Do outro lado da lei escrita por Nara Garcia


Capítulo 6
Capítulo 6 - Final


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Fiquem agora com o último capítulo. Agradeço muito por terem acompanhado e espero de coração que tenham gostado!

Boa leitura :)



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Ela estava tomando seu chá, sentada na beira de sua cama enquanto checava seus e-mails no computador, numa tentativa frustrante de atrair o sono. O ponteiro havia acabado de marcar exatas 2h 30 da manhã quando seu celular tocou. 

Stella esticou sua mão até o outro lado da cama e pegou o celular, checando o nome no visor antes de atendê-lo. 

— Não esperava receber notícias suas antes do amanhecer. - disse ela, fechando seu notebook e o colocando de lado. 

— Amanhã será um dia conturbado, queria ter a chance de falar com você novamente antes de tudo isso explodir. 

— Estou feliz que tenha ligado. - admitiu, sorrindo levemente. - Como foi com Sullivan? 

— Tirar informações dele foi mais fácil do que eu pensei. O cara é muito mais sujo do que imaginávamos, Stella. E não é só ele. Há várias outras pessoas que trabalhavam com Sullivan e estavam envolvidas. 

— Sinclair já sabe? - Mac suspirou. 

— Sullivan fez questão de fazer um escândalo enquanto levávamos ele para a delegacia. A essa altura quase todo o Departamento sabe, incluindo Sinclair. Ele me ligou algumas vezes, mas não atendi. Sinceramente não consigo lidar com ele agora. 

— Nós já fizemos nossa parte, Mac. O que acontece a partir de agora é problema deles. 

— Eu sei, eu sei. Só sinto que Sinclair vai armar um circo em cima disso. É uma oportunidade perfeita para a sua campanha. 

— Acha que ele vai te usar? 

— Não seria a primeira vez. - disse. - Mas você sabe, agora estou melhor nessa coisa de política. 

— Você sempre foi bom nisso, Taylor. - afirmou ela com um pequeno sorriso. - Só não é tão bom em esconder o que sente de mim. 

— Por que está dizendo isso? 

— Não me ligou só pra falar do Sullivan. Tem algo a mais te incomodando, eu sei pela sua voz. - Stella ouviu a fraca risada do outro lado da linha. 

— As vezes me esqueço o quanto você me conhece. 

— Não deveria. - provocou-o. 

— Eu não consigo desligar minha mente. Quando me deito e fecho os olhos a única coisa que penso é naquela criança. Mesmo que eu repita milhares de vezes que encerramos esse caso e fizemos justiça, sinto que falhei. 

— Lembra do que eu te disse quando chegamos à delegacia? Não pode se responsabilizar por tudo o que acontece, Mac. Você deu o seu melhor nesse caso do início ao fim. Não havia mais nada que pudesse ter feito. 

— Será? - refutou. - Eu fico pensando que se eu não tivesse me deixado levar pela situação e ter arrumado aquela briga com o Louis, o caso teria desenvolvido mais rápido... Eu não sei. - suspirou cansado. 

Stella se levantou e caminhou até a janela, levando sua xícara de chá consigo. 

— Você está chateado, eu entendo. Mas se não fosse pela briga você arrumaria qualquer outro mínimo detalhe para se culpar. 

— Isso não é bem verdade. - resmungou, fazendo-a sorrir. 

— Mac, quando as coisas fogem do seu controle, por mais que dêem certo no final, você se martiriza. É exatamente isso que está fazendo agora. 

Mac bufou. 

— E o que eu faço quanto a isso? Não consigo parar, é como se fizesse parte de quem eu sou como detetive. 

— Não só como detetive. Você é assim, sempre foi. É aquele seu lado protetor falando mais alto. - disse ela. - Você sente que deveria tê-la protegido, mesmo no fundo sabendo que era impossível. 

— Isso explica muita coisa. - murmurou ele baixinho, respirando fundo. - Parece que tem muita coisa que eu preciso mudar. 

— Eu só não quero que você acabe sobrecarregado com problemas que nem são seus. Não podemos salvar todo mundo, sabe disso. 

