Rainbow 5 escrita por Lee George


Capítulo 17
O velório na delegacia




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O alojamento das Rainbow 5 estava envolto em um silêncio denso, como se a própria atmosfera carregasse o peso dos eventos do dia anterior. O ar estava impregnado com um clima tenso, sufocante, que se instalara desde a volta das garotas, escoltadas por uma unidade da polícia. Os quartos, que antes eram refúgios de risos e segredos compartilhados, transformaram-se em câmaras de isolamento, cada uma abrigando um turbilhão de pensamentos sombrios.

Di, normalmente uma força motriz em qualquer lugar que estivesse, estava trancada em seu quarto, escondida embaixo das cobertas. O som de sua respiração irregular ecoava pelas paredes, um testemunho silencioso de sua batalha interna. O brilho de seus olhos, outrora cheios de confiança, havia cedido lugar a uma sombra de incerteza. A líder destituída confrontava não apenas a sufocante ameaça externa, mas também os demônios internos que se manifestavam nos recessos de sua mente.

Lea, habitualmente a suavidade personificada, tornara-se ainda mais reclusa. Seus olhos, que costumavam transmitir doçura, agora refletiam um pesar profundo. Os cabelos tingidos de rosa pareciam desbotar, como se o próprio trauma tivesse roubado as cores de sua existência. O sorriso tímido de Lea estava obscurecido, como se o mundo ao seu redor tivesse desmoronado em pedaços.

Sun e Sing, donas de uma vivacidade única, encontravam-se em um estado de choque coletivo. O vínculo entre elas, antes impenetrável, tremia sob o peso dos horrores testemunhados. O brilho radiante de Sun, que costumava iluminar qualquer ambiente, agora cedia espaço a uma expressão contida, seus olhos refletindo um tumulto interno. Sing, a sedutora que costumava conquistar corações com um simples olhar, agora mantinha-se reclusa em seu próprio mundo de reflexões.

Isto enquanto Jia estava mergulhada em pensamentos profundos. A perda do detetive Kwon pesava sobre ela como um fardo insuportável. A responsabilidade de sua morte pairava sobre seus ombros, uma sombra constante que obscurecia até mesmo os momentos mais leves. Seus olhos, normalmente tão penetrantes, agora refletiam uma mistura complexa de tristeza e determinação.

O alojamento, uma vez palco de risos e camaradagem, transformara-se em uma tapeçaria de melancolia.

Na sala do alojamento, o clima tenso que pairava não era menos opressivo. Jun e Min Jae, sentados no sofá, compartilhavam um silêncio carregado, interrompido apenas pelo sussurro distante dos ventos noturnos. O cenário era uma representação física da tormenta emocional que envolvia as integrantes da Rainbow 5.

"Não esperava que o stalker fosse tão corajoso. E muito menos que ele fosse tão... poderoso", murmurou Min Jae, seu olhar penetrante fixo em algum ponto indefinido do espaço. O gerente da Soul Music refletia a gravidade dos eventos recentes em suas palavras.

Jun assentiu, a expressão preocupada vincando sua testa. "As garotas estão abaladas. Principalmente Di e Lea. Não acho que alguém pudesse estar preparado para ver o que elas viram."

"Não é fácil enfrentar o desconhecido, ainda mais quando esse desconhecido ameaça tudo o que construíram até agora", comentou Min Jae, seu tom autoritário temporariamente cedendo à compreensão.

"Você acha que elas vão conseguir superar isso?" indagou Jun, olhando em direção às portas fechadas dos quartos das garotas no andar superior, como se buscasse respostas.

"Elas são fortes. Mas força nem sempre é suficiente. É preciso lidar com o medo que fica nas sombras, esperando para emergir", ponderou Min Jae, um vislumbre de inquietação em seus olhos.

O investigador particular concordou, esfregando a nuca com uma expressão sombria. "Ainda assim, não esperava que as coisas chegassem a esse ponto."

Min Jae desviou o olhar de Jun, fitando-o com uma seriedade repentina. "Há algo que você precisa entender, Jun. Essas garotas são a joia da Soul Music. Qualquer ameaça a elas é uma ameaça à nossa empresa. Eu não posso permitir que nada as distraia de seu propósito."

O chinês arqueou a sobrancelha, intrigado pela tensão na voz de Min Jae. "Você quer dizer que não esperava que eu ficasse tão próximo delas?"

