Do outro lado da lei escrita por Nara Garcia


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Depois de muito tempo, voltei com uma fic fresquinha pra vocês!!

Espero muito que gostem! :)

Ah, os capítulos serão postados todos os dias (UHULLLL)
ENTÃO fiquem ligados aqui amanhã para o segundo capítulo.

Obs: Me perdoem se houver algum erro gramatical.

Boa leitura, galera!



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— Eu deveria saber que estaria aqui. 

O moreno de olhos azuis permaneceu encarando o mesmo ponto sobre o balcão, sem se dar ao trabalho de ver a quem pertencia aquela voz. 

Ele a conhecia muito bem. 

— Pensei que dessa vez você não me encontraria. - sua voz saiu quase inaudível, mas a detetive estava próxima o suficiente para ouvi-lo. 

— Depois de tanto tempo, não sei como ainda acha isso. - a perita debruçou-se sobre o balcão e inclinou a cabeça levemente para enxerga-lo melhor. Mac, por sua vez, manteve os olhos fixos no mesmo lugar. - Sabe que não vai adiantar tentar me afastar, certo? 

— Eu não quero que se afaste. - pela primeira vez desde que ela chegara, ele a olhou. Havia uma necessidade em seu olhar de que ela soubesse que afasta-la jamais seria uma opção. 

— Então converse comigo. 

— Stella... 

— Se você realmente não quisesse ser encontrado, não teria vindo para o lugar onde eu te vejo tocar toda semana. - disse ela puxando um dos bancos para se sentar. 

Mac permaneceu em silêncio por mais um tempo, apenas observando as poucas pessoas que ainda restavam no clube. 

— Eu não me sinto mal pelo que aconteceu. Sei que deveria, mas.. Não consigo. 

Stella logo entendeu do que se tratava aquelas palavras. 

— ... Se Don não tivesse me tirado de cima dele, eu não sei o que teria acontecido. E eu estou com tanta raiva que simplesmente não me importo. - continuou. - Eu sei que perdi a cabeça, e não é tentando justificar, mas... Ele atropelou uma garotinha inocente porque estava dirigindo bêbado, e amanhã eu terei que avisar ao pai dela que não haverá prisão porque o assassino é sobrinho do prefeito. 

— Mac, eu não estou aqui pra te dar lição de moral. Sabe que eu jamais faria isso. Mas não pode deixar que isso te afete dessa maneira. Estou preocupada com o que toda essa revolta pode causar em você. 

— Eu não vou sair por aí e fazer uma loucura, se é disso que está falando. 

— Sei que não vai, mas não pode voltar ao trabalho desse jeito. Sinclair está a um passo de te suspender. Um dos detetives dele agrediu o sobrinho do prefeito. Ele não está muito feliz com isso. 

— Ele é um assassino, Stella. - disse irritado, mas sem alterar sua voz. - Por que temos que agir com tanta cautela? Ele precisa pagar pelo que fez e eu não vou descansar enquanto isso não acontecer. E se o prefeito quer tanto defendê-lo, eu farei questão de colocá-lo atrás das grades também. 

Mac jogou algumas notas sobre o balcão e se levantou, caminhando para fora do clube. Após um longo suspiro, Stella o seguiu. 

— Deixa que eu te levo pra casa. - Mac parou próximo ao seu carro que estava estacionado logo em frente, ao lado do de Stella. 

— Eu não bebi. 

— Eu sei, mas não pode dirigir irritado dessa maneira. A última coisa que eu quero é que o Don me ligue de madrugada dizendo que você foi preso por andar em alta velocidade. 

Mac rapidamente lançou-lhe um olhar de reprovação. 

— Eu disse que não iria te dar lição de moral e não vou. Mas isso não significa que vou agir como se estivesse tudo bem porque eu sei que não está. 

— O que você quer que eu faça? Eu não consigo simplesmente abstrair tudo como você. - murmurou sem olha-la. 

— Abstrair? Eu sou a pessoa que toma as decisões baseadas no que sente, lembra? - disse, aproximando-se dele. - Mac, eu o quero atrás das grades tanto quanto você, mas estamos na mira deles agora. Precisamos agir com cautela. 

— Não sei se consigo agir com tanta cautela. Não nesse caso. Não mais. - respondeu, voltando a olha-la. 

Stella o encarou em silêncio. 

— Eu agradeço pela sua preocupação, mas está tudo bem. Eu consigo lidar com isso. - completou Mac antes de entrar em seu carro. 

