Um Reino de Monstros Vol. 4 escrita por Caliel Alves


Capítulo 12
Capítulo 2: Vigiados, testados e punidos - Parte 5




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Da arquibancada, Saragat e Letícia confabulavam sobre a luta:

— Está vendo aquilo, conjurador? Não é comum.

— Sim, ele demonstra um controle de energia mágica que apenas um arquimago seria capaz de fazer.

— Devemos contar a ele sobre aquilo?

— É uma teoria, mas é válida.

O servo de Nalab refletia pela condição de Tell e quais as implicações. Embora nada houvesse acontecido com Saragat, o garoto havia sofrido uma anomalia devido a exposição a energia mágica Pedra Filosofal. Letícia teria outro nome para dar, mas para ele, era apenas um incidente.

Os efeitos colaterais podiam ser catastróficos! Ele ainda se questionava se a transmissão de energia mágica tinha a ver com aquilo. Tell tinha um talento latente, isso ele tinha, mas havia algo mais e só o embuçado e a alquimista sabiam o que era.

O Lisliboux poderia se tornar perigoso. Era melhor que soubesse o quanto antes.

— Saragat, veja.

No centro da arena, o garoto se levantou. O braço esquerdo estava quebrado.

— Porque ele não usou a Cura Benedicta para curar o braço esquerdo?

— Hahahaha, o Tell é um malandrinho, Letícia. Ele está fazendo com que pareça fraco para depois pegar o príncipe de jeito.

— Me parece mais que ele usou energia mágica demais num único golpe.

— Seja otimista, ao menos dessa vez.

***

Esgrimia com apenas uma mão. O seu olho esquerdo já mostrava um inchaço devido à queda. O mago-espadachim bradou furioso:

— Você também é usuário de magia, alfaraz! Estava escondendo o jogo esse tempo todo.

— Ohahohahoha, não pense assim, Tell. O que você acabou de presenciar se chama Lâmina Astral. É uma antiga arte de combate reservada aos alfarazes da Cavalaria das Dunas. Através dela, o usuário projeta a sua energia física em forma de uma aura energética prateada. Só aqueles com um bom preparo físico podem utilizá-la, caso contrário, morrerá de exaustão.

— Se aquela aura, arf, é só energia física, como consegue manter o seu vigor físico?

— Mesmo me utilizando de energia física, não significa que relegamos a mente para um segundo plano. Nosso treinamento condiciona o nosso psicológico a manter as ações corporais em batalha e a recanalizar a energia não gasta nos ataques. Diferente dos magos que não conseguem reabsorver a energia mágica projetada em demasia. O excesso continua sendo gasto, mesmo se você tiver um grande poder, logo as suas forças acabarão. Não é uma questão de si, mas quando.

— Uma grande vantagem!

— Sim, e eu sei me utilizar muito bem dela.

O que eu faço vovô? Serei derrotado pelo Rachid novamente se eu não encontrar um ponto fraco. Como é que se derrota um cara veloz e que nem fica cansado?

O ombro doía. Já não enxergava mais nada em um dos olhos. Mesmo assim, não desistiu. As lanças eram usadas em golpes médio e de longo alcance. Atacar diretamente não parecia ser a coisa certa a se fazer.

O flandino não podia mais investir em ataques de força, teria que apelar para a velocidade. Aproveitando-se que Rachid estava no centro da arena, Tell montou uma estratégia rápida. Ele usaria vários ataques de Alizé, economizando mais energia mágica que depois usaria num grande Projétil de Luz.

Tap-tap-tap, a correria começou em volta de Rachid. Ele mantinha a lança em riste.

— O que é isso? Uma espécie de pique-esconde?

— Alizé.

Usando o Escudo da Lua Minguante, o guerreiro oasiano repelia as fortes rajadas de vento. Tell continuava com o seu ataque, mantendo uma distância segura do seu oponente.

***

Rosicler ergueu-se da arquibancada e começou a subir os degraus. Saragat percebeu que ela se distanciava e perguntou:

— Já está indo embora? Não quer ver o final?

— Não, já sei como vai terminar.

— Então, você também percebeu?

— Sim, oh, da capa preta. Mas não acho que vai dar em nada. O Tell é forte mano, mas o Rachid é muito mais. Talvez se o Tell fosse maior, desse um catiripapos no príncipe, mas espere, algo inesperado vai acontecer.

A ladina continuou a subir as escadas. Para alguém que não tinha domínio em qualquer arte mágica ou arte marcial específica, a gatuna tinha uma boa capacidade analítica. Através dos movimentos do mago-espadachim ela processou as iniciativas do desafiante.

O conjurador voltou os olhos para a batalha, ela estava prestes a terminar.

***

Tell de Lisliboux, o que você planeja fazer com esses ataques inúteis? Espere, é uma distração!

O alfaraz parou de girar a lança e a estendeu na horizontal no alto da cabeça, inclinando a lâmina o máximo possível para trás.

— Vou acabar com essa luta agora, garoto, ohahohohaho.

Não! Como ele percebeu, agora não vai mais ter jeito...

— Corte da Lua Nova.

Tell tomou impulso e com o braço esquerdo, juntou a maior quantidade de energia mágica que pôde e desferiu a sua mais poderosa magia:

— Projétil de Luz.

O garoto lançou a esfera. A lâmina de Rachid emitiu um brilho prateado e a aura a envolveu. O alfaraz aplicou um corte e a energia mágica acumulada na lança foi disparada em direção a grande esfera de energia.

A aura da Lâmina Astral tomou a forma de uma lua e chocou-se de modo violento com a magia do flandino. Isso provocou uma grande explosão que fez a cúpula do domo estourar. Os expectadores ergueram os braços em autodefesa.

A explosão criou uma enorme cratera no centro da arena. A massa de vento liberada fez Rachid deslizar alguns metros para trás.

O jovem desafiante acabou tendo que fincar a sua espada no chão para não cair do tablado.

Quando a poeira diminuiu, Saragat e Letícia saltaram em cima da arena. E sob olhares curiosos, foram ver o estado do filho de Taran. Index voo com o Monstronomicom até Tell. O servo de Nalab pousou uma mão no ombro do rapaz. Ele estava imóvel.

A alquimista percebeu que o seu corpo estava ferido devido aos destroços.

O príncipe caminhou até eles e desejou os parabéns a Tell de Lisliboux:

— Meus parabéns, infante flandino, demonstraste que és digno de guerrear contra a Horda.

Splaft, Letícia esbofeteou o rosto do nobre. Os assassinos surgiram em volta do casal. Com um aceno de cabeça, os oasianos se afastaram.

— Você poderia tê-lo matado. NUNCA MAIS FAÇA ISSO!

— Perdoe-me, senhorita Dumont, mas Tell é um guerreiro nato. A vida dele correrá riscos enquanto estiver inclinado à guerra. Zarastu será mais impiedoso que eu.

O encapuzado só se preocupava com Tell. Balançou o jovem, mas o corpo dele parecia petrificado. As lágrimas e o sangue pingaram do rosto de Tell de Lisliboux.

— Tell, a luta já acabou, levante daí. Não é vergonha perder uma luta.

Letícia ajoelhou-se na frente dele, pegou o seu rosto delicadamente e o ergueu.

— SARAGAT!

A militar caiu para trás. Com as mãos na boca, ela tremia. As lágrimas escorriam num choro entalado.

O servo de Nalab tomou a frente de Tell. Seus olhos estavam brancos. As veias saltavam do rosto. Toda a musculatura tremia. O corpo do desafiante estava rijo e frio.

Tell, garoto... você poderia ter morrido.

— Escute minha oração, Nalab... Cura Divina.


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