Horas depois do encontro de Seiya e Mihu Tatsumi anuncia para os garotos que logo eles irão partir. Todos começam a se preparar. O mordomo pouco depois se aproxima de todos os garotos reunidos.

— Três ônibus vão partir daqui para o aeroporto. Quem receber a ficha azul irá no primeiro ônibus, quem receber a ficha verde irá no segundo e quem receber a ficha vermelha irá no terceiro.

Todos os garotos tiram suas fichas. Mitsumasa e Saori estão na entrada da Fundação, olhando a movimentação. Saori olha para os meninos em silêncio. Entre os que pegaram a ficha azul e partiriam primeiro estavam Shun, Nachi, Ban e Shiryu. O primeiro ônibus chega.

— A primeira turma já vai sair. Se apressem. – Diz o motorista.

Shiryu pega sua mala e se despede dos demais. Seiya e Hyoga dão um abraço no amigo.

— Boa sorte Shiryu, vai dar tudo certo. – Diz Seiya.

— Tenho certeza que sim. Até mais, meus amigos. – Shiryu entra no ônibus.

Shun também pega sua mala e olha para Ikki.

— Ikki, eu já vou partir...

— Shun não tenha medo de nada. Você vai passar em todas as provas e voltar ao Japão como cavaleiro. – Diz Ikki.

— Eu espero o dia de vê-lo novamente meu irmão. Me esforçarei para isso.

Os dois irmãos se abraçam. Shun é o último a entrar no ônibus, que logo parte. Ikki acena com a mão se despedindo.

Tatsumi cochicha perto de Ikki, e o irrita.

— O que está resmungando aí careca?

— Você acha mesmo que vai rever seu irmão? – Pergunta Tatsumi após ser provocado.

— O que? – Ikki olha sério para o mordomo.

— Hahaha a Ilha de Andrômeda é um inferno. Ela não deve nada a Ilha da Rainha da Morte!

— Como é? – Ikki da um grito desesperado.

Tatsumi revela a Ikki as condições climáticas da Ilha de Andrômeda, onde faz muito calor de dia, podendo chegar a 50 graus, e muito frio à noite, com temperaturas abaixo de zero. Ele também revela que ninguém conseguiu voltar de lá com a armadura.

— Seu irmão não tem a menor chance na Ilha de Andrômeda. Você quis tanto o proteger, mas quis o destino mandar vocês dois para dois lugares infernais distintos. Que ironia hahahaha.

Ikki segura Tatsumi pelo pescoço.

— Qual a graça palhaço?

Tatsumi se surpreende com a reação agressiva de Ikki.

— Faça meu irmão voltar dessa Ilha. Para mim tanto faz ir para o inferno, mas o Shun eu não quero lá.

— É tarde demais. O ônibus já partiu e já tomou seu rumo. – Responde Tatsumi.

Ikki, que desde bem pequeno já despertava um cosmo interessante quando protegeu Shun de ser roubado por Pandora, com os treinamentos na Fundação ficou ainda mais capacitado. Com 13 anos de idade ele esmurrou Tatsumi na frente de todos, o deixando sangrando no chão. Mitsumasa, Saori e os meninos ficaram sem reação. Ele saiu correndo.

— Atenção! Ikki está fugindo! – Grita Tatsumi.

— Ikki não deve saber que as cercas da fundação são eletrocutadas. Ele pode até morrer! – Grita Seiya.

— Temos que alertá-lo! – Complementa Hyoga.

Alguns garotos correm atrás de Ikki para impedi-lo. Ikki surra todos e segue tentando fugir. Ele tenta passar pela cerca, levando um enorme choque. Os seguranças amarram Ikki, que está desmaiado. Ao ver a cena, Seiya se revolta e parte para cima de Mitsumasa.

— Como você permite uma coisa dessas? Que tipo de monstro você é?

Mitsumasa encara Seiya.

— Eu não poderia deixá-lo fugir. Ele não teria o que fazer. Shun já partiu para o seu destino.

— Não grite com o meu avô! – Intercepta Saori.

— Cala a boca sua nojentinha. – Responde Seiya com raiva. Os dois se encaram com seus semblantes sérios.

Tatsumi leva Ikki amarrado até o segundo ônibus, que acabou de chegar.

— Incrível! Ele sobreviveu com a descarga elétrica. Talvez esse garoto... Ele consiga voltar com vida da Ilha da Rainha da Morte.

Ikki desperta e olha para Tatsumi.

— É melhor você me matar!

— O que?

— Se você não me matar agora, vai se arrepender. Eu vou voltar da Ilha da Rainha da Morte e vocês vão pagar com a vida!— Alerta Ikki.

Tatsumi da alguns passos para trás receoso.

— Você não irá voltar de lá. Ninguém volta de lá. – O mordomo sai do ônibus.

