Rainbow 5 escrita por Lee George


Capítulo 32
Conclusões




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Na penumbra da noite, a sala de Kim Min Jae na sede da Soul Music era um refúgio de calmaria dentro do frenesi da indústria do K-pop. A luz fraca das luminárias lançava frágeis sombras sobre as paredes, enquanto o gerente das Rainbow 5, imerso em sua tarefa, revisava meticulosamente os documentos que repousavam diante dele. Seus olhos percorriam as linhas com uma seriedade austera, alheios aos passos que se aproximavam de sua porta entreaberta.

Somente quando uma figura feminina adentrou, pendurando uma bengala ornamentada no alto da porta, é que Min Jae ergueu brevemente o olhar, surpreso. Madame Celestia, com sua aura de mistério e autoridade, ocupou o sofá diante de sua mesa, emanando uma presença que não podia ser ignorada.

"Boa noite, Madame Celestia", cumprimentou Min Jae, retomando sua leitura sem se dar ao trabalho de levantar-se para recebê-la devidamente. Sua postura era de concentração fechada, sua mente mergulhada nos intricados detalhes dos contratos e acordos que demandavam sua atenção.

A mulher, por sua vez, não demonstrou qualquer interesse em esperar por formalidades. Com um leve ar de impaciência, ela quebrou o silêncio que pairava na sala. "A segurança deste prédio nunca foi boa", declarou, lançando um olhar perspicaz ao redor da sala, como se procurasse por câmeras e sensores invisíveis nas defesas daquele domínio corporativo.

Min Jae assentiu brevemente, sem levantar os olhos dos documentos. "Concordo", murmurou, a voz ressoando no espaço entre eles.

A impaciência de Madame Celestia cresceu visivelmente diante da aparente falta de interesse do gerente. "Estou aqui para conversarmos, Min Jae", declarou com firmeza, cruzando as pernas e fixando seu olhar penetrante no homem à sua frente.

O gesto finalmente capturou a atenção de Min Jae, que ergueu os olhos dos papéis, encontrando o olhar inabalável da mulher diante dele. Uma pontada de irritação brilhou em seus olhos, mas ele conteve qualquer demonstração pública de desagrado. "Claro, Madame Celestia", respondeu, os lábios se curvando em uma expressão tensa. "Em que posso ajudá-la?"

Madame Celestia ajustou as pregas de seu refinado vestido tubinho, cuja cor branca contrastava com os detalhes em rosa claro, criando uma imagem de elegância e sofisticação na penumbra da sala de Kim Min Jae. Seus olhos, intensos e penetrantes, fixaram-se no homem à sua frente enquanto ela prosseguia com sua investida.

"Você já sabia dos poderes de Di e Lea", afirmou ela, mais como uma constatação do que uma pergunta direta.

O silêncio que se seguiu à sua declaração foi ensurdecedor. Min Jae permaneceu imóvel, os olhos fixos nos documentos diante dele, como se estivesse buscando refúgio na tarefa mundana de folhear papéis em vez de enfrentar a verdade incômoda que pairava sobre eles.

Madame Celestia não esperou por uma resposta verbal. Ela conhecia Min Jae o suficiente para entender o significado de seu silêncio. Era a confirmação silenciosa de uma verdade que ambos compartilhavam, uma verdade que os ligava através de laços que se estendiam além do mundo tangível.

"Sabia", ela murmurou, mais para si mesma do que para ele. "Sempre soube."

A lembrança de dias passados, de uma era em que heróis caminhavam entre mortais, flutuava no ar carregada de nostalgia e melancolia. Madame Celestia e Min Jae haviam compartilhado aquelas memórias, testemunhado os feitos e os sacrifícios daqueles que se ergueram para proteger os frágeis fios da humanidade contra as sombras que espreitavam nos cantos mais escuros do mundo.

Mas enquanto a mulher mergulhava nas profundezas do passado, Min Jae permanecia obstinadamente ancorado no presente, aferrado aos documentos que representavam o mundo tangível e mensurável que ele conhecia tão bem. Seu silêncio era uma barreira, uma defesa contra as memórias que ameaçavam inundar sua mente e obscurecer seu julgamento.

"Eu esperava por isso", continuou Madame Celestia, um tom de resignação tingindo suas palavras. "Nós dois conhecemos os custos, os sacrifícios que são necessários para manter seguros aqueles que amamos."

Ela lançou um último olhar para Min Jae, uma mistura de tristeza e compaixão refletida em seus olhos. Mas o homem permaneceu imóvel, uma figura de pedra no centro de um turbilhão de emoções.