Mac soltou uma fraca risada. 

— É a segunda vez que usa minha fala contra mim. Eu realmente deveria te ouvir. 

— Eu sei que dessa vez você vai. - Stella esboçou um pequeno sorriso, bebendo o resto do líquido quente que havia em sua xícara. 

— Eu sinto muito por ter te ligado tão tarde, é que quando eu ouço a sua voz sinto que tudo volta ao seu devido lugar, por mais bagunçada que a minha vida esteja. E nesse momento parece que ela está uma zona. - disse, soltando uma risada nervosa. 

— Eu entendo. Sua voz também tem esse efeito sobre mim. - disse, sorrindo levemente. - Olha, por que não vem pra cá? Temos umas cinco horas até o início do nosso turno. Talvez aqui você consiga ao menos cochilar um pouco.. - propôs. 

— Eu não sei, Stell. Acho que eu não vou ser uma boa companhia. 

— Qual é, Mac! Já passamos dessa fase. - disse de maneira descontraída. - Não tem que se preocupar com isso. Eu estou aqui por você sempre, lembra? Sem contar que você é sempre uma ótima companhia, até quando tem seus momentos rabugentos. 

Mac riu. 

— Tudo bem, Bonasera. Eu estou indo. 

•••

Mac estacionou em frente ao prédio onde Stella morava pouco menos de uma hora depois. Enquanto desafivelava o cinto, seu celular tocou. 

— Taylor! 

— Ei, Mac. É o Don. Espero que eu não tenha te acordado. 

— Pra ser sincero Don, dormir hoje não está sendo uma tarefa muito fácil. - murmurou. - Aconteceu alguma coisa? 

— Já ouviu falar de um cara chamado Scott Harris? 

— Não que eu me lembre. O que tem ele? 

— Depois que você saiu, Louis resolveu abrir a boca. Ele disse que esse Scott era quem estava tirando as fotos de Sullivan e Stella. Eu fui pesquisar e descobri que esse cara já foi preso em Jersey por assassinato. Advinha quem mexeu os pauzinhos pra ele ser solto?!

— Anthony. - respondeu Mac. - E agora Scott deve fazer o que ele manda, caso contrário volta para a prisão. 

— Isso, o problema é que tirar fotos não era a sua única função. Louis disse que Scott estava responsável pelas imagens das câmeras de segurança da casa, assim se desse algo errado ele saberia e poderia colocar o plano B em prática. 

— Plano B? 

— Acabar com quem prejudicou o plano principal. 

Mac fechou os olhos brevemente, respirando fundo. 

— Stella. - sussurrou. 

— Pode ser que Louis esteja mentindo, mas até sabermos...

— Não podemos arriscar. Esse tal de Scott sabe onde Stella mora. - Mac pegou seu casaco no banco do carona e saiu do carro, em direção ao apartamento de Stella. - Don, encontre esse cara. 

— Pode deixar, Mac. Farei o que for preciso. 

•••

Vestida em seu rob preto de seda, Stella abriu a porta logo após Mac ter mandado uma mensagem anunciando sua chegada. 

— Oi. - disse ela com um sorriso. 

A expressão séria e cansada do detetive logo deu lugar a um pequeno e singelo sorriso. Ele não disse nada, apenas entrou e a abraçou. 

— Oi. - sussurrou, beijando carinhosamente sua testa antes de soltá-la. - Desculpe a demora, Don me ligou no carro. 

— Está tudo bem? - perguntou um pouco preocupada. Mac apenas suspirou. Esconder o motivo da conversa naquelas circunstâncias não ajudaria. 

— Achamos que aquele rapaz que tirou as fotos enquanto Sullivan estava aqui, pode estar atrás de você. 

Stella o olhou surpresa. 

— Por que acham isso? 

— Louis resolveu dividir algumas informações úteis. - respondeu. - Mas Don já está atrás dele, então não precisa se preocupar, ok? 

Cruzando os braços sobre o peito, ela o encarou com um pequeno sorriso no canto dos lábios. 

— Eu não estou preocupada. Você está? 

Mac deu de ombros. 

