Família Addams WENCLAIR escrita por raexgar001


Capítulo 8
O desafio da declaração


Notas iniciais do capítulo

Erros ortográficos me avisem, eu já revisei mas sempre pode passar algo despercebido. Boa leitura ~



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Quando estavam prestes a completar os seus treze anos, os gêmeos Addams decidiram que preparariam sua própria festa de aniversário no cemitério da mansão mal assombrada. O tema foi bastante discutido, de um lado Lúcifer gostaria de ter muitas cores e do outro Larissa queria que fosse sombrio. Por fim a conclusão que chegaram após a intervenção de Enid ao verem os dois entre chutes e tapas, foi que, a melhor opção seria uma festa a fantasia, assim cada um poderia usar o tema que bem quisessem igualmente aos convidados, eles teriam cores e teriam sangue falso – ou não.

Desenharam juntos um convite, pondo nele tudo que queriam como: um arco-íris feito pelo garoto, a representação da morte feita pela garota, balões coloridos e um bolo negro. Estava uma confusão, quem olhassem pensaria que a dona morte estava lhe convidando para sua festa. Enid achou engraçado o desenho quando as crianças lhe entregaram para escanear e imprimir junto aos convites que seriam feitos na gráfica, o guardando com cuidado para levar mais tarde. Emma com seus quatro aninhos observando que os irmãos mais velhos haviam entregado um desenho que fora tão bem guardado, como se fosse um tesouro, resolveu fazer o mesmo, entregando-lhe a Wednesday que passava pelo local bem na hora que a pequena havia terminado sua obra, a mais velha o pegou curiosa já que a garotinha não era muito de presentear as mães com alguma arte como sempre faziam Lúcifer com suas pinturas em tela e as vezes Larissa com seus poemas góticos.

— Isso é... – Wednesday perdeu a fala ao tentar entender o desenho da caçula. Na folha tinha um rabisco infantil da família onde todos os membros estavam com a face pintada em vermelho, menos o menor dos bonequinhos de palito, que a latina chutava ser a própria Emma representada com um enorme sorriso.

Quando procurou pela filha a mesma já havia ido embora, sem esperar uma resposta ou algo parecido. Mesmo se perguntasse o que realmente estava sendo representado naquele papel, Wednesday tinha certas dúvidas de que sua pequenina cópia lhe responderia, tendo em vista que a caçula falava muito raramente. Se Larissa parecia não ter interesse em conversar ou entrar em contato com outras pessoas, Emma era três vezes pior que a irmã. A própria latina também tinha isto até conhecer Enid e mudar aos poucos, ela só não esperava que suas filhas fossem ser tão parecidas consigo mesma quando mais jovem, por outro lado, Lúcifer era totalmente o oposto, sendo bastante sorridente e receptivo, estava sempre abraçando e demonstrando afeto assim como Enid. Talvez isto fosse da personalidade da maioria dos lobos. No fim, Wednesday decidiu guardar o desenho da filha e não comentar com esposa sobre o assunto, provavelmente ela surtaria achando que a pequena lhe queria morta.

Na escola os gêmeos distribuíram os convites para os amigos, Larissa praticamente os jogava para qualquer um que estivesse se retirando da sala ao final da última aula do dia. Um garoto decidiu não aceitar e ela rapidamente o acertou no peito com o convite pressionando a região. Seu olhar dizia, “pegue agora antes que eu perca a paciência”, rapidamente o menino agarrou o pedaço de papel e saiu correndo lembrando aos que ficaram que era melhor não contrariar a pequena gótica amante de unicórnios. Enquanto isto, dentro da sala, Lúcifer distribuía os convites para aqueles que ainda estavam copiando a ultima lição passada ou aqueles que estavam organizando as mochilas para irem embora. À duas cadeiras à sua frente ele avistou o garoto asiático alguns meses mais velho que ele e a irmã. Joui Tanaka guardava seu caderno quando Lúcifer aproximou-se.

— Tudo bem Lu? – Sorriu notando sua presença, as bochechas tão fofas e rosadas, os olhinhos puxados e os óculos redondo que lhe dava um ar delicado, o cabelo castanho perfeitamente alinhado no tradicional corte coreano, o cheiro adocicado de abacaxi. Poxa vida como Lúcifer gostava desse cheiro – Ãn... Lúcifer? Ta tudo bem? – Tanaka olhou para trás procurando algo que tivesse feito o melhor amigo paralisar repentinamente.

