Vamos começar, isso é guerra!

Como poderia te ver feliz com outra pessoa?

Ganhar no amor, isso é pecado

Eu vou te mostrar como me sinto

A chuva tinha parado no dia seguinte, mas trouxe algumas consequências. Eu espirrava por ter me molhado no caminho para casa. Porém o que mais incomodava é que Luka não havia roubado apenas meu guarda-chuva, mas também o garoto que eu gostava.

Não… eu é quem estava tentando roubar o namorado dela. Eu era a vilã da história e sabia disso. E não tinha a menor chance de vencer.

Luka não era apenas rica. Fazia parte da 15ª geração de uma família de Condes. Uma pessoa comum como eu jamais ganharia de alguém que tinha título de nobreza.

Mas não podia desistir.

— Bom dia — Kaito sentou-se ao meu lado, sobressaltando-me — Desculpe por ontem. A Luka não devia ter pego seu guarda-chuva daquele jeito.

— Tudo bem — menti — Só fiquei surpresa por ela não ter um guarda-chuva também.

— Parece que ela esqueceu o dela no armário da escola.

— Que conveniente — felizmente ou não, meu comentário azedo foi abafado por um espirro.

— Imaginei que isso aconteceria — Kaito suspirou — Trouxe para você — ele tirou uma pequena caixa da mochila — e também seu guarda-chuva — acrescentou, devolvendo-o.

— Obrigada — aceitei o guarda-chuva, mas olhei a caixa com curiosidade — Remédio para gripe?

— Você voltou na chuva, certo? Deve ter ficado resfriada.

— Obrigada, mas não preciso. Se ficar doente posso comprar meus próprios remédios — empurrei a caixa de volta.

Então era assim que ele me via? Uma garota miserável, incapaz de comprar até remedo para gripe? Tudo bem que entrei aqui como bolsista, não tinha condições de pagar a mensalidade, mas isso era demais. Talvez ele só fosse legal comigo porque sentia pena.

— Por favor, aceite — Kaito insistiu — Você está gripada por minha causa, é o mínimo que posso fazer.

— Kaito! — Luka chamou de repente, parada na porta da sala — O que está fazendo aí? Essa não é a sua carteira… — e então seus olhos voltaram-se para mim — Está conversando com essa garota novamente? Sabe que não é bom nos envolvermos com gente de outro nível.

— Não precisa falar assim. Só vim devolver o guarda-chuva dela — Kaito respondeu, levantando-se.

— Obrigada — agradeci novamente, dessa vez aceitando o remédio.

Não pretendia aceitar o medicamento, fiz isso só de birra. Afinal, aquele era o primeiro presente que Kaito me deu… um presente estranho, mas eu queria contar como presente. E ele não disse a Luka sobre o remédio. Ela ficaria furiosa se soubesse que ele estava preocupado comigo. Talvez Kaito não sentisse pena de mim. Podia estar preocupado comigo e tinha um jeito estranho de demonstrar, certo?

Era o que eu queria acreditar.