Um Reino de Monstros Vol. 4 escrita por Caliel Alves


Capítulo 8
Capítulo 2: Vigiados, testados e punidos - Parte 1




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Tell e Index acharam a ordem estranha. Mas o jovem adorava explorar as cidades e vilas com o seu fiel amigo. A sua desconfiança não vinha da ordem em si, mas pelo fato de ninguém o estar acompanhando, ao menos, o que não significava que deixava de estar sendo vigiado. Recebera ordens também para não portar armas pelas ruas.

Depois de um farto desjejum, ele e Index saíram do castelo do sultão e atravessaram o pátio central envolta do portão real. O garoto reparou na destruição do estábulo real onde alguns homens trabalhavam na limpeza.

Saragat pedia para que ele saísse sem o livro nessas ocasiões. Mas depois de alguma discussão, ambos concordaram que era mais seguro que estivesse com ele.

— E então, Tell, o que você vai fazer?

— Eu quero comer esfirras e cuscuz recheado.

— Eu te adoro, garoto!

Ambos saíram do castelo e se dirigiram até as ruas. A arquitetura era simples, as ruas estreitas, a maioria das casas era de uso comunitário, com diversas famílias vivendo dentro delas. Cada residência tinha de três a cinco andares.

Tell sentia menos calor devido as sombras das casas de argila. Vestia um colete marrom e calças largas de lã branca, além de botas de couro de cano longo e bico pontudo. Na sua cintura, uma bolsa de moedas de ouro ofertada pelo príncipe Rachid como presente.

Na cabeça, um pequeno turbante com uma joia vermelha incrustrada no centro.

Era a primeira vez que andava as ruas e não via mendigos ou pedintes. Embora houvesse pessoas humildes, nenhuma delas chegava a estar em condições subumanas.

— O sultanato de Oásis parece ter tido um grande progresso.

— Sim, meu caro Tell, parte dos impostos reais é revertido para ações sociais, por isso as crianças que perderam os seus pais ou quando esses não podem mais criá-los são recolhidas aos orfanatos, lugar onde aprenderão uma profissão. Os mendigos e idosos são levados a abrigos municipais, assim ninguém precisa mendigar o pão.

— Isso é uma forma de justiça.

— Eles praticamente cultuam a justiça, não como um fim, mas como um meio.

Explorar uma cidade significava usufruir de tudo o que ela tinha de melhor, a comida, o clima, os costumes e as amizades que ele forjava era o que de mais precioso havia para o garoto. Em alguns momentos, havia percalços, mas as boas lembranças suprimiam os traumas vulgares.

A dupla finalmente chegou a feira municipal, que em Oásis se chamava bazar. O bazar era um bairro reservado ao comércio. Lá se comprava tecidos finos feito dos mais hábeis tecelões, especiarias com aromas deliciosos, frutos do mar vindo de todos os mares e oceanos, armas para todos os guerreiros, e até mesmo animais fantásticos ou extintos... tudo era um convite ao espanto.

Tell caminhava por entre as barracas com o mesmo fascínio de sempre. Se fosse para levar em conta, Index era mais maduro que o rapaz.

Enquanto a dupla se detinha olhando para um enorme animal simiesco que fazia malabares ao som de uma gaita, um jovem de andar sorrateiro se aproximava. Ao lado do mago-espadachim estava um homem que batia palmas ao som da música, quando ele se virou para Tell, percebeu o Guardião do Monstronomicom empoleirado em seu ombro.

— Mas que pássaro é este? Quanto quer por ele?

— Hã, perdão senhor, ele não é um... pássaro. Ele não está à venda.

— Como não? Ele tem asas, se tem asas pode voar. Então, deve ser um morcego-branco?

As veias de Index começaram a saltar pelo corpo.

— Eu não sou um pássaro nem morcego, seu velho senil!

— Olha, ele fala! Deve ser muito valioso, eu dou 50 moedas de Ouros.

— Desculpe, senhor, mas ele...

Vush, o rapaz que se aproximava de Tell lançou-o longe. Quando o jovem se ergueu, percebeu que estava sem a sua bolsa. Index ergueu as orelhas.

— Tell, nossa bolsa de moedas!

— Não, minhas esfirras!

O rapaz levantou-se de um salto. Se Saragat estivesse com ele, a captura do meliante teria sido mais fácil, mas Tell sabia que não podia ser dependente do conjurador, e essa era uma boa oportunidade para mostrar a sua autonomia.

O trombadinha que lhe roubou a bolsa parecia treinado na arte do furto, mais parecia um atleta que um ladrão. Ele vencia os obstáculos com a mesma agilidade que Rosicler, embora ele fosse mais racional nas escolhas, técnico por assim dizer, a ladina tinha uma atuação improvisada, mais fluída e funcional, quase como uma dança.

O gatuno se distanciou cada vez mais do bazar, até que chegou um momento em que ele não sabia mais aonde estava.

— Tell, estamos perdidos, esse roubo pode ser uma armadilha.

— Eu sei, mas não adianta nada recuar, temos que capturá-lo.

Thump, um dardo acertou o ombro de Tell, ele caiu no chão desfalecido.

— Acorde, Tell, ISSO NÃO É HORA DE DOR...

Um dardo acertou o bumbum de Index, que também caiu desmaiado por cima do corpo do garoto. Das sombras, surgiram duas pessoas. Um deles disse:

— Então, essa é a nossa esperança? Foi capturado de modo tão fácil por nossas forças, até mesmo uma caveira o poderia derrotar.

— Veja, o Monstronomicom está com ele. Essa Companhia de Libertadores é uma piada, colocam a si mesmo em risco o tempo todo. Se Oásis depender deles para sobreviver, a nação sofrerá muito. O sultão parece estar correto em não confiar a esses estrangeiros a salvaguarda do Sultanato.

— Vamos levá-los.

O outro tomou um telemago em mãos e transmitiu informes:

— Um já foi, faltam dois.

— Ótimo, para alguém que diz ter derrotado um dos Generais Atrozes, ser derrotado de modo tão fácil me parece um vexame.

— Eles não parecem grande coisa, meu Qayid Eazim.

— Nunca serão, traga Tell de Lisliboux até mim.


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