.

— Não seja assim. Nós apenas queremos o seu bem — comenta Brooke. — Sei que é frustrante, mas é para o seu próprio bem.

— Eu sei que sim — respondo, suspirando.

— Comporte-se. Eu já volto — avisa Austin, deixando um beijo em meus lábios. — Você quer que eu leve o Allan?

— Pode deixá-lo ficar aqui brincando com as crianças. Tenho certeza de que ele não vai ficar feliz de ir, agora que eles começaram a brincar.

Austin assente, vendo que nosso filho já estava entrosado demais brincando de carrinho com as outras crianças para sequer prestar atenção ao que dizíamos.

— Tudo bem. Vamos lá, Prince.

Prince, Austin e Dez não demoram a sair em direção ao bar de Prince para buscar mais bebidas para abastecer o freezer de Manu.

Deixamos Brooke encarregada de ficar de olho nas crianças, com a ajuda de Ellie e Diana que eram as mais velhas do grupo infantil, e passamos a encher os balões para realizar a decoração do salão do Evan’s.

E assim como todos os anos, aproveitamos esse momento para matar a saudade e nos atualizarmos das novidades na vida de cada um. Mesmo conversando com frequência por mensagens, não era a mesma coisa do que nos reunirmos para beber e virarmos a noite conversando sobre a vida.

Como um acréscimo de nossa tradição anual, se tornou um ritual para nós nos reunirmos na noite anterior a abertura do Evan’s para decorar o local e virarmos a noite conversando sobre a vida, acompanhados de algumas garrafas de vinho, e contar sobre os planos para o futuro.

Nesse ano, Cassidy e eu não estávamos bebendo, mas ainda foi proveitoso ter esse momento com meus amigos. Fazia eu me sentir muito mais calma e animada para o restante do verão que estava por vir.

— Mais para cima, Trent. Seu lado está mais baixo do que o de Elliot — oriento os rapazes, que tentavam colocar uma placa de boas-vindas para os visitantes. — Aliás, onde está Gavin e Alonso? Eles não falaram que iam participar da abertura desse ano?

— Alonso chega de viagem amanhã e vem direto para cá — responde Brooke. — Ele e Lianna disseram que precisaram participar de um evento em Los Angeles hoje, mas que iriam direto para o aeroporto assim que terminassem.

— Eu não sei como eles dão conta — comenta Trent. — Só de ouvir a rotina de trabalho deles de ficar viajando de cidade em cidade, eu já fico cansado.

— É uma vida que não é para nós — concorda Thomas. — Deve ser bem cansativo. Principalmente, porque eles trabalham bastante nos fins de semanas e feriados.

— Foi a vida que eles escolheram. Por mais difícil que seja, o mais importante é que eles estejam felizes — responde Kira. — Elliot e eu também vivemos na correria, mas acho que não seríamos tão felizes se estivéssemos em profissões diferentes.

Trabalhando como detetives, Kira e Elliot passavam muito tempo nas ruas, investigando crimes e indo atrás de criminosos perigosos. Isso exigia muito de seu tempo, mas era evidente que eles eram felizes.

— Acho que com Gavin não deve ser diferente. Ele e James também só vão conseguir chegar amanhã de manhã aqui — responde Trent. — Ele disse que ficou muito ocupado com o hospital e só conseguiu folga, depois de prometer que ficaria de plantão hoje.

— É mesmo! Ele tinha comentado comigo que só conseguiria vir no dia da abertura — relembra Austin.

— Espero que ele consiga a promoção que ele tanto está desejando — comenta Elliot. — Do jeito que ele está trabalhando como se não houvesse amanhã, eu tenho quase certeza de que o James deve estar para ter um infarto.

— Não que isso seja novidades. Eles estão sempre brigando — destaca Trish, rindo.

— Eu quase bati nos dois na última briga que eles tiveram — conta Dez, bufando. — É incrível como os dois são orgulhosos. Se recusam a dar o braço a torcer.

A relação de James e Gavin sempre foi bastante complicada. Com personalidades fortes e a teimosia como parte importante de suas personalidades, quando os dois discordavam, era sempre um problema. Era impressionante como eles continuam juntos todos esses anos, mesmo com tantas brigas bobas.

