Conflitos do Coração escrita por Yukiko Tsukishiro


Capítulo 10
A coroação de Chang Yi


Notas iniciais do capítulo

Song Wu continua...

Chang Yi se encontra na...

Kong Ming questiona...

Chang Yi decide...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809144/chapter/10

— O tritão ficar direto nesse ambiente dia e noite só saindo para rondas e reuniões? – Yunhe fica chocada enquanto Wu continha falando – Ele tem a autoridade, o poder e a capacidade de mover o seu escritório para onde desejar. Afinal, tem servos que conseguem arrumar rapidamente qualquer local. Se ele fizer isso, você perderá as migalhas da privacidade que lhe resta.

— Ele não pode fazer isso. Ele não pode. – A jovem balbuciava como um disco quebrado enquanto ficava desesperada porque se o jiaoren se mudasse, ela nunca mais poderia conversar com a sua amiga porque atualmente, elas só precisavam evitar as servas que limpavam e cuidavam diariamente do local.

Elas conseguiam evitar que as servas presenciassem a conversa de ambas porque Song Wu sabia o cronograma de limpeza diário conforme informou a Yunhe, fazendo com que as reuniões de ambas fossem planejadas por Wu.

— Não tente fazer qualquer loucura que isso dificilmente irá ocorrer.

— Eu não vou fazer. Eu não posso perder o pouco que me restou.

— É uma sábia decisão.

Elas conversam sobre alguns assuntos, com Song Wu falando o que estava ocorrendo atualmente, fazendo Yunhe se sentir viva.

Enquanto isso, há vários quilômetros do local onde a jovem era mantida aprisionada, mais precisamente no intitulado Salão Real após modificação da construção da Plataforma demoníaca para transformá-la em um complexo de palácio do recém-fundado Reino do Norte cujas terras eram apelidadas de "amargas terras frias do Norte", o recinto estava lotado de pessoas e demônios importantes, com muitos pertencendo a outrora pequenos feudos que tiveram que fugir das suas terras com o avanço da Corte imperial através dos mestres demoníacos, assim como demônios de pequenos feudos do próprio Norte e que foram no passado caçados implacavelmente pelos mestres demoníacos da Plataforma demoníaca do Norte, além de outros humanos ou demônios considerados poderosos, com todos eles reconhecendo o jiaoren como seu imperador enquanto que o monge Kong Ming era o Conselheiro real e segundo em comando.

Também havia aqueles que ocupam altos cargos no reino recém-criado, assim como outros cujas ocupações tinham alguma importância ou possuíam habilidades demasiadamente uteis como Luo Jinsang, que entrava nesse último grupo enquanto que Qu Xiaoxing entrava no grupo anterior.

Ambos olhavam com censura para o jiaoren e por isso, o semblante deles destoavam dos demais que se encontravam animados ou orgulhosos.

Afinal, era um acontecimento muito importante porque oficializava simbolicamente a fundação oficial do reino do Norte, com muitos desconhecendo o verdadeiro motivo para a fundação e que foi para ser um instrumento de vingança de Chang Yi enquanto que os demais julgavam erroneamente que era para construir uma força de oposição a corte de Dacheng no sul.

Somente o jiaoren e Kong Ming sabiam a verdade sobre a fundação do reino porque o tritão não mentia e por isso, foi honesto para com o monge que compreendeu e concordou após tudo o que príncipe herdeiro do oceano sofreu e se prontificou a ajuda-lo ao mesmo tempo em que acabaria por se tornar uma força de oposição como efeito secundário da sua fundação.

Jinsang e Xiaoxing exibiam semblantes de desagrado porque desejavam ardentemente ver Yunhe e seu acesso era negado enfaticamente. Todos compreenderam que era a prisioneira dele, embora não aceitassem essa condenação ao mesmo tempo em que achavam injusto o seu isolamento total porque os prisioneiros tinham direito a uma visita esporádica e a jovem sequer tinha esse direito.

Além disso, eles também sabiam o que a mestra guardiã do Vale demoníaco gostava e o que ela mais odiava, com ambos ficando tristes e igualmente revoltados por Chang Yi ter esse conhecimento, fazendo com que pudesse puni-la mais eficientemente segundo a opinião deles.

Portanto, a situação dela os aborrecia ao mesmo tempo em que ficavam entristecidos pela jovem porque o tritão era irredutível em sua vingança.

Jinsang tinha o adicional de se sentir imensamente culpada porque foi o favor dela que fez Qing Ji concordar em lutar contra o grão-mestre de demônios, Ning Qing, para afastá-lo da seita, permitindo assim a invasão de Chang Yi porque julgou erroneamente que seria a sua chance de revê-la após seis anos de afastamento.

