Rainbow 5 escrita por Lee George


Capítulo 26
Confrontando a realidade




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As rodas do ônibus rugiam sob a estrada, cortando a penumbra da noite que começava a cair. Di, sentada junto à janela, observava as últimas nuances de laranja e rosa do pôr do sol pintarem o horizonte. O crepúsculo mergulhava a paisagem em sombras, e uma sensação de urgência se apoderava dela. A preocupação pairava em sua mente, como nuvens ameaçadoras prestes a desencadear uma tempestade.

O interior do ônibus estava mergulhado em uma penumbra mutável, com a luz intermitente dos postes de rua passando pelos vidros. Di afundou-se no assento, imersa em suas próprias memórias. Imagens da infância fluíam em sua mente, onde Lea e ela, duas crianças inseparáveis, brincavam nos campos verdejantes de seu vilarejo natal. Risos puros e inocentes ecoavam em suas lembranças, contrastando com a complexidade sombria do presente.

A brisa noturna entrou pelas frestas da janela, trazendo consigo a mistura de aromas da cidade e a ansiedade que a envolvia. Di fechou os olhos por um momento, tentando dissipar a confusão que se acumulava em sua mente. Entre as lembranças da infância e o relacionamento recente com Jun, ela se via dividida. A dúvida sobre a verdadeira identidade daquele homem pairava como uma sombra ameaçadora, turvando suas emoções.

Os diálogos interiores da jovem idol eram um murmúrio confuso, ecoando a inquietação que a atormentava. Uma voz sussurrava as doces memórias de momentos compartilhados com Jun, enquanto outra gritava, alertando-a sobre os indícios que o relacionavam ao stalker. A tensão pulsava em suas têmporas, cada batida do coração ecoando uma incerteza que se multiplicava.

A narrativa desse dilema interno era como uma peça teatral complexa, com os pensamentos de Di dialogando em um palco de incertezas. As palavras trocadas entre suas emoções eram uma dança frenética de medo e afeto.

O ônibus continuava sua jornada noturna, avançando pelas estradas iluminadas pelos faróis amarelados. Enquanto as luzes da cidade deslizavam pelas janelas, Di permanecia mergulhada em seus próprios pensamentos, confrontada pelo turbilhão de sentimentos que ameaçava consumi-la.

O destino se aproximava, e com ele, a incerteza do que encontraria em seu vilarejo natal. As memórias de Lea se entrelaçavam com as sombras do presente, e Di sentia o peso de uma responsabilidade que transcendia o palco e os ensaios de K-pop. A verdade esperava por ela, envolta na escuridão da noite que abraçava o ônibus em sua jornada.

O motor rugiu enquanto o veículo se aproximava de seu destino, e Di, com olhos fixos no horizonte sombrio, preparava-se para enfrentar não apenas enigma aterrador que pairava sobre o presente, mas também o medo de perder a amiga mais importante de seu passado.

O ônibus desacelerou ao adentrar o vilarejo, suas lanternas cortando a escuridão enquanto Di, ainda imersa em seu tormento interior, saltou do veículo ainda em movimento. Seus pés tocaram o chão familiar, mas a urgência a impelia adiante. Passando pela pequena rodoviária da vila sem olhar para trás, ela disparou pelas ruas estreitas, o eco de suas passadas misturando-se ao murmúrio noturno da aldeia adormecida.

A lua, luminosa e altiva, ascendia no céu, iluminando o caminho de Di com seu brilho prateado. O vilarejo parecia envolto em um silêncio inquietante, apenas interrompido pelos sussurros do vento que faziam as folhas das árvores farfalharem como suspiros distantes.

A jovem percorreu as principais ruas com determinação, a respiração ofegante marcando o ritmo acelerado de sua corrida. A arquitetura antiga do vilarejo, envolta em mistério e história, testemunhava a agitação que se desenrolava sob a luz noturna. A garota, guiada por um chamado desconhecido, dirigiu-se ao antigo templo nos arredores.

Ao se aproximar da entrada do templo, uma escadaria antiga que ascendia como uma senda em direção ao sagrado, o coração de Di bateu mais rápido. Uma presença sombria pairava no ar, e o medo se misturava ao arrepio da noite. Seus olhos, agora acostumados à penumbra, captaram a figura inerte de um homem. O sacerdote que cuidava do templo jazia ali, sua expressão serena substituída pela frieza da morte.