Enquanto o via se afastar, Stella pegou seu celular e ligou para a única pessoa que poderia ajudá-la naquele momento. 

— Oi. Onde você está? Pode me encontrar? 

•••

Depois de uma longa caminhada pelo Central Park, ele a avistou escorada no tronco de uma árvore. 

— Central Park? É sério? - indagou contrariado. - Por que não em uma lanchonete? 

Stella o encarou com uma carranca antes de retirar uma barra de cereais de seu bolso e entregar ao detetive, que na mesma hora sorriu. 

— Poderia ser uma pizza, mas tá valendo. 

A grega revirou os olhos, rindo levemente. 

— E então, o que está havendo? 

— Eu o encontrei no clube. 

— Mac? - Stella assentiu. - E como ele está? 

— Com raiva, sentindo-se impotente. - respondeu com um suspiro. - Eu estou preocupada com ele, Don. Não quero que ele se encrenque como no caso Clay Dobson. 

— Acha que ele faria alguma coisa? - perguntou o detetive receoso. 

— Eu não sei. Quero acreditar que não. - suspirou. 

— Posso colocar alguém na cola dele se quiser. - propôs. 

— Não podemos tratá-lo como criminoso. - respondeu com uma leve carranca. - Na verdade eu tenho uma ideia, foi por isso que te chamei aqui. Achei melhor não falar por telefone. 

Seu olhar travesso fez Don encará-la desconfiado. 

— Podemos perder nossos empregos? 

— Se fizermos direito, não. 

— Não sei porque ainda pergunto. - murmurou. - E qual é a ideia? 

— Ainda tem aquele seu contato no Bronx? - perguntou inexpressiva.

— O que vai fazer? Contratá-lo para terminar o serviço que Mac começou? 

— Eu estava pensando mais em uma troca de favores. 

Don riu, desviando seu olhar para o parque. 

— Não pode estar falando sério. 

— Don, nós temos provas o suficiente para colocá-lo atrás das grades por no mínimo 10 anos, e ainda assim com apenas uma ligação o prefeito acabou com o nosso caso. - disse. - Ele não tem poder pra isso, a não ser que tenham pessoas importantes comendo na mão dele. Mas só saberemos se o colocarmos contra a parede, e pra isso acontecer... 

— Temos que saber mais sobre ele. - completou Don. 

— Exato! 

O detetive permaneceu em silêncio por um tempo, sabendo que se continuasse aquela conversa, não teria mais volta. 

— Tá legal. E por que ele? - indagou a olhando. 

— Precisamos da ajuda de alguém de fora. Alguém que não tenha nada a perder e que esteja disposto a conseguir as informações de que precisamos. 

— E o que daremos em troca? Sabe que essa história de troca de favores com criminosos sempre têm um preço alto. 

— Eu sei, e estou disposta a pagar. 

— Não é só pelo Mac que está fazendo isso, certo? - perguntou após alguns segundos em silêncio. 

— Ela só tinha 6 anos, Don. Só quero que tenha justiça. 

— Nós costumávamos fazer justiça de outra forma, lembra? Sem se envolver com criminosos. 

— Não estou pedindo para se envolver nisso. 

— Acha mesmo que vou deixar que se meta com aquele cara sozinha? - Stella riu levemente com o comentário do amigo. 

— Olha, eu sei que você e o Mac tem a mania de bancarem os protetores, mas eu sei me virar. 

— Ele é barra pesada, Stella. 

— Eu sei. É por isso que preciso dele. 

Mesmo contrariado, Don tirou seu caderninho de dentro do bolso do terno e anotou o endereço. 

— Espero que saiba o que está fazendo. - Don arrancou o papel com o endereço e entregou a ela, afastando-se logo em seguida. 

Enquanto Don se afastava, Stella encarou por longos segundos o papel em suas mãos. Apesar de parecer ter certeza de seu plano, havia um certo receio de que tudo se virasse contra ela em algum momento. Ainda assim, prender Louis, o sobrinho do prefeito, era mais importante. O mais complicado, é claro, seria manter Mac longe de confusão. 

Stella enfiou o papel em seu bolso e pegou seu celular, discando o número de Mac enquanto caminhava de volta até seu carro. 

— Droga, Mac. - sussurrou impaciente. 

E pela terceira vez, a ligação caíra na caixa postal. 

