Rainbow 5 escrita por Lee George


Capítulo 6
O acidente de Sing




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Os primeiros raios de sol, de um novo dia iniciando, se infiltravam pelas janelas do alojamento das Rainbow 5, espalhando uma luz dourada que gradualmente dissipava as sombras da noite. A atmosfera era serena, como se o mundo estivesse prestes a despertar de um sono profundo.

 

Di, no entanto, não compartilhava dessa sensação de serenidade. Seu sono tinha sido atormentado por pesadelos, imagens sombrias que dançavam em sua mente e ameaçavam sua tranquilidade. Quando finalmente abriu os olhos na manhã seguinte, sua expressão estava marcada por traços de inquietação.

 

Ainda sonolenta, Di levantou-se e se dirigiu ao banheiro, seus olhos entreabertos, como se a realidade estivesse apenas começando a tomar forma ao seu redor. O dia se desdobrava em uma promessa incerta, enquanto ela tentava deixar para trás a perturbação da noite anterior.

 

No entanto, à medida que ela ligava o chuveiro e a água morna começava a fluir, algo estranho começou a acontecer. Uma sensação de frio insinuou-se sutilmente, percorrendo sua pele como um arrepio. Di ergueu os olhos, seus sentidos alertas conforme olhava ao redor.

 

Aos poucos, pedaços de gelo começaram a se formar no ar, flutuando como fragmentos de um sonho congelado. Di assistiu com olhos arregalados enquanto o ar parecia ganhar vida, transformando-se em pequenas partículas de gelo que dançavam em sua presença.

 

O terror subiu dentro dela, um pavor profundo que ameaçava engoli-la. Seus poderes estavam se manifestando espontaneamente, sem o seu comando ou controle. O chuveiro continuava a despejar água morna, mas agora as gotas começavam a congelar antes mesmo de tocar seu corpo.

 

A água do chuveiro se transformava em cristais de gelo, caindo em uma chuva gelada sobre o chão do banheiro. Di sentiu o chão sob seus pés tornar-se escorregadio, coberto pelo gelo que se acumulava rapidamente.

 

Seus pensamentos eram uma tormenta de medo e confusão. Ela não conseguia acreditar no que estava acontecendo, não podia aceitar que seus poderes estivessem escapando de seu controle. A cada momento, a intensidade do gelo parecia aumentar, preenchendo o banheiro com uma frieza gélida que cortava até os ossos.

 

No entanto, mesmo em meio ao pânico, Di encontrou uma centelha de coragem dentro de si. Ela sabia que precisava se acalmar, concentrar-se e tentar conter seus poderes descontrolados. Fechou os olhos, respirando fundo enquanto lutava para encontrar a calma em meio à tempestade que se desenrolava à sua volta.

 

Lentamente, à medida que ela se concentrava, o gelo que flutuava no ar começou a diminuir em intensidade. O chão, antes coberto por uma camada de gelo, começou a se descongelar gradualmente. Di canalizou toda a sua vontade, lutando para subjugar os poderes que pareciam ansiosos por se libertar.

 

Aos poucos, a temperatura no banheiro começou a subir novamente, a névoa gélida se dissipando no ar. Di abriu os olhos, a exaustão em suas feições, mas também uma determinação firme. Ela tinha enfrentado seus medos e conseguido controlar seus poderes, mesmo que por um instante.

 

Com o banho finalmente terminado, Di saiu do chuveiro, o vapor quente se elevando ao seu redor enquanto ela começava a secar o corpo. Ainda trêmula pelo que havia acontecido, ela olhou ao redor, avaliando os danos causados pelo episódio. O gelo derretido formava pequenas poças no chão, e a umidade pairava no ar como um testemunho silencioso de sua luta.

 

Enquanto ela se agachava para limpar o gelo derretido, uma sensação de desamparo a envolveu. Ela tinha poderes que não compreendia completamente, poderes que podiam ser tanto uma bênção quanto uma maldição. A lembrança da foto, do momento em que ela e Lea haviam treinado seus dons durante uma noite, assombrou seus pensamentos. Era como se a própria essência de quem ela era estivesse escapando de suas mãos.