O segundo ônibus também levaria Seiya, que tirou a ficha verde. Seiya cumprimenta os demais garotos e entra no ônibus, que se prepara para partir. Mihu aparece nesse momento, vendo o ônibus indo embora.

— Seiya... Não vá embora... Seiya! – Mihu corre atrás do ônibus, chamando a atenção de todos.

Em uma velocidade impressionante a garota é pega por alguém. Os seguranças da Fundação nem enxergam.

— Cadê aquela garota? – Eles se perguntam.

No jardim a menina que foi levada para lá abre os olhos com medo. Ela avista Hyoga na sua frente.

— Mihu, se lembra de mim?

— Você é... O menino loiro russo que estava no orfanato.

— Sim. Tome cuidado, se esses seguranças te pegam, podem te dar uma punição. Como veio parar aqui?

Mihu conta para Hyoga como fez para chegar até ali. Ele insinua que ela é apaixonada por Seiya, e ela fica envergonhada. Mihu fica surpreendida com a velocidade que Hyoga a pegou para evitar que os seguranças colocassem as mãos nela.

— Seiya tem muita sorte de além da irmã ter alguém que se importe com ele. Mas agora você deve voltar ao orfanato.

— O caminhão que vim ainda está na fundação. Eu vou entrar nele, já que ele voltará ao orfanato. Com isso eu retorno. – Diz Mihu ainda chorosa com a partida de Seiya.

O terceiro ônibus chega. Hyoga pega sua ficha vermelha e se aproxima de Jabu, Geki e Ichi, que também irão nesse ônibus. Ele olha para o alto.

— Mamãe... Irei te reencontrar.

O terceiro ônibus parte. Todos os meninos vão ao aeroporto. Mitsumasa olha para a partida do último ônibus com o olhar perdido. Saori sente vontade de chorar e entra na mansão. Mitsumasa fala sozinho, com a voz embargada.

— Perdão, meninos... Perdão...

Mihu regressa ao orfanato escondida no caminhão. Ela consegue sair sem ser vista e conta para Seika sobre a partida de Seiya.

— Eu tenho que arrumar um jeito... De encontrar meu irmão. – Diz Seika olhando pela janela do orfanato.

BERLIM – ALEMANHA

Pandora já transformou o antigo castelo de sua família no que será o Castelo de Hades. Ela está bastante perturbada.

— Pandora... Tudo o que você está fazendo é por um bem maior. — Uma fumaça surge diante dela e logo se forma em alguém. Era Thanatos, deus da morte. Ele tem cabelos curtos prateados assim como seus olhos, estatura média e porte físico médio e veste uma sapuris preta e cinza. Seu cosmo impressiona, brilhando na cor prata assim como seus olhos e cabelos.

— Thanatos! – Grita a jovem assustada.

— Você não precisa ter medo de mim Pandora. Está fazendo um ótimo trabalho. Hades é seu irmãozinho, se lembra? Você será a comandante dos 108 espectros de Hades, terá o controle sobre todos eles. Você é o braço direito de Hades, sua representante.

Pandora balança a cabeça positivamente.

— Em breve as estrelas malignas se libertarão do selo de Athena. Nesse momento todos se reunirão em torno de você. O homem em que habita a alma de Hades você não demorará a encontrar. Porém mesmo adormecido nesse corpo, o senhor Hades estará ciente de tudo, ele tem seu corpo verdadeiro, mas que não tem o porquê ser usado. – Revela Thanatos.

— Sim senhor! – Pandora se retira e vai para o jardim onde já não existe vida.

— Vejo que está agindo com bastante agilidade Thanatos. — Uma voz é escutada vinda do lado de fora do castelo.

Thanatos se sente surpreendido.

— Que cosmo intenso. Como alguém se aproxima do Castelo de Hades com vida? Obviamente não é um humano comum.

Thanatos deixa o castelo e sai do jardim. Ele percebe uma aura vermelha, que logo se forma na frente dele. Ele é um homem de cabelos curtos castanhos escuros, olhos vermelhos cor de sangue, que tem estatura alta e é forte, vestindo uma imponente armadura vermelha bem escura. Um cosmo vermelho intenso chama a atenção.

— Mas quem é você?

— Eu sou Fobos, o deus do temor.

Thanatos e Fobos se encaram.

— Ah sim. Fobos, um dos deuses subordinados de Ares.

— Sim Thanatos. Assim como você, um dos deuses subordinados de Hades.

Thanatos se aproxima ainda mais de Fobos.

— O que faz aqui?

— Vim ver como anda os preparativos de Hades para a derradeira guerra Santa contra Athena. – Responde Fobos.

Thanatos fecha os olhos.