— Ei, sou eu. Olha, eu só queria me desculpar. Sei que forcei a barra com você e isso não é justo. Não importa o que aconteça, estamos juntos nessa. Vamos dar um jeito nisso, eu prometo... Só preciso que você confie em mim. Já perdi as contas de quantas vezes você pôs a sua carreira em risco por causa de mim, então saiba que eu não farei nada diferente do que você faria caso estivesse no meu lugar. 

A detetive não pôde conter um pequeno sorriso. Ela sabia que era exatamente aquilo que o preocupava. 

— ... Tenta descansar, tá bem?! Nos vemos amanhã. 

Stella terminou de mandar o recado e entrou em seu carro, seguindo rumo ao seu apartamento. 

•••

No dia seguinte, Mac chegou ao laboratório alguns minutos após o início de seu turno. Seu semblante cansado mostrava que dormir naquela noite não havia sido uma tarefa fácil. 

Antes mesmo de passar em seu escritório, como um ritual de todas as manhãs, ele mudou seu caminho e foi até o escritório de Stella. 

— Oi. Podemos conversar? - disse ele com a porta entreaberta. 

Stella, que estava distraída com alguns papéis em sua mesa, encarou-o com uma sobrancelha arqueada. 

— Bom dia, senhor Taylor. - disse com certo deboche, arrancando um sorrisinho de Mac. 

— Me desculpe. Ainda estou meio sonolento. - reclamou, entrando de vez na sala. 

— Conseguiu dormir um pouco? 

Mac simplesmente negou com a cabeça, recostando na grande porta de vidro. 

— Você tem algumas folgas acumuladas. Poderia gastar uma delas hoje... 

— Minha cabeça está cheia. Eu preciso me distrair. Ir para casa não ajudaria. - respondeu sem olha-la. 

Stella deixou os papéis de lado e deu a volta na mesma, recostando nela. 

— Tudo bem. 

Sua resposta rápida fez Mac encará-la desconfiado. 

— Simples assim? - Stella sorriu. 

— É. Pelo menos aqui eu consigo ficar de olho em você. - disse, recebendo um olhar de reprovação. - Sobre o que quer conversar? 

Mac desviou seu olhar novamente, respirando fundo. 

— Eu encontrei com o sobrinho do prefeito ontem quando saí do clube. - disse. - Foi por acaso. 

— O quão "por acaso" isso realmente foi? 

— A última coisa que eu queria era encontrar com aquele cara. Sem contar que se eu chegar a menos de dois metros dele, posso perder meu emprego. 

— Sei que não deixaria de chegar perto dele por causa disso. Você não tem o costume de agir muito pela razão quando está com raiva. - provocou-o. - Onde você o viu? 

— Ele estava saindo de um bar com alguns amigos. Ele age como se não tivesse feito nada, e isso só me faz ter mais raiva dele. 

— Mac, não pode entrar nessa. Isso vai acabar com você. 

— Eu me sinto impotente. - admitiu. - Nós já entramos nessa saia justa várias vezes, mas parece que dessa vez nada do que fizermos vai adiantar. 

— Eu sei. - sussurrou. 

— Quando eu o vi, minha única vontade era de terminar o que eu havia começado na delegacia. 

— E por que você não fez? - indagou, sem desviar seus olhos dos dele. 

— Porque eu ouvi seu recado. Ele me fez acordar. Me fez lembrar que não sou assim. Que não resolvo as coisas dessa maneira. 

Stella sorriu levemente. 

— Apesar de tudo, me arrependo de ter batido nele. Isso tornou a coisa toda mais complicada do que já estava. Não ajudou em nada nossa situação. - suspirou, desviando seu olhar mais uma vez. - Eu não quero ter que pedir desculpas a ele, mesmo sabendo que é exatamente isso que o advogado dele quer e que boa parte dos nossos problemas desapareceriam. 

— Tem um "mas" vindo por aí, certo? 

Mac enrolou por um momento, como se criasse coragem para dizer suas próximas palavras. 

— Eu não quero te decepcionar. Não de novo. - confessou ele dando alguns passos, até ficar próximo a ela. - Então se você quiser eu vou agora mesmo até Sinclair para marcarmos uma reunião com Louis e seus advogados. Digo que perdi o controle, que estou arrependido e que vou me retirar do caso, se for necessário. 

Após encará-lo em silêncio por algum tempo, Stella retirou do bolso de sua jaqueta um papel amassado. O mesmo que Don lhe entregara na noite anterior. 

— De quem é esse endereço? - indagou Mac depois de pegar o papel de suas mãos. 