 

Quando finalmente saiu do banheiro, Di encontrou Lea parada no corredor, seus olhos cansados carregando o peso de uma noite mal dormida. Di e Lea compartilhavam um vínculo especial, um entendimento que transcendia as palavras. Di se aproximou lentamente, a preocupação presente em sua expressão.

 

"Lea, você também teve uma noite difícil?" Di perguntou, a voz carregada de empatia.

 

Lea assentiu levemente, um sorriso fraco curvando seus lábios. "Sim, parece que a insônia decidiu ser minha companheira esta noite."

 

Di olhou para a amiga, sabendo que havia mais a compartilhar entre elas do que palavras podiam expressar. Elas enfrentavam desafios que os outros não podiam entender completamente, e essa compreensão mútua as unia de maneira profunda.

 

Enquanto Lea abriu a porta do banheiro e seguiu sua rotina matinal, Di dirigiu-se ao refeitório. A sua noite perturbada ainda pairava em sua mente como uma sombra, mas a esperança de um novo dia a impulsionava a seguir em frente. Ao entrar na espaçosa sala, o aroma das panquecas frescas pairava no ar, carregando consigo uma promessa de um café da manhã revigorante.

 

Lá, debruçada sobre o fogão, estava Sun, os cabelos negros brilhando à luz do sol que entrava pelas janelas. Ela manuseava habilmente uma espátula, virando as panquecas douradas na frigideira com destreza. O coração caloroso de Sun se refletia em sua comida, uma extensão de sua natureza acolhedora.

 

"Di, minha amiga sonolenta, você finalmente apareceu", Sun exclamou com uma risada, sua voz suave como um suspiro do vento. "Panquecas estão quase prontas, só mais um pouquinho."

 

Di esboçou um sorriso cansado, agradecida pela recepção calorosa. "Você sempre sabe como me acolher, Sun."

 

Enquanto Sun continuava a preparar o café da manhã, Di sentou-se à mesa próxima. Seus olhos cansados encontraram Jia, que estava absorta em pensamentos, sua expressão refletindo as preocupações que a assombravam desde o dia anterior. Di sentiu uma onda de empatia, sabendo que os desafios que enfrentavam eram tanto individuais quanto compartilhados.

 

Ao fundo, uma figura conhecida entrou no refeitório, chamando a atenção de todos. Era Sing, cuja presença era como uma faísca em meio ao ar, pronto para provocar e incendiar. Ela lançou um olhar provocador na direção de Di.

 

"Di, Di, parece que alguém teve uma noite… agitada", Sing provocou, um sorriso irônico nos lábios. "Espero que você ainda tenha energia para o ensaio de hoje. A coreógrafa já está no estúdio, e parece que você não pode se dar ao luxo de se atrasar."

 

Di levantou um olhar afiado para Sing, seus olhos refletindo um desafio silencioso. "Não se preocupe, Sing, eu estarei lá. Afinal, não quero que você se sinta solitária, sem ninguém para te ensinar os passos quando esquecer deles".

 

As palavras trocadas entre Di e Sing eram como centelhas que criavam uma eletricidade tensa no ar. Suas personalidades fortes colidiam como ondas revoltas, criando uma atmosfera carregada de energia.

 

Enquanto a troca de farpas continuava, Lea finalmente entrou no refeitório. Seus passos eram um pouco hesitantes, e uma expressão de desconforto pairava em seu rosto. As dores de cabeça que a assombravam pareciam ter aumentado de intensidade, como se fossem um reflexo de suas próprias lutas internas.

 

Lea se aproximou do grupo, seus olhos encontrando os de Di em um gesto silencioso de compreensão mútua. Elas compartilhavam uma conexão que transcendia as palavras, um laço que as unia mesmo quando enfrentavam seus próprios desafios individuais.

 

Sun finalmente serviu as panquecas douradas, e o grupo se reuniu em torno da mesa, cada uma delas carregando seus próprios fardos e preocupações.

 

Sun, Sing e Jia engoliram suas panquecas com uma pressa contida. Suas mentes estavam focadas no ensaio que se aproximava, uma oportunidade de aperfeiçoar cada passo e movimento. Com promessas silenciosas de se encontrarem mais tarde, as três se dirigiram apressadamente ao estúdio no subsolo.

