Pelo Que Você Luta? escrita por Tricia


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olha eu de volta
Boas vindas a essa pequena ideia que esta na geladeira desde 2022, que ano complicado. Poder me sentir a vontade para escrever e revisar textos é quase um alivio.
Enfim não vou prender ninguém aqui.
Boa leitura



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“Um Olá como de um anjo, no fim um Adeus diabólico

Toda vez há um preço absurdamente alto a ser pago”

Kill This Love

 

— Eu preciso de um favor.

Aspirei e respirei. Eu ouvi essa frase da minha querida amiga/prima apenas três vezes na vida.

A primeira durante o fundamental quando houve uma prova e como em tal situação há sempre três tipos de alunos: Os que estudam dedicadamente; os que contam com a sorte e algum poder divino ou sei lá o que e, os que nem sabiam que a prova aconteceria. Sam compunha o terceiro grupo e queria mudar um pouco o boletim que tinha mais vermelho que a coleção de batons da minha mãe.

A segunda durante a faculdade quando dividíamos um quarto no dormitório e ela tinha um namorado que a traiu e ela só descobriu porque ele bateu o carro dela quando ia num encontro com a amante. Em resposta ela pediu ajuda para expor o fato de que ele vendia cola das provas que pegava escondido do pai que era um dos professores e destruímos o carro dele, mas no último ato ele chegou e nos filmou além de chamar a policia e ambas fomos detidas por vandalismo.

Saber que ele foi expulso foi um bom consolo para o ego posteriormente...  

A terceira foi a mais simples, escrever o discurso de casamento para ela que estava sendo a madrinha do que seria o casamento da irmã que ganhara no terceiro casamento da mãe com um homem que deve ter a paciência de Buda.

 Amo minha tia, mas até eu sei que ela consegue ser impossível de lidar em certas situações.

— Eu estou atolada em trabalho, não posso me dar ao luxo de passar o final de semana presa por sua causa – respondi rolando a seta na tela do notebook para baixo das folhas de precedentes do atual caso que deveria ser a única coisa a necessitar da minha atenção ao invés da mulher loira vestindo moletom jogada no meu sofá com direito aos pés na mesinha de vidro.

— O que quero não da para classificar como crime – argumentou de volta, mesmo sem olha-la consigo ver a careta de desgosto que provavelmente esta formada em seu rosto.

— Nossas definições de crime às vezes são bem diferentes.

— Eu não vou te pedir para matar alguém.

— Apenas a desovar o corpo imagino? 

— Jade...

Aspirei novamente ao perceber que havia escrito “corpo” ao invés de “réu” e provavelmente continuaria a errar se continuasse.

— O que você precisa? – Sam sorriu ao ver abaixar a tela e direcionar minha total atenção a ela.

— Quero ir a um encontro com o Freddie, mas preciso afastar o amigo dele.

— Freddie não é aquele nerd que você vivia caçoando no ensino médio? O da mãe louca...

Lembro-me de ter sentido dó uma ou outra vez do pobre coitado, mas realmente nunca entendi a relação estranha deles, ela implicava com ele, mas estranhamente o defendia quando outros o faziam.

— Esse mesmo.

— Você o abominava.

— É uma surpresa e tanto para mim também que estou interessada nele, já até quis me internar em um hospício pra ver se dava pra consertar o problema – ela deu de ombros.

— Posso pesquisar um bom hospício para você? Prometo visitar nos finais de semana que der – sugeri apoiando meus braços sobre o notebook.

— Você só precisa fazer o amigo dele não nos perturbar enquanto convenço-o a sair comigo.

Para uns deve soar como romântico, para outros, o que pode ser o começo de um caso de assédio.

Cada um julga como quer...

— Se ele continua sendo um nerd é provável que as amizades seguem esse padrão. Eles não chegam nem perto do meu tipo.

— Ele é um nerd bonito, se vale de algo – argumentou sacando o celular e o estendendo para mim, mas com a distância eu só poderia me levantar e ir até ela pegar o aparelho.

E a contra gosto eu fui.

A foto de um homem de cabelos presos em um coque samurai vestindo terno exibia-se na tela ao lado do dito cujo Freddie que estava realmente bonito o suficiente para entender o conflito da minha prima em o querer se apenas aparência fosse importante.

Entretanto, conhecendo Sam deve ter mais alguma maldita coisa que a atraia a esse ser que não seja o corpo bem definido e topete arrumado com gel.

— Qual o nome da praga?

— Albert Oliver – nome de velho... – Professor na universidade de alguma área relacionada a Direito e atual melhor amigo do Freddie, eles almoçam quase todos os dias juntos, entre outras refeições.

— Ahhh... será que não tem a possibilidade de vocês jogarem no mesmo time não? Outras refeições...?

— Impossível! Oliver namorava uma colega de trabalho até o final do ano passado, eu acho. Eles só estão próximos agora porque o namoro terminou e o Freddie esta sendo um apoio para ele.

— Isso não me faz retirar a minha indagação.

— Eu vou arriscar de qualquer forma. Vai me ajudar? Só lembra que sou a sua prima favorita que você ama como se fosse uma irmã gêmea.