Di parou abruptamente, seus olhos fixos no corpo imóvel diante dela. A lua lançava sua luz sobre o cenário macabro, destacando os detalhes sinistros que envolviam o local sagrado. Uma brisa gelada serpenteava pelas árvores próximas, como se lamentasse a tragédia que agora se desdobrava.

A jovem idol fitou o rosto pálido do sacerdote, questionamentos e horrores dançando em seus olhos. O templo, outrora um refúgio de paz espiritual, transformara-se em um palco sombrio onde a tragédia desenrolava sua trama cruel. O silêncio era tão opressivo que parecia gritar, ecoando as sombras que se fechavam em torno de Di.

Di, mesmo enfrentando o espectro da morte e a sombra do desconhecido, reuniu coragem para adentrar o templo, deixando para trás o corpo do sacerdote que agora repousava no limiar entre o sagrado e o profano. O silêncio era palpável à medida que ela se aproximava da porta de madeira envelhecida que guardava os segredos do lugar.

A jovem idol encontrou a passagem bloqueada pela barreira da porta fechada. Com mãos trêmulas, ela forçou uma pequena abertura, o rangido sutil da madeira servindo como eco para a tensão que impregnava o ar. Di se esgueirou através da fenda, seus sentidos aguçados, atentos a qualquer sinal de intrusão indesejada.

O interior do templo permanecia envolto na escuridão, uma cortina impenetrável que ocultava tanto os mistérios quanto os perigos que aguardavam. O piso de madeira rangeu sob os passos cautelosos de Di, cujos olhos, ajustando-se à penumbra, buscaram desesperadamente por algum sinal de Lea.

"Lea!" sussurrou Di, sua voz mal passando de um murmúrio temeroso. O eco de suas palavras reverberou nas paredes silenciosas, mas não houve resposta. A inquietante quietude continuava a envolvê-la como um manto gélido.

Determinada a enfrentar o desconhecido, Di avançou mais profundamente no templo, seus passos silenciados pela ansiedade que a apertava como um punho invisível. O tênue brilho da lua filtrava-se pelas janelas, agora barricadas, lançando sombras fantasmagóricas sobre os artefatos religiosos que decoravam o local sagrado.

Seus olhos, agora ajustados à escuridão, perscrutaram o ambiente. Foi então que, atrás de um banco, Di vislumbrou uma figura caída. O coração acelerou, e a esperança e o medo dançaram em seus olhos.

Correndo até Lea, a jovem idol se ajoelhou ao lado da amiga, suas mãos tremendo enquanto a sacudia suavemente. "Lea, acorde", sussurrou Di, ansiosa para romper o véu do inconsciente que aprisionava a telepata. A suavidade da voz contrastava com a urgência que emanava dela.

Lea, imóvel por um momento, finalmente começou a recuperar a consciência. Seus olhos, antes enevoados pelo sono profundo, piscaram à luz da lua que invadia o templo. Confusão e alívio se entrelaçaram em seu olhar ao encontrar Di ao seu lado.

Entre a penumbra do templo, Di e Lea se encontravam como duas almas resgatadas da escuridão. A alegria de Di pela descoberta de Lea foi abafada pelo choque da situação e pela enxurrada de emoções que se desenrolava diante delas.

Lea, ainda trêmula, gradualmente emergiu de um estado de torpor, seus olhos castanhos, uma vez nublados, agora focalizando a realidade à medida que a luz da lua delineava suas feições pálidas. Di, emocionada, segurou as mãos de Lea como se temesse que, ao soltá-la, a realidade se desfizesse como fumaça.

"Você está bem, Lea?" indagou Di, buscando nos olhos da amiga algum sinal de compreensão e conforto.

Lea, num esforço para articular palavras, murmurou de forma desconexa, alertando Di a tomar cuidado e evitando, aparentemente, uma verdade ainda por se revelar completamente. O choque da experiência pesava nas palavras fragmentadas da jovem de cabelos cor de rosa, e Di tentava decifrar os enigmas que a telepata tentava compartilhar.

"Tome... cuidado..." Lea repetiu, as palavras parecendo uma advertência solene sussurrada pela brisa noturna. Di, confusa, inclinou-se para captar cada sílaba, sua mente girando entre o alívio de ter encontrado sua amiga e a angústia do que ela estava tentando comunicar.