Min Jae finalmente tirou os olhos dos documentos, fitando Madame Celestia com uma intensidade que poderia derreter o mais resistente dos corações. Sua voz era um eco frio na sala, carregada de acusação e censura.

"Você ajudou as garotas antes delas enfrentarem Parker Jun", afirmou ele, em uma declaração direta e sem nenhum rodeio. Mas antes que Madame Celestia pudesse articular uma resposta, ele continuou, suas palavras cortantes como navalhas afiadas. "E fez isso sem me avisar, sem consultar os acionistas da Soul Music. As coisas poderiam ter terminado muito piores, e a culpa seria sua."

Madame Celestia ergueu uma sobrancelha, sua expressão imperturbável sob o escrutínio duro de Min Jae. Ela não recuou diante de suas palavras acusatórias, mantendo-se firme em sua postura calma e confiante.

"As garotas fizeram o que elas sentiam que era certo", respondeu ela, sua voz suave como seda, mas carregada de determinação. "Elas confiaram em seus instintos, em sua conexão umas com as outras. E, no final das contas, elas prevaleceram."

Min Jae franziu o cenho, seus lábios se curvando em uma expressão de desdém.

"Elas quebraram todas as regras da empresa", retrucou ele, suas palavras ressoando com autoridade. "Isso precisa ser informado aos acionistas. Eles precisam saber o que aconteceu, quem é Parker Jun e o que ele representava. Além de que as garotas da banda estavam próximas demais dele."

Madame Celestia deu de ombros, uma expressão de indiferença pintada em seu rosto.

"Você contratou Jun", lembrou ela, suas palavras ecoando com um tom de desafio. "Você o trouxe para dentro da nossa casa. E agora, você quer que as garotas paguem o preço por suas próprias falhas de julgamento."

O silêncio que se seguiu foi denso, carregado com o peso das acusações ditas e mágoas não ditas, das verdades inconvenientes que se escondiam nas sombras. No coração daquela sala, Min Jae e Madame Celestia estavam presos em um jogo perigoso de vontades, onde cada movimento poderia ter consequências irreversíveis.

Min Jae se recostou em sua cadeira, os olhos fixos no rosto sereno de Madame Celestia, que parecia quase etérea sob a luz fraca da sala. Seu tom era suave, mas firme, carregado com a sabedoria de quem viu muitos anos e muitos horrores.

"O mundo mudou", começou ele, suas palavras lentas e medidas. "Seul não é mais a mesma cidade da nossa juventude. As Rainbow 5 são artistas, não heroínas. Elas precisam entender isso."

Madame Celestia concordou com um aceno de cabeça, mas seus olhos mantinham um brilho de convicção inabalável.

"Di e Lea são artistas, mas também são heroínas", respondeu ela, sua voz ecoando com a certeza de sua crença. "Elas já provaram isso neste incidente. Elas têm o potencial de inspirar e de proteger, de serem mais do que apenas ídolos."

Min Jae endureceu sua expressão, sua determinação esculpida em cada linha de seu rosto.

"Estou revisando o relatório para os acionistas", anunciou ele, sua voz cortante como aço. "Com todas as violações que Lea e, principalmente, Di cometeram. Este será o fim de qualquer carreira no entretenimento para elas."

Madame Celestia suspirou, uma melancolia fugaz atravessando seus olhos.

"Lembre-se da juventude, Min Jae", pediu ela, sua voz carregada de memórias antigas. "Lembre-se de quem éramos, do que éramos capazes de fazer para proteger nossos amigos. Você já foi muito mais impulsivo do que eu. Você sabe o que é sacrificar-se para proteger os amigos, o que é lutar por amor."

O silêncio que se seguiu foi carregado com o peso dos anos passados, das escolhas feitas e das promessas quebradas. Min Jae e Madame Celestia estavam presos em um momento de reflexão, cada um confrontando seus próprios demônios e dilemas pessoais.

Madame Celestia permaneceu por um momento, encarando Min Jae com olhos cheios de esperança e determinação. Seu apelo final estava carregado de uma convicção profunda, uma crença na capacidade de redenção e no poder do perdão.

"Di e Lea fizeram o que acreditavam ser o melhor para todos", insistiu ela, sua voz suave, mas firme. "Elas não quebrariam as regras da empresa sem uma razão válida. Lembre-se dos seus amigos da juventude, Min Jae. Lembre-se de tudo o que os heróis daquela época sacrificaram para que houvesse paz. Temos a chance de guiar essas duas garotas, para que não cometam os mesmos erros que nós."

Min Jae permaneceu em silêncio, sua expressão uma máscara impenetrável de pensamentos turbulentos e emoções conflitantes. Ele sabia que as palavras de Madame Celestia continham uma verdade inegável, uma verdade que ele havia tentado ignorar por tanto tempo.