— Não, nem um pouco. Por que eu estaria? - mentiu, fazendo-a rir. 

— Bom, já que não está preocupado, - Stella aproximou-se mais de Mac e pôs a mão no bolso do seu casaco, puxando seu celular. - acho que podemos deixar o trabalho de lado pelo resto da noite, certo? 

Mac sentiu-se levemente apreensivo por saber que Don provavelmente ligaria com notícias de Scott. Mas ao vê-la se afastar um pouco com aquele olhar provocativo, um sorriso nos lábios e a mão estendida em sua direção, parecia mais sensato concordar. 

— Você é quem manda. - disse, entrelaçando sua mão a dela. 

O ex-marine a acompanhou até o quarto, sentindo um pequeno sorriso se formar em seus lábios. Em apenas alguns minutos ao lado dela toda a tensão do dia que tiveram finalmente começou a se esvair. 

•••

Mac havia acabado de pegar no sono quando alguns ruídos o despertaram. Ele se levantou e caminhou até onde estava sua arma, pegando-a sem fazer qualquer barulho. Com cuidado ele abriu a porta do quarto de hóspedes e saiu, seguindo até o quarto de Stella que ficava à poucos metros de distância. Através da porta que estava entreaberta Mac a viu dormindo serenamente. 

Depois de fechar a porta, Mac caminhou cautelosamente com a arma em posição, seguindo os ruídos que levavam até a cozinha. Seus olhos percorreram atentamente cada centímetro do restante da casa. Não havia ninguém, nem mesmo qualquer coisa fora do lugar. 

O detetive respirou fundo e abaixou sua arma, permitindo-se relaxar momentaneamente. 

— Abaixou sua arma rápido demais detetive Taylor. 

Mac ouviu o barulho da arma sendo engatilhada à pouquíssimos metros de distância. 

— Agora coloque sua arma com cuidado em cima do balcão e vire-se com as mãos pra cima. Qualquer movimento desnecessário e eu atiro na sua cabeça. - disse calmamente. 

Mac fez exatamente como Scott dissera, voltando-se para ele com as mãos erguidas. 

— Confesso que te subestimei, Scott. Achei que você fosse apenas o cara das fotos. - Scott riu copiosamente. 

— Eu estou acostumado a ser subestimado, detetive. É isso que torna tudo muito mais interessante. - disse, dando mais alguns curtos passos em direção a Mac. - Não estava nos meus planos matar você, mas eu não me importo de mudar as coisas um pouco. 

— Você não é tão bom quanto pensa, Scott. - provocou-o. - E é mais ingênuo do que eu pensava se acha mesmo que vai sair daqui sem que seja direto para a cadeia. 

— Eu vou matar você! - exclamou irritado após dar uma risada. 

— Larga essa arma, agora! - Mac olhou de relance para os fundos da sala. Stella estava parada com sua arma apontada em direção a Scott, que permaneceu encarando Mac. 

— Eu posso até sair daqui num saco preto, mas podem ter certeza que eu não serei o único. 

Scott virou-se abruptamente para Stella, mas antes de conseguir puxar o gatilho, Mac avançou em cima dele. Uma troca de socos deu início, enquanto ambos tentavam alcançar a arma que havia sido jogada à poucos centímetros de distância. 

— Droga! - murmurou Stella tentando apontar para Scott, sem sucesso. - Mac! - gritou ela. 

Por um descuido, Scott conseguiu empurrar Mac e pegar sua arma. No mesmo instante, Stella atirou. 

Com os dois caídos no chão, Stella aproximou-se lentamente com sua arma ainda em posição. Mac estava com a mão no nariz, estancando o sangue que escorria devido à um dos socos. Já Scott tentava controlar sua respiração. Sua mão pressionava a lesão em seu abdômen, aonde a bala havia entrado. 

Rapidamente, Stella ligou para a emergência e em seguida para Don. Mac pôs sua mão sobre a de Scott, ajudando-o a controlar o sangue. 

— A ambulância já está vindo. - disse ela agachando próximo a eles.

