Nunca fui uma pessoa boa até conhecer o verdadeiro amor, nunca imaginei que poderia merecer algo tão bom quanto o que ele me deu, e como já era de se esperar de uma pessoa como eu, joguei tudo fora, estraguei tudo como sempre. Como James falou “não se pode ignorar o passado ele volta para cobrar o seu preço” e agora eu pagaria esse preço para salvar o meu bebê. Contei a James a verdade sobre quem eu era e o que os meus pais faziam, contei quem era o pai do meu filho e o porquê de ter me afastado dele, James ouviu tudo em silêncio.

-preciso que me ajude, não posso deixar que meu bebê, passe por tudo que passei na minha vida, você precisa me ajudar. – estava chorando.

-sua história é um pouco parecida com a minha, pelo menos consigo ver o amor que um dia eu senti em você. E se é para ajudar essa criança eu farei o que for preciso.

   James era um homem bom, apesar de não confiar muito nele eu tinha que fazer isso pelo meu bebê. Sai do carro e voltei para o penhasco, fiquei sentada sentido o vento acariciar o meu rosto. Coloquei as mãos na minha barriga, eu faria qualquer coisa para proteger o meu filho.  Já amava aquela coisinha que se formava dentro de mim, e só em pensar ela vivendo o inferno que vivi me dava vontade de colocá-la dentro de uma redoma de vidro onde nada pudesse machucá-la. Tentei não pensar no que aconteceria, só fiquei sentindo o vento brincar com meus cabelos e o brilho do sol tocar minha pele e me aquecer.

    Uma brisa suave me rodeou e me trouxe o melhor cheiro do mundo, uma mistura amadeirada e amêndoas, o cheiro dele me fez sorrir. Senti seus passos até certo ponto, ele tinha parado longe de mim. O silêncio se tornou doloroso, estava com medo que ele não aceitasse minha história e a forma como escondi isso dele todo esse tempo, mas precisava tentar ele era a única chance de dar para a minha criança todo o amor que ela precisasse.

- Jacob – ainda estava de olhos fechados e não me virei, só deixei meus instintos me guiarem.

-então, o que significa tudo isso? – sua voz estava baixa, mas era a voz mais doce do mundo.

- quero que escute uma história, depois você pode decidir se vai me ajudar ou não está bem? – tomei o silêncio dele como um sim. Contei a história como contei a James antes no carro.

-tudo começou quando meus pais estavam no Brasil, eles se conhecera durante um trabalho, os dois queriam a mesma coisa, um quadro super valioso de um pintor muito conhecido. Talvez por obra do destino ou só o acaso mesmo, os dois se esbarraram e foi amor a primeira vista. Um descobriu o que o outro fazia e descobriram que juntos poderiam ser melhores, e conseguiram roubar o quadro, aquele foi inicio de uma parceria que durou até um tempo atrás quando eles decidiram se “aposentar” dessa vida. Em um desses roubos eu estava presente, e consegui impedir que um homem pegasse os meus pais, então eu fui cúmplice. Para resumir, Sam descobriu toda a história e está me chantageando. Por isso eu me separei de você, eu não podia deixar ele fazer isso com os meus pais, apesar de tudo eu os amo e faria tudo por eles, nunca quis te deixa, mas sabia que era preciso.

-porque mentiu todo esse tempo? – sua voz era dura, mas quase um sussurro.

-como você queria que eu contasse tudo isso para você? Você teria ido embora e me denunciado a policia.

-você acha mesmo que eu faria isso?- ele ficou magoado com as minhas palavras.

-eu pensava que sim. –agora não era hora para mentiras.

-você não confiou no meu amor. - sua voz estava meio embargada. Eu me virei lentamente e vi-o sentado embaixo de uma arvore com as mãos no rosto.

-me desculpe, eu tinha medo de você não me aceitar. Tinha medo de não me amar mais depois que soubesse de tudo.

-e porque está me contando tudo isso agora?-ele abaixou as mãos do rosto e fitou. Nossos olhos se encontraram e eu pude ver quanta dor tinha causado a ele por tantas mentiras.

-porque eu estou grávida. – minha voz estava mais baixa que o normal, mas ele conseguiu escutar, abaixou sua cabeça e as lágrimas começaram a cair mais uma vez de seus olhos.

-você está esperando um filho dele... – não foi bem uma pergunta. Ele não tinha entendido nada. Algumas lágrimas escaparam dos meus olhos por vê-lo tão frágil. Levantei-me e caminhei em sua direção, não me abaixei nem o toquei, só fiquei parada na sua frente.