— Si-Sim, claro, Er... – Sentiu a gota de suor escorrendo por dentro da camisa, deslisando pelas suas costas, estava nervoso - Olha, o convite pra minha festa de aniversário – Estendeu o papel. A quanto tempo ele ficou o encarando? Santa Lua dos lobinhos! Como ele pôde deixar tão na cara que estava lhe admirando? Ridículo Lúcifer, ridículo! – Você vai, não é?

— Com certeza – Observou o papel com o desenho diferenciado sorrindo bobo para a gravura – Você que fez?

— Sim, junto a Larissa.

— Muito bom hahaha, adoro esse jeitinho de vocês – Riu por fim guardando o papel na mochila – Tenho que ir agora, minha mãe Yoko ta me esperando, tenho dentista hoje – Tremeu o lábio descontente, um pouco das pequenas presas aparecendo quase imperceptível a olhos desatentos.

— Boa sorte lá – Foi o que respondeu antes do amigo de infância sair da sala apressado – Boa sorte lá?! Quem é que diz isso? – Bateu sua destra na testa, estava se sentindo um bobo.

— Finalmente aconteceu, você pirou e está falando sozinho – Larissa comentou chamando atenção do irmão que só neste momento percebeu que a sala estava vazia – Mamãe certamente irá lhe pôr em um hospício.

— Ela não faria isso – Revirou os olhos sabendo que Enid nunca faria tal coisa, até mesmo porque talvez Lúcifer gostasse e acabaria liderando o lugar – E eu não estava falando sozinho. Só pensando alto.

— Dá no mesmo – Deu de ombros.

O casal de irmãos organizou as mochilas, foram até a sala da caçula que esperava por eles para irem para casa. Antes de saírem pelos portões da instituição escolar, Larissa retirou da mochila uma corda com três ganchos entregando a Lúcifer que prendeu o gancho na mochila de Emma. Ela não suportava contato físico, alguns segundos eram o suficiente para morena, então para que a menor não se perdesse durante o trajeto ou que saísse sozinha eles prendiam a mochila dos três com uma corda que esticava consideravelmente, dando liberdade de movimento, mas evitando que se separassem a ponto de perderem-se de vista. Quando estava tudo pronto caminharam juntos até a parada de ônibus escolar, entraram no mesmo e foram em silencio até a rua mais próxima de casa onde o motorista os deixavam, dali teriam que andar uns 10 minutos até a residência. Durante a caminhada após descerem do ônibus Larissa comentou:

— Deveria contar pra ele.

— O que? – Lúcifer olhou para a gêmea antes de checar que Emma vinha caminhando mais atrás em silencio, a corda com os ganchos ainda presos na mochila dos três.

— Você deveria contar pro Tanaka que gosta dele.

Lúcifer parou repentinamente fazendo a caçula que estava distraída bater de cara em suas costas.

— Des- Desculpe Emma... – Pediu rapidamente ao ter a pequena lhe encarando feio – Eu não gosto dele – Voltou a andar dando alguns passos rápidos para acompanhar a irmã que não os esperou.

— Claro que gosta.

— Gosto não!

— Gosta sim.

— Não gosto!

— Se eu notei, ele também notou – Larissa finalizou a discussão tirando os ganchos da sua mochila e de Emma.

O coração do pequeno lobisomem acelerou drasticamente, suas mãos suaram e ele sentiu subitamente uma vontade enorme de vomitar tudo que comeu no café da manhã. As irmãs entraram na casa, o garoto nem havia notado que chegaram na frente dela, ele ficou ainda uns minutos do lado de fora, processando o que a irmã havia lhe dito. Será mesmo? Joui teria notado o crush que Lúcifer sentia por ele? E se notou a quanto tempo ele sabia disto? Provavelmente a meses.

O pequeno lobisomem não sabia dizer com precisão quando ou como começou a gostar do melhor amigo, porém notou a algum tempo a forma que seu coração batia diferente na sua presença. As risadas pareciam mais atrativas e o seu cheiro convidativo, notou rápido que era paixão, iguais as descritas nos livros de romance que lia. Durante os meses que se passavam Lúcifer chegou a cogitar em lhe contar o que sentia, mas aparentemente a rejeição é bem mais desencorajadora do que qualquer outra coisa. Se analisasse os prós e contras e os prós neste caso, estivessem se sobressaindo, seu cérebro mesmo assim dava voltas com o possível não. Fixou na mente até mesmo a frase “O não eu já tenho, agora vou atrás do sim”, porém toda vez que se aproximava do garoto metade vampiro e metade sereia a frase mudava em sua mente para “o não eu já tenho, agora vou atrás da humilhação”. Poxa vida, ele era muito novo para sofrer com a tal da maldição dos Addams.