— Eu soube que havia assinado a minha sentença de morte no momento em que Sullivan surgiu querendo me tirar da cadeira. - sussurrou Scott com dificuldade. - Mas eu estava disposto a morrer. Seria melhor do que ficar naquele lugar. 

— Isso tudo não foi por acaso. Da onde ele te conhecia? - indagou Mac. 

— Aquele desgraçado é o meu tio. - disse. Mac e Stella se entreolharam, surpresos. - Pois é, não é algo que eu me orgulhe. 

Scott franziu o cenho e fechou os olhos por alguns segundos. A dor que sentia aumentava a cada segundo que passava, e sua respiração aos poucos tornava-se mais lenta. 

— Isso quer dizer que... 

— Louis é o meu irmão. - afirmou, forçando um sorriso de canto. - Aquele garoto era a minha única família. Mas ele preferiu a vida que Sullivan podia dar a ele ao invés de viver com o irmão que, de acordo com ele, não tinha aonde cair morto. - Scott soltou uma risada que logo se confundiu às tosses.

— Você fez suas escolhas, Scott. Assim como Louis fez as dele. Agora é tarde demais para qualquer arrependimento. - disse Mac. 

— Eu não me arrependo, detetive. Apesar de tudo, fiz o que eu quis a minha vida inteira. Uma hora ou outra eu teria que lidar com as consequências. - sussurrou, fechando seus olhos novamente. 

Antes que Mac pudesse dizer qualquer outra palavra, Don entrou junto com alguns policiais. 

— Vocês estão bem? - perguntou ele ao aproximar-se. 

— Sim. Chegou rápido. - respondeu Stella se levantando. 

— Eu estava por perto. 

Mac voltou a olhar para Scott, mas o mesmo já havia parado de respirar. Ele então retirou suas mãos do corpo e, com um suspiro, levantou-se. 

Don alternou seu olhar entre os amigos. Mac tinha alguns hematomas pelos braços e sangue seco no nariz, e Stella estava visivelmente esgotada. 

— Olha, por que vocês não vão para o apartamento do Mac? Eu dou conta de tudo por aqui. - propôs. - Vocês passaram por muita coisa hoje. Precisam de um tempo. 

— Nem se eu quisesse teria forças para discordar. - disse Stella com um suspiro. - E então, vamos? 

Mac respirou fundo e, após uma última olhada em Scott, voltou-se para Stella. 

— É, vamos sair daqui. 

•••

Horas mais tarde... 

Mac abotoava sua camisa social em frente ao espelho quando Stella entrou em seu quarto. 

— Você fica todo elegante quando usa preto. - comentou, parando ao seu lado. 

— Só quando uso preto? - provocou-a. Stella apenas sorriu. 

— Não vou admitir que você fica elegante de qualquer jeito. - disse, recebendo um sorrisinho charmoso de Mac. - Quer mesmo ir para o laboratório hoje? 

— Não vou conseguir descansar enquanto a pasta desse caso estiver sobre a minha mesa. Só quero finalizar tudo de uma vez. 

Mac ajeitou a gola de sua camisa e virou-se para Stella, que o encarou desconfiada. 

— Eu não pretendo ficar lá mais do que duas ou três horas. Assim que eu resolver volto pra cá e tiro o resto da semana de folga, pode ser? 

Stella sorriu levemente. 

— É, pode ser. 

Mac segurou o rosto de Stella gentilmente com suas mãos e deixou um beijo carinhoso em sua testa. 

— Até daqui a pouco. - disse, antes de se afastar. 

Stella suspirou quando ouviu o barulho da porta da frente ser fechada. Mesmo com Scott morto e Louis e Sullivan presos parecia que aquele caso estava longe de finalmente ser encerrado. 

••• 

— Big Mac! Não esperava te ver por aqui hoje. - disse Danny ao ver Mac saindo do elevador. 

— Tem umas coisas que eu preciso resolver, mas não vou demorar. 

— Como está a Stella? - perguntou preocupado. Mac suspirou. 

— Ela está bem. A força dela me surpreende. 

— A força de vocês dois me surpreende. - disse, arrancando um pequeno sorriso de Mac. - Se precisarem de qualquer coisa, não hesitem em nos procurar. 