 

Di e Lea trocaram olhares significativos, compartilhando preocupações e entendimento mútuo. Di sabia que a noite perturbada e a tensão que envolvia a Rainbow 5 tinham afetado Lea profundamente. Ela tinha o desejo sincero de garantir que sua amiga estivesse bem o suficiente para enfrentar o ensaio rigoroso.

 

"Lea," Di começou com gentileza, enquanto Lea empurrava o último pedaço de panqueca ao redor do prato, "como você está realmente se sentindo hoje? Suas dores de cabeça estão piores?"

 

Lea levantou os olhos, tentando disfarçar o desconforto que a afligia. Ela esboçou um sorriso fraco e encolheu os ombros. "Ah, Di, você sabe como é. Alguns dias são melhores que outros. Acho que consigo enfrentar o ensaio de hoje."

 

Di estudou o rosto de Lea, lendo nas entrelinhas das palavras dela. Mas antes que pudesse dizer algo mais, as duas decidiram se dirigir ao estúdio. Enquanto desciam as escadas, a atmosfera se transformava, a excitação pelo ensaio ecoando pelo corredor que levava ao subsolo.

 

Ao chegarem ao estúdio, o cenário era de movimento e antecipação. A coreógrafa, uma mulher de presença magnética, estava no centro da sala, rodeada por dançarinos ensaiando seus passos com dedicação. Di e Lea ocuparam um espaço discreto, prontas para começar o treino exigente.

 

As horas passaram como um borrão de movimentos graciosos e músculos tensos. A coreógrafa dirigia o ensaio com uma paixão feroz, empurrando as garotas da banda até o limite de suas habilidades. Cada movimento tinha que ser perfeito, cada nota tinha que ser impecável.

 

Finalmente, quando a luz do sol começou a cair, a coreógrafa se deu por satisfeita. Os dançarinos se dispersaram com sorrisos de exaustão e realização, deixando o estúdio com a promessa de um descanso bem merecido.

 

Jia, Sun e Sing saíram, subindo as escadas para relaxar e trocar de roupa. Di e Lea ficaram no estúdio, um silêncio tranquilo envolvendo-as. Di observou o rosto de Lea, percebendo que as dores de cabeça não eram sua única preocupação.

 

"Lea," Di começou, sua voz suave como um murmúrio de água corrente, "você está diferente hoje. Sinto que algo mais está acontecendo."

 

Lea hesitou por um momento, seus olhos encontrando os de Di. "Di, eu... tenho sentido algo estranho. Como se houvesse vozes na minha cabeça, pensamentos que não são meus."

 

Di franziu a testa, compreendendo a gravidade da situação. Os poderes telepáticos de Lea, há muito adormecidos, estavam começando a emergir. Era um sinal de mudanças mais profundas que estavam por vir.

 

Enquanto elas falavam, Di olhou ao redor, notando um leve brilho rosa no ar. Era um eco do poder latente de Lea, manifestando-se espontaneamente.

 

"Lea, você precisa se acalmar", Di aconselhou, sua voz tranquila e reconfortante. "Respire fundo e se concentre. Você tem o controle sobre isso."

 

Lea assentiu, fechando os olhos e tomando respirações profundas. Gradualmente, o brilho começou a concentrar-se ao redor de Lea.

 

O brilho rosa que emanava de Lea era um sinal claro de sua conexão com a telepatia, um poder profundo e desconhecido que estava começando a se revelar.

 

No entanto, o momento de tranquilidade foi interrompido abruptamente quando a expressão de Lea se transformou em agonia. As dores de cabeça que a atormentavam há dias agora a paralisavam, e ela se agarrou à beira de uma das mesas do estúdio, lutando para não cair de joelhos.

 

"Lea, o que está acontecendo?" Di sussurrou, sua voz cheia de preocupação.

 

Lea não conseguiu responder, suas palavras sufocadas pelas ondas de dor que a envolviam. Ela sentiu uma mão gentil em seu ombro, virando o olhar para encontrar os olhos preocupados de Di. Era uma demonstração de amizade e apoio, uma conexão entre as amigas que transcenderia qualquer desafio.

 

No entanto, antes que Di pudesse oferecer mais ajuda, um movimento chamou sua atenção. Sing, com uma expressão de alerta em seu rosto, estava parada no topo das escadas, observando a estranha cena ao seu redor. Seus olhos se encontraram com os de Di, e isso foi suficiente para comunicar a gravidade da situação.

