Conflitos do Coração escrita por Yukiko Tsukishiro


Capítulo 11
A decisão de Yunhe


Notas iniciais do capítulo

Yunhe se surpreende quando...

Yunhe decide...



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Decidindo desviar do assunto, Chang Yi começa a conversar sobre o aumento de refugiados que entravam diariamente no reino do Norte e o fato de precisarem manter um controle exato assim como restrito da quantidade em decorrência da capacidade de oferta de alimentos para a população do reino que crescia diariamente por haver um limite populacional para aquelas amargas terras frias do Norte.

Esse limite evitaria que faltasse alimento e outros insumos para a população porque eles também não conseguiam ampliar o reino mais para o sul da fronteira em virtude da guerra contra o reino de Dacheng ao mesmo tempo em que somente demônios e mestres de demônios podiam viver mais ao norte do reino enquanto os humanos sem poderes estavam sendo alocados mais para o sul por ser menos frio.

Kong Ming cede e ambos começam a conversar sobre assuntos referentes ao reino do Norte.

Com o passar dos dias, o sentimento de amizade que Yunhe sentia em relação a Song Wu se intensificava, fazendo ela se sentir como uma dona-de casa fofocando com as amigas embora houvesse apenas uma.

Em alguns momentos, se silenciou e fingiu brincar com o carvão vermelho quando Song Wu fez o gesto combinado ao ver a orelha dela brilhando.

A jovem foi surpreendida quando Wu lhe emprestou outro objeto que lembrava uma pulseira também e que continha uma joia alaranjada, com a sua amiga explicando que aquele objeto era capaz de aliviar os sintomas dela, reduzindo assim a chance de passar mal, algo que costumava ocorrer e que a fazia ficar desesperada porque lhe privava de passar algum tempo com a sua nova amiga.

De fato, após usá-lo diariamente, Yunhe confessava que reduziu drasticamente as ocasiões em que vomitou sangue negro enquanto suava frio nesses momentos.

Claro, ela foi avisada que conforme a sua saúde se agravasse, o objeto perderia a sua eficácia, fazendo com que fosse um bem estar temporário. Mesmo assim, ela agradeceu porque era melhor do que nada, uma vez que os medicamentos amargos não faziam qualquer efeito.

Então, ela precisa se despedir e a jovem se despede emocionada, passando a contar o tempo até revê-la porque estava ansiosa para poder ter uma interação social com um semblante gentil e amável que era o completo oposto de Chang Yi. Não havia conversa, somente o rosto hostil, cruel ou frio, embora tenha conseguido deixar ele aborrecido e com raiva ao trata-lo pelo seu título.

Ao pensar nisso, decide trata-lo com respeito também ao cumprimenta-lo como observava os servos fazerem.

Afinal, era refrescante vê-lo ficar aborrecido.

A jovem também havia decidido comer a comida e usar as roupas determinadas por ele, ficar onde ele decidisse, assim como tomar o remédio que ele determinava, fazendo tudo isso sem reclamar ou contestar porque pareceu para Yunhe que isso parecia aborrecê-lo também, com ela confessando que se encontrava surpresa pela reação dele a sua subserviência total.

A mestra de demônios decidiu comprovar as suas suposições quando o seu carcereiro, como se referia a ele em pensamento, apareceu obstinadamente para fiscalizar se ela comia a comida insossa e para dar o remédio amargo após a sua nova amiga sair depois de ajeitar a mesa.

Sorrindo em pensamento, a mestra de demônios o cumprimentou como os servos faziam e se sentou obedientemente, comendo sem qualquer reclamação em seus lábios pálidos e depois, tomando o remédio.

Conforme criava esse muro entre eles que crescia a cada encontro, a jovem confessava que a tristeza que a acometia perante o tratamento dele para com ela não a machucava mais. Havia uma indiferença gradual surgindo nela.

Antes, Yunhe desejava vê-lo e adorava olhar para ele enquanto comia ao mesmo tempo em que o tritão lia alguns papeis porque não a olhava com frieza ou crueldade quando estava lendo.

Porém, ultimamente, tudo o que desejava é que o jiaoren saísse o quanto antes.

A mestra de demônios não era idiota e compreendia o que acontecia com ela. O isolamento, a falta de esperança, o tormento, a frieza ou crueldade dele em suas palavras e gestos, a dor infringida a ela e punições assim como o afastamento da família dela, o tratamento silencioso de servos e o aprisionamento dela que era algo que ela odiava e que era pior do que a morte enquanto que a liberdade que ansiava era suprimida, tudo isso a oprimiu e a fez sofrer de forma psicológica e mental ao ponto de até cogitar o suicídio em alguns momentos antes da fuga.

Quando Song Wu surgiu com a oportunidade dela conversar com alguém para se sentir minimamente viva, de poder desabafar e de saber o que acontecia no mundo quando ofereceu a sua amizade, foi a sua boia de salvação e ela se sentiu feliz, com esse sentimento agindo como uma droga nela, fazendo-a ansiar os encontros de uma forma anormal. A jovem sabia disso tudo, mas, não se importou. Ficar dependente emocionalmente não lhe incomodou ao mesmo tempo em que suprimir o seu espírito e personalidade para Chang Yi não a incomodava mais porque via como uma forma de retribuir de alguma forma, além de ser algo que ela sempre fez quando estava no Vale demoníaco.

Claro, Yunhe sabia que ela foi a pedra que amolou a espada que se voltava contra ela. Sabia que era a única culpada da transformação dele e que ele tinha direito de se vingar após planejar por seis anos. Mas, o que o jiaoren fazia era um pouco cruel demais no sentido dela sequer poder caminhar lá fora, nem que fosse em volta da casa por alguns dias e com horário determinado ou ter direito a algumas visitas ocasionais, nem que fossem limitadas como os outros presos tinham direito. Ou pelo menos, poder pedir uma comida especial nem que fosse uma vez por semana, que seja.