— Obrigado, Danny. - Danny deu dois tapinhas em seu ombro antes de se afastar. 

Mac continuou caminhando pelo corredor até entrar em seu escritório, onde Sinclair o aguardava pacientemente sentado em sua cadeira. 

— Chefe. - disse, simplesmente. 

— Mac Taylor, o homem que eu queria ver. - seu tom animado e levemente falso arrancou mais um suspiro de Mac - e quase um revirar de olhos. 

— O que faz aqui? - perguntou ele pondo o casaco sobre o cabideiro ao lado da mesa. 

— Só queria te dar os parabéns pelo sucesso com o caso. Eu sabia que podia confiar em você no fim das contas. - Mac riu levemente, sem se importar se soaria debochado. 

— Nós nos conhecemos há muito tempo, Sinclair. Você não é do tipo que parabeniza sem qualquer intenção por trás. Vai me dizer o que é ou vou ter que descobrir? - questionou-o enquanto sentava-se na cadeira. 

Sinclair logo tirou o sorrisinho do rosto e o encarou com seriedade. 

— Não há intenções por trás dessa vez, Mac. Você e sua equipe trabalharam bem. Se não fosse por vocês, o caso não teria sido encerrado. - admitiu. - Além do mais, precisava dizer pessoalmente o quanto admiro sua parceria com Stella. Me arrisco a dizer que em todos esses anos trabalhando nesse ramo, nunca conheci uma detetive tão boa como ela. 

Mac sorriu levemente. 

— Finalmente concordamos com alguma coisa. 

Sinclair soltou uma risada, levantando-se logo em seguida. 

— Olha, como eu te disse ontem, não sou seu inimigo. Espero mesmo que um dia você consiga enxergar isso e, quem sabe, nos tornemos amigos! 

— Aí já está forçando a barra. - Mac o provocou, limitando-se a sorrir. Com mais uma risada, Sinclair deixou o escritório. 

O ex-marine permaneceu ali por mais alguns minutos antes de dar início aos intermináveis relatórios. Volta e meia a proposta um tanto peculiar de Sinclair sobre serem amigos voltava à sua memória, e sua risada desacreditada preenchia a sala. 

•••

Enquanto caminhava pelo Central Park, Stella observava com um pequeno sorriso tudo à sua volta. De um lado, casais apaixonados passeavam de mãos dadas. Do outro, crianças brincavam acompanhadas de seus pais. 

Ela amava aquele lugar. 

— Acho que essa é a primeira vez em alguns meses que não venho aqui sem que seja por causa de algum caso. - reclamou. 

— É um dos males da nossa profissão. - disse Mac, aproximando-se dela. 

— Você foi tão misterioso na ligação. Aconteceu alguma coisa? - perguntou levemente preocupada e um tanto curiosa. 

— Tem algo importante que eu quero conversar com você. Pensei que seria legal se fosse num lugar significativo pra nós dois. - Stella sorriu. 

— Nós respondemos ao nosso primeiro chamado juntos aqui, nesse exato lugar! - relembrou, olhando em volta. 

— Nossa parceria começou naquele dia, e desde então não há ninguém que eu queira mais ao meu lado no trabalho do que você. - confessou, olhando-a nos olhos. - Eu quero te agradecer. Se não fosse por você não teríamos resolvido esse caso. Você não só arriscou sua vida como também me salvou. Obrigado por isso. 

— É isso que os parceiros fazem, certo? - disse, sorrindo. - Eu faria tudo de novo, se fosse necessário. 

— Eu sei que faria. - Mac estendeu sua mão à Stella, que sem hesitar a pegou. 

Ele a puxou gentilmente até um banco próximo e sentou-se ao seu lado, sem soltar sua mão. 

— Eu estou há dias pensando em como começar essa conversa, mas nós nunca precisamos de roteiro pra falar um com o outro, então não quero que dessa vez seja diferente. Eu vou ser sincero com você e dizer exatamente o que eu estou sentindo.. 

Stella simplesmente assentiu, tentando disfarçar o nervosismo que de repente a tomou. 