A confusão se aprofundou quando Lea pediu desculpas, expressando remorso por não ter usado seus dons telepáticos para perceber o perigo iminente. As palavras soavam como um lamento, e Di sentiu uma pontada de perplexidade se entrelaçando às suas outras emoções.

"Sinto muito, Di... Jun usou..." Lea começou, suas palavras hesitantes como pétalas de uma flor frágil.

Di, agora captando as insinuações, sentiu um aperto no peito. A revelação começava a se desdobrar como um capítulo sombrio e inesperado. "Usou? Usou como?" indagou Di, suas íris refletindo a incerteza e a preocupação.

Lea, em meio ao dilema de suas próprias palavras, murmurou: "Ele... nos enganou. Lamento, Di. Lamento tanto..."

O abraço entre Di e Lea tornou-se o elo frágil que as mantinha unidas na escuridão do templo. Di, enquanto acariciava os cabelos da amiga, tentava trazer conforto às palavras soltas que ecoavam como lamentos naquele lugar sagrado profanado. A dor nos olhos de Lea era profunda, uma cicatriz invisível que se refletia na sua expressão vulnerável.

"Calma, Lea. Estamos juntas agora. Vamos sair daqui e enfrentar isso juntas", sussurrou Di, embora o nó de desespero em sua garganta a fizesse parecer mais frágil do que nunca.

Lea, encontrando forças nas palavras de Di, tentou formular suas afirmações de maneira mais clara. "Eu... eu li a mente dele, Di. Quando fomos atacadas, eu... eu tentei ler a mente do stalker, e era Jun. Tenho certeza disso. Mas ele fez algo, algo para me fazer desmaiar antes que eu pudesse avisar vocês", explicou Lea, sua voz trêmula carregando o peso da verdade.

A incredulidade pintou o rosto de Di, um retrato de negação e desespero. Ela recuou, olhando para a companheira de infância como se a confirmação das palavras fosse uma ferida que não queria ver aberta. "Jun... ele... não pode ser. Lea, você deve ter se confundido. Não pode ser ele", argumentou Di, mas as próprias palavras tremiam em sua boca.

Lea, entretanto, insistiu com olhos cheios de pesar: "Di, eu nunca mentiria para você. Eu sei que é difícil de aceitar, mas é verdade."

As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Di, como gotas de chuva em um céu enegrecido. A verdade, fria e cruel, lançou uma sombra sobre a confiança que ela depositara em Jun. "Ele... ele estava nos usando o tempo todo. Toda a nossa amizade, nossos momentos juntos...", murmurou Di, sua voz se desfazendo em soluços.

Ajudando Lea a se levantar, Di sabia que precisavam deixar o templo, escapar da escuridão que os cercava. No entanto, Lea, ainda fraca pelo impacto psíquico e emocional, tinha dificuldade em dar um passo firme.

"Vamos sair daqui, Lea. Temos que enfrentar isso lá fora", instigou Di, mas a jornada parecia uma travessia através de um nevoeiro denso, cada passo repleto de incertezas e dor.

O caminho de Di e Lea para fora do templo era uma jornada morosa, marcada pelo peso de verdades sombrias que ecoavam como um coro sinistro. Cada passo parecia uma fuga desesperada da escuridão que se infiltrara em suas vidas.

Di, apoiando Lea, movia-se em direção à entrada do templo, mas a névoa de incertezas persistia. Antes que pudessem alcançar a liberdade relativa do lado de fora, o destino cruel desenhou um novo capítulo em sua trama tortuosa.

Um lampejo sombrio preencheu o campo de visão de Di, dissipando-se para revelar a figura inconfundível de Parker Jun. Seus olhos se encontraram, e por um breve momento, o coração de Di se permitiu um lampejo de esperança. Um sorriso brotou em seus lábios, mas a luz se apagou quando a verdade sombria se desdobrou diante dela.

A primeira reação de Di foi alegria, um ímpeto natural ao ver alguém que acreditava ser seu companheiro. No entanto, a verdade logo se materializou diante dela, cruel como uma faca fria dilacerando a ilusão.

"Jun..." murmurou Di, sua voz carregada de angústia e decepção.