Enfim, uma ou outra coisa. Não todas as restrições e isolamentos que o tritão aplicava nela porque era um ditador cruel e que se pudesse até controlaria a sua respiração.

Afinal, a sua respiração era a única coisa que não estava sobre o controle dele enquanto que o pífio direito que ainda restou após todos os outros serem retirados cruelmente por Chang Yi era a sua privacidade quando ele não estava e que foi tirado recentemente com a marcação dele feita por raiva porque se lembrava da dor, assim como das palavras e do tom coberto de paranoia e fúria.

Ao olhar para trás e para o seu ato, que naquela época achou heroico e que compensou, a jovem agora o considerava como um ato estúpido porque perdeu o único direito que ainda lhe restava. A privacidade e ela se lastimava por isso. O pequeno gosto de liberdade não compensava o que perdeu.

Na visão de Yunhe, se não tivesse sido marcada como propriedade dele para ser vigiada e ter a sua privacidade física e emocional violada quando ele desejasse, aí sim, teria compensado. Mas, com essa reviravolta inusitada não compensou e fez com se lastimasse por sua estupidez.

Afinal, perdeu a privacidade e foi marcada como propriedade como se fosse escrava dele e ao lembrar de todas as restrições dele e ordens ditatoriais, com ele decidindo tudo e a punindo quando necessário como foi feito uma primeira vez contra ela, provocando dor nela junto do isolamento e a privando da liberdade para lhe atormentar e fazê-la se desesperar enquanto que um prisioneiro regular podia ter direito ao menos a uma visita ocasional, a jovem podia se considerar escrava dele com essa marcação em sua pele, assim como quando marcavam gado a ferro e fogo. Ele a marcou com um símbolo visível a todos.

Ela confessava que ser marcada publicamente como propriedade dele com uma marca como era feita com gados, com o agravante de violar quando desejasse a sua privacidade física e psicológica, foi a gota d'água para ela.

A seu ver, antes o jiaoren era um pouco cruel. Agora, era muito cruel. Sua raiva e frustação se acumulavam dentro dela que buscava não os deixar transparecer em seu semblante por saber que o objeto tinha limitações enquanto decidia que não iria se sujeitar a implorar por algo ao seu carcereiro como fazia antigamente.

Inclusive, odiava a si mesmo por ter se sujeitado a se rebaixar tanto ao implorar mesmo sabendo que era inútil. Yunhe imaginava o quanto ele se satisfez ao ver uma mestra de demônios que também era Guardiã do Dharma e que no passado tinha um status elevado no Vale demoníaco, suplicar pateticamente a um demônio. Com certeza, isso o satisfez e o pior de tudo, foi que ela mesma garantiu essa diversão a esse novo tritão.

A jovem se sentiu estúpida por satisfazer um demônio ao implorar pateticamente.

Afinal, abrir mão do seu próprio orgulho para suplicar, sabendo que não seria atendida foi o cúmulo da falta de amor próprio, ainda mais após o ato dele de cortar uma mecha do seu cabelo, deixando claro sem necessidade de falar de que estava ali para machucá-la ao provar que a machucaria como fez ao provocar dor nela com os seus poderes, assim como quando descobriu a sua fraqueza ao sol, com ele dizendo em um tom de voz frio enquanto segurava o seu pescoço de forma ameaçadora: "Ji Yunhe, no passado, sua vida pertencia ao Vale do Demônio. Antes de hoje, sua vida era do Grão-mestre. E de agora em diante, sua vida é minha. Você não pode morrer a menos que eu queira. "

A mestra de demônio devia saber que qualquer súplica ou pedido era inútil. Chang Yi mudou por culpa dela e se tornou uma espada afiada porque ela foi a pedra que amolou a lâmina. O que não mudou foi que ele continuava falando a verdade, além de ser franco. Quando disse essas palavras frias e fez anteriormente o gesto de cortar a sua mecha de cabelo junto do fato de sempre demonstrar frieza ou uma face cruel para ela, o tritão demonstrou que nada do que a jovem falaria seria considerado. Mesmo assim, ignorando esse fato, decidiu implorar quando se tornou patética.

Mas, se fosse sincera consigo mesmo, não deveria se autocondenar pelas suas súplicas. O seu carcereiro proporcionou as condições para os pedidos, assim como, acabou fazendo ela desenvolver um sentimento de necessidade da presença de Song Wu. A ansiedade para revê-la era intensa e podia ser considerada anormal.

Inclusive, ela sabia que era anormal, mas, não podia fazer nada para impedir.

Ademais, a sua nova amiga prometeu que faria com que pudesse reencontrar Luo Jinsang que era como uma irmã mais nova ao mesmo tempo que era impossível rever Qu Xiaoxing em decorrência da perda da sua privacidade por causa da marca de propriedade que foi colocado nela.

Se arrependimento matasse, Yunhe estaria morta na visão dela.

Afinal, nunca devia ter feito uma tentativa de fuga tão patética. A liberdade efêmera que vivenciou não compensava a perda da sua privacidade, a única coisa que havia lhe restado e que até então, não estava sobre o controle dele. Agora, estava e ela não tinha mais nada que podia considerar como seu e fora do controle dele, com exceção da sua respiração e sonhos.

Ela suspira tristemente enquanto continha qualquer lágrima que queria sair porque não adiantava chorar. O que estava feito, estava feito.

Além disso, não queria dar qualquer satisfação ao seu carcereiro se ele visse as suas lágrimas. Já bastava a satisfação que deu com as suas súplicas enquanto implorava por uma clemência que não existia.


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