Nossos amigos começam a compartilhar lembranças sobre as loucuras do casal. Nesse momento, Manu se afasta para atender uma ligação que recebia em seu celular. Volto a prestar atenção na conversa de meus amigos até o retorno da proprietária do Evan’s.

Manu parecia mais pálida que o normal e exibia uma expressão bastante preocupante. Eu a conhecia bem o bastante para saber que aquela expressão só podia significar que algo de muito ruim havia acontecido.

Imediatamente me coloco em alerta, imaginando o que poderia ter resultado em um semblante tão preocupante.

— O que aconteceu, Manu?

Minha pergunta chama a atenção de meus amigos, que param de conversar e passam a encarar a proprietária do Evan’s. Ela então levanta o rosto e me encara com os olhos brilhando com preocupação.

— Nós temos um problema — revela a mulher. — April, Valentina e Christian se envolveram em um acidente de carro. Eles estão bem e fora de perigo, mas não vão conseguir trabalhar amanhã, já que o Chris quebrou o braço, Tina deslocou o ombro e April quebrou o pé.

— O quê?! — exclama todos, surpresos.

— Mas como fica a abertura do Evan’s amanhã? — questiona Dez, assustado.

— Eu não sei. Sem meus ajudantes principais, eu não vou conseguir atender toda a demanda de amanhã — confessa Manu, sentando-se. — Talvez... eu tenha que adiar a abertura do Evan’s.

— O quê?!

Novamente, todos pareciam em choque com a declaração de Manu. Depois de todos os esforços que colocamos para tornar a abertura do Evan’s um sucesso estrondoso, não podíamos aceitar tão facilmente que tudo tinha sido em vão.

— Isso não pode acontecer — murmura Cassidy, decepcionada.

Observo as expressões desoladas de meus amigos ao pensar sobre a possibilidade de ter uma quebra da nossa tão esperada tradição anual. Desvio meu olhar para as crianças que também nos observavam com aflição.

Era um ano especial para nós. O ano em que completei dez anos desde que vim para Miami para me casar com Gavin, mas acabei me tornando a substituta de Manu. Foi nesse lugar em que pude me apaixonar por Austin e fazer amizades insubstituíveis.

Por isso, mesmo sabendo que Austin provavelmente ficaria bastante chateado com a minha escolha, eu havia tomado uma decisão.

— Não se preocupem. Eu tenho uma solução — respondo, chamando a atenção de meus amigos. — Eu vou te ajudar, Manu. Serei sua auxiliar até que a gente encontre pessoas para substituir Chris, Tina e April até que eles possam voltar ao trabalho.


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Notas finais do capítulo

Oii Cupcakes! Abaixo, deixarei os nomes, pais das crianças e fotos delas, caso tenham curiosidades de saber. Nos próximos capítulos eu vou contar mais sobre elas, mas já deixarei aqui para matar a curiosidade de vocês:

Allan (Austin e Ally): https://i.pinimg.com/564x/8b/1c/5e/8b1c5e084f6b3a6493b147dfc4e2bc69.jpg
Peter (Manu e Prince): https://i.pinimg.com/564x/cd/e1/54/cde1545857886faa3d0d52f629d71818.jpg
Jimmy (Cassidy e Dallas): https://i.pinimg.com/564x/da/b6/02/dab6020dbfa77ee1f4c2f664db21e5ba.jpg
Tony (Kira e Elliot): https://i.pinimg.com/564x/c1/7e/d7/c17ed74f572af38ad4b0ae9a11040796.jpg
Diana (Manu e Prince): https://i.pinimg.com/564x/db/e2/40/dbe24008b59ec54bdb5af39ea6f641c2.jpg
Ellie (Piper e Thomas): https://i.pinimg.com/564x/74/90/f9/7490f940800329f21dd7701177788bc6.jpg
Tyler e Brad (Brooke e Trent): https://i.pinimg.com/564x/af/31/3d/af313d72aae3cac91800b60cf9780f16.jpg
Maddie (Trish e Dez): https://i.pinimg.com/564x/80/46/74/8046743aaebd13d71fe900ec316cbb32.jpg
Annie (Cassidy e Dallas): https://i.pinimg.com/564x/53/16/5e/53165e72f1e45430242610167fce20a2.jpg
Hannah (Kira e Elliot): https://i.pinimg.com/564x/ec/88/a7/ec88a71e44fdbef1217188d65e3d6b71.jpg

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