-só estou com Sam a cinco dias, pense Jacob... Ou você acha que eu fiquei com Sam antes disso?- minhas palavras saíram um pouco rudes por ele ter pensado que eu um dia já o traí com aquele idiota. Ele chorava como uma criança agora, as lágrimas caiam na grama que rodeava a arvore, ele começou a soluçar. Passaram alguns minutos, eu ainda estava de pé, ele tinha controlado o choro e algumas lágrimas caiam dos meus olhos por desespero.

    Jacob levantou lentamente a cabeça, seus olhos procuraram os meus e ao se encontrarem vi um amor incondicional dentro deles. Seus olhos que estavam nos meus desceram lentamente até minha barriga, suas mãos que apouco estavam pousadas em seus joelhos agora estavam na minha barriga. Ele acariciou minha barriga por cima da blusa delicadamente, um sorriso escapou dos meus lábios, minhas mãos procuraram a barra da blusa e a subiu um pouco para deixar a minha barriga a mostra. Jacob olhava aminha barriga com tamanha veneração, que por um momento me senti segura, seus dedos tocaram minha pele e me fez sentir sensações que eu pensei que jamais sentiria outra vez. Um sorriso brincou entre os lábios dele tentando aparecer. Ele ainda tinha as mãos na minha barriga quando voltou a olhar para mim.

-o que faremos agora? – sua voz estava cheia de preocupação. Ajoelhei-me na sua frente e acariciei seu rosto, seus olhos fecharam-se em reação ao meu toque.

- por isso pedi para James trazer você aqui. Não vou deixar que essa criança viva o que eu vivi por isso vou deixar que Sam me denuncie. Eu sei que vou ser presa por ser cúmplice dos meus pais, mas quando essa criança nascer quero que você cuide dela e dê a ela todo o amor que eu poderia dar, não confio em ninguém que não seja você para cuidar dela.- uma lágrima solitária rolou pelo seu rosto.

-não posso deixar que você seja presa, como vou viver com você longe de mim?- ele segurou meu rosto com as duas mãos.

-não ficarei presa muito tempo, talvez três a cinco anos no máximo, e você terá o nosso bebê para cuidar. – só de pensar em ficar três anos longe do meu bebê o coração já começava a apertar.

- eu mato ele ness, não posso deixar que ele faça isso com você. – ele estava desesperado, tentei mostrar calma para ele.

-você não irá matá-lo entendeu? Você não pode ser preso por isso, quem cuidará do nosso bebê?

-eu não posso... Não vou conseguir viver longe de você por tanto tempo, quase morri essa semana, não consigo imaginar passar mais um dia sem você - ele suspirou. - não posso... – nós fomos interrompidos por James.

-com licença, mas nós precisamos ir Renesmee, Sam chegará em uma hora.

-não. – Jacob quase gritou. – ela não vai com você, ela vai ficar comigo.

-vai ficar com você por mais uma hora, porque depois disso La push será invadida por agentes da FBI se você não deixá-la ir comigo. – James parecia inquieto.

- Jacob, eu tenho que ir. – acariciei seu rosto tentando acalmá-lo.

-não vá embora ness, não agora.

-James espere-me no carro, por favor. – James assentiu com a cabeça e voltou pela trilha. –Jacob olhe para mim. – ele estava com a mão no rosto.

-não posso deixar você ir embora de novo.

-mas dessa vez eu vou voltar, vou arranjar uma forma de te ver do novo.

-e o meu filho? – ele tocou minha barriga.

- Sam não sabe de nada, ele não vai fazer nada com o nosso bebê.- coloquei minha mão sobre a dele.

-e você?- ele tocou meu rosto.

-ficarei bem. – sorri tentando passar confiança.

-me promete? - ele estava angustiado.

-prometo. – seus lábios encontraram os meus, uma corrente elétrica passou por eles no memento que se tocaram. Sua língua pediu passagem e um gemido de prazer saiu de mim, foi como se fosse o nosso primeiro beijo, cada toque e cada sensação que estava sentindo eram únicas. Prendi minha mão em seus cabelos, ele me puxou para mais junto de si, nossos corpos ficaram colados. O beijo se tornou mais desesperado a cada minuto, conseguia sentir todo amor de Jacob ali. Quando o beijo acabou nos olhamos por um segundo, ele beijou minha barriga depois minha mão, levantou-se e me ajudou a levantar.

    Voltamos pela trilha em silêncio, James estava encostado no carro e sorriu ao ver nossas mãos entrelaçadas. Jacob beijou minha testa e acariciou minha barriga, virou-se e caminhou até James.

-posso te pedir uma coisa? – Jacob falou calmamente.

-claro.

-cuida dela para mim? – a preocupação dele comigo me fez sorrir, agora eu me sentia novamente amada.

-claro, vou tentar fazer o que posso.