Enquanto a mulher levantava-se do sofá e pegava a bengala pendurada na porta, Min Jae ficou ali, perdido em seus próprios pensamentos. Ele sabia que teria que tomar uma decisão, uma escolha que afetaria não apenas o destino de Di e Lea, mas também o seu próprio.

Enquanto ela caminhava pelo corredor do lado de fora, os sons do triturador de papéis ecoavam na sala, um eco sombrio de decisões sendo tomadas e destinos sendo selados. Madame Celestia sorriu com a vitória do dia, mas havia uma sombra de tristeza em seus olhos, uma lembrança dos sacrifícios que foram feitos e das batalhas que ainda estavam por vir. E enquanto a noite envolvia a cidade lá fora, dentro da sala de Min Jae, uma ponta de esperança nascia para o futuro de Di, Lea e para as outras integrantes da banda.

Di permaneceu acordada a noite toda, perdida em um emaranhado de pensamentos turbulentos e memórias dolorosas. Cada vez que ela fechava os olhos, era assombrada pela imagem de Parker Jun, pelo sorriso falso e pelas mentiras que ele espalhou. O curativo em seu nariz era uma lembrança física do confronto, mas as feridas emocionais eram muito mais profundas.

Agora, no refeitório, Di segurava uma xícara de café com leite entre as mãos trêmulas, seu olhar perdido no vapor que se erguia suavemente. Ela vestia um top branco simples e uma calça jeans desbotada, uma aparência que contrastava com a agitação de sua mente.

Lea, com o cabelo bagunçado e o rosto ainda marcado pelo sono, se juntou a ela no refeitório. Havia uma expressão de preocupação em seus olhos gentis quando ela cumprimentou Di, perguntando como ela passou a noite.

Di suspirou, seu semblante tenso. "A noite foi longa", admitiu ela, sua voz carregada de exaustão. "Não consegui encontrar paz nem mesmo por um momento."

Um silêncio pesado pairou entre elas enquanto Di tentava encontrar as palavras certas para expressar a tempestade que rugia dentro de si. Lea olhou para ela com compaixão, sua expressão refletindo a profunda conexão que compartilhavam.

"Alguma notícia de Jun?", perguntou Lea, sua voz suave e preocupada.

Di balançou a cabeça negativamente, uma sombra de tristeza passando por seus olhos. "Nada", respondeu ela, sua voz vacilante. "Se ele estivesse vivo... teria vindo atrás de nós."

Lea assentiu, compreendendo o peso dessas palavras. Ela sabia que a ausência de Jun não significava necessariamente segurança, mas sim uma nova incógnita em um mundo já tumultuado. E enquanto elas se sentavam juntas no refeitório, envoltas pelo aroma reconfortante do café, sabiam que enfrentariam o desconhecido eventualmente, mas juntas, como artistas ou heroínas.

O refeitório do alojamento estava impregnado com uma atmosfera de melancolia naquela manhã, enquanto Di e Lea compartilhavam o café da manhã em silêncio. O peso dos eventos recentes pairava sobre elas, uma sombra escura que se recusava a dissipar.

Sun se juntou a elas, conforme a luz do sol clareava os quartos, suas olheiras profundas testemunhas silenciosas de suas noites insones. A líder da banda parecia carregar o peso do mundo em seus ombros, seus passos lentos e sua postura abatida denunciavam sua luta interna.

Di tentou trazer um pouco de leveza ao ambiente sombrio, oferecendo um sorriso encorajador a Sun. "Você parece cansada, Sun. Dormiu alguma coisa?", perguntou ela, sua voz tingida com preocupação genuína.

Sun balançou a cabeça, um suspiro escapando de seus lábios. "Não consegui pregar os olhos a noite toda", confessou ela, seus olhos pesados de exaustão.

Lea sentiu seu coração apertar ao ver o estado de sua amiga, desejando poder dissipar a escuridão que a envolvia. "Talvez um bom café da manhã te ajude a se sentir melhor", sugeriu ela, buscando confortar Sun da melhor maneira que podia.

Enquanto as três tentavam encontrar alguma normalidade naquela manhã sombria, Sing irrompeu no refeitório com sua habitual energia contagiante. Sua presença era como um raio de sol em meio às nuvens escuras, mas mesmo sua alegria não podia dissolver completamente a atmosfera pesada.

"Olhem só o que eu encontrei na caixa de correio!", exclamou Sing, exibindo uma carta com um sorriso travesso. "Um fã muito apaixonado escreveu para nós, elogiando a beleza de Di."