— No dia em que Susan e eu decidimos terminar, eu a levei para almoçar. Precisávamos ter uma conversa franca e adiar só pioraria as coisas - relembrou. - Durante a conversa ela disse que gostava de mim e que queria que as coisas dessem certo. Disse que estaria disposta a arrumar mais tempo em sua agenda para nós dois, e perguntou se eu faria o mesmo. - disse ele, deixando seu olhar cair para sua mão unida à de Stella. - A questão é que a cada segundo daquele almoço, desde o momento em que eu cheguei até a hora de ir embora, era só em você que eu pensava. - confessou.

Ele ergueu novamente seus olhos e segurou seu olhar no dela. 

— Foi aí que eu percebi que quando se tratava de você eu não precisava me esforçar para encontrar tempo, simplesmente porque estar com você é a coisa que eu mais amo. 

Ao ouvir aquilo, ela sorriu. Suas bochechas provavelmente estavam coradas, mas ela não se importou. Mac apoiou seu braço sobre o encosto do banco e com sua mão passou a acariciá-la no rosto. 

— Me apaixonar por você não estava exatamente nos meus planos. Mas é tão bom te amar que eu simplesmente não tentei ir contra. - ele sorriu levemente.

Stella inclinou-se ao toque dele e esboçou o mais lindo de seus sorrisos. 

— Então você me ama, é? 

Mac riu. 

— Eu te amo, Stella Bonasera. E sinceramente, me apaixonar por você era inevitável. Não há como ver esse sorriso e não pensar nele pelo resto do dia. Ou sentir o seu cheiro e não desejar estar ao seu lado. Quem dirá então te abraçar e não sentir aquela paz que só você me traz. Eu sou completamente apaixonado por cada detalhe seu, detetive. 

Ela sentiu algumas lágrimas rolarem, o que raramente acontecia na frente de alguém. Entretanto, naquele momento a última coisa que ela queria era esconder seus sentimentos. 

— Por que demorou tanto pra me contar? - não havia decepção em sua voz, apenas uma enorme curiosidade.

— O fato de trabalharmos juntos me fez ser mais cauteloso do que eu queria. Ser seu chefe poderia acabar tornando as coisas mais difíceis e eu fiquei com medo de perder o que já tínhamos. 

— E o que mudou? - questionou. 

— Nada. - respondeu, aproximando-se mais de Stella. - Eu só escolhi deixar todas essas preocupações de lado e focar na mulher mais maravilhosa que eu já conheci. 

Segundos depois de esboçar o mais largo sorriso, Stella selou seus lábios nos de Mac num beijo calmo e profundo. As mãos dela agarravam sua camisa social, puxando-o ainda mais para perto de si. Já ele manteve sua mão naquele emaranhado de cachos, acariciando seu rosto com o polegar. 

O intenso beijo chegou ao fim depois do que pareceram horas, mas nenhum dos dois ousou se afastar. 

— Eu amo você. - sussurrou ela com os olhos fechados. - Na verdade eu te amo já faz um tempo. 

— Acha que eu não via o jeito como você me olhava? - provocou-a com um sorriso charmoso. Stella o encarou. 

— Não foi você quem disse que não consegue separar o pessoal do profissional quando se trata de mim? - implicou, arrancando uma risada de Mac. 

— Essa parte sempre foi a mais difícil, levando em conta que você adora correr riscos. - murmurou. 

— É o que deixa meu currículo interessante. - disse de forma convencida. 

Mac sorriu. 

— Bom, já que temos os próximos 4 dias de folga, o que acha de irmos para algum lugar? 

— O que você sugere? - perguntou. Mac a beijou rapidamente antes de se levantar, puxando-a gentilmente. 

— Podemos decidir no aeroporto. Não precisamos de um rumo certo. 

Stella o encarou com uma sobrancelha arqueada. 

— Você parece comigo falando desse jeito. O que deu em você? - Mac riu.  

— Eu estou com você, Bonasera. Posso ir para qualquer lugar do mundo. 

— Qualquer lugar? - indagou com um sorriso travesso e um olhar provocador. 

— Qualquer lugar! 

The end. 


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