Porém, no final, ela continuou sem vê-la enquanto havia ajudado a jogá-la em outra prisão.

Após a cerimônia terminar, todos foram convidados a um jantar especial, com Jinsang e Xiaoxing se recusando a participar do banquete de comemoração porque não havia nada para comemorar.

Portanto, ambos saíram depois do término da cerimônia ao mesmo tempo em que todos os demais se dirigiam ao local designado.

No recinto preparado para o farto e suntuoso, Chang Yi havia sentando na cabeceira da maior e mais imponente mesa enquanto que o monge sentou do seu lado direito, com o tritão evitando demonstrar o quanto era indiferente a todo esse ritual ao mesmo tempo em que compreendia a importância deles para os humanos e até para algumas espécies de demônios.

Mesmo que os jiaorens possuíssem um império submarino, eles não tinham um conjunto de rituais a serem adotados. Tudo era mais simples e sem os costumes espalhafatoso segundo a visão do tritão para os rituais dos que viviam na terra. No fundo do mar imperava a calma, a serenidade e a simplicidade.

Claro, havia alguns rituais em sua cultura, mas, não envolvia toda aquela pompa e tantas regras envolvendo etiquetas e outros assuntos considerados enfadonhos.

Porém, mesmo sendo indiferente a todo o luxo e pompa, o jiaoren procurou ler livros humanos sobre cerimônias para seguir exemplarmente as etiquetas e posturas necessárias, assim como proceder, agir e se vestir, além de ter a orientação do seu melhor amigo.

Afinal, foi Kong Ming que sugeriu ao tritão de que eles precisavam seguir os rituais porque havia muitos humanos no Norte em virtude do êxodo de pessoas provenientes da capital e que estavam fugindo do seu reino de origem por estarem descontentes com a corte. Eles decidiram ir ao Norte em busca de uma vida melhor mesmo com as condições adversas do clima naquela região.

Enquanto reinavam as conversas agradáveis no salão e nas outras mesas do recinto ao lado do Salão real e onde no passado os mestres de demônios comiam por ser outrora o refeitório, o imperador do Norte estava pensando nos últimos acontecimentos e na mudança de Yunhe desde que a marcou como a sua companheira.

Ele nunca imaginou que perder o controle daquela forma acarretaria tantas consequências porque culpava o seu ato como sendo o responsável pela mudança de comportamento dela em virtude da reação dela a marcação.

Afinal, não havia encontrando nenhum outro motivo que poderia acarretar esta mudança tão drástica.

Após algum tempo, o evento termina para alívio de Chang Yi e quando ele se preparava para ir ao escritório fazer uma verificação final na documentação, ele acaba rodeado por várias fêmeas, demônias e humanas, que após o cumprimentarem se curvando e colocando a sua mão no tórax de acordo com o cumprimento adotado pelo Norte ao cumprimentarem o jiaoren por ele ser o imperador, elas começaram a conversar animadamente enquanto era visível para muitas pessoas que as mulheres estavam jogando charme para o tritão porque o achavam lindo e magnifico.

Afinal, Chang Yi estava no sonho de todas as fêmeas solteiras fazendo com que fosse altamente desejado por todas para desamparo dos outros homens porque não havia como competir com a legendária beleza dos jiaorens, que além de serem considerados os demônios subaquáticos mais poderosos do mundo, também eram conhecidos por sua beleza inalcançável e que podiam ser igualmente sedutores se assim desejassem ao mesmo tempo em que também eram conhecidos pelas suas belas vozes. Era notório a todos que enquanto os demônios pássaros eram famosos por serem dançarinos formidáveis, os jiaorens eram insuperáveis no canto por possuírem vozes belíssimas e que podiam até conjurar feitiços através de suas vozes se assim desejassem.

Essas eram algumas das lendas sobre os tritões e sereias que eram considerados como uma espécie com poderes e habilidades misteriosas, além de ter vários outros mitos os envolvendo, com Kong Ming questionando a si mesmo quais mitos eram verdadeiros e quais eram falsos por serem originados da imaginação humana.

Por onde ele andava, Chang Yi arrancava suspiros femininos e olhares desejosos, com o monge sendo ciente da enorme atração inconsciente que o seu amigo atraia de qualquer fêmea, com ele confessando que esperava algo assim considerando a fama daquela espécie.