Com um enorme suspiro o lupino entrou na casa.

[...]

— Mama, tem um minuto?

— Claro meu anjo caído, entre – A latina deixou de analisar o e-mail que lia para observar o filho parado de forma tímida na porta.

Lúcifer adentrou o escritório de Wednesday, o lugar era menor que o antigo quarto que agora pertencia a Emma. Havia uma estande com livros encostada na parede a esquerda, molduras com prêmios que a mulher havia ganhado por sua escrita penduras na parede da direita, uma mesa de escritório com um computador e a famosa máquina de escrever ao lado, algumas fotos em molduras da família, mais atrás encostado na parede frente a janela do quarto, estava uma outra mesa, desta vez contendo materiais de trabalho manual, como tesouras, recortes de coisas que lhe inspirava nas histórias, anotações em post its e etc.

Após uma semana inteira pensativo sobre seus sentimentos e como encontrar a melhor forma de os pôr para fora antes que aquilo acabasse com sua sanidade, o lupino chegou à conclusão que Wednesday seria uma boa conselheira. Obviamente Enid fora sua primeira opção, mas sabendo o quão amigas eram Yoko e Enid e quão eufórica a mãe ficaria se soubesse dos seus sentimentos para com o filho da melhor amiga, definitivamente ela acabaria correndo para contar a vampira. Lúcifer também gostaria de evitar todo o escândalo que a mãe faria, gritinhos, palmas, planos pro casamento, ou seja lá o que se passasse em sua mente animada e colorida.

— É alguma coisa sobre a festa de amanhã? – Wed questionou assim que o filho sentou-se na cadeira frente a sua mesa de escritório.

— Não, falei com o vovô Gomez, ele está tão ansioso que já montou grande parte das coisas no cemitério.

— É a cara dele – Wednesday revirou os olhos – Bem, qual o assunto então?

— Eu tenho uma pergunta mama – As bochechas do menor ficaram levemente coradas – Como a senhora se declarou para a mamãe?

— Bem... – Levantou uma das sobrancelhas de forma divertida diante da pergunta do filho - Ela que o fez pra mim na realidade – Cruzou os braços recostando-se na cadeira, a postura ainda assim impecável.

— Ah... Então foi ela... – O rosto de Lúcifer ficou ainda mais vermelho e o semblante um pouco desapontado, teria que falar com a lobisomem de um jeito ou de outro.

— Mas se eu tivesse me declarado – A latina chamou atenção do garoto com sua fala – Teria levado ela em um lugar especial, um lugar importante para mim ou para ela. Seguraria suas mãos e diria tudo que gosto nela, os olhos tão lindos que comparados as outras paletas de cores existentes se torna encantador, a risada que cativa a todos nos envolvendo de forma calorosa, suas cores que a deixam tão perfeita e única, o fato como leva a vida sempre buscando ver o melhor em cada um e que me faz acreditar que a humanidade ainda tem salvação. A forma corajosa com que enfrentou um Hyde para me salvar e-

— Ta já entendi – Lúcifer cortou antes que sua mãe se perdesse cada vez mais em memórias do passado. A latina poderia não admitir, mas era tão romântica quando Gomez – Eu tenho que ir agora, obrigado pela resposta!

— Me procure novamente quando precisar de ajuda com o pedido de casamento, nisso eu tenho mais experiência.

Lúcifer assentiu ainda envergonhado, porém agradecido pela mulher não ter lhe feito perguntas. Levantou-se da cadeira e saiu do escritório decidindo seguir o conselho da mãe e levar Joui em seu lugar especial na mansão Addams amanhã, escreveria um bilhete dizendo tudo o que sentia, talvez se lesse assim tivesse coragem de se declarar.

[...]

O pôr do sol sumia dando lugar pouco a pouco as estrelas e a lua. Mesmo embora o céu estivesse parcialmente nublado o cemitério da mansão Addams estava devidamente iluminado por lâmpadas coloridas, mesas estavam distribuídas pelo ambiente com os convidados e seus familiares sentados degustando de algum doce que Tropeço passou oferecendo. A assombrosa mesa do enorme bolo – metade preto, metade azul - com treze velinhas era constantemente analisada pelas crianças mais novas - normies filhos de colegas de trabalho de Enid que foram convidados pela mesma - os pequenos estavam loucos para comer uma fatia do bolo que causou espanto nos pais pelas cores inusitadas e decorações com pedaços de dedos decapitados. 

— Não olhe agora, mas... – Larissa fantasiada de Good Addmas sussurrou para o irmão que se servia de suco de uva na mesa de bebidas - O seu boy chegou.