— Já sei que você e os demais deuses subordinados a Ares conseguiram seus corpos naturais adentrando o Submundo. O Imperador Hades nos pediu para não impedir que suas almas antes seladas adentrassem as trevas e também recuperassem o corpo de Ares, conseguido por outro deus no Olimpo.

— Exatamente. – Diz Fobos. – Porém ainda não recuperei todo o meu cosmo e poder. Nem eu nem Deimos, Anteros e Ênio. Isso ainda vai tempo. Enquanto isso vamos preparando o novo Templo dos deus da guerra e sua legião de Berserkers.

Thanatos olha para dentro do castelo após escutar as palavras de Fobos.

— Isso também acontece comigo e com Hypnos. Ainda temos tempo para nos recuperarmos de tanto tempo selados. Sabemos que nossos senhores possuem um tratado. Porém não acho viável você ficar aqui vigiando o Castelo de Hades.

— Não se preocupe. De fato Hades e Ares possuem um tratado para essa guerra derradeira e tem em comum a vontade de destronarem Athena. Mas como isso se fará após a morte da deusa da sabedoria, nem nós ainda sabemos. Eu apenas estive aqui para ver se a representante de Hades já está ativa, já que os 108 espectros logo devem despertar. – Fobos levita nesse momento.

Thanatos volta a mirar seu olhar para o deus do temor.

— Essa incumbência cabe a mim e Hypnos. Você deve cuidar dos assuntos de Ares. O Imperador Hades não quer ninguém pelos arredores, mesmo que nesse momento todos vocês, súditos de Ares, sejam aliados.

Fobos sorri.

— Já disse para não se preocupar. O temor que vocês causaram nesse lugar me atraiu como deus representante desse sentimento. Não vou atrapalhar seus planos, a menos que vão contra as vontades do senhor Ares. Porém minha preocupação é outra. Penso que Poseidon pode querer também renascer na Terra. Talvez o selo de Athena na tal ânfora que ele foi aprisionado já tenha perdido a validade. Pode ser uma ameaça as nossas vontades.

Thanatos se vira de costas.

— Não acredito que seja a vontade de Poseidon nesse momento entrar em guerra contra Athena. Ele parece estar satisfeito com o mundo dos mares, segundo o Imperador Hades, após sua última derrota. Poseidon teve inclusive seu corpo verdadeiro selado por Zeus por não concordar com suas atitudes na última guerra, não acredito que ele queira reencarnar já que a punição já acabou e ele tem novamente o domínio de seu corpo.

— Não podemos confiar nisso. Ares teve que usar sua última cartada usando seu corpo natural nessa geração, já que está incapacitado de reencarnar desde que fugiu para o Submundo após sua guerra contra Athena. Poseidon se quiser agir irá sem dúvidas possuir um corpo humano. Se isso acontecer devemos observar atentamente. Deixar Poseidon e Athena digladiarem e destruírem seus exércitos. E se Poseidon for vencedor, o senhor Ares irá querer destroná-lo e também dominar o mundo dos mares.— Avisa Fobos.

Thanatos se afasta de Fobos.

— Você tem sua razão. Mas a Terra não será só de Ares, não se esqueça que com o grande eclipse ela pertencerá ao mundo das trevas de Hades. Mas nossos senhores estão unidos nessa missão. Dominar o mundo dos mares não será nada mal. Temos que de fato ficar de olho.

— Sim, porém você sabe muito bem que Hades para vencer Athena de vez após tantas derrotas precisa de Ares e sabe o quanto sanguinário meu senhor pode ser. Com isso Ares é sim o líder desse plano e deve ser o deus principal a governar a Terra. Agora devo partir.

Fobos se despede e desaparece. Thanatos fica pensativo.

— Devo avisar Hypnos. Temos que tomar cuidado com o que está por vir.

SANTUÁRIO – GRÉCIA

SALA DO GRANDE MESTRE

Shion está no aguardo da chegada de Nikol. E isso não demora a acontecer.

— Com licença Grande Mestre.

— Nikol de Altar já sabe que os garotos do Japão serão guiados aos seus locais de treinamento hoje, não é?

— Sim senhor. Todos vão pousar no aeroporto de Atenas e a partir dali serão guiados a seus destinos. Estou cuidando disso.

Shion deixa o trono e fica frente a frente com Nikol.

— E a quais cavaleiros chamou para ajudá-lo para tal missão? Te dei carta branca.

— Eles são os cavaleiros de Prata Dante de Pastor e Algethi de Hércules. Eles já estão na entrada das 12 casas só esperando eu dar o sinal para partirmos juntos.

Shion volta a seu trono.

— Então pode partir sem demora Nikol. Esses garotos devem logo chegar a seus treinamentos.

— Sim senhor. – Nikol deixa a sala do Grande Mestre.

Shion respira fundo. Ele tem andado bastante preocupado com os caminhos que a próxima batalha pode tomar.