Parker Jun permanecia ali, uma sombra sinistra no caminho delas, a expressão inescrutável. A lua, testemunha silenciosa do que se desenrolava abaixo, lançava uma luz pálida sobre aquele cenário de traição.

"Jun, você..." começou Di, mas as palavras ficaram presas na garganta quando percebeu que a escuridão que se escondia atrás dos olhos de Jun era mais profunda do que ela poderia imaginar.

O homem que ela achava que conhecia agora estava diante dela, uma encarnação do pesadelo que as assolava. A resposta de Jun à descoberta de Di foi um murmúrio lunático, as palavras que escapavam de seus lábios soavam como um lamento distorcido pela insanidade.

"As Rainbow 5... elas foram feitas para mim. O destino as trouxe todas vocês até mim", afirmou Jun, sua voz uma sinfonia dissonante de possessividade.

A realidade se despedaçou diante dos olhos de Di. O homem que ela julgara ser seu porto seguro, seu confidente, revelava-se como um arquiteto cruel de tormentos. O horror crescente se misturou à fúria dentro dela.

"O que você fez, Jun? Como pôde fazer isso conosco?" questionou Di, sua voz, agora, um rugido impregnado de desespero e raiva.

O eco da insanidade ressoava nas palavras de Parker Jun, preenchendo o espaço entre eles como uma melodia distorcida de desespero. Ele se entregava à confissão de seus demônios, a história sinistra de como um homem comum se transformara em um arauto do caos.

"Nunca encontrei alguém como eu antes", murmurou Jun, sua voz carregada de um tom lunático e possessivo. Seus olhos, antes cheios de ternura fictícia, agora brilhavam com uma intensidade aterradora. "Até aquela noite no parque, quando vi vocês usando esses poderes... tudo mudou."

Di, ainda processando a traição que desabrochava diante dela, enfrentou Jun com olhos em chamas. "Você não é Parker Jun de verdade. Quem é você?"

Um sorriso retorcido se estendeu pelos lábios de Jun, revelando a máscara de um predador que se escondia sob a fachada do homem que Di pensava conhecer. "Eu tomei o nome de um investigador que eliminei anos atrás. Parker Jun é apenas um disfarce conveniente."

A revelação fez com que a gravidade da situação pesasse ainda mais. Di e Lea estavam diante de um homem que não apenas usurpara a identidade de outro, mas que também estava impregnado com a escuridão de suas próprias ações.

Di, resoluta apesar da crescente onda de desespero, interveio. "Não permitirei que você nos afaste. Lea e eu vamos sair daqui, e você não pode nos impedir."

Os olhos de Jun se estreitaram, um brilho sinistro refletindo sua determinação sombria. "Vocês não podem escapar. As Rainbow 5 pertencem a mim. Vocês são peças do meu jogo, destinadas a permanecer aqui, onde pertencem."

“Foi a Jia que me descobriu, não é?” Continuou, deixando que o tom raivoso escapasse entre suas palavras. “Eu achei que sem a Lea, vocês não me encontrariam. Mas, aquela lá, até que aquela é bem esperta…”

A fúria fervilhava nos olhos de Di, alimentada pela traição de Jun. Ao soltar Lea, a amiga caiu impotente ao chão. A raiva consumia Di, transformando-se em um desejo impulsivo de vingança. Uma lâmina de gelo, afiada como a mais mortal das facas, formou-se em sua mão direita, uma extensão de sua ira congelada.

Lea, vendo a cena se desenrolar diante dela, tentou, com sua voz enfraquecida, dissuadir a amiga: "Não!"

Ignorando os apelos de Lea, Di avançou com determinação, a faca de gelo erguida, pronta para atingir Jun. Antes que sua arma pudesse encontrar o alvo, Jun desapareceu diante de seus olhos, dissipando-se no ar como uma sombra evasiva.

Em um instante, ele reapareceu, cruelmente, à frente de Di. Um poderoso chute com a sola de seu sapato atingiu o rosto da jovem, sangue jorrou de seu nariz enquanto ela caía de joelhos, e então, inevitavelmente, para o chão. A visão turva de Di capturou a expressão desesperada nos olhos de Lea, a angústia da impotência refletida no rosto da amiga.

O mundo de Di tornou-se uma escuridão silenciosa, o gosto metálico do sangue em sua boca ecoando sua queda iminente na inconsciência.


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