Di forçou um sorriso, mas o elogio do fã apenas serviu para reavivar as feridas emocionais que ela tentava desesperadamente esconder. "Isso é gentil da parte dele", respondeu ela, sua voz um sussurro frágil.

Sing arqueou uma sobrancelha, seu tom brincalhão dando lugar a uma nota de desafio. "Parece que alguém conquistou um admirador secreto", provocou ela, lançando um olhar significativo para Di.

A jovem desviou o olhar, sentindo o peso das palavras de Sing pressionando sobre ela. "Os homens só se interessam pela nossa aparência", murmurou ela, mais para si mesma do que para os outros. "Eles nunca se importam de verdade com quem somos por dentro."

O refeitório ficou envolto em um silêncio desconfortável, cada uma das garotas perdida em seus próprios pensamentos sombrios. Sun abaixou os olhos para o chão, sua expressão melancólica refletindo o peso das palavras de Di. No ar, pairava uma sensação de desolação, uma lembrança cruel da fragilidade de suas vidas como idols.

Di e Lea deixaram o refeitório com uma sensação de peso em seus corações, carregando consigo a sombra dos eventos recentes. No corredor do alojamento, foram recebidas pela presença de Jia, cujo rosto mostrava uma expressão de preocupação e hesitação.

"Di, Lea", cumprimentou Jia, tentando quebrar o gelo que pairava entre elas. "Como vocês estão se sentindo hoje?"

Di respondeu abruptamente, sua voz carregada de tensão. "Não muito diferente de ontem", disse ela, evitando o olhar de Jia enquanto se movia para sair do alojamento.

Lea lançou um olhar de compaixão para Jia, reconhecendo a dor que ela também carregava. "Desculpe, Jia", murmurou Lea, sua voz suave e cheia de empatia. "Di está passando por um momento difícil. Não leve a mal se ela estiver agindo de forma estranha."

Jia suspirou, uma mistura de tristeza e frustração cruzando seu rosto. "Eu sei", admitiu ela, desviando o olhar. "Eu só queria poder ajudá-la, mas parece que ela está se afastando de mim."

Lea colocou uma mão reconfortante no ombro de Jia, oferecendo-lhe um sorriso gentil. "Não leve para o lado pessoal", aconselhou ela. "Di está lidando com muitas coisas agora. Tenha paciência com ela."

Enquanto Di se afastava em silêncio, as duas amigas ficaram para trás no corredor vazio do alojamento, cada uma perdida em seus próprios pensamentos. O peso da incerteza pairava sobre elas, um lembrete constante das batalhas que enfrentavam como integrantes das Rainbow 5.

Di caminhava pelas ruas tranquilas, sentindo o sol matinal acariciar sua pele enquanto tentava desanuviar a mente dos acontecimentos recentes. O curativo em seu nariz era um lembrete constante da violência que enfrentara, mas também uma oportunidade de passar despercebida, pelo menos por um momento.

Um ronco de motor chamou sua atenção, e Di ergueu os olhos para ver um reluzente Porsche 918 preto se aproximando. O carro parecia uma fera elegante, poderosa e perigosa ao mesmo tempo. Ao volante estava um jovem de óculos escuros, cabelos cuidadosamente penteados para trás, exibindo uma expressão de autoconfiança que beirava a arrogância.

O jovem assoviou, olhando descaradamente para Di com um sorriso insolente no rosto. "Ei, garota bonita! Precisa de uma carona?"

Di arqueou uma sobrancelha, divertida com a audácia do rapaz. "Bonito carro", ela comentou com um sorriso irônico, aproximando-se para examinar o veículo.

O jovem sorriu ainda mais largamente, gostando da atenção. "É o melhor que o dinheiro pode comprar", ele disse com um tom de orgulho. "E você é a melhor coisa que meus olhos  viram por hoje."

Di revirou os olhos, mas não pôde deixar de sorrir diante da ousadia do jovem. "Lisonjeiro", ela respondeu com um toque de sarcasmo. "Mas acho que vou precisar de mais do que elogios para entrar nesse carro."

O jovem piscou para ela, deixando claro suas segundas intenções. "Oh, eu tenho muito mais do que elogios para oferecer, querida. Vamos lá, uma volta não vai machucar."

Di ponderou por um momento, avaliando os riscos de se envolver com um estranho. Mas a sensação de aventura e liberdade era irresistível. "Por que não?" ela finalmente concordou, pulando dentro do carro com um sorriso travesso nos lábios.

O jovem acelerou o carro, e logo os dois estavam cortando o vento pelas ruas da cidade, o rugido do motor ecoando ao redor deles. A garota permitiu-se rir e relaxar, pelo menos por um momento, desfrutando da sensação de liberdade que só uma carona em um Porsche conversível poderia proporcionar.


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