O gestor assentiu, sua expressão tornando-se mais rígida. "Elas são proibidas de terem relacionamentos amorosos. Isso não é negociável. O foco delas deve ser a carreira, o sucesso da banda."

Jun manteve-se impassível, mas uma centelha de desafio brilhou em seus olhos. "Não estou aqui para me envolver emocionalmente com ninguém. Estou aqui para protegê-las."

Min Jae observou o investigador por um momento antes de concordar, a relutância pairando entre eles como uma sombra persistente. O silêncio retomou seu domínio na sala, ecoando as complexidades entrelaçadas no destino das Rainbow 5.

O silêncio persistia na sala do alojamento, pesado como um manto de incertezas. Min Jae e Jun compartilhavam olhares que escondiam reflexões profundas, quando a quietude foi rompida pela figura descendo as escadas. Era Jia, a mais madura das Rainbow 5, mas naquele momento, a maturidade estava tingida por olheiras profundas e a ausência de maquiagem realçava a gravidade das cicatrizes deixadas pelos eventos que a jovem vivenciou recentemente.

Aproximando-se, Jia não perdeu tempo e dirigiu-se diretamente aos dois homens. "Vocês sabem sobre os policiais? Aqueles que nos escoltaram até a prédio da reunião."

Jun hesitou por um momento antes de responder. "Todos estão mortos. A cerimônia do velório está acontecendo na delegacia, longe dos olhos da imprensa."

O peso da confirmação fez os olhos de Jia brilharem com tristeza, uma lágrima formando-se em seu olho direito, mas ela se manteve firme. "Eu preciso ir até lá. Kwon Han estava tentando nos proteger. Ele merece ser lembrado."

Min Jae considerou a solicitação por um instante, seus olhos calculando as implicações. "Você vai chamar a atenção da imprensa. Pode ser arriscado."

"Ele morreu protegendo a mim e às outras garotas da banda. Eu devo isso a ele." A determinação na voz de Jia era inabalável.

O gestor da Soul Music ponderou por mais um instante antes de assentir. "Vá, mas seja discreta. Não queremos mais problemas."

Jia agradeceu com um simples aceno de cabeça e se retirou do alojamento, deixando para trás a tensão e o peso das circunstâncias.

Min Jae e Jun observaram silenciosamente Jia se afastar do prédio, seu vulto desaparecendo na escuridão da noite. O gerente quebrou o silêncio com um suspiro pesado.

"Os acionistas agiram rápido. Eles usaram sua influência para garantir que a imprensa ignore o que aconteceu. Este incidente é um problema que não queremos exposto."

Jun permaneceu em silêncio, mas seus olhos revelavam uma expressão de surpresa, uma nuance de incredulidade diante da eficiência com que a situação estava sendo controlada.

"Ordens foram dadas para as outras bandas também. Elas negarão qualquer evento relacionado ao ataque do stalker. Não queremos que o medo se espalhe entre os idols e seus fãs," explicou Min Jae, observando atentamente a reação de Jun.

O jovem investigador permaneceu sério, processando a informação. Seu treinamento o ensinara a ler entre as linhas, mas mesmo assim, a rapidez com que os acionistas agiram era desconcertante. "E quanto às garotas? Elas vão simplesmente esquecer o que aconteceu?"

Min Jae esboçou um sorriso cínico. "Elas não têm escolha. Negar a verdade é uma habilidade que todos na indústria precisam desenvolver. Apenas torça para que esse incidente não as assombre no futuro."

O silêncio voltou a pairar na sala do alojamento, mas agora carregava consigo a sombra de segredos e manipulações.

Jia caminhava pelas ruas silenciosas de Seul, envolta na melancolia que a noite trouxera consigo. O vento sussurrava segredos, como se a cidade estivesse lamentando os eventos recentes. Ao se deparar com a imponente fachada da delegacia do bairro, um prédio que testemunhara décadas de histórias e segredos, ela hesitou.

A decisão de entrar pesava em seus ombros, como se um peso invisível a contivesse. Por um momento, ela considerou dar meia-volta e voltar ao relativo conforto da ignorância. No entanto, algo mais forte a impeliu para frente, e Jia reuniu coragem para atravessar as portas da delegacia.

O cenário inicialmente parecia normal, com cidadãos buscando ajuda, policiais diligentes cumprindo seus deveres e um som alto de conversas que confundiam os ouvidos mais atentos. Mas Jia, com sua intuição aguçada, sentia a atmosfera estranha que pairava no ar.