-obrigado. – Jacob apertou a mão de James, sorriu para mim e mandou um beijo de longe, fiz que guardei o beijo no coração e sorri de volta. Jacob foi embora e eu entrei no carro junto com James.

     Quando não dava mais para ver Jacob na estrada, meu coração ficou apertado de saudades. James estava sendo um ótimo amigo e agora sabia que poderia contar com ele, ele tinha sido muito leal a mim. Eu amava meu bebê incondicionalmente, e não passava pela minha cabeça perdê-lo, imaginei a dor que James sentiu depois de ter perdido seus dois amores e como ele conseguiu superar isso, sabia que era por esse amor e por seu filho que lhe foi tirado de uma forma horrível que ele estava me ajudando. A caminho de casa pedi para ele parar em uma pequena capela que havia lá perto, entramos e sentamos em frente a imagem de Jesus pregado na cruz.

     Eu não sabia rezar, nunca quis aprender na verdade, mas fiz um pedido aos céus que me ajudassem a proteger meu filho, fiz uma oração a mulher e ao filho de James, sabia que ele estava fazendo o mesmo do meu lado. Também pedi por James.

“senhor, James é um homem bom e que se arrepende das coisas que fez. Ele recebeu um castigo por isso, mas que não mereceu. Rogo ao senhor que lhe dê um pouco de paz no coração e ele um dia consiga ser realmente feliz, pois ele merece. Amém.”

PDV-Jacob

    Pai!Pai!Pai! Depois de tanto sofrimento saber que seria pai foi um grande alivio, mas ao mesmo tempo saber que essa criança corria algum risco me deixava com os nervos à flor da pele.

   No momento em que a vi sentada no penhasco a dor sumiu instantaneamente parecia que nunca houve dor alguma. Mas saber que ela teria que voltar para os braços daquele prepotente do Sam trouxe uma nova dor. O medo.

     Tinha medo que ele fizesse algo com o meu bebê e com a mulher da minha vida, agora eu a amava mais do que nunca, eu não deixaria ele a levar de mim outra vez e se for preciso eu não hesitarei em matá-lo.

    Ainda tenho uma vida inteira pela frente ao lado dela e não deixarei que ninguém nos impeça. O tal do James me prometeu que vai cuidar dela mesmo ele sendo um capanga daquele imbecil tem algo dentro dos olhos dele que me passa confiança.

   Já faz algum tempo que cheguei em casa e pouco tempo que a vi, mas estou com tanta saudade, sinto como se tivesse passado décadas longe dela e só poder vê-la por um segundo foi bom. Não vejo a hora de a sua barriga começar a crescer e poder sentir o meu bebê chutando, espero que ele seja branquinho como a mãe e lindo como ela.

   Se meu pai estivesse vivi estaria fazendo uma festa e convidando toda La push para comemorar o netinho que está por vir. Sei que lá do céu ele e minha mãe estão muito felizes e sei que eles vão proteger o meu bebê. Se algo acontecer com essa criança ou com a minha ness não sei o que será de mim. Peguei a carta da faculdade e a li mais uma vez.

    “sua solicitação de mudança de data para ingressar na faculdade de Boston foi aceita.

Esperamos o senhor Jacob Black na reitoria da nossa instituição no inicio desse semestre.

                                                                                                           Com atenção,

                                                                                                                 Reitor Alfred Hermann.

    Amassei a carta e a joguei fora. Não posso deixar eles agora, não agora que posso ter uma família novamente.

“Eu tenho sorte de te conhecer,
Sorte de poder amar você...
Você é puro como o ar, que eu preciso pra respirar.

Minha vida, meu amor, eu tenho sorte: você chegou.
Você é o presente que Deus me deu.
Te amo tanto, anjo meu.

Tenho sorte de te conhecer,
Sorte de poder amar você,
Sorte de dormir nos braços teus.

Quero o mundo ao lado teu, dividir os sonhos meus
Você não vai se arrepender
Eu prometo pra você
Que te amarei, que cuidarei desse nosso amor.

Tenho sorte de te conhecer,
Sorte de poder amar você,
Sorte de dormir nos braços teus.

Sorte de beijar a tua boca,
Sorte de tirar a tua roupa,
Sorte de acordar ao lado teu.

Eu não quero te perder,
Dou minha vida por você,
Agradeço por te ter, eu sempre vou mimar você.

Tudo que eu vejo lembra você,
O teu sorriso me faz viver,
Viver contigo é bom demais
Que sorte eu tenho, meu rapaz.

Tenho sorte de te conhecer,
Sorte de poder amar você,
Sorte de dormir nos braços teus.

Sorte de beijar a tua boca,
Sorte de tirar a tua roupa
Sorte de acordar ao lado teu.”

              (sorte- forró do muido)