Claro, ele não conhecia outros jiaorens para poder usar como base mais ampla, mas, em termos de beleza e no quesito voz porque o amigo dele havia usado algumas canções nos campos de batalha, conseguindo assim confundir e até subjugar ou paralisar os inimigos quando expostos ao canto de um jiaoren, confirmando assim o que os livros falavam sobre eles ao mesmo tempo em que se lastimava pelo seu amigo só pensar em Yunhe, fazendo com que se tornasse indiferente a qualquer outra mulher que ousasse jogar charme ou demonstrasse algum interesse amoroso nele.

Claro, ele era educado e não as destratava.

Porém, deixava claro e explicito para todos que elas deviam manter a devida distância e respeito.

O monge confessava que sempre ficou surpreso pelo fato do seu amigo ser tão paciente, mesmo com as mulheres mais ousadas em suas abordagens enquanto era visível o desconforto dele nesses momentos.

Kong Ming questionava a si mesmo se ele gostava de homens, justificando assim a sua recusa em relação as outras fêmeas porque não conseguia encontrar outro motivo para a recusa dele de se envolver com o sexo oposto embora fosse ciente do fato dos jiaorens terem apenas único companheiro para a sua vida inteira.

Em um determinado momento que se afastou da parcial aglomeração feminina diária, Chang Yi se aproxima dele e passam a conversar sobre alguns assuntos até que o monge pergunta com evidente curiosidade em seu rosto:

— Você não gosta de mulheres?

Chang Yi fica surpreso com a pergunta inesperada e demonstrando um misto de confusão e de curiosidade, ele pergunta:

— Por que você está perguntando?

— Muitas delas são lindas. Inclusive, se eu não houvesse feito os votos dos monges, eu desejaria namorar, ao menos, uma delas.

O jiaoren fica pensativo se devia contar ou não ao seu amigo sobre o fato dele ter se casado com Yunhe de acordo com os costumes da sua espécie e que por isso, devia ser fiel a ela ao recusar qualquer avanço de outras fêmeas. A sua espécie só tinha um parceiro para a vida e a marca na orelha dela que ele deixou era a sua promessa de fidelidade e devoção.

O motivo dele ficar pensativo sobre contar ou não é que conhecia o temperamento do seu amigo e a opinião dele sobre a sua amada porque havia reconhecido amargamente que o amor superava o ódio que sentia por ela.

Com certeza, o monge iria delirar loucamente ao saber do casamento e com certeza, fustigaria a audição sensível dele com as suas reclamações e até chamaria o seu ato de estupidez.

Afinal, o seu amigo havia apoiado o desejo dele de criar um reino para poder se vingar enquanto que Kong Ming havia demonstrado várias vezes o seu ódio em relação a Yunhe, com Chang Yi sabendo que o monge acreditava erroneamente que os seus atos eram motivados pela vingança.

No início até eram motivados pelo ódio, com ele desejando agir de forma vingativa após passar seis anos planejando uma forma de tirá-la da prisão da seita do grão-mestre.

Porém, após trazê-la para o Norte e descobrir que estava gravemente doente, o que havia planejado originalmente se desfez como um castelo de cartas enquanto que o sentimento de impotência que surgiu nele era agravado pelo fato da saúde dela piorar gradativamente apesar dos medicamentos e do ato dele de garantir que ela se alimentasse adequadamente conforme orientação médica e tomasse o remédio prescrito pelos médicos imperais.

De fato, ele não perdoou a sua prisioneira, mas, reconhecia que o amor era mais forte que o ódio ao ver o estado debilitado de saúde dela e que foi esse sentimento que ele tentou inutilmente suprimir que o dominou naquele momento.

A fuga dela somente atiçou e intensificou esse desejo possessivo de mantê-la consigo a todo custo, levando-o a ser tomado por instintos irracionais que o fizeram marca-la como sua companheira vitalícia e o fato de ter feito a marca sem a aprovação dela só tornava a marca vergonhosa.

Porém, mesmo sabendo que não podia revelar sobre o seu casamento com Yunhe pelos costumes da sua espécie, Chang sabia que o seu amigo tinha o direito de ter alguma explicação.

No final, ele suspira e decide falar:

— Não. Eu gosto de mulheres.

— Então, porque as afasta?

— Eu tenho os meus motivos.

— Não pense que será fácil. Para todas elas, você é solteiro e essa constatação somente as atiça. O fato da sua espécie ser famosa pela beleza e voz, além do quesito poder porque vocês são considerados os demônios mais poderosos no mundo subaquático, somente estimula o fascínio.

O tritão suspira, para depois, falar:

— Eu espero que elas desistam em algum momento.