— Você tem uma foto da antiga namorada dele pra mim ter uma ideia do gosto dele para mulher?

Um sorriso confiante demais para o meu gosto adornou o rosto de Sam ao passo que recolhia o aparelho e voltava a mexer em coisas que não me chamavam a atenção e, se ela não tivesse sido rápida demais eu teria tido tempo de me levantar para ver o que tínhamos de guloseimas ainda para comer enquanto me prepararia psicologicamente.

— É essa daqui, Abigail Gales.

— Não brinca... – eu não precisava de uma foto para saber quem tem sido minha arqui-inimiga nos tribunais nesses seis anos nos encarando 27 vezes das quais eu venci 13 vezes e ela 14. Até reconheço sua capacidade, mas não deixa de ser uma vadia irritante – Não me peça para parecer ela.

— Apenas por algumas horas.

— Não vai dar não. Me recuso.

— Pela minha felicidade.

— Ele não é o único homem do mundo. Te apresento outros.

— Eu não desisto de uma guerra sem antes ter entrado no campo de batalha.

— Então casse outro soldado que este esta pedindo dispensa – afirmei me levantando e indo em direção à cozinha em busca de algo mais forte do que chocolate pra lidar com a situação sem ter vontade de socar minha parente que esta começando a deixar de ser a favorita.

— Se você ajudar agora, quando sua mãe chegar com algum pretendente para você eu me livro sem dó nem piedade.

— Isso eu já faço com um pé nas costas.

Ou borrar a maquiagem.

— Seja meu anjo milagreiro...

— Você é inteligente o suficiente para não precisar de um.

— E humilde o suficiente para aceitar a ajuda de um quando vem – completou.

 

Eu não ofereci;

Eu não queria;

Ainda não quero.

Mas independente disso aqui estou trocando meus saltos personalizados por sapatos que deveriam ser usados por uma senhora de 67 anos e um vestido de botões que deveria estar na moda na adolescência da minha mãe.

— Isso vai ter volta – resmunguei olhando meu reflexo uma ultima vez na janela do carro de alguém antes de me dirigir para mais adentro da instituição de ensino superior.

Exatamente como Sam previra Beck saia com sua bolsa de couro e um conjunto de pastas tentando ler o que estava na folha da primeira. O estilo de vestimentas melhor do que o representado na foto que Sam mostrara... mas ainda não fazendo o meu estilo.

Apertei o passo em sua direção segurando a alça da bolsa velha que achei perdida no armário e vi como apropriada. Era elegante e ao mesmo tempo antiquada, assim como Abigail.

— Professor Oliver.

Seus olhos se elevaram me dando a chance de ver ao vivo seu rosto marcado por olheiras que poderiam facilmente ser atribuídas a excesso de trabalho.

— Em que posso ajudar, senhorita?

— Eu me transferia há poucos dias e estou com umas duvidas sobre precedentes de casos em que ambos os pais perderam a guarda dos filhos nos processos de divorcio.

— Eu estou meio atrasado nesse momento, mas, se você seguir para a sala 433 desse prédio vai encontrar o professor Evans que pode explicar tudo detalhadamente para você – havia um certo e pequeno brilho de culpa nos olhos castanhos que me fitavam.

Troquei o peso de um pé para o outro apertando a alça da bolsa comprimindo os olhos teatralmente.

— Eu tentei falar com ele já e não entendi absolutamente nada. Nunca me senti tão burra na minha vida.

— Estranho, ele é tão bom explicando as coisas – ponderou o homem olhando para o nada por um breve momento – Mas independente disso você não deve desistir ok?

— Ok. Eu não vou – até porque eu já terminei mesmo – Agora esta na hora do almoço. Será que você não pode me explicar, eu pago o almoço para nós dois.

— Eu não acho que seja apropriado.  

— Estamos no século XXI, não há nada de mais fazermos uma refeição como amigos, que tal? – sorri de forma doce ajeitando o cabelo atrás de uma orelha como Abigail volta e meia faz, dando um passo para trás ocupando o espaço com minha mão estendida – Sou Jade West, quer ser meu amigo?

A face do homem franziu por uma fração de segundo enquanto fitava meu rosto seguido da mão que lhe era estendida e a frase deixava seus lábios.

— Você costuma fazer suas amizades assim?

Não...

— Depende da ocasião. Podemos concordar que uma refeição é o melhor jeito de aproximar as pessoas.

Se tiver álcool melhor ainda...

— De fato. Há um lugar legal a uma quadra que costumo ir com frequência.

— Perfeito. Vai ser bom conhecer um lugar que eu posso comer também no futuro se for mesmo bom.

— Garanto a qualidade.

E eu garanto que não ajudarei Sam novamente...


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Notas finais do capítulo

Os projetos que ficaram sem serem concluídos eu pretendo voltar a revisar e retomar aos poucos e como essa fanfic tem uma quantidade boa de capítulos já escritos pareceu uma melhor opção para trabalhar.
Espero que possa interessar para acompanhar.
Os capítulos provavelmente serão postados aos domingos, então até domingo?
Bjs



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