Seus passos a conduziram a um policial solitário, afastado dos demais. Ela se aproximou com cautela e, sem rodeios, perguntou sobre Kwon Han. O policial olhou para ela com tristeza nos olhos e apontou para uma porta maior.

A sala além da porta estava mergulhada na escuridão, iluminada apenas pelas velas que cercavam um caixão simples. Algumas pessoas, vestidas de preto, choravam silenciosamente. Jia sentiu um nó se formar em sua garganta enquanto percebia que estava no velório dos policiais que haviam dado suas vidas para proteger as Rainbow 5.

O luto pairava no ar, denso e tangível. Jia observou os rostos compungidos, refletindo sobre as vidas interrompidas e o preço pago pela coragem de Kwon Han. Ali, naquela sala silenciosa, ela confrontou a realidade brutal dos acontecimentos, e suas lágrimas se juntaram ao coro silencioso daqueles que compartilhavam a dor da perda.

A tristeza pesava no coração de Jia enquanto observava o comovente cenário do velório. Lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto enquanto ela tentava ocultar sua presença, respeitando a família enlutada.

Seus olhos encontraram uma garota, uma adolescente cuja semelhança com Kwon Han era inegável. A expressão cansada da jovem refletia a dor de ter perdido seu ente querido. Jia, ao perceber a dor compartilhada, sentiu um aperto no peito, imaginando a devastação que essa perda causara àquela jovem.

Enquanto a idol enxugava as lágrimas e tentava manter-se discretamente à margem, um policial se aproximou dela. Era um jovem com espinhas salientes no rosto, um rosto que denunciava a inexperiência. Jia considerou que ele devia ser um novato, possivelmente um aprendiz de Kwon Han.

Os olhos do policial encontraram os da jovem cantora, e nesse breve encontro de olhares, ela pôde ver a compreensão e a empatia refletidas nos olhos do jovem. De seu bolso traseiro, ele retirou um pequeno bloco de notas e o entregou a Jia. A idol, curiosa, leu o nome na capa: "Kwon Han". Ela concluiu que aquele deveria ser o bloco de anotações da investigação conduzida pelo falecido detetive.

Um sorriso tímido surgiu no rosto do policial novato, como se quisesse transmitir que, apesar das circunstâncias, havia esperança e a promessa de continuidade no trabalho que Kwon Han começara. Em seguida, ele se afastou, dando espaço para que Jia refletisse sobre as anotações deixadas para trás pelo dedicado investigador.

A noite avançava no alojamento das Rainbow 5, mergulhando o local em uma atmosfera de tensão. Min Jae e Jun perceberam Jia retornando pelas ruas escuras, seu semblante carregado de melancolia. Os dois homens começaram a se preparar para deixar o alojamento, mas Jun decidiu interceder junto ao gerente da banda antes de prosseguirem.

"Min Jae, precisamos fazer algo por Di e Lea. Estão passando por um momento difícil, e temo pelo estado emocional delas," expressou Jun, tentando convencer o gestor.

Min Jae deu de ombros, como se as preocupações emocionais das integrantes fossem um fardo que ele não estava disposto a carregar. No entanto, Jun não desistiu e continuou a argumentar.

"As famílias delas moram em um vilarejo ao norte de Hwacheon. Seria benéfico para ambas ficarem um tempo com seus entes queridos. Além disso, eu posso levá-las até lá e garantir que estejam protegidas durante esse período difícil."

O gerente olhou Jun com desconfiança, lembrando-lhe mais uma vez da proibição de se envolver romanticamente com as integrantes da banda. Mas a sugestão de proporcionar um ambiente mais acolhedor para Di e Lea pareceu ganhar algum peso em sua decisão.

"Você sabe que isso não pode envolver relações amorosas, não é? Nada de se aproximar demais delas," alertou Min Jae, enfatizando a política rigorosa da empresa.

"Entendido," concordou Jun, aceitando as condições impostas. "Minha única intenção é ajudar essas garotas a passarem por esse momento difícil. Vou garantir que estejam seguras e bem cuidadas."

O gestor, após um breve momento de consideração, concordou com a proposta de Jun. A ideia de proporcionar um ambiente mais acolhedor para Di e Lea parecia ter algum mérito, mesmo que Min Jae não demonstrasse muita preocupação com o bem-estar emocional de suas protegidas.


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