— Eu duvido que isso irá ocorrer. A única forma de você tentar inibir um pouco é se casando publicamente ou namorando alguém. Claro, terá aquelas que não irão desistir, mas, vai dar um pouco de paz para você. Eu entendo que você deseja se vingar daquela bastarda. Afinal, ficou seis anos trabalhando em formas de tirá-la daquele local para poder se vingar. Mas, não permita que o seu ódio domine a sua vida. Você deve viver. Tente namorar alguma delas. Vai ser bom.

Chang Yi massageia a nuca enquanto suspirava novamente porque Yunhe era a única para ele. Mesmo que não houvesse a marca, o tritão nunca se envolveria com outra mulher. Não havia como fazer isso. A sua espécie amava apenas uma pessoa em sua vida e seu coração havia escolhido a sua prisioneira que também era a sua esposa atualmente.

Inclusive, se perdesse essa pessoa seria o mesmo que perder metade dele. Era algo inerente a sua espécie e não importava quanto tempo passasse longe do seu lar de origem, o seu coração era de um jiaoren e assim seria até a sua morte.

Ele não condenava os pensamentos do seu melhor amigo porque o monge desconhecia os seus verdadeiros sentimentos em relação a jovem confinada na ilha do lago congelado e mesmo se soubesse, com certeza faria de tudo para ele esquecê-la. Chang Yi não duvida que o monge tentaria fazer isso apesar de ser algo impossível.

Afinal, Kong Ming considerava Yunhe como uma vilã e por isso, tentaria chama-lo a "razão", por assim dizer, algo que era impossível porque não havia racionalidade quando envolvia sentimentos tão profundos ao mesmo tempo que nada podia ser feito após o seu coração jiaoren ter escolhido ela, chegando a marca-la como sua esposa, prometendo assim devoção e lealdade eterna.

Agora, ele não sabia como devia trata-la quando ela recuperasse a sua saúde porque era a sua esposa ao mesmo tempo em que agradecia a si mesmo por não ter cedido ao intenso desejo de beijá-la sempre que estava perto dela enquanto bastava o fato de lutar consigo mesmo para se manter distante e continuar tratando-a friamente mesmo que os casais em sua espécie ficassem juntos após marcarem um ao outro.

Inclusive, sempre precisava lutar contra os desejos irracionais que desejavam tomá-lo quando estava na presença de Yunhe, com ele usando o fato dela estar doente para contê-los junto do seu intenso autocontrole, sabendo que se demonstrasse qualquer fraqueza por apenas alguns segundos, acabaria cedendo aos seus desejos porque a marca apenas fortalecia esses sentimentos.

Naquele momento, ele decide não ficar pensando sobre isso porque ela ainda estava doente.

— E quanto a Luo Jinsang?

— O que tem ela? – O monge exibe confusão em seu semblante.

— Você disse que se não tivesse feito os votos, namoraria uma dessas fêmeas que se aproximou de mim. E quanto a ela? Ela sempre procura estar junto de você e teve aquelas duas vezes nos campos nevados que vocês...

— Não cite esses acontecimentos! – Ele exclama desesperado enquanto lutava para controlar o rubor em suas bochechas com a recordação do acontecimento - Falar uma segunda vez é constrangedor. Luo Jinsang fez jus ao fato de ser irmã adotiva daquela desgraçada porque herdou a falsidade dela ao mesmo tempo em que tenta manipular os outros ao usar os mesmos métodos vulgares da sua irmã desprezível. Não é à toa que aquela bastarda conseguiu manipular o seu coração ao ponto de fazê-lo perder a cauda ao permitir que fosse cortada ao meio. O que aquela jovem demonstra é fingimento. Com certeza, a aproximação dela tem segundas intenções.

— Ela conseguiu convencer Qing Ji a nos ajudar ao mesmo tempo em que conseguiu convencer a Fênix de jade a morar nesse reino em vez de voltar ao território que estava antes. Além disso, ela espiona os inimigos para o reino ao usar a invisibilidade dela para se aproximar deles sem ser notada.

— Mas, isso não significa a ausência de algum motivo oculto, ainda mais com você punindo a irmã bastarda dela ao confina-la e isolá-la. Nós temos sorte que você sabe o que aquela canalha mais gosta e pode usar essa informação para puni-la mais efetivamente. Aposto que aquela desgraçada nunca percebeu que forneceu uma arma tão eficaz para ser usado contra ela.

— Ela nunca revelou. Eu descobri através da observação. – Ele falava enquanto lutava para conter a intensa raiva que surgiu nele com as ofensas sucessivas para a sua esposa pelos costumes da sua espécie enquanto procurava ignorar estoicamente a recordação da punição que aplicava nela ao isolá-la.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Conflitos do Coração" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.