— É de um contato do Flack no Bronx. Eu iria encontrá-lo mais tarde, depois que saísse daqui. 

— Presumo que não iria me contar. - disse ele com seu olhar semicerrado sobre ela. 

— Não, eu não ia. Sabia que se contasse tentaria me impedir. 

— E em que exatamente esse cara seria útil?

— Nos dando informações que possam incriminar o prefeito. - respondeu, recebendo logo um olhar surpreso de Mac. - Nós tínhamos um caso sólido, Mac. Não tinha como perdermos, pelo menos não sem o envolvimento do prefeito. Se quisermos pegar Louis, teremos que acabar com sua rede de proteção primeiro. 

Mac observou o papel em suas mãos por um tempo, pensando em um milhão de argumentos que mostravam que aquele plano era uma loucura. Mas, por algum motivo, ele não falou nenhum. 

— Por que resolveu me contar? - perguntou, ainda sem olha-la. 

— Porque não quero que se desculpe pelo que fez. Não foi você quem agiu errado. Louis é um criminoso e precisa pagar pelo que fez, assim como o prefeito. Além do mais, ele mereceu aqueles socos. - disse ela, arrancando um pequeno sorriso de Mac. 

— Não foi só por isso que me contou. 

— O que te faz pensar que há algo mais? - Mac sorriu. 

— Dizem que sou um bom detetive. 

Stella soltou uma leve risada. 

— Eu disse a você naquela mensagem que faríamos isso juntos. Só achei que não seria legal me envolver com um criminoso pelas suas costas. - provocou-o com um sorriso de canto. 

Mac fez menção em falar, mas logo fora interrompido por algumas batidas na porta. 

— Oi. Descobri uma coisa que pode nos ajudar a prender Louis. - disse Adam com seu cabelo bagunçado e sua roupa amassada. 

Stella o olhou de cima a baixo, enquanto Mac o encarava com uma expressão confusa. 

— O que está fazendo aqui? Achei que fosse sua folga. - perguntou Mac, acenando para que ele entrasse na sala. 

— Bom, é que eu... - divagou, coçando o cabelo meio envergonhado. - Eu estava fazendo umas pesquisas ontem a noite e acabei pegando no sono. 

— Devem ser pesquisar importantes. O que descobriu? - indagou Stella com o cenho franzido. 

— Eu sabia que não reconhecia Louis apenas por ser sobrinho do prefeito, então fui pesquisar. - Adam entregou os arquivos nas mãos de Mac, que aproximou-se de Stella para que ambos pudessem ver. - Walter tinha 45 anos quando foi atropelado em frente a sua casa ao sair para trabalhar. Ele ficou em coma por dois meses, quebrou várias costelas e teve que fazer fisioterapia pelos próximos dois anos. Adivinhem quem estava dirigindo?! 

— Louis. - disse Mac. 

— O próprio. Louis estava voltando de uma festa próxima a Times Square, e o nível de álcool em seu sangue estava elevado. 

— Eu sei que já faz tempo, mas não consigo me lembrar desse caso. - comentou Stella pensativa. 

— É porque não teve caso algum. Walter decidiu não prestar queixa. - disse Adam, recebendo um olhar surpreso de ambos. - Eu também achei estranho, então fui pesquisar mais um pouco. 

Adam entregou a Mac mais um arquivo que tinha em mãos. 

— Três meses após o acidente Walter recebeu uma transferência de 2 milhões de dólares no nome de Anthony Sullivan. 

— O prefeito. - disse Mac com um suspiro. - Desgraçado. - murmurou irritado. 

— Naquela época Sullivan nem sonhava em ser prefeito ainda. Ele trabalhava como assistente jurídico numa firma de advocacia. - disse Adam. 

— Ele ganhava bem, mas não o suficiente para bancar um suborno como esse. 

— O que significa que a rede de proteção do Anthony é maior do que pensávamos. - disse Mac. - Adam, como conseguiu essas informações? 

— Eu tenho um amigo dentro do Departamento. - respondeu receoso. 

— Acha que podemos usar? - perguntou Stella a Mac, referindo-se aos arquivos. 

— Não conseguimos os arquivos legalmente. A não ser que convençamos Walter a nos dar essas informações, não podemos usá-las. 

— Eu imaginei, e é por isso que fui atrás do endereço dele. Para nossa sorte, ele ainda mora em Nova York. 

Stella encarou Mac, esboçando um pequeno sorriso. 

— Eu dirijo.

Continue... 


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