 

"O que está acontecendo aqui?" Sing perguntou, sua voz firme, mas carregada de preocupação genuína.

 

"Sing, é Lea", Di respondeu em um sussurro urgente. "As dores de cabeça dela estão piorando."

 

Sing assentiu, compreendendo a seriedade da situação. Ela tinha a intenção de aproximar-se de Lea, um olhar solidário em seu rosto. Mas antes que qualquer um pudesse reagir, um evento inexplicável e poderoso aconteceu.

 

Lea emitiu um brilho rosa intenso, uma aura de energia telepática que a envolvia. Seus olhos irradiavam esse resplendor, um vislumbre do poder que ela estava apenas começando a entender. Em um instante, os pensamentos de Sing foram apagados, sua consciência desvanecendo-se como um sonho ao amanhecer.

 

Horrorizada, Di viu Sing cambalear e cair, escorregando pelas escadas. Um som abafado ecoou pelo estúdio quando a cabeça de Sing atingiu o chão. O silêncio que se seguiu foi palpável, um vácuo de incredulidade diante do que acabara de acontecer.

 

Lea olhou para Sing, seus olhos ainda brilhando com a energia telepática. Ela estava aterrorizada pelo que tinha feito, pelo controle inesperado sobre os pensamentos de outra pessoa. O poder dela era maior e mais perigoso do que ela imaginava.

 

Di correu até Sing, seu coração acelerado pela preocupação. A mente da cantora estava envolta em escuridão, e um ferimento em sua cabeça era evidente. Lea estava paralisada, incapaz de entender completamente a extensão do que havia acontecido.

 

O brilho rosa que envolvia Lea gradualmente diminuiu, como as ondas suaves de um lago acalmando-se após a tempestade. Ela lutou para controlar sua respiração, o medo e a culpa ainda dançando nos cantos de seus olhos. Di continuava próxima a Sing enquanto tentava acalmar Lea, com sua presença sólida de amizade e apoio.

 

Os segundos que se seguiram foram carregados de tensão. O som abafado dos passos de Sun e Jia ecoou no estúdio, e as duas garotas entraram com expressões preocupadas. Seus olhos foram direto para Sing, que jazia inconsciente no chão.

 

"O que aconteceu aqui?" Sun perguntou, sua voz carregada de ansiedade.

 

Lea rapidamente secou suas lágrimas e trocou um olhar com Di. Elas sabiam que não podiam revelar a verdade sobre os poderes de Lea para as outras garotas. Era uma realidade que ainda não estavam prontas para compartilhar.

 

"Sing perdeu o equilíbrio e escorregou pela escada", Di explicou com uma serenidade aparente. "Nós não sabemos exatamente o que aconteceu, mas ela está inconsciente."

 

Jia pegou o seu celular e discou rapidamente para o hospital, pedindo a ajuda de uma ambulância. Seus olhos estavam cheios de preocupação enquanto ela explicava a situação do outro lado da linha. Enquanto esperavam pela ambulância, o silêncio pesado envolveu o estúdio, interrompido apenas pelo som suave da respiração de Sing.

 

Finalmente, as sirenes distantes da ambulância cortaram o ar, e a ansiedade se intensificou. Quando as portas do estúdio foram abertas para dar passagem aos paramédicos, Lea estava ao lado de Sing, o olhar repleto de tristeza e culpa. Sun ajudou Sing a ser colocada na maca, e em pouco tempo, a ambulância estava pronta para partir, levando as duas em direção ao hospital.

 

Enquanto o som das sirenes se afastava, Di colocou uma mão reconfortante no ombro de Lea. "Não foi sua culpa, Lea. Ninguém poderia prever isso."

 

Lea fungou, suas lágrimas continuaram a cair. "Mas eu... Eu fiz algo terrível. Eu a machuquei."

 

Di olhou nos olhos de Lea, suas palavras carregadas de convicção. "O que aconteceu foi um acidente. Seus poderes estão se manifestando, mas você não teve intenção de ferir Sing. Nós vamos dar um jeito nisso."

 

Di abraçou Lea, oferecendo consolo em meio à agitação. As duas garotas permaneceram sozinhas no estúdio vazio, enfrentando o desconhecido com coragem.


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