O copo de plástico estourou na mão do garoto fantasiado de príncipe, o liquido de cor roxeada deslizou por sua mão manchando a manga de sua fantasia e parte da sua calça. Larissa olhou admirada o nervosismo do irmão, sorriu minimamente com a chance de vê-lo se humilhar na frente do colega. – O sofrimento alheio é engraçado, não acham? - Enquanto Lúcifer se limpava com guardanapos, a gêmea foi atrás do Tanaka que acabara de separar das mães as deixando conversando com Enid.

— Hey Lari, parabéns! – O garoto abriu os braços animado para lhe dar um abraço, em cada mão segurava um presente.

— Não me chame assim Tanaka – Respondeu friamente, o asiático abaixou os braços envergonhado. Larissa revirou os olhos, tentou se controlar, não queria se irritar com o amigo naquele momento, tinha outros planos para ele – Venha comigo.

— Hey espera! – Joui correu atrás da loira – Feliz aniversário ta? Desculpa chamar pelo apelido, eu sei que você não gosta.

Larissa continuo calada, os olhos fixos no irmão distraído ao lado da mesa de bebidas, ele estava sozinho, ótimo!

— Eu comprei este presente pra você – Joui continuou a tagarelar – E este pro Lúcifer... Ou será que era este pro Lu e este pra você? Ãn... Eu perdi qual presente é de quem, tudo bem se for errado, vocês trocam né?

— Cala a boca Tanaka – Larissa o cortou irritada, tão falante, argh! Por isto ela não tinha paciência para interagir com as pessoas.

— Desculpa.

Continuaram o trajeto em silencio, parando só quando chegaram ao lado de Lúcifer. Larissa chamou pelo irmão que se virou para olha-la, travando logo em seguida ao avistar o crush sorridente, ele estava tão lindo fantasiado pirata.

— Lu! – O garoto abriu os braços ao avistar o amigo, diferente da gêmea Lúcifer gostava de abraçar, por isto o asiático envolveu o aniversariante em seus braços sendo bem mais alto que ele o levantou um pouco do chão – Feliz aniversário!

— Obri- Obrigado – A voz do lobisomem saiu fina, quase inaudível, ele tentava a todo custo segurar as emoções dentro de si, sentia que poderia explodir de felicidade ao ter o maior lhe abraçando. Larissa assistia tudo mais afastada, achando graça na interação.

— Eu comprei estes presentes, um deles é seu o outro de Larissa, mas não lembro qual é qual – Joui parecia desapontado, ele poderia ter pelo menos embrulhado com papeis e laços diferentes, a ideia nem passou por sua cabeça, fora a primeira vez que comprou algo sozinho, geralmente Divina lhe acompanhava – Adorei a festa temática, o cemitério da mansão ficou lindo com essas luzes.

— Claro, lindo – Lúcifer encarou o amigo que estava distraído demais observando as pessoas fantasiadas, as crianças correndo pelo lugar e os pais conversando – Eu... Bem... Eu quero te mostrar uma coisa – Essa era a hora! Ele iria dizer, só precisava seguir seu plano de declaração.

— Oh, tudo bem, deixa eu só... – Joui olhou em volta decidindo por colocar os presentes ali mesmo encima da mesa, alguém os veriam e guardariam mais tarde – Pronto, suas mães os guardam né?

— Fala dos presentes? Larissa fica de olho, ninguém os tocaria – Olhou a irmã que confirmou com a cabeça - Vem é por aqui – O lupino pôs-se a caminhar em direção a estufa da avó, ela não ficava tão longe do cemitério, mas era uma caminhada de cinco minutos. Os cinco minutos que pareceram durar cinco anos, o lugar não chegava nunca?! Durante o trajeto o moreno repassou diversas vezes seu plano na mente, entrar, dar a carta com a declaração, esperar pelo melhor, talvez até ganhasse um beijo – É aqui.

— A estufa da sua avó? – Joui olhou confuso, nunca adentará o lugar quando brincava na mansão com os amigos – Ela meio que proibiu a gente de entrar não foi, é perigoso?

— Éramos crianças Joui.

— Ainda somos...

— Você está com medo? – Lúcifer achou graça da cara de pavor do garoto que rapidamente tomou uma postura mais “corajosa”.

— Não estou com medo!

— Não? Seu cheiro diz ao contrário – Riu antes de empurrar a porta e entrar.

— Cheiro? – Tanaka cheirou a si mesmo, seu olfato também era apurado por conta dos poderes de vampiro, ainda assim não conseguiu sentir nada além do perfume que passou mais cedo.

O lugar era belíssimo, com lamparinas espalhadas pelo local, a luz da lua que estava iluminando fracamente o ambiente. Haviam plantas de todos os tamanhos, cores e formatos, com frutas, sem frutas, flores ou galhos secos.

— Uau – Foi o que o piratinha conseguiu dizer maravilhado com o ambiente.

— É meu lugar favorito da mansão – Lúcifer informou nervosamente, passou as mãos suadas na camisa e então continuou – E-eu plan-planto algumas coisas, olha... Essa foi eu – Apontou para um jarro contendo margaridas.

— Não sabia que gostava de mexer com terra – Joiu aproximou-se para cheirar as flores – Mas eu deveria imaginar, você adorava enterrar meus brinquedos.

— Verdade, eu fazia isso hahaha...

— Hahahaha...

Os meninos riram com as lembranças, Lúcifer parou para observar como os olhinhos de Joui quase sumiam quando ele sorria, tão lindo. Joui parou as risadas aos poucos, notando o olhar do amigo ele fixou os olhos no mar azulado que eram os olhos do Addams, quebrando o contato apenas quando o moreno desviou o olhar envergonhando.

— É bem lindo o seu lugar favorito – Joui sorriu pondo as mãos nos bolsos – Obrigado por me mostrar.

— Tudo bem.

Ficaram em silencio mais uma vez, não mais se encaravam parecia que as plantas eram bem mais interessantes. Lúcifer respirou fundo algumas vezes cogitando a ideia de ir embora ou fingir um desmaio, mas era um Addams afinal não poderia desistir sem tentar não é mesmo? Tomou folego antes de puxar com as mãos tremulas um papel do bolso da fantasia, entregando ao mais alto.

— E-eu espero que aceite!

— Hm? Aceitar? – Tanaka agarrou a folha para ler – Mas ta tudo manchado.

— O que?! – Lúcifer tomou o papel, sua declaração havia sido completamente manchada pelo suco de uva – Larissa eu te mato!

— Era importante?

— Deixa pra lá não era nada demais – A expressão de raiva sumiu dando lugar a uma de decepção. É, talvez fosse o universo lhe dizendo que não era para ser, o melhor era ignorar e tentar seguir a vida.

— A me conta vai, você parecia nervoso, o que tinha na carta? – O garoto insistiu curioso, um pensamento rápido se passou em sua mente e ele soltou uma risada – Não me diga que era uma declaração pra mim ou algo assim? Hahaha...

Lúcifer ficou em silencio, extremamente envergonhado pelas risadas, encolheu-se um pouco fixando os olhos em um pontinho especifico no piso. Joui parou as risadas ao notar o silencio, aos poucos sua ficha foi caindo, afinal, quem “cala consente”.

— Ah... – Coçou a garganta tomando uma postura mais ereta – Era mesmo uma declaração?

— Eu já pedi pra deixar pra lá – A voz do Addams saiu baixa, ligeiramente embargada por um choro que ele segurava – Vamos embora.

Quando virou-se para sair sentiu a mão do amigo segurar com força a sua, olhou para trás, Joui estava vermelho e sério. Era isto, Lúcifer o havia irritado tanto que o Tanaka decidira lhe bater, tudo bem, ele aceitaria, fechou os olhos. 

— Eu também gosto de você!

 A frase demorou alguns segundos para ser processada, quando abriu os olhos surpreso, quase caiu para trás sentindo os lábios do garoto encostando levemente nos seus em um selinho tímido. Piscou algumas vezes – FAVELA VENCEU PORRA! - Joui já havia se separado dele ainda completamente vermelho, aos poucos Lúcifer foi ficando igualmente envergonhado, as mãos de ambos ainda unidas um leve carinho sendo feito pelo mais alto.

— Que nojo.

Os garotos se separaram rapidamente, assustados com a voz repentina, de trás de uma das mesas contendo diversas plantas saiu Emma fantasiada de prisioneira, as mãozinhas sujas de terra e uma cabeça de boneca coberta de lama entre os dedos.

— A quanto tempo está ai? – Lúcifer perguntou desesperado, não havia notado a presença da caçula mesmo com os poderes lupinos.

Como esperado, ela não respondeu, apenas os encarou com raiva por terem atrapalhado a brincadeira dela com toda aquela melosidade, pareciam até as mães, erch. Emma saiu sem dar explicações, largando para trás a cabeça da boneca em cima de um jarro com terra que ela brincava.

— Sua irmã me assusta as vezes – Joui comentou ainda se recuperando do susto.

— Qual delas?

Os dois encaram-se antes de rirem com a fala do Addams.


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